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AULA 5

SEXUALIDADE HUMANA

Profª Evelyse Iwai dos Reis Teluski


TEMA 1 – SEXUALIDADE E FASE DA LATÊNCIA

A fase de latência é uma denominação usada por Freud para compreender


um intervalo no desenvolvimento da sexualidade infantil.
A palavra latência significa o estado daquilo que é latente, que, por sua vez,
significa algo que não se vê, que está oculto. É o tempo que se estabelece, por
exemplo, entre um estímulo e uma resposta. A fase de latência pode ser
considerada como um intervalo.
Dandrea (1987) se refere ao período caracterizado por uma aparente
interrupção do desenvolvimento sexual, em que os impulsos eróticos exercem
menor influência na conduta do ego, o qual se torna mais equipado para lidar com
os impulsos do mundo externo.
A fase ou período de latência está localizada entre as fases fálica e genital
ou, ainda, entre a organização sexual infantil e adulta, e compreende uma
diminuição do que se pode chamar de atividade sexual. Cronologicamente, esse
período é localizado aproximadamente entre os cincos e dez anos de idade.
O início desse período é mais tenso e conflituoso que sua finalização, uma
vez que a criança vai, aos poucos, interagindo melhor com o mundo que a cerca.
Ou seja, a fase de latência corresponde a um aumento gradual no tempo de
espera pela satisfação dos desejos da criança. Esta aprende, com as frustrações,
que nem sempre será imediatamente satisfeita e que isso é importante para que
possa relacionar-se com outras pessoas.
Ao contrário do que acontece nas demais fases do desenvolvimento (oral,
anal, fálica e genital), na fase de latência não se identifica uma zona específica de
erotização. Isso significa dizer que a energia libidinal está investida em um objeto
outro, que não o próprio corpo. Podemos dizer que a libido sexual está
adormecida, em prol de outros investimentos.
De acordo com Dandrea (1987, p. 73), “supõe-se que os interesses sexuais
diminuam por conta da sublimação ou formação reativa que dominam o
comportamento”. Entretanto, quando os conflitos anteriores não encontram o
caminho para a solução, o período da latência passa a ser turbulência.

1.1 Fase da latência e psiquismo

Na fase da latência, o superego ganha uma força maior em função da


cultura e dos padrões sociais. Dandrea (1987) reforça que o superego funciona

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de acordo com os princípios sociais que foram incorporados com a imagem dos
pais e outras figuras significativas do mundo infantil, sendo que grande parte do
inconsciente explica sua irracionalidade. Com o estabelecimento e o reforço do
superego muitas emoções se alteram. O temor e a ameaça de perda de amor e
desaprovação. A autoestima do indivíduo não depende mais exclusivamente da
aprovação externa, mas da sensação de haver procedido conforme o superego
determina.
Dias (2003) fala que, se na puberdade a sexualidade não estiver madura,
o indivíduo não será capaz de enfrentar as difíceis e importantes mudanças físicas
associadas à essa fase e ao próprio desenvolvimento. “Mesmo para crianças
saudáveis não há como escapar das ansiedades decorrentes dessa passagem,
mas o modo como lidará com elas, depende essencialmente do padrão que foi
estabelecido na infância”.

1.2 Desenvolvimento psicossocial

Nesse período, a criança começa a investir na difícil tarefa de ajustar-se às


outras pessoas e manejar seus impulsos eróticos e agressivos para conviver
socialmente. Fica acentuada a necessidade de aprovação e pertencimento a um
grupo, desenvolvendo o conceito de si mesma, ao encontrar seu lugar na
sociedade e sendo avaliada por outros indivíduos. A avaliação do grupo se torna
mais importante do que a feita pelos membros da família, e o autoconceito
formulado regula o comportamento.
Conforme Dandrea (1987, p. 78), “na fase da latência, o ego passa a
contemplar-se no espelho dos outros e a autoestima nesta fase, depende das
solicitações sociais que lhe são feitas”.
A posição que conseguir ocupar influenciará nos papéis sociais que
desempenhará na vida adulta.
A fase da latência também é marcada pela tendência de meninas e
meninos terem a formação de grupos separados, em que ocorre uma exclusão do
sexo oposto.
Dandrea (1987) retrata que está relacionada à defesa contra a
bissexualidade.
O espírito, conforme o autor, é muito desenvolvido nessa fase. O grupo é
um grande aliado do ego individual na exteriorização de impulsos e modificação

