Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NASCIMENTO VIRGEM
O autor inicia explicitando os fundamentos do texto. Em primeiro lugar
demonstra a falácia a respeito da ignorância sobre a paternidade fisiológica dos
aborígenes australianos e trobriandeses, além de analisar as predisposições dos
antropólogos em negar os fundamentos intelectuais dos nativos e fala sobre o
caráter teológico da concepção humana sem a inseminação masculina.
Conseguinte, Leach critica a ridicularização por parte de Frazer e outros
antropólogos sobre descrição feita por Walter Roth sobre a concepção de um filho
pelas mulheres das tribos de Queensland. Aponta que a técnica de comparação
necessita da significação dada pela interpretação do antropólogo sobre a informação
coletada, e que é necessário estar ciente da dogmatização presente em todo tipo de
organização social.
Ademais, o autor ressalta que, mesmo que concepções dogmatizadas
existam nas sociedades primitivas, assim como em qualquer outra, essa concepção
não diz nada sobre o estado psicológico interno dos indivíduos estudados. Que
mesmo que tais dogmas estejam presentes em determinada cultura, as
particularidades individuais que hão de acatar ou não tal informação.
O autor ressalta as críticas feitas por Spiro ao afirmar que ritos, de pescaria
por exemplo, servem apenas como autoilusão. Dessa maneira, Leach compara a
crença ridicularizada do nascimento virgem dos aborígenes australianos, com o
nascimento virgem da religião sábia dos ocidentais. Ao passo que os primeiros são
ignorantes, e os segundos perfeitamente intelectualizados. O autor fala sobre como
a suposta ignorância da paternidade fisiológica é vista como marca do primitivismo,
porém o nascimento de filhos heróicos ou semidivinos é uma característica das
civilizações tidas como “superiores” tais como gregos e cristãos
O autor segue falando das histórias de nascimentos virgens, e como este é
um conceito irracional, não seriam inventadas pelas civilizações tidas como
sensatas, e que por isso sua teologia não poderia ser submetida a investigação
antropológica. No contexto cristão, o mito não ignora a fisiologia, ao contrário usa
isso para provar que a criança tem origem divina, colocando jesus em linha direta de
descendência de Davi, passando por José; Segundo o autor a evidencia de Roth,
que era considerada inaceitável pelo professor Spiro, já era considerada ortodoxia
cristã a 1600 anos.
Mais para frente o autor defende o método que Lévi-Strauss chamou de
estruturalista para analisar os dados etnográficos analisados no texto, no qual os
dados que vem de um mesmo contexto são analisados para se formar um padrão,
achando uma espécie de meio termo entre os métodos comparativos de Frazer e a
análise de todas as evidencias de cada conceito mantendo o objetivo comparativo.
Mas distinguindo a variedade de formas pelas quais um único padrão etnográfico
pode se manifestar e depois examinar a natureza dessas variações.