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Tema: A Psicologia Aplicada em Portugal

Subtema: Psicologia Criminal/Forense

Disciplina: Psicologia B
Professora: Mª José Ratinho
Ano Letivo: 2014-2015
Escola Secundária Luís de Freitas Branco

Trabalho realizado por:


Carolina Martins, nº 3, 12ºD
Maise Costa, nº 13, 12ºD
Maria Moreira Rato, nº 8, 12ºC

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Índice:
Introdução ........................................................................................................ 3
A Psicologia Forense ................................................................................... 4-5
Distinção entre Direito e Psicologia Forense ............................................... 6
Distinção entre Psicologia Jurídica e Psicologia Forense .......................... 6
O trabalho do psicólogo criminal ................................................................... 7
Áreas de intervenção da Psicologia Forense ................................................ 8
Práticas forenses direta e indiretamente utilizadas pelos tribunais ............ 9
Metodologia – O Relatório Psicológico Forense ......................................... 10
Ética e Deontologia do psicólogo forense .............................................. 11-12
Lista de alguns investigadores portugueses............................................... 13
Conclusões da entrevista à psicóloga Celina Manita ............................ 14-15
Conclusão ....................................................................................................... 16
Bibliografia e Netgrafia .................................................................................. 16

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Introdução:
É impossível pensar na psicologia sem a componente aplicada, isto é, sem
intervenção: a psicologia possui uma dimensão prática que se integra em
vários contextos e instituições sociais.
A Psicologia tem vindo a afirmar-se como uma mais-valia ao serviço das
sociedades, enquanto disciplina autónoma, mas também conjugada com outras
áreas científicas e um exemplo perfeito dessa harmoniosa conjugação é a
Psicologia Forense, que reúne tanto como a Psicologia como o Direito.
Tem crescido muito nos últimos anos, à medida que mais e mais estudantes
se interessam por este campo aplicado da psicologia.
Filmes populares, séries e livros auxiliam a sua popularidade, frequentemente
criando heróis brilhantes que resolvem crimes ou encontram assassinos
recorrendo à Psicologia.
Embora tais retratos do psicólogo forense sejam fomentados e populares nos
media, são certamente exagerados, pois não mostram um perfil realmente
exato do trabalho realizado.
Os psicólogos forenses desempenham um papel muito importante no sistema
de justiça, e esta pode ser uma carreira estimulante para aqueles que são
interessados em aplicar os princípios psicológicos no sistema legal.
Habitualmente, a Psicologia Forense é definida como a intersecção de
psicologia e direito, mas os psicólogos forenses podem desempenhar muitos
papéis, fazendo variar esta definição.
Em muitos casos, as pessoas que trabalham na área não são
necessariamente “psicólogos forenses”. Podem ser também psicólogos
clínicos, educacionais, neurologistas ou terapeutas que utilizam o seu
conhecimento psicológico para dar testemunho, análise ou recomendações em
determinados casos criminais ou legais.
Deste modo, podemos considerar que a Psicologia Forense se dedica ao
estudo do crime e de todos os protagonistas que se relacionam com o desvio e
a transgressão, procurando identificar as causas que conduzem à existência
desse mesmo tipo de comportamentos, os mecanismos que os desencadeiam
e os efeitos sociais de cada ação relacionada com o crime.
A presença do psicólogo forense junto das instituições, como os tribunais, tem
por objetivo modificar as interpretações mais esquemáticas e redutoras dos
comportamentos genericamente designados por comportamentos criminosos.
Assim, com a realização deste trabalho, pretendemos estudar a definição de
Psicologia Forense, bem como o trabalho do psicólogo criminal, as áreas de
reflexão, a metodologia utilizada, conhecer o trabalho desenvolvido por vários
psicólogos forenses relevantes e alargar o nosso conhecimento nesta área da
Psicologia Aplicada.