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de seus controles. Na interação grupal, o superego individual tende a ser alterado
pelas normas e regras do grupo.
Na latência, a ambivalência é atuante e os sentimentos de amor e ódio são
muito presentes. O grupo serve também para o controle da ambivalência, os
membros manifestam todo amor para os companheiros e exteriorizam seu ódio e
agressividade para os membros de outros grupos.
Embora a fase da latência não traga à personalidade traços tão marcantes,
como ocorre nas fases anteriores, é considerada uma fase que possibilita a
segurança interna para lidar e expressar sua potencialidade e lidar com as
relações interpessoais, com recursos para enfrentar conflitos psicossociais.

TEMA 2 – FASE GENITAL OU PUBERDADE

2.1 Adolescência

Na adolescência é atingida a última fase, quando o objeto de erotização ou


de desejo não está mais no próprio corpo, mas em um objeto externo ao indivíduo
– o outro. Neste momento, meninos e meninas estão conscientes de suas
identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas
necessidades eróticas e interpessoais.
Na fase da latência, como visto, ocorre uma acomodação dos impulsos
sexuais que possibilita uma integração das funções do ego, instrumentalizando o
indivíduo para maior habilidade social. Contudo, o repouso do período da latência
não dura muito tempo, pois o amadurecimento biológico da adolescência
acompanha uma exacerbação da libido, trazendo conflitos e dissonâncias entre
as três partes do aparelho psíquico, levando-se um certo tempo para acontecer
um conjunto harmonioso.
Pinto (1999) retrata que a puberdade é uma passagem com ênfase na
mudança corporal, do corpo infantil para o corpo adulto de forma a provocar
muitas transformações emocionais.
“O corpo é uma dimensão básica da existência. Ele é a morada permanente
do nosso ser, e instrumento privilegiado de nossa ação. É o referencial social que
nos outorga uma identidade constante, apesar de todas as mudanças que sofre
durante a vida”, relata Pinto (1999, p. 22).
As características de mudanças corporais biológicas nas meninas incluem:

• Aumento inicial do seio;


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• Aparecimento de pelos pubianos;
• Aparecimento de pelos axilares antes da menarca;
• Espinhas;
• Menarca.

As características de mudanças corporais biológicas nos meninos são:

• Início do crescimento do escroto e dos testículos;


• Aparecimento de pelos pubianos;
• Primeiras mudanças na voz;
• Início do aumento do pênis;
• Pelos axilares.

Dandrea (1999) retrata que as transformações corporais alteram junto com


o físico, seus motivos, suas capacidades e as demandas do meio exigindo uma
profunda reorganização intrapsíquica. O próprio crescimento físico pode trazer
perturbações à autoestima do adolescente, o aumento da sensibilidade leva o
indivíduo a estar constantemente inundado de novas perturbações e novos
sentimentos. O crescente aumento da libido influencia os sentimentos e
sensações, levando-se um tempo para assimilar a grande carga de energia.
Ocorre uma tendência ao isolamento social até que possa metabolizar os
estímulos.
Na adolescência, os genitais assumem um papel importante na vida sexual,
enquanto outras zonas erógenas desempenham papel secundário.

Com o desenvolvimento dos órgãos genitais e a carga libidinal nos


mesmos a intensidade sexual passa a exercer uma grande influência
nos pensamentos e atitudes do adolescente. A inocente malícia da
infância, comparada agora com a torrente de sentimentos e ideias
eróticas a respeito de quase tudo, torna-se uma angelical lembrança do
passado. (p. 94)

Volpi (2006) retrata que o comportamento contraditório do adolescente


pode ser compreendido pelo conflito entre os novos e intensos impulsos, e as
defesas contra angústia que isso promove. A tendência a se agrupar segundo o
sexo, comum na adolescência, deve-se tanto à esquiva da presença excitante do
sexo oposto quanto ao aspecto narcísico que insiste em se manter, e a angústia
provocada pela solidão.

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TEMA 3 – ADOLESCÊNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

• Conflitos relacionados à autoestima;


• Formação de identidade pessoal;
• Retorno de conflitos de fases anteriores;
• Carga libidinal acentuada;
• Presença de atividade masturbatória intensa;
• Isolamento;
• Agressividade e rebeldia acentuadas.

