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Terapia de Aceitação e

Compromisso (ACT)
Cleyton Brust Marins – cleytonbrust@gmail.com
Psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental e ACT
Instrutor de Mindfulness-Based Cognitive-Terapy
(MBCT) pelo Centro de Mindfulness no Brasil
Sócio Fundador da Clínica Córtex
Professor de Cursos de Pós-Graduação e Cursos de
Formação
Introdução
• Falaremos sobre:
• as 3 gerações da TCC;
• Bases Filosóficas;
• Definição de ACT;
• Apresentação dos pressupostos básicos da ACT;
• Modelo Terapêutico.
As três gerações ou ondas da Terapia
Cognitivo-Comportamental:
• Primeira geração/onda: Comportamentalismo
• Segunda geração/onda: Cognitivismo
• Terceira geração/onda: Contextualismo
Bases filosóficas ACT
• Skinner: linguagem como comportamento operante (Livro: Verbal
Behavior -1957)
Bases filosóficas ACT
• Noam Chomsky: Crítica a Skinner: fortalecimento do Psicologia
Cognitiva : linguagem inata ao ser humano
Bases filosóficas ACT
• Steven Hayes é o fundador da ACT
Princípios Conceituais e filosóficos:
- A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma psicoterapia
comportamental criada por Steve Hayes e colaboradores em 1987;
- Baseada na Teoria das molduras relacionais, que propõe uma análise
da linguagem humana (palavras como estímulos verbais). São nesses
quadros que os estímulos ganham significado(ABC). Desenvolve reação
de equivalência, oposição, distinção, comparação, etc.
- Contextualismo funcional (filosofia): tudo que acontece não pode ser
visto isoladamente, mas em um contexto. Portanto, para entendermos
um comportamento humano, temos que olhar para a situação no
contexto em que ele acontece.
ACT no Brasil:
• Primeiro Livro 2015: Introdução a Terapia de Aceitação e
Compromisso ( autora: Michaele Terena Saban);
• Primeiro Simpósio Internacional de Act no Brasil (2016)
• Workshop Internacional de ACT com Michael Twohig (março de 2019)
• Workshop Internacional de ACT com Robyn Walser (outubro de 2019)
Workshop Internacional de ACT com Robyn
Walser (outubro de 2019)
Investigações sobre ACT
• Visa tratar uma variedade de transtornos e problemas sócio afetivos;
• Mais de 76 pesquisas randomizadas que demonstram que a ACT é tão
boa, ou em alguns casos melhores do que tratamento usuais – mais
estudos e investigações acontecendo em curso;
• Nos Estados Unidos, a Administração de Serviços de Abuso de
Substâncias e Saúde Mental (SAMHSA), considerou a ACT como um
método com base empírica e a inseriu no Registro Nacional de
Programas e Práticas baseados e evidências (NREPP);
Diversos artigos encontrados : contextualscience.org
A coisa mais notável da condição
humana é o quão é difícil para os seres
humanos serem felizes
Steven C. Hayes
É fácil ser feliz?
A situação:
• O “problema” da felicidade.
• A maioria dos seres humanos sofrem e o sofrimento é inerente a todos
nós., ou seja, a dor psicológica (como a causada pelos pensamentos e
emoções) é uma experiência humana “normal”.
• É difícil ser feliz, temos casa, roupas e comida, e mesmo assim nos
sentimos incompletos, queremos nos suicidar, beber para nos sentirmos
diferentes, etc.
• Quanto mais tentamos encontrar a felicidade mais sofremos e não nos
damos conta (armadilha psicológica);
• Se você não está feliz isso é tido como se você estivesse incompleto,
quebrado, etc. “Ditadura da felicidade” (como os clientes chegam para
terapia).
Vida baseada em mitos:
• Qual é a ultima frase de todos os contos de fadas?

... e viveram felizes para sempre.


