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PSICOLOGIA E

CRIMINOLOGIA

Eliane Dalla Coletta


Revisão técnica:

Caroline Bastos Capaverde


Graduada em Psicologia
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica

P974 Psicologia e criminologia [recurso eletrônico] / Eliane Dalla


Coletta... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos
Capaverde]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.

ISBN 978-85-9502-464-9

1. Psicologia. 2. Direito penal. I. Dalla Coletta, Eliane.

CDU 159.9:343.1

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147


Campos de aplicação
da psicologia forense
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar a atuação dos psicólogos na área criminal.


„„ Descrever a participação dos psicólogos nos processos de direito civil.
„„ Relacionar a atuação dos psicólogos com as áreas de direito do tra-
balho e de direito de família.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a atuação do psicólogo nas áreas criminal,
cível, do trabalho e da família. Na área criminal, a atuação desse profissional
abrange o apoio às decisões judiciais nos sistemas carcerários, nos insti-
tutos psiquiátricos forenses (IPFs) e na área criminalística. A participação
na área civil ocorre por meio da realização de avaliação para subsidiar
processos de indenização, interdições (principalmente nas queixas de
transtorno de estresse pós-traumático), danos neuropsicológicos e dores
crônicas. No direito do trabalho, a atuação é nas avaliações para proces-
sos que necessitem de estudo dos danos pessoais e no assédio moral.
Já na área da família, o psicólogo atua em processos de separação e
divórcio, disputa de guarda de filhos, regulamentação de visitas, guarda
compartilhada, síndrome de alienação parental, divórcio destrutivo e
violência intrafamiliar.

Atuação dos psicólogos na área criminal


Na área forense/jurídica criminal, o psicólogo geralmente trabalha como perito.
Ele atua em situações que requeiram a avaliação quanto à periculosidade, à
capacidade de discernimento ou à insanidade mental das pessoas envolvidas
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em algum processo criminal. Sua tarefa é realizar a avaliação psicológica


para diagnosticar insanidade mental ou dependência toxicológica. A partir
da Lei de Execução Penal, de 1984, que estabelece a necessidade de haver
um psicólogo na Comissão Técnica de Classificação, os psicólogos passaram
a atuar oficialmente na esfera prisional. Com a revisão de 2003, por meio da
Lei nº 10.792 (BRASIL, 2003), a avaliação técnica passou a ser exigida na
concessão de benefício legal, porém o psicólogo já atua nessa área há mais
de 40 anos.
A atuação nos sistemas carcerários, com avaliações e tratamentos, é mais
rara em função da superlotação dos presídios brasileiros. Porém, junto aos
institutos psiquiátricos forenses, os psicólogos trabalham no tratamento psiqui-
átrico e nas avaliações psicológicas, tendo em vista que os presos cometeram
crime por transtornos de personalidade. Os IPFs prestam serviço em perícias
oficiais na área criminal e atendimento psiquiátrico na rede penitenciária.
Com o desenvolvimento dos direitos humanos e as mudanças na legislação
penal internacional, a atuação do psicólogo passou a abranger intervenções no
sentido de viabilizar transformação significativa no sistema prisional, como
também junto aos funcionários e aos familiares. Assim, o psicólogo busca
atuar para além das questões individuais e se envolver mais na instituição
prisional e nas políticas públicas.
A psicologia criminal hoje estuda a personalidade e os transtornos que
levam a uma perturbação grave no comportamento. Os transtornos que evi-
denciam uma ausência de controle emocional com falta de sensibilidade para
o sofrimento alheio e/ou falta extrema de remorso ou culpa podem levar
a um comportamento delituoso. Nesse caso, o diagnóstico é de psicopatia
(transtorno de personalidade, transtorno antissocial, transtorno sociopático
ou dissocial). Porém, há também as patologias da personalidade que são as
oligofrenias (deficiência mental, insuficiências congênitas caracterizadas
pelo não desenvolvimento da inteligência), psicoses (alienação, prejuízo do
sensopercepção e do juízo crítico, atuação forte do inconsciente), demências
(deterioração mental) e neuroses (falta de harmonia intrapsíquica gerando
grande sofrimento a nível consciente). No direito penal, os oligofrênicos são
caracterizados como inimputáveis, são as pessoas especiais.
Os criminosos em série geralmente são psicopatas que apresentam ausência
de sentimentos, culpa, tendência à impulsividade, agressividade, falta de
motivação e intolerância à frustração. Essas pessoas têm como característica
a necessidade de demonstrar poder (narcisistas, onipotentes e dominadores)
e são sempre reincidentes, sádicas (sentem prazer em assistir o sofrimento
alheio). Além disso, não confessam o crime e se o fazem é pelo prazer de reviver
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o momento do delito, por isso sempre voltam ao local em que o cometeram.


