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Em Busca do Conhecimento

Ir. Maurilo Humberto


CIM – 15324
A.’.R.’.L.’S.’. MARREY JR E
A.’.R.’.L.’.S.’. DE ESTUDOS LUZ DO ORIENTE
GOP - COMAB
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JUL/2023
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Sr. Rubens Pantano Filho, presidente da Academia Campinense
Maçônica de Letras;
senhores diretores que compõem a mesa diretiva,
meus irmãos, senhores e senhoras convidados.
Bom dia a todos

É um prazer estar aqui hoje para compartilhar uma jornada em busca


do conhecimento.

Acredito que essa busca seja fundamental para o crescimento pessoal


e profissional. Nesta palestra, exploraremos os caminhos para expandir
nossos horizontes e obter um conhecimento mais abrangente e
significativo.

A palavra conhecimento vem do latim ‘cognoscere’, que significa ato


de conhecer e da sua raiz linguística "gno", presente também no grego
antigo, da palavra "gnose", que significa conhecimento, ou "gnóstico",
aquele que conhece.

Conhecer é apreender e compreender algo.

É uma capacidade exclusiva dos seres humanos, pois podemos


elaborar, codificar e decodificar o conhecimento por meio da
linguagem e do raciocínio.

O conhecimento nos permite entender, apreender e compreender as


coisas além de criar e experimentar o novo.

Ele é abstrato, mas de grande valor e é celebrado em muitas


sociedades. Ao longo dos tempos, a humanidade tem aprimorado sua
capacidade de conhecer, aprender e transmitir exigindo entrega,
dedicação, coragem e força.

Ao longo dos séculos, a humanidade precisou aprender a viver na Terra,


visando à manutenção da espécie, em um ambiente hostil, com seres
monstruosos e com intempéries naturais.

Na era antiga, que abrange um tempo significativo e várias civilizações


em diferentes partes do mundo, o conhecimento variava
consideravelmente, dependendo da região geográfica e da cultura
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específica que consideramos. No entanto existem algumas áreas,


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amplas de conhecimento que eram comuns em muitas sociedades
antigas.

A Matemática e a astronomia foram desenvolvidas por civilizações,


como a Mesopotâmica, a Egípcia, a Grega e a Chinesa. Criaram sistemas
numéricos, técnicas de cálculo e conhecimentos astronômicos. Elas
desenvolveram métodos para medir o tempo, acompanhar os
movimentos dos corpos celestes e desenvolveram a geometria básica.

A Filosofia também teve grande destaque na Grécia antiga, com


pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles buscavam
entender a natureza do mundo, a existência humana, a ética e a
política. Suas ideias influenciaram significativamente o pensamento
ocidental.

Na área da Medicina, desenvolveram sistemas médicos baseados na


observação e experiência. Por exemplo, os egípcios tinham
conhecimentos sobre anatomia, tratamentos e cirurgias básicas. Na
Índia, a medicina ayurvédica se desenvolveu com seu foco na saúde
holística.

A Engenharia e a arquitetura também foram áreas em que as


civilizações antigas se destacaram. Elas construíram estruturas
arquitetônicas impressionantes, como as pirâmides do Egito, os
zigurates da Mesopotâmia e os templos gregos. Além disso,
desenvolveram técnicas avançadas de construção, como o uso de
arcos, cúpulas e colunas.

A Literatura e a mitologia também desempenharam um papel


importante. Muitas civilizações produziram obras literárias que
forneciam insights (ter uma intuição, olhar por dentro) sobre sua
cultura, valores e crenças. A epopeia de Gilgamesh na Mesopotâmia, a
Ilíada e a Odisseia na Grécia, e o Mahabharata na Índia.

A Agricultura e a tecnologia foram desenvolvidas para cultivar e colher


alimentos. Além disso, criaram ferramentas e tecnologias, como a roda,
a metalurgia e a construção de navios.

É importante lembrar que o conhecimento na era antiga era limitado


em comparação com o conhecimento científico e tecnológico atual.
No entanto, as descobertas e realizações dessas civilizações
estabeleceram as bases para muitos campos de estudo que
continuaram a se desenvolver ao longo dos séculos, mostrando assim
que o conhecimento é uma crescente e se utiliza de várias áreas para
seu aperfeiçoamento.
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Acompanhando as transformações que ocorreram no tecido social,
novas tecnologias surgiram como consequência do acúmulo de
conhecimento que a humanidade ia descobrindo. Os manuscritos e,
por conseguinte, os livros foram instrumentos utilizados como suporte
para a transmissão de teses, orientações, aperfeiçoamento,
comunicação científica, entre outros fins.