3.1 Adolescência e modificações intrapsíquicas

A adolescência é considerada, por Anna Freud, como um período de


recapitulação dos processos psicossexuais da infância, e o climatério como a
segunda.
Na puberdade ou adolescência, os impulsos agressivos e o exibicionismo
reaparecem. O ego precisa conseguir se defender contra os impulsos, e para
preservar o equilíbrio que foi adquirido na fase da latência o ego situado.
Entre o aumento da força libidinal no id e as forças do superego, são
utilizados todos os mecanismos de defesa ao seu alcance.
Dandrea (1999) retrata que a repressão, negação, sublimação ficam muito
presentes, bem como o aparecimento de acentuada ansiedade.
Dias (2003) se refere a uma fase que nada pode assegurar a ausência de
problemas, pois é preciso dar tempo e sobreviver à turbulência do
amadurecimento. “Nesta luta entre o id e o ego, a vitória as vezes pertence ao
primeiro que surge comportamentos rebeldes, a delinquência, a crueldade e as
perversões sexuais” (p. 97).
O autor afirma, ainda, que a segunda forma é a inibição por meio da
intelectualização, alternando entre repúdio de todos os impulsos e gratificação.
Quando há renúncia a seus desejos de forma intensa, isso pode ser muito
prejudicial para o indivíduo.

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3.2 Adolescência e conflitos socioculturais

Os conflitos da adolescência ocorrem junto com a incompreensão e atritos


entre as gerações, quando os valores sociais são carregados de uma cultura
repressiva.
Baker (1980, p. 114) diz que a criança amadurece sexualmente durante a
adolescência, vivendo uma violenta sensação sexual destinada a ser mais intensa
que jamais sentirá em toda vida, e a sociedade lhe diz: “afaste-se daí”.
O autor coloca que a sociedade persiste em uma atitude irracional com
respeito à sexualidade do adolescente, muito mais intensa do que com qualquer
outro período da vida sexual do homem. “Gastamos um tempo enorme corrigindo
problemas sexuais da vida adulta, enquanto negligenciamos por completo o
período da vida em que são fixadas essas neuroses” (p. 113).
Wilhelm Reich foi um revolucionário no pensamento sobre o combate
sexual da juventude, e salientava sobre a importância da orientação sexual aos
jovens e afirmava que a repressão sexual transformava homens e mulheres em
indivíduos doentes e insatisfeitos e criminosos sexuais.
Dandrea (1987) retrata alguns fatores dos problemas psicossociais dos
adolescentes:

• Cultura conflitiva, com valores antagônicos ou contraditórios;


• Veículos de comunicação de massa não oferecem recurso para satisfação
das necessidades;
• A sociedade cria a expectativa de que o jovem seja capaz de realizar-se
sexualmente, mas estabelece proibições e exigências contrárias;
• Não há posição social definida para o adolescente, tendo pouca
oportunidade de decidir por si mesmo;
• Período de sentimentos conflitivos sobre separação da dependência
familiar;
• Pressão para a escolha vocacional;
• Identidade sexual em conflito.

A adolescência é o período de formação de identidade e isso envolve a


passagem bem estabelecida em fases anteriores, bem como a organização do
aparelho psíquico, sintetizar e integrar as diversas identificações que seu ego
realizou no decorrer do desenvolvimento.

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TEMA 4 – SEXUALIDADE E MATURIDADE

Cronologicamente, não é possível delimitar com exatidão o fim da


adolescência e o ingresso na vida adulta, essa mudança envolve fatores culturais
e psicológicos pelo desenvolvimento do indivíduo.
Características do ingresso na vida adulta (Pinto, 1999, p. 107):

• Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer


relações afetivas saudáveis.
• A capacidade de assumir compromissos profissionais e estabelecer-se:
• Aquisição de sistemas de valores pessoais;
• Relação de reciprocidade com as gerações;

