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SEXUALIDADE HUMANA
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que ninguém ousasse fazer o que a Igreja não permitisse. Segundo a psicanálise,
a base de toda religião está na necessidade do homem de humanizar a natureza
e vê-lo como um pai. De acordo com essa ótica, toda religião traz o reflexo de uma
relação de pai e filho, estabelecendo-se dessa forma o poder da religião. Muitos
séculos foram necessários para esclarecer nossa incapacidade de questionar e o
grande poder que a Igreja exerceu e ainda exerce sobre nós.
De acordo com Barp (2010), aceitamos até hoje explicações culturais que,
mesmo não sendo autênticas, são passadas de gerações em gerações.
Freud (1997) retrata que muitos dos nossos antepassados nutriam as
mesmas dúvidas que nós, mas a pressão a eles impostas foi forte demais para
que se atrevessem a expressá-las.
O ponto a se verificar é a diferença que existe entre a cultura dos que foram
educados dentro de preceitos religiosos repressivos e a cultura dos que foram
criados de forma menos repressiva e mais liberal em sua vivência da sexualidade.
Para muitos, sexo é motivo de vergonha e traz o sentimento de pecado; para
outros, sexo é possibilidade de prazer e vivência corporal
Dentro dessas expressões e explicações sobre o controle sexual a que
estamos submetidos até hoje, não apenas a Igreja, mas toda mitologia refletiam
as primeiras interferências da religião sobre a sexualidade.
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Entre os seres humanos, em nenhum lugar o sexo permaneceu
meramente um ato físico para aliviar certas tensões corpóreas. Ele
transformou-se dentro de todas as sociedades humanas, para tornar-se
uma área básica para moralidade e a organização da sociedade. Numa
distância ainda maior da biologia, ele gerou temas que passam através
da religião e da arte, assim participa de sistemas simbólicos
exclusivamente complexos. (Gregersen, 1983, p. 17)
O mundo patriarcal tem origem no Oriente Médio por volta do oitavo milênio
a.C. A Bíblia relata, desde as primeiras narrações, algumas representações que
podem ter sido distorcidas e interpretadas de forma a acentuar o patriarcado.
Entre os hebreus, a mulher era um ser inferior ao homem, não podendo participar
ativamente da religião a não ser pela obediência e autorização do marido. A
adúltera era apedrejada, e a menstruação tida como impureza. A mulher era
discriminada e semiescravizada pelo marido, pai, ou senhor.
Passando o período mítico, surge o advento das civilizações urbanas no
mundo antigo. O sexo gradualmente perde seu caráter mítico e passa a ser
racionalizado e controlado. Nunes (1997) refere-se a essa etapa em que se
distingue se sexo de reprodução e da fecundidade e é introduzida a noção de
prazer. Essa distinção coloca a mulher na dupla condição de reprodutora mãe e
uma mulher instruída nas artes do amor. Fica acentuada a divisão do trabalho,
fazendo com que os homens tomem o controle da produção e reprodução da vida.
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o tema virgindade pede a dignidade que se confere a ela, que é a possibilidade
de escolha, em uma doação, em uma integridade.
A estrutura familiar patriarcal reforça o machismo desde a infância e educa
o menino para exibir seu sexo e ostentá-lo orgulhosamente. Acabamos repetindo
as mesmas estruturas machistas e repressoras, repetindo a matriz que se dá num
nível de macroestruturação social, em que prevalece o poder, a dominação e a
expropriação (Nunes, 1997).
A teoria de Santo Agostinho foi a que teve grande impacto nas percepções
sobre a sexualidade. Agostinho foi teólogo cristão, e suas teorias se embasavam
na ideia de que o pecado era transmitido por meio do ato sexual pelas gerações.
Esse teólogo trazia o Cristianismo como proposta para toda doença relacionada
ao corpo e ao desejo.
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A relação sexual era possível dentro do matrimônio, contudo havia a
presença do uso do cinto de castidade na tentativa de impedir relações sexuais
fora do casamento.
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• Relações sexuais com mulheres na menopausa era um abuso à saúde
pública;
• O sexo era responsável por transmissão de muitas doenças sexuais,
inclusive demências;
• Condenação da masturbação como recomendação médica, pois a prática
poderia desenvolver tumores, podendo levar à morte.
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sagrado, envolve a busca de maior prazer associada as experiências místicas.
(Aquino, 1997).
Há muitos exemplos históricos de culturas e religiões que a praticaram, tais
como o hinduísmo védico, o taoísmo chinês, a Grécia e Roma clássicas. Com
opiniões divergentes, alguns historiadores relatam que Ars Erotica não teria
desaparecido do Ocidente cristão, mas alguns autores apontam que algumas
formas de arte possuíam essa vertente: como Ovídio, o amor cortês e a poesia
trovadoresca.
Foucault (2019, p. 79) reforça o pensamento:
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de origem inteiramente diversas. Entre uma e outra nenhum intercâmbio
real, nenhuma estruturação; a primeira desempenhou apenas, em
relação a outra, o papel de uma garantia longínqua e, ainda assim, bem
fictícia: de uma caução global sob cujo disfarce os obstáculos morais, as
opções econômicas ou políticas, os medos tradicionais, podiam
reescrever num vocabulário de consonância científica.
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5.3 Período da descompressão sexual
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REFERÊNCIAS
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