No contexto da dinâmica social do século XXI, em que pessoas


separadas por oceanos e vastos territórios continentais conseguem
estabelecer uma comunicação instantânea ao toque dos dedos ou
comandos mentais, basta que elas disponham de instrumentos
tecnológicos similares.

O conhecimento é imprescindível para o estabelecimento de novas


formas de gerenciamento empresarial, novas tecnologias
comunicacionais, e até mesmo avanços no campo da ciência, voltados
à manutenção da vida humana na Terra.

Com a emergência de novas tecnologias e a aceleração da vida pós-


moderna, o ato da leitura (uma das formas de adquirir conhecimento)
tornou-se uma ação vista como algo de outro mundo, especialmente
quando se trata de pessoas que aproveitam qualquer oportunidade
para sacar seus livros e dispositivos eletrônicos e dar uma adiantada na
leitura.

No entanto, é importante lembrar que a avaliação do conhecimento na


melhoria da vida das pessoas deve considerar múltiplas perspectivas e
não se restringir apenas a aspectos quantitativos. É necessário levar em
conta as desigualdades sociais, acesso equitativo e a capacidade da
utilização do que foi adquirido.

A evolução do conhecimento desde a era antiga até a atualidade é um


processo fascinante e complexo. Ao observar essa evolução, de forma
geral, destacamos alguns marcos importantes ao longo do caminho.

Antigamente, o que se conhecia era transmitido principalmente


oralmente, de geração em geração. Surgiu então a escrita cuneiforme
na Mesopotâmia, enquanto os egípcios utilizavam hieróglifos. Na
Grécia, grandes pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles,
exploraram temas como filosofia, ética, lógica e ciência.

Durante a Idade Média, a disseminação do conhecimento foi


influenciada principalmente pela Igreja Católica e pelas instituições
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religiosas. A educação e o conhecimento estavam concentrados em


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mosteiros e escolas catedrais. Nesse período, ocorreu uma fusão entre


o conhecimento clássico greco-romano e a teologia cristã. As
universidades começaram a surgir na Europa, proporcionando uma
estrutura para a educação e a pesquisa.

Um exemplo de fácil verificação está nas obras de Platão e Santo


Agostinho (dr. da Igreja Católica) onde, o mundo das ideias, filosofia
formulada por Platão, é convertida e por assim dizer,
santificada/cristianizada na Cidade de Deus.

O Renascimento, a partir do século XIV, marcou uma mudança


significativa na forma como o conhecimento era abordado. Houve um
ressurgimento do interesse pela cultura clássica e uma ênfase na
observação direta e na experimentação. Grandes nomes como
Leonardo da Vinci, Michelangelo, Galileu Galilei e Nicolau Copérnico
impulsionaram a arte, a ciência e a astronomia. A invenção da imprensa
por Johannes Gutenberg permitiu uma disseminação mais rápida do
conhecimento por meio de livros impressos.

O século XVIII foi marcado pelo Iluminismo, uma época de grande


progresso intelectual e científico. Filósofos como Voltaire, Montesquieu
e Rousseau promoveram a ideia do pensamento racional e da liberdade
individual. A ciência se tornou mais sistemática, e figuras como Isaac
Newton e Carl Linnaeus fizeram avanços significativos em suas
respectivas áreas.

A Revolução Industrial, que teve início no século XVIII e se estendeu até


o século XIX, trouxe avanços tecnológicos e científicos sem
precedentes. A mecanização da produção, a invenção de máquinas a
vapor e o desenvolvimento do motor a combustão abriram caminho
para um rápido progresso industrial. A ciência e a tecnologia se
tornaram motores importantes do conhecimento, levando a avanços
nas áreas da física, química, medicina e engenharia.

Na era Moderna e Contemporânea desde o final do século XIX até os


dias atuais, houve uma rápida expansão do conhecimento em diversas
áreas. A revolução da informação, com o desenvolvimento de
computadores e a criação da internet, transformou a forma como
compartilhamos e acessamos informações. A ciência e a tecnologia
continuaram a se desenvolver rapidamente, levando a descobertas
fundamentais na física quântica, na genética, na biotecnologia, na
inteligência artificial e em muitos outros campos.