Além disso, são muito inteligentes e envolventes. Também são capazes de
descobrir o “desejo das pessoas” para então as manipular. E, ao contrário
do que você pode pensar, não são tipos raros. Pesquisas indicam que 40%
da população é formada por psicopatas. Geralmente eles atacam em lugar
público, à noite ou durante finais de semana, escolhem vítimas que estejam
sozinhas, abordando-as para pedir alguma informação ou oferecendo algo
como atrativo (HUSS, 2010).
A criminologia é uma ciência empírica (baseada em observação e expe­
riência) que analisa o crime e o comportamento do autor do delito e da vítima
e que busca o controle das condutas criminosas (BERTOLDI et al., 2014,
documento on-line). Para estudar condutas criminosas, se faz necessário o
estudo da vida psíquica, procurando entender o motivo que levou a pessoa a
praticar os delitos. Nesse sentido, não se pode desconsiderar que o homem sofre
influência do meio social a que pertence e dos elementos socioeconômicos,
bem como passa por discriminações, situações de abandono e uma gama de
outros traumas, frustrações e distúrbios.
Na época do positivismo, o criminoso era analisado sob o prisma da biologia,
que via a tendência ao crime como uma anomalia, uma doença que o indivíduo
já possuía ao nascer. Portanto, ele nascia criminoso. No desenrolar da história
da criminologia científica, surge a psicologia, que passou a analisar a perso-
nalidade e a sua estrutura de funcionamento para diagnosticar um transtorno
ou patologia. Assim, a psicologia avalia se o comportamento é agressivo ou
não e identifica os reflexos do meio no desenvolvimento do criminoso e da
sua condição socioeconômica. Afinal, na formação da personalidade atuam
múltiplas variáveis de origem biopsíquica (constituição biopsíquica) somadas
às experiências vividas. Com base nisso tudo, o profissional pode entender o
que levou um indivíduo a cometer delitos criminosos ou não.
O delito é praticado porque o indivíduo é incapaz de controlar suas pul-
sões, ou devido à sua incapacidade de adotar os padrões de comportamento
socialmente aceitáveis. Nos crimes, misturam-se fantasias pessoais com a
morte e uma série de rituais. Além disso, podem existir delitos idênticos com
significados pessoais e julgamentos diferentes. Dessa forma, é imprescindível
analisar e entender o comportamento de cada infrator, confrontando-o com
seu meio social.
Para o jurista, um delito é “[...] todo ato (negativo ou positivo) de caráter
voluntário que descumpre normas estabelecidas pela legislação do Estado,
transgredindo-as, ficando à mercê do julgamento das leis de caráter penal”
(BERTOLDI et al., 2014, documento on-line). Para o psicólogo, o objeto é o
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estudo dos transtornos de personalidade e o comportamento dos infratores.


Conforme o Código Internacional de Doenças, o CID–10 (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1993), e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, o DSM–IV (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002),
não há uma classificação para o conceito de transtorno mental. Ele é um
campo de investigação interdisciplinar que envolve as áreas de psicologia,
psiquiatria e a neurologia. Os termos transtorno, distúrbio e doença, quando
aliados aos termos psíquico, mental e psiquiátrico, são utilizados para indi-
car uma anormalidade, um sofrimento ou um comprometimento de ordem
psicológica ou mental.
O crime é o resultado de determinado contexto, que irá sinalizar a fronteira
limítrofe da inclusão do indivíduo (homem ou mulher) no mundo do crime.
Esse sujeito que irá para o sistema prisional, que representa um castigo,
um meio de punição com a privação da liberdade, também terá um grande
sofrimento, pois necessitará sobreviver à superlotação e viver em um lugar
conturbado.