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A Psicologia Forense:
A implantação e a relevância da contribuição da Psicologia no Sistema de
Justiça têm surgido em linha com essa especialização dos seus profissionais,
pois a conjugação entre as ciências do comportamento e o Direito (que já
referimos anteriormente) fizeram ressurgir novos potenciais de resposta a
perguntas apenas alcançáveis com recurso ao estreitar da relação entre ambas
as áreas de conhecimento.
A Psicologia Forense ganha cada vez mais expressão nos domínios da
Psicologia Aplicada e do Direito, apresentando-se com o potencial necessário
para auxiliar nos processos de avaliação associados a vítimas e agressores,
assim como na tomada de decisão dos diferentes atores judiciais.
As perícias psicológicas produzidas e apresentadas em sede de inquérito
judicial ou de processo cível são cada vez mais solicitadas e consideradas pelo
sistema de justiça, pesando na balança do decisor como um elemento
indispensável à melhor compreensão dos factos. Ou seja, a relevância da
Psicologia Forense como fator decisivo nos processos judiciais cresce
diariamente.
Embora muito associada a entidades públicas, deve ter-se presente que não é
apenas o aparelho judicial que pode requerer os serviços de um psicólogo
forense.
O recurso a entidades privadas idóneas e independentes que disponibilizam
serviços na área da Psicologia Forense é uma opção para o apoio objetivo e é
cada vez mais procurada.

Somos confrontados diariamente com notícias que apresentam distintos tipos


de crime, ocorridos em diferentes circunstâncias e com desfechos e
consequências inarráveis, com impactos diretos e indiretos nas pessoas e
comunidades onde ocorreram, deixando marcas que perduram no coletivo
destas pessoas, o que é realmente grave e também indiscutível. Desse modo,
torna-se essencial compreender quais os mecanismos psicológicos e sociais
que estiveram na origem destes factos.
Neste campo, a Psicologia Forense tem vindo a munir-se de conhecimentos e
técnicas que permitem dar respostas mais adequadas e que o olho humano
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não alcança. Os relatórios psicológicos periciais/forenses, configuram um meio
de prova cada vez mais utilizado como elemento adicional dos relatórios
médico-legais ou como recurso único, aquando de apresentar elementos
probatórios de um determinado acontecimento.
O impacto traumático decorrente da exposição de uma vítima a uma situação
de crime pode variar consoante o nível de violência impelido pelo agressor,
pelas características individuais desta e por fatores adicionais que poderiam
estar presentes. Uma avaliação desta vítima, poderia permitir uma leitura mais
objetiva do sistema de justiça acerca da medida da pena a atribuir ao sujeito
responsável pelo crime. Por outro lado, também as características do agressor
poderão ser avaliadas. Não sendo da competência do psicólogo atribuir
responsabilidade criminal pelos atos cometidos, é passível de ser
compreendido e trazido a sede própria, qual o discernimento do agressor
acerca da ação perpetrada contra a vítima e qual o impacto que isso gerou em
si.
Devido a todo este vasto leque de acontecimentos e também ao aumento da
criminalidade, são diversos os contextos criminais onde os psicólogos forenses
já possuem conhecimentos e técnicas de abordagem à vítima e ao agressor,
procurando minimizar riscos e impactos de afetação de prova e de potencial de
revitimação/reincidência.
Os profissionais desta área têm vindo a integrar equipas multidisciplinares, por
forma a responder a necessidades de avaliação que vão desde a agressão
sexual, até ao acompanhamento de uma vítima a tribunal (procurando
minimizar o impacto traumático inerente à sua exposição a um processo crime).
Podemos considerar que os psicólogos forenses interessam-se, em particular,
pela compreensão das relações complexas entre os comportamentos
transgressores (ilegais, que se desviam das normas impostas e aceites pela/na
sociedade), as suas causas, os seus contextos e também pelos efeitos que
estes possuem na sociedade.
Após várias décadas do surgimento das primeiras escolas de Psicologia em
Portugal, a Psicologia Forense tem vindo a ganhar expressão e a ocupar o seu
lugar na sociedade, ultrapassando as barreiras da desconfiança e dos
estereótipos.
A regulamentação da profissão ocorreu com o surgimento da Ordem dos
Psicólogos Portugueses (OPP), que veio consolidar uma maior credibilidade e
projeção do potencial dos conhecimentos promovidos por esta área.