Além disso, o conhecimento se tornou mais globalizado, com uma


maior interação entre culturas e uma abordagem mais inclusiva na
produção de conhecimento, buscando diferentes perspectivas e
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contribuições de diversas partes do mundo.


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Em suma, toda esta evolução desde a era antiga até a atualidade foi
impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo avanços
tecnológicos, descobertas científicas, mudanças sociais e filosóficas,
além da interação entre diferentes culturas. Esse processo continua em
andamento, e é empolgante imaginar as possibilidades futuras que o
conhecimento poderá trazer.

No entanto meus irmãos, um desafio significativo surge em relação à


essência da nossa instituição: o conhecimento de nós mesmos, nosso
interior, estimulando o crescimento do “eu” individual.

A Maçonaria é uma ordem fraterna que valoriza princípios éticos,


morais e filosóficos. Embora a Maçonaria utilize simbolismo e rituais
baseados na tradição da pedra e da construção, o conceito de lapidar o
interior não é uma prática literal ensinada pela Ordem.

No contexto maçônico, o ato de lapidar é simbólico e refere-se ao


processo de aperfeiçoamento pessoal e moral. Como maçons somos
incentivados a buscar o autoaperfeiçoamento, desenvolver virtudes e
aprimorar nossas habilidades intelectuais e morais. Através do estudo
dos rituais, símbolos e ensinamentos maçônicos, somos encorajados a
refletir sobre nossas ações, buscar a verdade, a justiça e a fraternidade,
e nos tornarmos pessoas melhores.

A maçonaria valoriza a busca pela sabedoria e pela verdade, bem como


a prática de princípios morais elevados. Somos incentivados a cultivar
virtudes como honestidade, integridade, tolerância e compaixão, a fim
de nos tornarmos cidadãos exemplares e contribuir positivamente para
nossas comunidades.

Conhecer a si mesmo é um processo contínuo de exploração interna e


autoconsciência. É uma jornada pessoal que envolve compreender
nossas emoções, pensamentos, valores, crenças, habilidades, desejos e
limitações.

À medida que evoluímos e aprendemos a aceitar a nós mesmos como


somos, com todas as falhas e imperfeições podemos trabalhar nesses
pontos fracos saindo de nossa zona de conforto e experimentando
coisas novas.

Nossos desafios são como pedras brutas que podem ser lapidadas para
revelar nosso verdadeiro potencial. Quando aprendemos a desbastar
essas pedras, somos capazes de transformar obstáculos em
oportunidades de crescimento e sucesso.
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Polir a Pedra Bruta exige esforço, resiliência e uma mudança de
perspectiva, mas é um processo que nos permite crescer, aprender e
alcançar nossos objetivos.

Todo maçom deve perseverar na busca de seu próprio conhecimento,


por meio de um processo de introspecção. O conhecimento deve ser
acima de tudo, um propulsor da evolução do maçom e,
consequentemente, um inimigo da tirania que busca escravizar a
inteligência e o espírito do homem.

Todos nós conhecemos a frase escolhida por Sócrates, o grande filósofo


e pensador grego, que serviu como norte, tanto para sua trajetória,
quanto para a sua pregação filosófica CONHECE-TE A TI MESMO.

A verdade é que a atividade de pensar confere asas ao maçom para se


movimentar e raízes para se aprofundar na realidade do mundo em
que vivemos.

René Descartes, renomado filósofo francês, expressou o seguinte


pensamento: Se duvido, penso; se penso, existo ou seja: COGITO, ERGO
SUM – penso, logo existo.

Portanto, não se alcançará o conhecimento sem a observância dessas


premissas, que precedem até mesmo o primeiro passo.

Acreditamos que os maçons são os próprios sujeitos da formação do


conhecimento maçônico. Daí a necessidade de realizar profundas
reflexões sobre seu conteúdo. As formulações da tese (proposição que
se difunde como verdadeira), da antítese (proposição que se contrapõe
à tese, ou sua negação, gerando conflito) e da síntese (resolução do
confronto entre a tese e a antítese, por meio da fusão ou superação das
oposições entre elas) são indispensáveis para a aquisição e
compreensão de qualquer conhecimento, especialmente no que se
refere à Maçonaria.