É importante que você reflita sobre o sistema prisional. De um lado, há o criminoso


que se vê desassistido pelo Estado tomando parte no “bando” que se constituiu
internamente, com suas próprias leis de sobrevivência. Como você sabe, o presídio
também é o lugar da glória do crime. De outro lado, há a equipe prisional e o psicólogo,
buscando entender esse conflito individual e coletivo. Nos cárceres, a atuação do
psicólogo deve ser focada na saúde mental. Mas como atingir um nível de saúde mental
se nas prisões acaba o livre-arbítrio e os presos são punidos com castigos corporais,
morais e psicológicos? Além disso, é impossível desenvolver um trabalho com as
superlotações, que são extremamente degradantes em todos os sentidos. Como você
deve saber, elas geram violência sexual, proliferação de doenças graves, drogadição,
prática de atos violentos, homicídios, espancamentos e extorsões. Infelizmente, é essa
realidade de impossibilidades que existe desde a implantação das primeiras prisões
(BERTOLDI et al., 2014).

Na realização das avaliações psicológicas, o psicólogo confecciona laudos,


pareceres e perícias conforme determinado no art. 6º da Lei nº 4.119, de 27 de
agosto de 1962. Essa lei regulamentou a profissão de psicólogo, que utiliza
métodos e técnicas diferenciadas, dependendo dos objetivos de cada caso.
Como principal instrumento de investigação, há a entrevista psicológica,
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que possibilita o estudo mais profundo do comportamento, pois é por meio


de uma escuta especializada que o psicólogo analisa a personalidade dos
avaliados. Além disso, com a interação pessoal é possível dirimir dúvidas
e esclarecer melhor aspectos controversos do discurso daqueles que são
analisados. Nesse contato ainda é possível observar o comportamento ver-
bal e não verbal, os nervosismos, as inquietações e as angústias. Os testes
psicológicos são uma fonte de informação que deve ser confrontada com a
análise da entrevista, corroborando ou não hipóteses sobre algum conteúdo
psicológico. Com todas as suas estratégias, métodos e técnicas, o psicólogo
é capaz de elaborar ou dar um parecer sobre o diagnóstico da conduta do
infrator ou criminoso.
Na atuação do psicólogo no campo jurídico, alguns estudiosos diferenciam
a psicologia forense e a psicologia criminalística. Assim, a psicologia forense
é aquela que estuda o comportamento para responder a qualquer dúvida pro-
cedente de juízes, desembargadores e promotores e para subsidiar decisões
tomadas em situações de tribunais a fim de que elas sejam menos injustas.
Nesse sentido, o psicólogo atua mais como perito. Já a psicologia crimina-
lística responde a dúvidas sobre como e por que ocorrem determinados atos
criminosos graves. Porém, ela não é focada somente no crime; o seu campo
se alonga no estudo das variáveis preditivas. Assim, essa área estuda como
nasce o comportamento criminoso e tem uma abordagem psicodinâmica,
social, sistêmica, cognitiva, entre outras. Porém, o Conselho Federal de
Psicologia (CFP) somente reconheceu uma psicologia, a psicologia jurídica.
Esta abrange os diversos âmbitos judiciais e legais e, portanto, é um vasto
campo de atuação.

