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​UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PÓLO UNIVERSITÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES


INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIÊNCIAS DA SOCIEDADE
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
2020.1

Trabalho da Disciplina: Antropologia II.


Grupo: Betina Ferreira Assad, Jéssica Madeira Barboza, Yan Guimarães Palhares.

Referência Bibliográfica:
DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora, v. 34,
2016.

De acordo com o autor, existe uma relação de fatores da natureza e fatores


cultura, é explicado a natureza ao seu redor e o que foi feito pelo homem, os que
nos rodeiam são as situações naturais e culturais ao mesmo tempo. A fome é uma
necessidade natural, se uma pessoa não come, ela pode morrer, mas existem várias
formas de saciar a fome e a maneira de comer e alimentar o corpo é uma escolha
cultural.
O autor cita: "Contudo, a ciência que pratica a antropologia, desconfia muito
do bom senso. Ao contrário do que dizia o filósofo Descartes, o bom senso não é a
coisa mais bem distribuída do mundo. Os antropólogos concordam mais com um
contemporâneo de Descartes, o grande filósofo e matemático pascal, que dizia o
seguinte: “ Verdade deste lado dos Pirineus, erro do outro lado.” Em outras palavras,
os hábitos que são normais na França não o são na Espanha, e vice e versa.(pág.8)
É questionada a diferença entre humanos e não humanos, seres que
pertencem à natureza e os pertencentes à cultura, e também é relatado sobre o que
aconteceu a 30 anos atrás, na alta amazônia e na fronteira com o Equador com o
Peru. As dificuldades dele em aprender o idioma, ele aprendeu a comunicar-se com
os Achuar convivendo com eles, quanto mais aprendia, mais conseguia identificar o
que pensavam, especialmente quando falavam em sonhos, sempre perguntava aos
Achuar sobre os animais, eles respondiam que eram pessoas como nós.
Mas o texto mostra que essas situações não são realidade apenas na
Amazônia, Adrian Tanner, que analisou a tribo dos cri, no norte de Quebec, relata
que para esse povo os animais são apenas uma representação física de uma
pessoa, no qual através dos sonhos ela se mostra na sua forma real para revelar
algo. Esses fatores são algumas das quatro formas citadas na entrevista sobre as
relações com os não humanos, a primeira por exemplo, pode explicar o caso do
povo cri, uma vez que consiste na ideia de que os não humanos possuem a mesma
alma ou consciência que a dos humanos, mas diferenciam-se fisicamente.
São variados os povos nos quais o ambiente faz parte muito além de um
cenário exterior. Além de ser um fato que não se situa apenas na América, assim
comprova o padre Kemlin que viveu junto ao povo reungao nos planaltos do Vietnã
central, ele faz relato de um pacto entre uma mulher e um tigre que é revelado
como se ele fosse o pai dela, afirmando essa relação de animais e humanos
presente e de uma maneira diferente das manifestadas em outros lugares. O povo
aborígene australiano, é um outro forte exemplo, pois mesmo tendo várias línguas
espalhadas, consideram os animais e plantas parte da mesma espécie, todos
possuem o sistema totêmico onde as regras de composição são homogêneas, ou
seja, eles viam todos os seres igualmente, mesmo com corpos que se diferem entre
si. Para essa caracterização, se levava em conta as qualidades de forma abstrata,
como o comportamento, temperamento, forma, consistência e cor, mas a aparência
do formato desigual era explicada por uma gênese no totem, o animal que dá nome
ao grupo totêmico, no qual os outros se derivam dele. A cosmologia, termo usado na
entrevista para definir que existem diversas visões de mundo, é uma explicação para
essas análises do campo da antropologia.
Sendo assim, existe a ideia de que o ser humano é fruto da mistura do natural
com o cultural, sendo a biologia a parte natural, aquilo que chegou antes de nós, que
se produz sem a influência da humanidade e o cultural, aquilo que se produz com a
ação humana. Podemos notar o destaque do texto ao animismo, uma crença que
diversos povos possuem, no qual é acreditado que qualquer ser vivo ou até os seres
inanimados, podem carregar uma alma humana de alguém que já tenha deixado
este plano e que por isso, esse ciclo de reencarnações nunca terminará.
Os povos citados no texto tem costume de enxergar um “semelhante” em
outras espécies, desconhecem até mesmo o plástico, que é algo que hoje em dia é
impossível imaginarmos fora de nossas vidas. Isso, no entanto, nos ajudou de tal
forma mas trouxe alguns problemas, tais como poluição, alteração no bioma
marinho derivado dessa poluição e até a dependência de um simples produto. Já os
Achuar, não tem esse problema pois não desenvolveram tecnologia para
exploração, sua cultura que faz uma relação de semelhança com a natureza faz com
que busquem apenas o essencial para viver.
Diante disso, vale refletir sobre essa forma de viver como uma solução para
os nossos problemas no futuro, não que tenhamos apenas que sobreviver, mas
entender que as nossas ações impactam diretamente a natureza. Essa cultura de
desenvolvimento sem limite, a longo prazo traz mais malefícios que benefícios,
enquanto aqueles povos que enxergam a natureza como uma extensão de seu povo
tem seus recursos inesgotáveis, pois estes respeitam os ciclos.
Portanto, uma cultura tão diferente, tão natural, pode a princípio nos causar
estranheza pois não é o que estamos acostumados. Porém, estas também foram
idealizadas por seres humanos assim como nós, o que diferencia nossos modos de
vida é o fato de vivermos muito mais do cultural que do natural.

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