Mitos:
• Mito n°1: A felicidade é o estado natural de todo o ser
humano.
• Mito n° 2: Se você não é feliz, não é normal.
• Mito n°3: Precisamos nos livrar dos sentimentos negativos
para viver uma vida melhor.
• Mito n° 4: Você tem de ser capaz de controlar o que pensa e
o que sente.
A situação:
• A má notícia: Nossa mente não evolui para que nos sentíssemos bem,
mas para nos ajudar a sobreviver a um mundo cheio de perigos.
• A boa notícia: Embora não possamos evitar a dor ( sofrimento), temos
como aprender a lidar melhor com ela
A ilusão do controle:
• O controle tem função para coisas que podemos controlar, na maioria
das vezes para experiências externas.
• Mas quando falamos de experiências internas, na maioria das vezes
não é tão eficaz.
• As estratégias de controle têm 3 custos significativos:
1) Consomem muito tempo e esforço e, a longo prazo, se mostram
ineficazes;
2) Sentimo-nos idiotas, tolos ou fracos porque os pensamentos e
sentimentos que tentamos eliminar continuam voltando;
3) Muitas estratégias que, a curto prazo, abrandam os sentimentos
desagradáveis acabam por piorar nossa qualidade de vida.
A ilusão do controle:
• Metáfora do detector de mentiras e arma
Mente X Experiência direta
“ Eu costumava pensar que o cérebro era o órgão
mais maravilhoso do meu corpo. Depois é que eu me
dei conta de quem estava falando isso para mim”.
( Emo Philips)
Mente X Experiência direta
• A sua experiência direta não é a mesma coisa do que sua mente diz
que sua experiência é.
• Sensibilizar para o papel que a linguagem desempenha no sofrimento
humano: O conhecimento verbal é nossa benção e nosso fardo.
• Para reduzir os problemas inerentes à linguagem literal, a Act se
distancia da didática tradicional e do diálogo tradicional, e se move
na direção de um encontro mais experiencial.
• Eu vou te convidar a experienciar que você é muito mais que o seu
cérebro.
Modelo de psicopatologia ACT:
• FEAR:
• Fusão Cognitiva
• Evitação
• Avaliação ( atribuir valores: bom ou ruim, p.ex)
• Racionalização (Ruminação)
(Tentar entender)
Agenda Terapêutica:
• A agenda normal do cliente: Mais, melhor, Diferente.
• Buscam ser consertadas pelo terapeuta.
Flexibilidade psicológica:
• “ Capacidade de estar presente com nossas experiências com total
consciência e abertura, e tomar ações guiadas por valores.”
(Russ Harris, 2009)

Objetivos da ACT

ATENTO ABERTO ATIVO

Abrir-se a Fazer o que realmente


Estar Presente
experiência importa
Ferramentas de trabalho:
• Uso de metáforas, histórias e exercícios para ensinar o material
experiencial
• Distinção entre mente e a experiência (exercícios)
• Análise Funcional do Comportamento ( estratégias comportamentais)
• mindfulness
A aplicação e a parte técnica
• Seis objetivos principais da técnica:
1) Confrontar a agenda de controle (desesperança criativa)
2) O controle de experiências privadas/interna é o problema
3) Disposição(aceitação) é alternativa
4) Eu como um ser que experiência em vez de um Eu conceitual
5) Identificar Valores
6) Compromisso e Mudança de Comportamento
Desesperança Criativa:
• É uma postura de desistir do controle sobre os eventos encobertos.
• Como vimos anteriormente, de acordo com a psicopatologia da Act, o
controle sobre os eventos encobertos não é eficaz, funciona apenas a
curto prazo, enquanto a médio e longo prazo é responsável pelos
problemas psíquicos.
• Esta postura é chamada de Desesperança Criativa porque diz respeito
à perda da esperança nas estratégias, hábitos e comportamentos que
não funcionam como deviam para o cliente, e de uma abertura para
construir uma nova forma para lidar com os problemas
Desesperança Criativa:
• Coloque o indivíduo em contato experimental com o fato e o que ele
fez até agora que não funcionou
Modelando os 6 processos:
• Cada sessão envolve instigar flexibilidade psicológica para direcionar o
cliente a práticas de mindfulness, conectar com valores, estabelecer
metas e tomar ações.
• Quando identificamos um comportamento útil no cliente reforçamos.
• Quando identificamos um comportamento sem utilidade,
mantenedor de inflexibilidade psicológica, interrompemos e
oferecemos um comportamento alternativo com utilidade.

ABERTO ATENTO ATIVO


Seis Processos (Hexaflex)
1.Contato com o momento presente X
Domínio do passado histórico e o futuro
Em vez de viver no passado ou se
preocupar com o
futuro - Entre em contato com o
momento presente,
1. Contato com o momento presente X
Domínio do passado histórico e o futuro
• Consciência plena da experiência momento auxilia o cliente a
perceber claramente o que está acontecendo;
• Oferece ao cliente informações importantes para que ele modifique
ou persista com determinados comportamentos;
• Ajuda a “capturar” a fusão cognitiva quando ela se torna mais
evidente;
• Permite que o cliente engaje de forma completa com o que ele esteja
fazendo.
Estratégias: Exercícios experienciais e mindfulness
2.Disposição e Aceitação X Evitação
Experiencial

Em vez de fugir
de suas emoções.
2.Disposição e Aceitação X Evitação
Experiencial
• Contato direto, completo e ativo com experiências psicológicas, e sem a
necessidade de defesa;
• “ Abrindo-se de forma completa à experiência como ela é, e não como a
mente diz que ela é”.
• Aceitar eventos encobertos é estar disposto a tê-lo, é possibilitar sua
manifestação e não evitar entrar em contato com ele.
• Não é o mesmo que resignação
• Tem duas grandes vantagens: o autoconhecimento e a neutralização da
necessidade de fugir ou evitar esses eventos. Assim, em vez de se engajar
em uma atividade que desvie a atenção dos eventos encobertos podemos
direcionar nossa atenção para algo almejado.
2.Disposição e Aceitação X Evitação
Experiencial
Estratégias:
• Metáfora do ônibus