Participação dos psicólogos nos processos de


direito civil
No direito civil, a maior parte dos processos é por atos ilícitos. É ilícito civil
o que uma pessoa comete contra outra, provocando dano psíquico ou psico-
lógico. Para que seja caracterizado um ato ilícito, é necessário um dever ou
obrigação a ser cumprida. Além disso, como você deve imaginar, deve haver
um descumprimento desse dever que cause danos. Assim, se pode justificar
um processo civil.
Você já sabe que todos têm deveres perante a sociedade. Esses deveres são
obrigações legais como esta: os proprietários têm o dever de manter a calçada
em perfeitas condições para que os passantes não se desequilibrem e venham
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a sofrer algum dano físico. Além disso, os motoristas têm o dever de dirigir
com responsabilidade para que não aconteça um acidente ou para que não
atropelem alguma pessoa.
O dever, para o direito civil, é o ponto inicial a ser considerado num pro-
cesso civil. O descumprimento desse dever é o que caracteriza o ato ilícito.
E, para caracterizar esse descumprimento, necessita-se verificar se houve
negligência/imprudência, ou se o ato foi intencional. Considera-se que houve
negligência se a pessoa não foi suficientemente zelosa para evitar o ato ilícito.
Para avaliar isso, é necessário analisar seu comportamento e sua conduta, não
importando sua intencionalidade. Considere, por exemplo, que um corretor
de imóveis não analise todos os documentos de um imóvel no momento da
venda. Após o novo proprietário ter tomado posse, aparecem débitos na Receita
Federal que inviabilizam a venda do imóvel e o negócio deve ser desfeito. Se
o corretor agisse com zelo, levantando todas as negativas necessárias antes do
processo de venda, esse fato não teria acontecido. Ou seja, ele violou o dever
de prestar um serviço adequado. Como exemplos de ato ilícito intencional
comum, você pode considerar os ataques e as agressões, porém é necessário
provar a intencionalidade (HUSS, 2010).
Outro aspecto que caracteriza um ato ilícito é a existência de algum dano. O
dano pode ocasionar prejuízo econômico ou não. O prejuízo econômico é tudo
o que a pessoa lesada gastou em função do ato ilícito de outro. Já o prejuízo
não econômico é o sofrimento, a dor física ou emocional ocasionada pelo ato
ilícito. O processo requer indenizações para compensar os danos sofridos.
Segundo Huss (2010), na área civil, a atuação do psicólogo ocorre nos casos
de indenizações e interdições. As indenizações são requeridas sempre que
houver um dano ou o querelante alegar dano psíquico. O dano psíquico é uma
sequela emocional ou psicológica de um fato particular traumatizante. Nesse
sentido, o psicólogo pode ser chamado para realizar uma avaliação psicológica
que identifique a real presença do dano, ou seja, o nexo causal, caso em que deve
verificar o estado psicológico anterior ao ato ilícito, precisando a gravidade do
sofrimento. Ou seja, ele tem de comparar o estado atual com o estado anterior,
identificando se houve prejuízo. A natureza de qualquer intervenção posterior
para aliviar ou diminuir o dano será determinante para que haja indenização
ou alguma compensação pelos prejuízos econômicos ou não.

Indenização
Como as indenizações financeiras são expressivas, o DSM–IV (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002) alerta para as simulações nesse tipo
Campos de aplicação da psicologia forense 31

de avaliação. Alguns estudos apontam que de 20 a 30% dos ­querelantes


­simulam danos cerebrais. Além disso, muitos advogados treinam seus clientes
para que tenham um resultado positivo nos testes psicológicos e neurológi-
cos. De acordo com pesquisas, 50% dos advogados acreditam que devem
informar aos seus clientes sobre como são os testes e como devem realizá-los.
Geralmente, os psicólogos identificam as pessoas que foram treinadas, mas
devem sempre estar atentos quando avaliam os danos pessoais, utilizando
alguns testes que indicam estilos incomuns de respostas, como o exagero
e a defensividade.
As queixas mais frequentes sobre danos pessoais que os psicólogos ne-
cessitam avaliar são: transtorno de estresse pós-traumático, danos neuropsi-
cológicos e dores crônicas. Segundo Huss (2010), o dano mais frequente é o
transtorno pós-traumático. O sofrimento emocional, as depressões e outros
transtornos emocionais tornam mais tangível o dano pela presença de transtor-
nos psicológicos. Nos critérios diagnósticos do DSM, para ser diagnosticada
com transtorno pós-traumático, uma pessoa deve apresentar sintomas dos
critérios A, B, C e D pelo menos há um mês (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2002).
No critério A, os sintomas da pessoa devem satisfazer duas situações: (1)
a pessoa vivenciou, presenciou ou foi confrontada com um ou mais eventos
que envolveram ameaça de morte ou de grave ferimento físico, ou ameaça à
sua integridade física ou à de outros; (2) a pessoa reagiu com intenso medo,
impotência ou horror. O critério B consiste em reviver diferentes sintomas,
como recordações e sonhos angustiantes. No critério C estão os sintomas ca-
racterizados por o sujeito tentar se esquivar de lugares ou de pessoas associadas
aos traumas e pela sua incapacidade de lembrar informações importantes. No
critério D, encontram-se as perturbações do sono, a excitabilidade aumentada
ou a vigilância excessiva do ambiente que cerca o sujeito. Para ser caracterizado
o transtorno pós-traumático, a pessoa deve apresentar o critério A e vivenciar
um, três e dois sintomas dos critérios B, C e D, respectivamente. Poderão haver
eventos pré-trauma e pós-trauma que colaboram para o desenvolvimento de
estresse pós-traumático. Como eventos pré-trauma, você pode considerar
a história de outra doença mental e os padrões de personalidade ligados a
emoções negativas ou ansiedade excessiva. Como exemplos de eventos pós-
-trauma, considere a perda de apoio social e a busca de litígio. Todos esses
eventos antes do trauma, a partir do trauma e pós-traumáticos devem ser
diagnosticados pelo psicólogo (HUSS, 2010).
Nos danos neuropsicológicos, há o traumatismo cranioencefálico, devido
ao qual os neuropsicólogos são chamados para as avaliações forenses. A
32 Campos de aplicação da psicologia forense