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Distinção entre Direito e Psicologia Forense:
Tal como foi referido anteriormente, a
Psicologia Forense e o Direito interligam-
se e, juntos, são eficazes e ideais na/para
o estudo da criminalidade e resolução de
determinados crimes, aquando da sua
harmoniosa conjugação, pois o psicólogo
forense termina por intervir ativamente no
sistema judicial.
Contudo, a atitude face ao comportamento
humano destas duas áreas é distinta: o
objeto de estudo da Psicologia é o comportamento humano e os estados
mentais, enquanto que o do Direito é a norma jurídica.
A Psicologia estuda o comportamento humano como ele é, deste modo,
constitui uma ciência “do ser”, uma ciência humana.
O Direito procura disciplinar o comportamento humano e por isso se diz que é
uma área que estabelece o “dever ser”, tendo que distinguir o que é lícito e
ilícito, o que é “normal” e “anormal”, pautando-se pelas normas jurídicas
estabelecidas pela sociedade. Por outro lado, a Psicologia encara o “normal” e
o “anormal” através de outra perspetiva, colocando inclusivamente reservas a
esta classificação no interior da sua própria área de atuação.
O combate ao crime é realizado através da confluência de perspetivas
distintas, sendo que, juntando o Direito e a Psicologia, é possível interpretar e
agir acerca da questão tão inquietante que a criminalidade constitui.
Até há pouco tempo, a perspetiva deste combate passava somente pelo
agravamento das penas dos criminosos mas, os estudos levados a cabo pela
Psicologia, pela Sociologia e pela Antropologia demonstraram que essa prática
é totalmente inadequada, pois não conduz à diminuição dos delitos. Ou seja, é
necessário encontrar formas inovadoras e eficazes de abordagem e de atuação
complementares.
Assim, a Psicologia Forense e o Direito complementam-se e realizam uma
ideal e inteligente luta contra a criminalidade.

Distinção entre Psicologia Jurídica e Forense:

Ambos os termos são normalmente confundidos ou encarados como iguais,


não existindo a sua distinção.
O psicólogo forense atua através da aplicação de procedimentos para avaliar a
personalidade e o grau de periculosidade de adultos ou adolescentes, nos
processos criminais, enquanto que o psicólogo jurídico atua como perito dentro
dos processos civis ou fora dos mesmos, como assistente técnico da instituição
judiciária, observando o mecanismo familiar das pessoas nos processos
litigiosos.

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O trabalho do psicólogo criminal:
O trabalho do psicólogo criminal é multifacetado, na medida em que este é
chamado a intervir em contextos e situações muito diversificadas.

As competências do psicólogo forense passam por:

- apoiar outros técnicos na seleção e formação de pessoal da polícia e


guardas prisionais. Ao nível da formação específica, apoiam estes agentes a
gerirem incidentes e conflitos no contexto dos estabelecimentos prisionais, bem
como a desenvolverem competências que facilitem as interações com e entre
os reclusos;

- fazer o diagnóstico de reclusos que apresentem perturbações


comportamentais, como agressividade e isolamento, e perturbações
psicológicas, como depressão, insónias, crises de identidade, sentimentos de
culpa, etc. Poderão aplicar terapias individuais ou de grupo adequadas às
situações;

- acompanhar os reclusos em situação de liberdade condicional e, quando


libertados, no processo de inserção na vida ativa; prestar apoio na análise de
penas alternativas ao encarceramento (prestação de serviços à comunidade);

- avaliar a forma como os reclusos são tratados no interior dos


estabelecimentos prisionais;

- participar, com outros agentes de saúde mental, no diagnóstico de


imputabilidade de um acusado. Se se provar que uma pessoa que está a ser
julgada sofre de uma doença ou perturbação mental que a torne incapaz de
compreender o que é um ato ilícito, é considerada criminalmente inimputável e,
por isso, isenta de pena;

- testemunhar, se necessário, em tribunal como especialista;

- avaliar, com outros técnicos, as falsas memórias em depoimentos de


testemunhas;

- avaliar a situação de stress dos agentes da polícia e dos guardas prisionais;

- prestar apoio a vítimas de violência doméstica, de abusos sexuais e de


outras formas de coação e violência;

- apoiar a polícia na definição de perfis psicológicos que ajudem à identificação


e captura de criminosos, bem como na investigação de crimes.

O desenvolvimento destas e de outras atividades leva os psicólogos a


integrarem, para além dos estabelecimentos prisionais, Serviços Regionais de
Segurança Social, centros de custódia de menores e estruturas policiais.