O maçom é, sem dúvida alguma, o agente e, ao mesmo tempo, o sujeito


do seu próprio conhecimento. Ele não pode prescindir da verdade dos
fatos, que nem sempre estão aparentes ou visíveis.

Desta forma, a busca do conhecimento é, na verdade, um dever e um


direito de todo maçom, sendo muito mais um dever do que um direito,
uma vez que os deveres do maçom devem sempre preceder seus
direitos.
O primeiro passo para a essa busca resume-se, portanto, no CONHECE-
TE A TI MESMO, ou seja, desde o primeiro estágio da Ordem devemos
aprender a pensar, pois é por meio desse aprendizado que adquirimos
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o conhecimento necessário para discernir e expressar nossas ideias.


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Afinal, aquele que melhor desbasta a sua Pedra Bruta, é aquele que
melhor se conhece.
Sejamos, portanto, buscadores do conhecimento maçônico, sem
jamais deixarmos de ser corretos em nossas atitudes e fraternos com
nossos Irmãos.
Lembremos que o crescimento interior é uma jornada contínua. Não
há um destino final, mas sim um processo constante de aprendizado e
evolução.
Sejamos gentis durante essa jornada e estejamos todos, meus irmãos e
convidados, abertos a explorar diferentes caminhos que ressoem
dentro de nós.

Agradeço a atenção dos senhores e a oportunidade que me foi dada de


estar aqui hoje, na Academia Campinense Maçônica de Letras.

BIBLIOGRAFIA

▪ Kennio Mahmud Soares Oliveira Ismail - A Influência da Liderança na Identidade e


Comportamento Maçônico – Fundação Getúlio Vargas – Escola Brasileira de Administração
Pública – Mestrado Acadêmico em Administração, set 2013;
▪ Edimar Alcântara – Em Busca do Conhecimento – Biblioo – set 2019 - https://biblioo.info/em-
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0liga%C3%A7%C3%A3o%20epistemol%C3%B3gica%20pr%C3%B3xima.
▪ O Pensador – Em Busca do Conhecimento -
https://www.pensador.com/busca_pelo_conhecimento/8/
▪ Conhecimento – Mundo Educação -
https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/conhecimento.htm#:~:text=O%20conhecimento%2
0%C3%A9%20a%20capacidade,as%20ci%C3%AAncias%20e%20as%20artes
▪ Tipos de Conhecimento – Pedro Menezes - https://www.todamateria.com.br/tipos-
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▪ A Busca do Conhecimento – um processo contínuo – Jessica Tacano – 2020 -
https://www.sprintpro.com.br/blog/a-busca-do-conhecimento--um-processo-continuo
▪ O Poder do Aprendizado e Busca pelo Conhecimento – Thomaz Halter – 2017 -
https://pt.linkedin.com/pulse/o-poder-do-aprendizado-e-busca-pelo-conhecimento-thomaz-
halter
▪ Em Busca do Conhecimento – O mito como forma de conhecimento – Mundo da Filosofia -
https://mundodafilosofia.com.br/em-busca-do-conhecimento/
▪ Os quatro diferentes tipos de conhecimento – Beatriz Coelho – 2021 -
https://blog.mettzer.com/tipos-de-conhecimento/
▪ A Busca do Conhecimento Maçônico – Aildo Carolino – GOB-RJ - A BUSCA DO CONHECIMENTO
MAÇÔNICO! – GOB-RJ
▪ Teoria do Conhecimento Maçônico – Charles Evaldo Boller - Teoria do conhecimento Maçónico -
Maçonaria e Maçon(s) (freemason.pt)
▪ A Cidade de Deus de Agostinho – Podcast – Estado da Arte - https://oestadodaarte.com.br/a-
cidade-de-deus-de-agostinho/
▪ A Cidade de Deus de Santo Agostinho – Gisele Leite – Jornal Jurid – novembro de 2020 -
https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-cidade-de-deus-de-santo-agostinho
▪ A Cidade de Deus de Santo Agostinho – Biblioteca Católica – maio 2023 -
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https://bibliotecacatolica.com.br/blog/formacao/a-cidade-de-deus-de-santo-agostinho/
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