gravidade desse traumatismo está ligada ao tempo em que a pessoa fica


inconsciente, assim como à abrangência da amnésia consequente do trauma
e de um dano penetrante no crânio. As causas mais comuns são acidentes
com veículo automotores, queda e agressões com arma de fogo. Nesse tipo
de trauma, é muito difícil avaliar a situação pré-trauma, a não ser que haja
testes anteriores. Segundo Huss (2010, p. 326), “[...] mrevisões da literatura
sugerem que de 2 a 64% dos querelantes de danos pessoais simulam danos
cerebrais. Em um estudo, Lees-Haley (1997) encontraram que 20 a 30% dos
querelantes de danos pessoais apresentavam possível simulação”.
A dor crônica é um dano em que os psicólogos forenses se envolvem, pois
na maioria das vezes a dor é uma experiência psicológica, apesar dos danos
físicos. Pesquisas apontam a existência de uma variedade de fatores cognitivos
que podem se relacionar à dor. É um trabalho difícil para o psicólogo, apesar
de existirem vários testes padronizados de personalidade para pacientes com
dor crônica. Contudo, não há testes padronizados para a avaliação dos fatores
cognitivos. Outro fator a ser identificado na dor crônica é a existência de
ganho secundário. As queixas de dor crônica, principalmente dor na coluna,
respondem pela maioria dos ganhos de indenizações.

Interdição
A interdição se refere à impossibilidade de uma pessoa exercer por si mesma
atos da vida civil. Ela está prevista no Código Civil (BRASIL, 2002) e envolve
casos de debilidade mental ou enfermidade psíquica em que a pessoa não
tem o discernimento imprescindível para a prática dos atos da vida civil. Ao
psicólogo nomeado perito pelo juiz caberá a avaliação que corrobore ou não
a presença da debilidade/enfermidade mental e o seu grau. Para a Justiça, é
necessário que seja esclarecido se a pessoa é portadora de doença mental que
a incapacite de reger a si e aos seus bens. Um processo de interdição inclui
a validade, a nulidade ou a anulabilidade de negócios jurídicos, testamentos
e casamentos. É prejudicada também a contratação de deveres e a aquisição
de direitos, a aptidão para o trabalho e a capacidade de testemunhar, assumir
tutela de incapaz e exercer o poder familiar.
Ainda dentro do direito civil, o psicólogo atua nos contextos ligados ao
direito de família, como você vai ver na próxima seção.
Campos de aplicação da psicologia forense 33

Outra área de atuação dos psicólogos judiciais no direito de família são os divórcios
destrutivos, que englobam grandes disputas e violências. Nesse tipo de divórcio, a
criança está triangulada numa forma não muito saudável, pois atua como pêndulo
emocional do conflito numa perspectiva muito perversa na sua vinculação com ambos
os pais. A formação dessas triangulações e a dificuldade do casal em dissolvê-las
sustentam anos de brigas em tribunais.
Para aprofundar esse assunto, leia o artigo As competências da Psicologia Jurídica na
avaliação psicossocial de famílias em conflito, disponível no link a seguir.