• Técnicas experienciais (mindfulness)


• Joe-Bum (amigo indesejado na festa)
3.Desfusão Cognitiva X Fusão Cognitiva

Em vez de discutir
com
sua mente
3. Desfusão Cognitiva X Fusão Cognitiva
• Olhando para os pensamentos e não a partir dos pensamentos;
• Notando os pensamentos, ao invés de se tornar presos a eles;
• Vendo o pensamento pelo que são (só pensamentos) e não como
parecem ser (realidade, fatos);
• O objetivo não é se sentir melhor e nem se tornar livres de
pensamentos indesejados;
• O objetivo é reduzir a influência de processos cognitivos
desadaptativos sobre o comportamento; facilitar o processo de se
tornar presente psicologicamente e engajado na experiência; e
facilitar a consciência dos processos da linguagem.
3. Desfusão Cognitiva X Fusão Cognitiva
Estratégias:
• Frases: Eu tenho o pensamento...
Observo que tenho o pensamento...
• Pensamento com voz de personagem, pensamento cantado ou
pensamento com mudança de voz.
• Metáfora Amigo chato mentiroso
• Metáfora do cinema
“Saia da sua mente e entre na sua
vida”
Steven Hayes
4. Self como Contexto X Self como Conceito

Em vez do apego ao eu histórico,


conceitual -
Eu como contexto; Consciência;
experimentador,
4. Self como Contexto X Self como Conceito
• Uma forma de EU que é transcendental e observador;
• Perspectiva consistente à partir da qual se pode observar e aceitar
todas as experiências em sua essência mutáveis;
• É um processo, e não algo: a consciência da consciência em si- “pura
consciência”
Estratégia:
• Exercício do Observador
• Metáfora do documentário
5. Valores X Falta de Contato e clareza com
valores

Em vez de uma vida


focada eliminação da
emoção, do pensamento e
dos sintomas - os valores
guiam a vida; O que você
quer defender?
5. Valores X Falta de Contato e clareza com
valores
• Definição da vida consideradas importantes e de escolha;
• Oferecem motivação e inspiração para o seu cliente;
• Guias para o comportamento;
• Oferecem sentido à vida;
• Estabelecem uma sensação de abundância;
• São diferentes de objetivos e metas.
Estratégias:
• Metáfora do funeral ou biografia
• Gráfico (reta) da vida
“As artimanhas que usamos para escapar da aflição
nos desviam de nossos objetivos de vida. E é por eles
que vale a pena viver.” Steven Hayes
6.Ações de Compromisso X Inatividade,
Impulsividade ou Persistente Evitação

Em vez de inatividade e
permanecer preso -
Compromisso; colocar os
pés na direção do que é
importante para você.
6.Ações de Compromisso X Inatividade,
Impulsividade ou Persistente Evitação
• Comportamento e Ações a serviço de valores;
• Podem necessitar de treino de habilidades;
• Ação de compromisso é guiada por valores, eficaz, e com atenção
plena.
• 1. Seus Valores 2. Sua meta; 3. Seu plano de ação.
• Trabalhar técnicas e planos de ação voltados para realização de metas
voltadas para valores.
Conclusão:
• “ O objetivo da ACT é aumentar flexibilidade
psicológica: a habilidade de entrar em contato com o
presente momento e as reações psicológicas que isso
produz, como um ser humano completo e consciente,
e dependendo da situação, persistir com o
comportamento ou modifica-lo com o intuito final de
uma vida guiada por valores” ( Eifert e Forsyth, 2005).
Que todos desfrutem de uma vida com
aceitação e abertura para as
experiências e voltada para
compromissos com seus valores
Tenham uma vida valorosa!!!

Obrigado!!!!
cleytonbrust@gmail.com
@cleytonbrustmarins
A CASA DE HÓSPEDES
"O ser humano é uma casa de hóspedes.
Toda manhã uma nova chegada.
A alegria, a depressão, a falta de sentido, como visitantes inesperados.
Receba e entretenha a todos
Mesmo que seja uma multidão de dores
Que violentamente varrem sua casa e tira seus móveis.
Ainda assim trate seus hóspedes honradamente.
Eles podem estar te limpando
para um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
encontre-os à porta rindo.
Agradeça a quem vem,...”
— Rumi (Mestre sufi do sec. XII)
Referências Bibliográficas:
Bibliografia:
Bibliografia:
Bibliografia:

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