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Áreas de intervenção da Psicologia Forense:
A psicologia criminal tem procurado, ao longo do tempo, interpretar e
compreender as conexões complexas entre os comportamentos
transgressores, as suas causas, os seus contextos, assim como os efeitos que
têm na sociedade.
Uma das áreas de intervenção da psicologia criminal é o estudo dos desejos,
pensamentos, intenções e reações dos criminosos, de forma a traçar perfis e
solucionar os crimes. O estudo procura drasticamente centrar-se nos motivos
que leva alguém a cometer um crime mas também nas reações pós-crime, na
fuga ou no tribunal.
A psicologia forense relaciona-se também com a psicanálise.
Atualmente, a psicologia criminal, tem como objeto de estudo os crimes e os
comportamentos que estes envolvem, sendo utilizados testes de
personalidade.
Os psicólogos criminalistas são frequentemente chamados como testemunhas
em processos judiciais para ajudar o júri a compreender a mente do criminoso.
A psicologia criminal complementa-se com a vitimologia (estudo da vítima nos
seus diversos planos. Estuda-se a vítima sob um aspeto amplo e
integral: psicológico, social, económico, jurídico), devido ao facto de existirem
uma série de investigadores que defendem que existem certas características
que tornam as pessoas mais propícias a determinados tipos de crime.
A psicologia forense intervém em casos de abuso sexual, maus tratos físicos e
psicológicos e de violência no trabalho.
A área de intervenção do psicólogo forense abarca, portanto, domínios tão
variados como os da avaliação forense de vítimas e arguidos em processos
crime, de pais e filhos envolvidos em processos de regulação do exercício das
responsabilidades parentais ou de adoção, na avaliação do dano pós-
traumático, na avaliação no âmbito da promoção e proteção de crianças e no
âmbito tutelar educativo, entre outros; assim como a psicologia do testemunho,
a investigação policial, o acompanhamento de testemunhas particularmente
vulneráveis em tribunal, o apoio a decisões relacionadas com a reinserção
social, a execução de penas, entre outros.

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Práticas forenses direta e indiretamente utilizadas pelos
tribunais:
Na abordagem às tarefas realizadas pelo psicólogo forense, é importante
distinguir:

As práticas diretamente utilizadas pelos tribunais:

- exames psicológicos de autores de factos delituosos ou criminais a pedido do


Ministério Público, do Juiz de Instrução ou do Tribunal;
- exames psicológicos de vítimas (consequências) a pedido do Ministério
Público, do Juiz de Instrução ou do Tribunal;
- avaliação de períodos de detenção (orientação penal, preparação à
orientação profissional) e pós-detenção;
- execução de perfis;
- avaliação da credibilidade de testemunho (adultos e crianças vítimas);
- avaliação dos danos psicológicos e neuropsicológicos;
- exame das famílias em conflito (divórcio, regulação do poder paternal);
- exame de menores ou adultos no quadro da proteção de menores em risco;
- análise de casos de violência no trabalho.

As práticas indiretamente utilizadas pelos tribunais:


- assistência às vítimas (intervenção no quadro da ajuda pluridisciplinar às
vítimas, em urgência ou no decorrer de processos);
- aconselhamento ou perícia de mútuo acordo em situações de perícia que
envolvam indemnizações;
- realização de contra-perícias (a pedido de advogados);
- avaliação das consequências da vitimização;
- tratamento dos delinquentes em serviços médicos e psiquiátricos das prisões
e centros de detenção;
- despistagem e orientação de toxicodependentes nas prisões;
- intervenção em colaboração com as polícias, comités de liberdade
condicional.

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Metodologia – O Relatório Psicológico Forense:
Existem dois tipos de relatórios psicológicos forenses.
Um relatório é mais direcionado para a área criminal e compreende a
competência para avaliar o estado mental do criminoso no momento do crime,
mitigar defesas e para apresentar pareceres ao tribunal que possam auxiliar os
seus interesses, como no caso de emitir um parecer sobre a perigosidade do
sujeito, o que poderá ajudar o tribunal a decretar ou não a prisão preventiva do
criminoso.
O segundo relatório é direcionado para a área civil e abarca competências
civis como a guarda de crianças, compensações relacionadas com o abuso e a
negligência das mesmas ou por danos psíquicos.

Existem características comuns na elaboração de ambos:

- Identificação e informação geral;


- Elementos relativos ao profissional;
- Motivo da consulta;
- História relevante / informação contextual (história do incidente forense e as
suas consequências, história familiar);
- Exame do estado psíquico (procedimentos / testes administrados);
- Possível identificação de distúrbios psicológicos;
- Observações do comportamento do criminoso;
- Avaliação do funcionamento actual através dos resultados obtidos;
- Formulação do caso: interpretações, impressões e conclusões;
- Recomendações.