https://goo.gl/fdzq9k

Atuação do psicólogo nas áreas de direito do


trabalho e direito de família

Direito do trabalho
O direito do trabalho rege as relações entre empregadores e funcionários
e visa a estabelecer uma plataforma de direitos básicos. Nesse cenário, o
psicólogo jurídico pode ser solicitado como perito em processos trabalhistas
para verificar os danos psicológicos causados por um acidente do trabalho,
bem como para avaliar o nexo entre as condições de trabalho e o reflexo na
saúde mental do funcionário. Também pode atuar em casos de afastamento e
aposentadoria por sofrimento psicológico e em casos envolvendo indenizações.
Essas indenizações se diferenciam das indenizações compensatórias do direito
civil, pois visam a repor a perda salarial e as despesas adicionais geradas
pelo dano no trabalho que incapacite parcial ou totalmente para a atividade
laboral. As queixas de danos pessoais sofridas no trabalho são semelhantes
aos danos do direito civil, como o transtorno de estresse pós-traumático, os
danos neuropsicológicos e as dores crônicas. A maioria das empresas hoje
fornece o benefício do seguro, com indenização por acidente do trabalho e por
morte. Porém, os trabalhadores ainda recorrem às leis de indenização devido
a incapacidades adquiridas no decorrer do trabalho que os impossibilitem
de executá-lo. Os cuidados com as simulações ou exageros dos sintomas são
os mesmos em todas as avaliações que envolvam recompensas financeiras
(HUSS, 2010).
34 Campos de aplicação da psicologia forense

Além dos danos pessoais decorrentes de acidentes, queixas de assédio


moral e sexual, como também de discriminação de etnia, gênero e/ou reli-
gião, podem surgir nos processos indenizatórios por danos psicológicos. O
assédio sexual pode ser de um empregador ou de um gestor/supervisor que
demande satisfações sexuais em troca de segurança no emprego, ou que torne
o ambiente de trabalho insuportável e hostil para que o funcionário venha a
ceder às demandas sexuais.
Nas questões de assédio sexual e discriminação, os psicólogos judiciais
deverão verificar a existência ou não do assédio e seus efeitos no funcionário.
Para isso, deverão estar familiarizados com a infinidade de conhecimentos
sobre as diferenças individuais e o abalo provocado por diferentes formas de
assédio sexual e discriminações.
Para Schmidt (2013), o assédio moral juridicamente é entendido como um
abuso emocional no ambiente de trabalho, envolvendo comentários maliciosos,
boatos, intimidações, humilhações, descrédito e isolamento, de forma a levar
o funcionário a se desligar do emprego. Esse tipo de assédio às vezes ocorre
de maneira cruel e é uma forma de prática de bullying. O assédio moral é uma
das formas de dano aos direitos da personalidade por meio de lesão à honra,
à intimidade, à privacidade e à imagem. Esses direitos são contemplados na
Constituição Federal de 1988 (art. 5º, incisos V e X) (BRASIL, 1988) e no
Código Civil (arts. 11 a 21, Capítulo II — Dos Direitos da Personalidade)
(BRASIL, 2002). O assédio moral atinge principalmente funcionários em
alguma situação de vulnerabilidade, como: ter mais de 50 anos, ser estável
e receber altos salários. O assédio pode ser reconhecido pela duração, pelos
meios utilizados e pelos efeitos que provoca nas vítimas. A duração refere-se
à forma repetida e sistemática.
Os meios utilizados no assédio moral são condutas abusivas, por pala-
vras, atos, gestos. É possível, por exemplo, desconsiderar a vítima, isolá-la,
impedi-la de se exprimir, desacreditá-la no seu trabalho, acusá-la de paranoia
quando ela tenta se defender, fazer gozações sobre seu jeito de ser ou sobre
pequenos defeitos, realizar ridicularizações, bem como obrigá-la a executar
atividades muito superiores ou muito inferiores à sua capacidade. Ou seja,
tudo é feito para desestabilizar a vítima e sempre por via oral, nada por es-
crito, de modo que não haja vestígios para serem utilizados como defesa. Os
efeitos que isso pode provocar nas vítimas vão desde sintomas de depressão
e fobia social até o suicídio. Muitos desses efeitos podem ser considerados
doenças profissionais, sendo que as doenças de trabalho se equiparam aos
acidentes de trabalho. Nesse sentido, o ônus da prova é mais pesado para a
Campos de aplicação da psicologia forense 35

vítima, pois ela teria de demonstrar com testemunhos o assédio e provar o


nexo causal com a doença. O assédio moral é considerado uma das formas
mais graves de violência, tão destrutivo quanto o assédio sexual e a dis-
criminação racial. Os processos na Justiça poderiam invocar os arts. 146
e 147 do Código Penal, que tratam dos crimes contra a liberdade pessoal
(SCHMIDT, 2013).