Na vida adulta, a busca pela manutenção do senso de identidade e pelo


crescimento pessoal, o reforço da autonomia e a responsabilidade pelas suas
escolhas, fazem com que seja possível vivenciar o amadurecimento das relações
interpessoais, e a sexualidade faz parte desse contato com mais intimidade e com
menos conflitos. Por mais intimidade, Dandrea se refere à capacidade pessoal de
participar de relações mais íntimas, tais como amor, amizade, relações sexuais
utilizando os recursos internos.
A intimidade, em síntese, é a habilidade de fundir a própria identidade com
outrem sem temores de que essa fusão acarrete prejuízo ou lesões à
personalidade.
Observamos que muitas expectativas ligadas às fases anteriores podem
ser direcionadas para relacionamentos, esperando-se solucionar antigos conflitos.
Continuar o amadurecimento é algo que estará sempre acontecendo, porém, na
maturidade ou vida adulta, as relações interpessoais influenciam de forma mais
intensa, pois a base do desenvolvimento se apresentará. A maturidade acaba
sendo o auge da história pessoal, no qual o indivíduo conseguiu recursos internos
que o define e também retrata a forma como lida com os relacionamentos
interpessoais, sexualidade e seu posicionamento perante a vida.0
Dandrea (1999) descreve alguns traços de indivíduos em equilíbrio com a
fase adulta:

• Viver de acordo com a realidade, com menos impulso, temores e fantasias;


• Ser capaz de reconhecer os próprios sentimentos e reações;
• Sistema de valores relativamente estáveis;

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• Ser capaz de amar, obtendo prazer tanto em dar quanto receber amor;
• Tomar decisões a respeito de si próprio sem influenciar-se por valores
externos e preconceitos.

A vida adulta retrata um equilíbrio do ego em uma adaptação ao princípio


de realidade. “A maturidade de uma pessoa deve ser avaliada pela sua
capacidade de aprender com a própria experiência e com a de seus semelhantes,
tolerando a dose de sofrimento que acompanha o aprendizado e de transmitir com
um mínimo de dúvida e incertezas, os conhecimentos adquiridos” (p. 131).
O encontro da sexualidade adulta também traz o desafio das diferenças
entre homens, mulheres e cultura.
Os homens têm alguns fatores que contribuem para que a meia-idade
esteja em equilíbrio com a maturidade. Esses fatores estão relacionados a cumprir
alguns papéis e tarefas na vida pessoal e social, que são: a capacidade de estar
profissionalmente independente; posição social mais definida relacionada aos
relacionamentos; escolhas sexuais; e realização profissional.
Dandrea (1987) se refere a essa fase como independente do nível de
satisfação. O indivíduo não poderá evitar o conflito entre o desejo de continuar a
escala ascendente de conquistas e realizações e a percepção de que a meia-
idade é o início do declínio de sua personalidade. Em nenhuma fase da vida a
condição finita do ser humano é percebida tão intensamente.
É o período que o ego fica mais amadurecido, passando a compreender
alguns mecanismos de defesa como a fantasia e a negação diante do que ocorre
as suas vistas. Muitas perdas de variadas naturezas tendem a acumular-se na
meia-idade.
As desintegrações psicopatológicas são menos comuns na personalidade
que, aqui, torna-se firmemente integrada. Reações depressivas podem acontecer
em função de um ego mais amadurecido.
Dias (2003) retrata que o amadurecimento na idade adulta faz com que o
indivíduo com maturidade desiste de ser o volante e adota a posição mais
confortável de uma peça na engrenagem, pois não é o lugar na sociedade que
dirá quem ele é. Consiste, ainda, em aceitar a imperfeição e a onipotência do eu
e do mundo tal como realmente são, acarretando-se, muitas vezes, fases de
depressão.
“Quando não é mutiladora ou ligada a distúrbios psicóticos, a depressão é
um estado de espírito próprio das pessoas verdadeiramente responsáveis. Elas
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deprimem justamente porque são capazes de ver e aceitar a precariedade da
condição humana”, aponta Dias (2003, p. 295).

4.1 O climatério

O climatério é a recapitulação dos processos psicossexuais da infância. As


transformações fisiológicas perturbam o equilíbrio relativamente estável do
aparelho psíquico. Se a puberdade representava o início da atividade das
glândulas responsáveis pela função reprodutora e tinha o marco fisiológico na
menarca, o climatério representa a diminuição da atividade glandular sexual e tem
seu marco fisiológico na menopausa, conforme Dandrea (1987).
Desconhecer os aspectos psicológicos faz com que se atribuam as
manifestações de insônia, fadiga, ondas de calor e perda de apetite somente à
diminuição da atividade glandular, porém, elas estão associadas à ansiedade,
pessimismo e desânimo.
Algumas mulheres entram em conflito ao chegar à menopausa, quando
acreditam não se sentirem mais atraentes ou não terem mais prazer sexual.
No homem, não existe um marco fisiológico para essa fase, entretanto,
muitos, na meia-idade, têm sintomas semelhantes aos das mulheres na
menopausa devido a conflitos intrapsíquicos. Muitos homens temem a impotência
e a perda de atrativos e lutam intensamente para manter a juventude.