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Ética e Deontologia do psicólogo forense:
- tem a obrigação de prestar serviços de forma consistente com o mais alto
padrão da sua profissão;

- é responsável pela sua própria conduta e pela conduta dos indivíduos sob
sua supervisão;

- deve fazer um esforço para garantir que os seus serviços são empregues de
forma direta e responsável;

- deve prestar serviços apenas em áreas de psicologia em que se


especializou, tem conhecimento, experiência ou formação;

- tem a obrigação de apresentar ao tribunal, em relação às questões


específicas para que vai testemunhar, os limites da sua competência, bases
factuais (conhecimento, habilidade, formação, experiência e educação) para a
sua classificação como perito, e a importância das bases factuais para a sua
qualificação como especialista em assuntos em questão;

- é responsável por um nível elementar e razoável de conhecimento e


compreensão das normas jurídicas e profissionais que regem a sua
participação como especialista em processos legais;

- tem a obrigação de perceber os direitos civis das partes envolvidas em


processos judiciais ou processos em que coopera, e gerir a sua conduta
profissional de uma forma que não ameace esses direitos;

- deve reconhecer que os seus valores pessoais, crenças morais ou pessoais


e relações profissionais com as partes de um processo legal, podem interpor-
se com a sua capacidade de competência para praticar as suas funções; deste
modo, é obrigado a declinar a sua participação ou delimitar a sua assistência
de forma consistente com as obrigações profissionais;

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- deve reconhecer potenciais conflitos de interesse em relação dupla com as
partes do processo legal, e deve procurar diminuir os seus efeitos;

- deve abster-se de prestar serviços com quem possui relações pessoais ou


profissionais que sejam inconciliáveis com o esperado relacionamento
psicólogo-cliente;

- está coagido a assegurar que os potenciais clientes são informados dos seus
direitos legais relativamente ao serviço forense, das consequências de
qualquer avaliação, da natureza dos procedimentos a ser empregues, das
utilizações pretendidas dos seus serviços;

- tem a obrigação de fazer as autoridades judiciárias tomarem conhecimento


da origem de conflitos e adotar as medidas para resolvê-los caso os mesmos
sobrevenham entre as normas profissionais do psicólogo forense e as
exigências das normas legais;

- tem o imperativo de estar inteirado das normas jurídicas que podem afetar ou
confinar a confidencialidade ou privilégio que possa anexar aos seus serviços,
e praticar as suas atividades profissionais de modo que honre os direitos e
privilégios conhecidos;

- deve criar e manter um sistema de manutenção de registos e comunicação


profissional que protege as informações do cliente;

- só deve partilhar informações acerca do seu cliente conforme as exigências


legais, por ordem judicial, ou anuência do cliente;

- deve elaborar os seus relatórios com base em dados empíricos e teorias


psicológicas de base científica, assim como em todos os seus restantes
procedimentos, instrumentos e tarefas, que deverão primar pelo rigor e
conhecimento científico, bem como pelo rigor ético.

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Lista de alguns investigadores que trabalham em
Psicologia Forense em Portugal:
Cristina Soeiro (Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz).
Área de Investigação – avaliação forense, profiling criminal, psicopatia.

Fernando Barbosa (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação –


Universidade do Porto).
Área de Investigação – psicobiologia do comportamento criminal, psicopatia.

João Marques Teixeira (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação –


Universidade do Porto).
Área de Investigação – neuropsicologia e eletrofisiologia da cognição em
toxicodependentes, delinquentes, doentes com esquizofrenia e doentes que
padecem de Alzheimer.

Marlene Matos (Departamento de Psicologia e Educação – Universidade do


Minho).
Área de Investigação – Vitimologia (violência na intimidade, stalking) e
avaliação psicológica forense.

Pedro Almeida (Faculdade de Direito – Universidade do Porto).


Área de Investigação – processos emocionais e atencionais em sujeitos com
psicopatia.

Rui Abrunhosa Gonçalves (Departamento de Psicologia e Educação –


Universidade do Minho).
Área de Investigação – psicopatia e avaliação forense de ofensores.

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Conclusões da entrevista à psicóloga Celina Manita:
Celina Manita, doutorada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade do Porto e Professora Auxiliar nesta
Faculdade, respondeu a cinco perguntas que nos ajudam a perceber qual o
papel de um psicólogo criminal/forense e a sua importância na nossa
sociedade. Iremos então proceder a uma sintetização das respostas da
psicóloga Celina.
Segundo Celina, os objetivos de um psicólogo criminal são promover a
intervenção psicológica junto de crianças e adultos com comportamentos
desviantes, delinquentes e criminosos, ou vítimas de crime, sendo que essa
intervenção poderia ter uma vertente tanto clinica e psicoterapêutica, como
educacional, psicossocial ou comunitária. A área da Psicologia Forense tem
como principal objetivo auxiliar o sistema de justiça.
Os psicólogos Forenses intervêm em diversas áreas, tais como, a avaliação da
personalidade e peritagem psicoforense, correcional, policial, judicial e criminal,
colaboração com Policias, Tribunais, estabelecimentos prisionais, institutos de
reeducação de menores, entre outros. Estes também fazem avaliações
psicológicas forenses de arguidos e vitimas, avaliações de progenitores e
menores em processos de regulação do poder paternal ou de adoção,
avaliações de crianças e jovens no âmbito de processos de “promoção e
proteção” ou “tutelares adotivos”, avaliações dos danos psicológicos e
psicossociais na sequência de acidentes de viação. Inclui também o
testemunho em tribunal e o apoio à investigação criminal.

