Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SEXUALIDADE HUMANA
2
da humanidade tratados sobre sexo como componente humano. Traz ainda que
alguns textos da mitologia grega, ou da tradição judaica encontra-se o sexo como
uma punição desejada, ou então como causa de uma transgressão as regras que
incide em castigo, e não como aspecto de desenvolvimento humano.
Perdura ainda a associação de sexo ao pecado ou punição, contribuindo
para preconceitos, o que não é uma forma saudável de se fazer orientação sexual.
As políticas públicas, além de escassas, não apresentam a compreensão do todo,
nem da composição biológica e cultural do ser sexual, dificultando a ação dos
educadores e profissionais da saúde. Quase sempre vemos educadores com
dificuldades de lidar com a sexualidade de seus educandos, e essa dificuldade se
dá muitas vezes por falta de argumentos, ou mesmo por serem educadores fruto
de uma educação repressora, que os impede de reconhecer sua própria
sexualidade, ou seja, há uma dificuldade pessoal em compreender a
complexidade da sexualidade humana.
Pensar a sexualidade no mundo paradoxal em que vivemos é um grande
desafio, pois, segundo Barp (2010), a modernidade surge com tantas incertezas
em que a pedofilia, o estupro e a mentalidade distorcida sobre sexualidade fazem
do sexo um artigo de consumo. Sendo o corpo prisão e possibilidade ao mesmo
tempo, retrata, assim, a incapacidade de ver o mundo em sua totalidade, apenas
por meio de pequenos lampejos e recortes de informações que circulam pelos
meios de comunicação.
De acordo com Barp (2010), “uma infinita mídia dos dias atuais traz, sutil
ou explicitamente, um apelo sexual que enche os olhos e desperta muito
precocemente as crianças para vivência de sua sexualidade”.
Percebe-se uma antecipação das experiências corporais em relação ao
período e à época dos pais e educadores que atualmente estão em contato com
as crianças e adolescentes. Mudanças significativas ocorreram ao longo da
história, quando o corpo era considerado uma parte natural do meio ambiente,
mas, durante a Idade Média ou eras religiosas, foi transformado em algo
vergonhoso, devendo ser reprimido e escondido. No mundo contemporâneo, o
corpo é usado como atrativo sensual, despertando desejo e sensualidade e poder.
Com a mudança de perspectiva sobre o corpo e a sexualidade, mudam
comportamentos, culturas, o que acaba afetando a biologia humana.
3
TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE E SEXUALIDADE HUMANA
4
Ao pensar na teoria evolutiva, Morin (1975) retrata que o ser humano surgiu
há menos de 100.000 anos. Trazendo o entendimento pela ótica da sexualidade,
observa-se que o comportamento sexual do ser humano difere muito, se
comparado a outros mamíferos dos quais nossa espécie se ramificou.
Diamond (1999) mostra que a sexualidade humana é muito anormal
segundo os padrões dos outros 30 milhões de espécies de animais existentes no
mundo. Para esse autor, a sexualidade normal das espécies acontece da seguinte
forma:
5
Barp (2010) retrata que, no Período Paleolítico, os hominidas viviam em
bandos nômades coletando e caçando para sua sobrevivência. Mais tarde, surgiu
o fogo, que pode ser concebido não apenas como uma inovação que aumenta o
conhecimento prático, mas uma aquisição ampla de utilização e significado,
proporcionando uma nova forma de vivência da sexualidade. A sensualidade e a
sexualidade foram intensificadas no novo local de encontro.
Comunidades foram surgindo ao redor do fogo de forma paulatina, e
homens caçadores fabricavam instrumentos cada vez mais complexos.
Quando o hominida passou a andar ereto para visualizar a caça, seus
órgãos sexuais começaram a se deslocar de trás para frente, de modo a se tornar
útil para cópula. Durante toda as etapas, a sexualidade humana foi sendo
construída e constituída de forma cada vez mais humana, ou seja, diferenciando-
se sempre cada vez mais em relação aos outros animais (Barp, 2010).
Atualmente continuamos a observar a função que a sexualidade ocupa,
tendo sua dimensão ampliada, e o sexo tem se transformado em impulso de
muitas ações humanas, deixando de ter o papel reprodutivo para a função extrema
de controle, poder, manipulação.
Na raiz da nossa cultura está inscrito o conflito entre o cultural e o biológico
na evolução da sexualidade humana. A cultura tentou inibir a evolução biológica
natural da sexualidade por muito tempo, porém a sexualidade está irrompendo
com mais força atualmente, tanto pela estimulação a que está submetida quanto
pela própria cultura que evoluiu significativamente.
Mudanças de comportamento e de sistemas físicos evoluem de forma
complexa e constante. Um comportamento nunca termina para que outro comece,
uma geração nunca morre para que outra nasça, uma forma de viver nunca
termina de forma pontual: trata-se de uma evolução paulatina (Barp, 2010).
6
Sexualidade é o conjunto dos fenômenos da vida sexual, um conceito
cultural, constituído pela qualidade e pela significação do sexo, portanto, algo
exclusivamente humano.
Em pleno século XXI, o ser humano apresenta muitas mudanças biológicas
em relação ao Neandertal.
De acordo com Morris (1975, p. 20),
7
Freud (1997a), explicando essa posição por meio da psicanálise, usa como
modelo o domínio do fogo, sua utilização como um bem cultural a partir da
renúncia à satisfação de um desejo.
De acordo com Freud (1997a, p. 110),
8
Crianças e adolescentes muitas vezes agem utilizando-se de um
mecanismo de anestesiamento da consciência. Atualmente, as redes sociais e os
youtubers, em especial, influenciam as pessoas de forma intensa.
Luft (2000, p. 320) retrata esta influência como fanatismo. Segundo o
dicionário, fanático é:
Para a maioria dos seres humanos, prazer é uma palavra que evoca
sentimentos conflitantes. Ocorre uma associação com o que é agradável e a tudo
que nos dá esse sentimento de prazer; frequentemente a reação é positiva e boa,
mas tolhida por medos e receios. O medo do prazer está ligado a uma sensação
de que o prazer nos leve a caminhos perigosos, de esquecer as obrigações,
deixando o prazer descontrolado tomar conta. Outra associação ao prazer é uma
conotação lasciva, especialmente em relação ao prazer sexual, vinda de uma forte
influência religiosa, inscrita na história, como o prazer associado a demônios,
tentação e pecado. Segundo Lowen (1984), para os calvinistas, todos os prazeres
eram pecados.
O autor ainda enfatiza que a cultura contemporânea é dirigida mais pelo
ego, ou seja, a própria imagem do que pelo corpo. O corpo estaria escravo da
imagem, da performance e do controle.
Lowen (1984, p. 10) comenta que:
10
jovem e esbelta. Quem não consegue está fadado ao fracasso (Menezes; Mayer,
2004).
A sexualidade contemporânea encontra-se escrava da performance, do
ideal de virilidade em detrimento aos sentimentos reais, humanos, perdendo
assim o potencial criativo e o real prazer.
Lowen (1984) afirma que o prazer é a única força capaz de se opor à
destrutividade em potencial do poder.
A sexualidade idealizada, submetida ao poder, coloca a cultura e o
indivíduo num afastamento do seu verdadeiro eu, sua real essência, produzindo
indivíduos fragmentados. A busca por perfeição faz com que o indivíduo passe a
buscar intensamente validar essa imagem ideal que criou de si mesmo.
12
REFERÊNCIAS
_____. Reich: História das ideias e formulações para a educação. São Paulo:
Ágora, 1994.
_____. Narcisismo – prazer: uma abordagem criativa. São Paulo: Summus 1984.
13