TEMA 5 – SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE

Momento controverso marcado por tabus e preconceitos, especialmente


ligados à sexualidade. Os desafios do desenvolvimento humano chegam à última
etapa, e aprender a lidar com maiores transformações exige que o idoso tenha
alcançado o amadurecimento na vida adulta.
Muitas mudanças corporais que trazem uma limitação inegável e uma série
de características começam a definir essa etapa. Dandrea (1987) cita que, “além
da atrofia dos órgãos, existem as alterações da memória, a limitação dos
interesses intelectuais e os sentimentos de saciedade dos impulsos. “Sucede que
a velhice não corresponde apenas a estes acontecimentos psicofísicos, mas a um
complexo processo de decadência funcional que se inicia muito antes da pessoa
ter qualquer noção de que está envelhecendo”.

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A medicina, a psicologia e a sociologia têm aprofundado a terceira idade
como objeto de estudo, e ainda há muito a ser compreendido em profundidade
sobre esse período do desenvolvimento da personalidade.
O conflito psicossocial da terceira idade é manter a integridade do ego
frente à finitude e às adaptações necessárias para as mudanças internas e
externas.
Os impulsos podem se acalmar, dando espaço para a serenidade e para
maior tolerância às ocorrências da vida, atingindo-se a sabedoria. Por outro lado,
se o desenvolvimento da personalidade não se realizar, as situações internas e
externas podem levar o idoso à posição de maior dependência, reativando os
conflitos que ocorreram nas primeiras fases do ciclo vital, e que permaneceram
reprimidos, mostra Dandrea (1987).
A má integração do ego, juntamente com a falta de apoio do meio, acaba
deixando o idoso com dificuldade para suportar as revivências em fases
anteriores.
Que a sociedade sonega o espaço aos mais velhos, é fato, sabido e grave.
O que parece alvo de maior preocupação é que essas pessoas mais velhas
reduzam o seu espaço existencial.
Pinto (1999) aponta que a mulher que não vinculou sua vida sexual
excessivamente à reprodução tenderá a ter uma vida sexual mais plena na
velhice. Da mesma forma, o homem, se em seu processo de amadurecimento deu
espaço à sexualidade desvinculando-se do poder e dos preconceitos, tende
igualmente a passar com maior plenitude pelas mudanças em que seu corpo traz
nesse período da vida. “Tanto para os homens quanto para as mulheres a grande
luta na terceira idade é contra o preconceito. Não só a luta contra o preconceito
social externo, mas também a luta contra o preconceito interno, o preconceito
contra si mesmo” (p. 126).

5.1 A aposentadoria

A aposentadoria representa psicologicamente e socialmente um marco tão


importante, pois as mudanças internas surgem como desafios.
Apesar das aquisições, estabilidade econômica e tempo disponível, muitos
retratam sentir uma vida vazia e sem objetivos. A aposentadoria pode trazer à
tona conflitos interpessoais que foram mascarados pelas atividades profissionais.
A influência acontece tanto no homem como na mulher. O homem, muitas vezes,

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tem que lidar com um desafio, diz Dandrea (1999), pois descarrega grande parte
da energia sexual e agressiva no trabalho, aprendendo a realização fora do
ambiente de casa.
A mulher, se teve menos conflito em relação à posição feminina social,
pode sentir-se em maior ou menor conflito, tendendo a lidar com essa situação
com esforço em um processo adaptativo.
O meio deve possibilitar que as pessoas na terceira idade tenham maior
estímulo para o enfrentamento de suas transformações, pois, inevitavelmente,
chega a etapa final, que é a cessação dos processos vitais do organismo das
funções físicas e mentais.

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REFERÊNCIAS

DANDREA, F. F. Desenvolvimento da personalidade. Rio de Janeiro: Editora


Bertrand Brasil S.A, 1987.

FREUD, S. O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

PINTO, B. Ê. Orientação sexual na escola: a importância da psicopedagogia


para essa nova realidade. São Paulo: Editora Gente, 1999.

VOLPI, H.; VOLPI, S. M. Da psicanálise à análise do caráter. Apostila Centro


Reichiano, 2006.

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