Pedro Raposo Page 123570928

2) A partir do texto "Raça e História", discuta as noções de "progresso" e de

"etnocentrismo", estabelendo relações com, pelo menos, mais um texto do curso.

Toda cultura possui uma base etnocêntrica porém nem toda cultura é genocida. O
capítulo 4 "do etnocidio" de Pierre Clastras explica bem o etnocidio que países
ocidentais cometem com sociedades originárias. Para essas comunidades o que resta é
produzir e viver no novo modo de vida que foi obrigado a elas, caso contrário não será
apenas a destruição de suas culturas, haverá mortes desses povos também.

Na visão genocida há o bem em cometer o mal, pois para um genocida tudo bem
matar pessoas "diferentes", pois o diferente seria o ruim e deve ser exterminado. Para
o etnocida o mal se converte no bem, após obrigar o diferente a entrar em sua cultura
essas pessoas se tornam melhores, e não há a necessidade de extermínio humano,
apenas da cultura considerada inferior. Acreditar que sua cultura é melhor não fere
nenhum direito humano, a problematização vem quando é considerado normal impor
sua cultura sobre o outro e querer que outras culturas além da sua desapareçam.

Os indígenas africanos sofreram e sofrem forte opressão da população europeia, a

tentativa de aniquilar culturas de matriz africana é um exemplo claro do etnocídio, e
como modos de vidas e seus espíritos desapareceram devido a crueldade do ser
humano ao enxergar o "diferente". O desejo de igualar todos faz parte do genocídio
porém a necessidade de hierarquizar as culturas vem do etnocídio.

Todorov ao falar da alteridade diz que a visão dos americanos para com os nativos
era tão distante (no sentido humano) que esses nativos eram vistos como elementos
naturais, seres sem racionalidade, cultura e próximos a animalidade. A alteridade é um
conceito extreamente importante para a antropologia e psicologia pois com ela é
possivel enxergar o outro com respeito e entender que nem todos são iguais.

5) A partir dos textos lidos, discorra sobre a relação entre Natureza e Cultura

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A noção de cultura e natureza vem de um ideal antropocentrico, onde tudo pertence
ao homem. Uma definição frequente da cultura é que ela pode ser todas as coisas
construidas e que possuem influência do ser humano, natureza é algo anterior ao
homem, é o meio em que ele vive, e um objeto dominado pelo indivíduo.

No texto de P. Descola de 2016, outras naturezas, outras culturas, vimos que há

elementos que possuem dominio cultural e da natureza ao mesmo tempo. A fome,
exemplo dado no livro, algo natural do ser, porém o que comer é algo cultural, no
Brasil há mais chances de um brasileiro comer arroz e feijão e na Itália um italiano
preferir comer uma massa. Philippe conta também do povo Achuar, e como para eles
não havia essa distinção clara do que é natureza e cultura, aquilo que conhecemos que
faz parte da natureza como os animais para eles são pessoas também, capazes de
participar da vida social, como matar cervos era proibido e se alguém matasse um, ele
apareceria no sonho como um ser humano ferido, esses sonhos eram apresentados e
discutidos na fogueira ao iniciar o dia.

Seres não-humanos podem estabelecer laços também, alguns caçadores cri formaram
laços com certos animais, estes atraem sua espécie para serem caçados pelos homens,
pois logo eles vão reencarnar na mesma espécie. Animais e plantas são humanos com
uma fantasia para esconder seus verdadeiros corpos, pensamento oriundo do povo
Achuar e que se parece com o nosso pensamento também. Animais de estimação são
considerados como filhos para muitas pessoas, e um exemplo claro é que bichos como
cachorros possuem leis que protegem eles do abandono.

Natureza e cultura não são noções universais, diferentes povos, comunidades, países
podem ter sua própria definição do que é cada uma. Aquela ideia antiga e que antes da
antropologia nós achavamos que era universal, de que natureza é tudo aquilo que não
foi concebido pelo ser humano, não respeita as particulares de povos como os Achuar.
A antropologia é extremamente essencial para a humanidade, pois ela proporcionou
uma nova visão sobre natureza e cultura, o contato com outras culturas e suas ideias
sobre o mundo em que vivemos nos faz repensar questões consolidadas há séculos.