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ROTEIRO PECHAKUCHA: “NASCIMENTO VIRGEM” E “ASPECTOS

ANTROPOLÓGICOS DA LINGUAGEM: CATEGORIAS ANIMAIS E INSULTOS


VERBAIS” EDMUND LEACH.
Discentes:
Caroline Aparecida Granzote Alves (Noturno) RA: 181124661
Cecília Salinas Nogueira (Noturno) RA: 201122022
João Pedro Pereira de Paula RA: 201126214
Matheus Emilio Pesce RA: 201121875
Murilo Akan Safi RA: 201126834

NASCIMENTO VIRGEM
O autor inicia explicitando os fundamentos do texto. Em primeiro lugar
demonstra a falácia a respeito da ignorância sobre a paternidade fisiológica dos
aborígenes australianos e trobriandeses, além de analisar as predisposições dos
antropólogos em negar os fundamentos intelectuais dos nativos e fala sobre o
caráter teológico da concepção humana sem a inseminação masculina.
Conseguinte, Leach critica a ridicularização por parte de Frazer e outros
antropólogos sobre descrição feita por Walter Roth sobre a concepção de um filho
pelas mulheres das tribos de Queensland. Aponta que a técnica de comparação
necessita da significação dada pela interpretação do antropólogo sobre a informação
coletada, e que é necessário estar ciente da dogmatização presente em todo tipo de
organização social.
Ademais, o autor ressalta que, mesmo que concepções dogmatizadas
existam nas sociedades primitivas, assim como em qualquer outra, essa concepção
não diz nada sobre o estado psicológico interno dos indivíduos estudados. Que
mesmo que tais dogmas estejam presentes em determinada cultura, as
particularidades individuais que hão de acatar ou não tal informação.
O autor ressalta as críticas feitas por Spiro ao afirmar que ritos, de pescaria
por exemplo, servem apenas como autoilusão. Dessa maneira, Leach compara a
crença ridicularizada do nascimento virgem dos aborígenes australianos, com o
nascimento virgem da religião sábia dos ocidentais. Ao passo que os primeiros são
ignorantes, e os segundos perfeitamente intelectualizados. O autor fala sobre como
a suposta ignorância da paternidade fisiológica é vista como marca do primitivismo,
porém o nascimento de filhos heróicos ou semidivinos é uma característica das
civilizações tidas como “superiores” tais como gregos e cristãos
O autor segue falando das histórias de nascimentos virgens, e como este é
um conceito irracional, não seriam inventadas pelas civilizações tidas como
sensatas, e que por isso sua teologia não poderia ser submetida a investigação
antropológica. No contexto cristão, o mito não ignora a fisiologia, ao contrário usa
isso para provar que a criança tem origem divina, colocando jesus em linha direta de
descendência de Davi, passando por José; Segundo o autor a evidencia de Roth,
que era considerada inaceitável pelo professor Spiro, já era considerada ortodoxia
cristã a 1600 anos.
Mais para frente o autor defende o método que Lévi-Strauss chamou de
estruturalista para analisar os dados etnográficos analisados no texto, no qual os
dados que vem de um mesmo contexto são analisados para se formar um padrão,
achando uma espécie de meio termo entre os métodos comparativos de Frazer e a
análise de todas as evidencias de cada conceito mantendo o objetivo comparativo.
Mas distinguindo a variedade de formas pelas quais um único padrão etnográfico
pode se manifestar e depois examinar a natureza dessas variações.

ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS DA LINGUAGEM: CATEGORIAS ANIMAIS E


INSULTOS VERBAIS
O aspecto central da obra se debruça sobre a análise do tabu. A contribuição
de Leach nesse sentido, amplia o conceito para proibições explícitas e implícitas,
conscientes e inconscientes, pois para Leach, somente pode-se alcançar conceitos
verbais semanticamente distintos, se houver repressão das percepções que limitam
os mesmos.
A análise da linguagem e do comportamento, é importante para a conclusão
de que o tabu pode percorrer essas duas esferas, assumindo caráter linguístico e
social e psicológico. Isso ocorre, uma vez que estes podem ser sancionados do
mesmo modo e confundir-se entre si. O autor indaga ainda, que a ambiguidade
verbal expressa por fonemas parecidos, podem causar tal confusão, sendo o tabu e
a linguagem os responsáveis pela separação. Na categoria de obscenidades
verbais, Leach inclui três tipos, sendo, 1) "palavrões"; 2) blasfêmia e profanação; 3)
insulto animal.
A relação dos insultos animais com a cultura alimentar refere-se a separação
dos animais que são consumíveis dos que não são. Além do mais, tal classificação
deriva de fatores culturais, não naturais. O tabu, está impresso nessa distinção.
A teoria geral do tabu de Leach diz respeito à imposição cultural de valores e
produções linguísticas à criança, posto que o ambiente físico e social é contínuo e
seu problema inicial é determinar “o que sou eu em oposição ao mundo?”. É nesse
momento que se insere a classificação socialmente reconhecida.
A linguagem constrói o espaço social ordenado de maneira lógica e segura. O
tabu é foco de tudo que é importante, ele não é só foco de interesse especial, mas
também de ansiedade. Isso é encontrado com os tabus da linguagem que auxiliam a
formação cultural de uma língua. E formam a visão de mundo do ser humano diante
de seus tabus e composição das palavras usadas para descrever o mundo.
O autor estabelece a relação entre tabu das coisas em supressão de nosso
conhecimento das não coisas. Sendo aquilo que é suprido se torna mais
interessante para o corpo social. Usando como exemplo os excrementos do corpo
humano, elas são vistas como ambíguas de maneira mais fundamental, são ao
mesmo tempo eu e não eu. A partir da relação das palavras utilizadas
monossilábicas usadas por crianças e adultos apenas seu uso em latim.
Num extremo oposto está relação do tabu com a discriminação dos vivos e os
morto. A vida é logicamente a antítese binária da morte. Mas a religiosidade separa
os dois ao colocar um hipotético “outro mundo”, que é a antítese “deste mundo”.
Neste mundo, a vida e a morte são inseparáveis; no outro mundo elas são
separadas.
A teoria geral é que o tabu é dirigido às categorias que são anômalas em
relação àquelas que estão nitidamente em oposição. Se A e B são duas categorias
verbais de tal modo que B é definido como “aquilo que A não é” e vice-versa e se
existe uma terceira categoria C, que faz mediação deste distinção com C
compartilhando os atributos de A e B, estão C será tabu”.
Diversos animais, principalmente na língua inglesa e com termos
monossilábicos, podem ser utilizados para apontar qualidades, insultar diretamente
ou denominar partes do corpo humano. Em contrapartida, animais exóticos que
estão fora do nosso sistema social, portanto não comestíveis, levam nomes
compridos e, de acordo com o autor, "semilatinos". Existem também os
intermediários, que por vezes são domésticos e outras caçados, criando uma
interação chamada de relação jocosa, onde a caça se torna um lazer e os cães
participam como caçadores, reafirmando sua importância emocional para nós. Os
tabus, ou valores rituais, determinam a relação que se terá com o animal, seja no
vocabulário, no hábito alimentar ou no vínculo pessoal. A tribo Kachin tem um
idioma essencialmente monossilábico que abre caminho para mais de um sentido
dado a mesma palavra. Os animais domésticos, chamados de “yam” são sagrados e
mortos apenas em rituais de sacrifício. Esta palavra também pode remeter a um
indivíduo escravizado, enquanto “ni” pode ser tanto uma pessoa próxima quanto um
animal manso. Os Kachin seguem um padrão onde os animais mais afastados são
também mais comestíveis e carregam menos tabus em sua nomenclatura. Acerca
das relações de parentesco, as uniões matrimoniais acontecem entre indivíduos de
maior afinidade, em oposição ao modelo inglês. O autor conclui o texto reafirmando
a necessidade de entender o que é sagrado para um povo para compreender suas
relações sociais.

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