Relativamente às organizações em que podem intervir, esta faz uma distinção


entre os psicólogos com formação no domínio da Psicologia Forense e
garantidos como peritos junto dos tribunais e os Psicólogos com formação nos
domínios da Psicologia do Comportamento Desviante, Psicologia da Justiça e
Psicologia Criminal.
Os primeiros intervêm especialmente junto do Instituto Nacional de Medicina
Legal, dos Tribunais e Ministério Público.
Já os segundos, trabalham essencialmente em estabelecimentos prisionais,

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centros de reeducação de crianças e jovens, Segurança Social e equipas de
assessoria a tribunais, comissões de proteção de crianças e jovens, instituições
de apoio a vítimas, projetos comunitários que visam a prevenção do uso de
drogas e do crime, da agressividade, da antissociabilidade e da delinquência,
programas de intervenção junto de crianças em risco, programas de apoio a
vítimas, programas de tratamento de agressores e programas de educação
parental.
Para a psicóloga os problemas da sociedade que levam à intervenção do
psicólogo educacional são sobretudo a delinquência juvenil e a criminalidade, a
problemática da vitimação, as diversas formas de violência social, o crime
organizado, a exclusão social, as toxicodependências, o impacto dos mass
media no comportamento violento e os crimes de motivação racista ou
homofóbica.
Por último, a Psicóloga, informa-nos à cercados principais métodos/técnicas
utilizados pelos mesmos, fazendo também uma distinção no domínio da
Psicologia Forense, na intervenção junto de ofensores e de vitimas e ao nível
da investigação cientifica.
No domínio da Psicologia Forense recorrem à entrevista clínica, aos testes
psicológicos e a inventários.
Na intervenção junto de ofensores e vítimas, recorre-se à avaliação psicológica
e a diversas modalidades e programas de intervenção psicológica. Para tal,
desenvolveram-se programas e estratégias de prevenção, de reeducação e de
reinserção social.
Já ao nível da investigação científica, recorre-se a um amplo leque de
metodologias de investigação, que vai desde as laboratoriais às de inquérito,
entrevista, biográficas ou de etnometodologias.

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Conclusão:
Com a realização deste trabalho alargámos o nosso conhecimento na área da
Psicologia Aplicada e estudámos especificamente a Psicologia Forense em
Portugal, focando-nos na sua definição, no seu objeto e nas tarefas realizadas
pelo psicólogo forense, bem como na ética e deontologia do mesmo.
Acreditamos que estudar a Psicologia Forense ao nível da Educação Superior
é extremamente interessante e desenvolvemos, sem dúvida alguma, o nosso
interesse pela mesma.

Bibliografia:

Matos Monteiro, M. e Tavares Ferreira, P., Ser Humano, Psicologia B 12.º ano
(2º volume), Porto Editora, 2014

Henriques Leal, P., Relatório Psicológico Forense: Aspetos Fundamentais,


2012

Manita, C. e Machado, C., A Psicologia Forense em Portugal – novos rumos


na consolidação da relação com o sistema de justiça, 2012

Netgrafia:
Sousa, F., O que é a Psicologia Forense?
Disponível em: www.psicologiamsn.com/2012/07/o-que-e-psicologia-
forense.html

Ventura Baúto, R., Psicologia Forense: Onde, como, quando e porquê?


Disponível em: www.publico.pt/sociedade/noticia/psicologia-forense-onde-
como-quando-e-porque-1671147

Comportamento antissocial
Disponível em: Wikipedia.pt

Oliveira, B., Psicologia Jurídica e Psicologia Forense: Como é o campo de


atuação do Psicólogo Jurídico ou Psicólogo Forense
Disponível em: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-juridica-e-
psicologia-forense-como-e-o-campo-de-atuacao-do-psicologo-juridico-ou-
psicologo-forense/2504/

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