Direito de família
O direito de família faz parte do direito civil, que engloba normas jurídicas
referentes à estrutura, à organização e à proteção da família. Ele trata das
relações familiares, bem como das obrigações e dos direitos resultantes dessas
relações. Assim, o direito regula e estabelece as normas do convívio familiar.
Os artigos 1.511 a 1.783 do Livro IV (Direito da Família) do Código Civil
(BRASIL, 2002) versam sobre casamento, direito de proteção dos filhos,
filiação, adoção, poder familiar, direito patrimonial, regime de comunhão,
entre outros. Você também deve atentar aos artigos 1.784 a 2.046 do Livro V
(Direito das Sucessões) (BRASIL, 2002).
Segundo Lago et al. (2009), a atuação do psicólogo jurídico destaca-se
nas áreas de processos de separação e divórcio, regulamentação de visitas,
disputa de guarda, guarda compartilhada, síndrome de alienação parental,
divórcio destrutivo e violência intrafamiliar. Assim, esse profissional pode
atuar como mediador e/ou com avaliação psicológica por solicitação do juiz,
podendo sugerir encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico
da(s) parte(s).
Na separação e no divórcio, quando há necessidade de atuação de um
psicólogo, é devido à natureza litigiosa. A atuação consiste, então, em uma
participação nos processos em que as partes não conseguiram acordar em
relação às questões de guarda dos filhos, partilha dos bens, estabelecimento
de pensão alimentícia e direito de visitação. O desacordo ocorre em função, na
maioria das vezes, dos conflitos do rompimento do vínculo afetivo-emocional.
Na regulamentação das visitas, mesmo após a decisão judicial, podem surgir
questões de ordem prática ou novos conflitos, e se faz necessário recorrer
novamente ao judiciário. Nesses casos, os psicólogos jurídicos podem ser
chamados a contribuir por meio de avaliações com a família para informar
ao juiz a dinâmica familiar e sugerir medidas conciliatórias. Como mediador,
eles podem trabalhar os conflitos intrapessoais das relações familiares para
chegar a um acordo colaborativo.
36 Campos de aplicação da psicologia forense

Na disputa de guarda pelos filhos, o psicólogo judicial pode ser requisi-


tado para perícia psicológica, avaliando qual dos cônjuges possui melhores
condições para exercer esse direito. Para tanto, é necessário que o psicólogo
tenha profundo conhecimento em psicopatologia, psicologia do desenvolvi-
mento, psicodinâmica familiar e atualização quanto a assuntos como guarda
compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação
parental. Quando os pais colocam as suas vaidades e interesses pessoais acima
do sofrimento dos filhos, tentando atingir ou magoar o(a) ex-companheiro(a),
demonstram pouca maturidade para exercer a função de cuidador de uma
criança.
Na guarda compartilhada, ambos os pais mantêm o poder familiar e a
tomada de decisões, independentemente do tempo que os filhos passem com
eles. Para chegar a uma decisão sobre a guarda compartilhada, há necessidade
de muita análise da história do casal, das disputas pré e pós-divórcio, conside-
rando idade dos filhos, estilos de temperamento, qualidade dos relacionamentos
pais-filhos, habilidades de coping (esforços cognitivos e comportamentais para
lidar com situações de danos, de ameaça e de desafio quando não se tratar
de uma situação de rotina) e exercício da copaternidade. Todos esses fatores
contribuirão para o sucesso ou o fracasso da guarda compartilhada.
O fenômeno da síndrome de alienação parental é um assunto recente nas
disputas de guarda. Trata-se do processo de induzir respostas ou atitudes
automáticas na criança para que ela odeie um de seus genitores. Para que esse
quadro seja configurado, será necessário ter certeza de que o genitor alienado
não merece ser odiado pela criança devido a comportamentos depreciáveis.
Segundo Lago e Bandeira (2009), para o diagnóstico, é importante identificar
os sintomas, que variam de moderado a grave:

1. campanha de descrédito (manifestada verbalmente e nas atitudes);


2. justificativas fúteis (o filho dá pretextos fúteis para justificar a atitude);
3. ausência de ambivalência (o sentimento do filho pelo genitor é único:
ódio);
4. fenômeno de independência (o filho afirma que ninguém o influenciou);
5. sustentação deliberada (o filho adota a defesa do genitor alienador);
6. ausência de culpa por denegrir o genitor alienado;
7. presença de situações fingidas (o filho conta casos que não vivenciou);
8. generalização de animosidade em relação a outros membros da família
extensiva ao genitor alienado. O genitor alienador está causando abuso
emocional no filho, sendo às vezes uma destruição total e irremediável
do vínculo com o genitor alienado.
Campos de aplicação da psicologia forense 37

