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CURSO DE PSICOLOGIA

LUDMILA FERREIRA BERGAMINI

MARTHA LANA SILVÉRIA

RESENHA CRÍTICA SOBRE O TEMA:

INTOLERÂNCIA DE GÊNERO

Vila Velha,ES.

2017
Ainda hoje, muitas pesquisas defendem que além das diferenças anatômicas
entre os sexos há também uma diferença mental entre meninas e meninos, onde diz que
os cérebros destes processam de formas diferentes diversas informações, sentimentos e
comportamentos. Mas ao fazermos uma análise social sobre o assunto, podemos
perceber que isso vai muito além do caráter biológico, pois devemos levar em
consideração o papel da cultura no processo de formação e socialização de meninas e
meninos, ou seja, é no meio social que as características sexuais femininas e masculinas
são construídas e representadas.

Perante a isso, os padrões impostos pela sociedade a cerca dos papéis de gênero,
acabam refletindo e criando uma intolerância sobre o tema, sendo essa intolerância
criada e alimentada desde a infância.
Para se tornar homem ou mulher, é preciso sujeitar-se a um processo chamado
socialização de gênero, fundamentado nas expectativas que a cultura de uma sociedade
tem em relação à cada sexo. Assim, ao nascer, uma pessoa deve ter uma determinada
conduta e seguir normas e comportamentos “aceitáveis” de acordo com seu gênero.
“Homens e mulheres adultos educam crianças definindo em seus corpos
diferenças de gênero. As características físicas e os comportamentos esperados para
meninos e meninas são reforçados, às vezes inconscientemente, nos pequenos gestos e
práticas do dia-a-dia na educação infantil” (Finco, 2003). Um exemplo disso é que se
um bebê nasce menina ela ganha presentes da cor rosa, se menino azul. Carrinhos para
meninos, bonecas para meninas, a forma diferente de falar com as crianças, elogiando a
meiguice e o cuidado da menina e como justifica as atividades sem capricho, ou o jeito
mais rude do menino.
Outro exemplo é o fato de pedir para uma menina a tarefa de ajudar na limpeza e
ao menino para carregar algo, já demonstra como as expectativas são diferenciadas. O
que é valorizado para a menina não é, muitas vezes, apreciado para o menino, e vice-
versa. Se um menino gosta de brincar de casinha e quer dançar balé ou se a menina quer
jogar futebol e brincar de carrinho, isso é visto de forma insultuosa à “normalidade”,
criando-se preconceitos, rótulos, dúvidas e julgamentos sem precedentes.
Devido aos papéis idealizados pela sociedade, surge o preconceito e a
intolerância que se estimula através de piadinhas, brincadeiras e outras formas de
bullying que se manifesta de forma involuntária e se encontra estereotipado à luz do
comportamento conservador.
Mas infelizmente, o preconceito não fica somente nas palavras mas também nas
agressões físicas, e os homossexuais, transexuais e travestis são por exemplo, as
maiores vítimas dessa intolerância, pois são vistos como pessoas que estão fora do
padrão, daquilo que é considerado normal por uma sociedade que só reconhece como
correto e aceito o gênero masculino e feminino, por uma sociedade que acredita e prega
que há comportamentos específicos para homem e mulher, e que não se pode fugir das
normas impostas. Segundo um relatório do Grupo Gay da Bahia (CGB) em 2014, 326
pessoas foram assassinadas no Brasil por não se encaixarem nessas regras, é um número
4% maior do que o ano de 2013. Entre as vítimas, 134 gays, 134 travestis, 14 lésbicas, 3
bissexuais, 7 amantes de travestis e 7 heterossexuais confundidos com homossexuais.
Portanto, é preciso mudar aos poucos essa realidade em todo o mundo.
Começando principalmente na educação infantil. “A escola através da desconstrução
dos sistemas de pensamento e atitudes sexistas presentes na sociedade (e na própria
escola), pode tomar para si a tarefa de resistir e promover a transformação dessas
concepções e comportamentos sociais. Não explicitando as desigualdades de gênero, a
escola corre o risco de acomodar-se e continuar reproduzindo os dicotômicos modelos
tradicionais na relação entre os sexos.” (Pupo, 2007)
Discutir valores como a ética, atitudes de combate aos estereótipos de
“masculinidade” e “feminilidade” e o respeito mútuo, são práticas educacionais
necessárias para se valorizar a diversidade de gênero e para que os comportamentos
citados sejam revistos e reavaliados na vida social e cultural, e que as imposições e
rotulações ideológicas sejam abordadas e discutidas a fim de reconhecer as diferenças
sem preconceitos e intolerância
Referências

Finco, D.(2007) A educação dos corpos femininos e masculinos na Educação Infantil.


In: Faria, Ana Lúcia G. de. O coletivo infantil em creches e pré-escolas: falares e
saberes. São Paulo.

Pupo, K. R. (2007). Violência moral no interior da escola: um estudo exploratório das


representações do fenômeno sob a perspectiva de gênero. Dissertação de Mestrado,
Faculdade de Educação. USP, São Paulo.

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