Além do diagnóstico, é importante que o psicólogo procure formas de


intervenção que amenizem os efeitos causados por essa síndrome, sendo
preciso tratar a psicopatologia do alienador. O mais difícil será a recons-
trução do vínculo com o genitor alienado e a redução dos danos causados
pelo rompimento. Nessa síndrome, é possível que existam acusações de
abuso sexual contra um dos genitores envolvidos na disputa judicial (LAGO;
BANDEIRA, 2009).

As falsas acusações de abuso sexual podem aparecer nas disputas de guarda de filhos
em função de sentimentos de vingança ou conflitos graves entre os ex-cônjuges.
Sabe-se que a maioria dos abusos sexuais é intrafamiliar, porém quando se trata
de disputa de guarda de filhos é necessário um cuidado e uma investigação mais
apurados, além de um olhar crítico por parte dos psicólogos judiciais que farão a
avaliação psicológica.
Estudos indicam que 95% dos casos de acusação de abuso sexual na disputa de
guarda são falsos. O psicólogo deve explorar e compreender o sistema familiar e a
validade das queixas, devendo possuir conhecimento de três áreas forenses: as práticas
e os procedimentos em disputa de guarda, as técnicas de avaliação de abuso sexual
e a avaliação dos supostos abusadores. Ademais, deve realizar uma investigação com
uma atitude de respeito e de busca de evidências.
Os efeitos sobre a criança envolvida nesse processo podem ser semelhantes aos que
afetam crianças que foram realmente abusadas, levando-as a apresentar patologias
graves na esfera afetiva, psicológica e sexual. Em alguns casos, elas podem também
acreditar que realmente foram abusadas (LAGO; BANDEIRA, 2009).

Como você deve ter notado, os assuntos abordados neste capítulo desdo-
bram-se em muitas reflexões que devem ser levadas adiante pelos psicólogos
que atuam na área judicial do trabalho, criminal e familiar. Esses profissionais
devem buscar uma atuação na área de promoção de saúde mental, auxiliando
as pessoas nas suas realizações pessoais e profissionais, de forma que possam
exercer a sua cidadania com toda a plenitude. Atuar nas políticas públicas para
humanizar os sistemas carcerários e oportunizar tratamentos àqueles que os
necessitam, atuando para além da avaliação psicológica, são ações para as
quais o Conselho Federal de Psicologia e suas entidades de classe buscam
espaço na esfera judicial. Naturalmente, ainda há muito a ser feito e muitas
evoluções no caminho da atuação do psicólogo judicial.
38 Campos de aplicação da psicologia forense

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV-TR: manual diagnostico e estatístico


de transtornos mentais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BERTOLDI, M. E. et al. Psicologia jurídica aplicada à criminologia e sua relação como direito.
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
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do psicólogo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso
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BRASIL. Lei nº. 10.792, de 1º de dezembro de 2003. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2003/L10.792.htm>. Acesso em: 24 mar. 2018.
HUSS, M. T. Psicologia forense: pesquisa, prática clínica e aplicações. Porto Alegre:
Artmed, 2010.
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LAGO, V. M. et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos
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SCHMIDT, M. H. F. M. O assédio moral no direito do trabalho. Revista eletrônica [do]
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, v. 2, n. 16, p. 89-127, mar. 2013. Dis-
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de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto
Alegre: Artmed, 1993.

Leituras recomendadas
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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>.
Acesso em: 05 mar. 2018.
Campos de aplicação da psicologia forense 39

BRASIL. Decreto-lei nº. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília,
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BRASIL. Lei nº. 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sôbre os cursos de formação em
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COSTA, L. F. et al. As competências da psicologia jurídica na avaliação psicossocial
de famílias em conflito. Psicologia e Sociedade, v. 21, n. 2, p. 233-241, 2009. Disponível
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MEDEIROS, A. C. A.; SILVA, M. C. S. A atuação do psicólogo no sistema prisional: anali-
sando e propondo novas diretrizes. Revista Transgressões, v. 2, n. 1, 2014. Disponível em:
<https://periodicos.ufrn.br/transgressoes/article/view/6658>. Acesso em: 03 mar. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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