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“LAVADO E REMIDO PELO SANGUE DO CORDEIRO”

Fundamentalismo cristão e a ideologia ex-gay pela ótica da psicologia

Odacyr Roberth Moura da Silva1


Maria Cristina Smith Menandro2

No Brasil, país predominantemente cristão, posturas religiosas se destacam no cenário da


normatização das condutas sexuais. Discursos baseados em interpretações conservadoras do
código moral e doutrinário cristão desqualificam todas as formas de vivência sexual que não a
heterossexual. O objetivo deste trabalho é conhecer a ideologia dos movimentos cristãos ex-gays
e discutir o posicionamento da psicologia em relação à terapia de reparação sexual proposta por
estes movimentos. Para efetivar esta proposta, nos apoiamos tanto em resoluções e normas da
Associação Americana de Psicologia e do Conselho Federal de Psicologia, quanto em
documentos de base cristã relacionados à cura da homossexualidade disponíveis na internet, tais
como: os depoimentos de ex-gays, sites de autoajuda para quem procura reorientar-se, discurso
de autoridades religiosas nas redes sociais e guias de conduta para terapeutas da conversão
sexual. Procuramos problematizar os posicionamentos religiosos percebidos na nossa cultura e
dialogar em busca da construção de possíveis estratégias para minimização dos efeitos de
crenças religiosas sobre a população homossexual masculina.

Palavras-chave: Ex-gay, terapia de reorientação sexual, religião, fundamentalismo cristão.

Quando também um homem


se deitar com outro homem,
Como se fosse mulher,
Ambos fizeram abominação; certamente morrerão;

1
Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Bolsista do
CNPq.Email: odacyrroberth@gmail.com.
2Professora Adjunta do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento da
Universidade Federal do Espírito Santo. Email:cristinasmithmenandro@gmail.com.
O seu sangue será sobre eles (Lv. 20:13)

1 INTRODUÇÃO

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros,


Nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões,
Nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes,
Nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
E é o que alguns têm sido;
Mas haveis sido lavados,
Mas haveis sido santificados,
Mas haveis sido remidos em nome do Senhor Jesus,
E pelo Espírito do nosso Deus. (1Cor. 6:10-11)

A prática sexual entre pessoas do mesmo sexo está presente no mundo desde os
primórdios da história da humanidade. Algumas culturas, contudo, vem historicamente
atribuindo valor negativo a esta prática, ora concebendo-a como doença, ora como pecado. O
indivíduo que se assume gay, algumas vezes não suporta a pressão normativa que o rodeia e
busca reorientar-se para a heterossexualidade. A religião, enquanto uma das principais
instituições normatizadoras de condutas sexuais, vem sendo apontada como a maior motivação
pela procura de terapias de reorientação sexual.
Neste trabalho pretendemos conhecer a ideologia dos movimentos cristãos ex-gays e
discutir o posicionamento da psicologia em relação à terapia de reparação sexual proposta por
estes movimentos. O artigo fundamenta-se na leitura e análise do discurso presente em sites
cristãos que oferecem auxílio para indivíduos que buscam abandonar a prática homossexual por
meio da intervenção religiosa. Em seguida, traz o posicionamento da Psicologia em relação à
questão do oferecimento de terapias de conversão sexual e da ética que o profissional deve ter ao
abordar as múltiplas formas do indivíduo ser e se expressar sexualmente. Procuramos
problematizar as intolerâncias e fundamentalismos religiosos percebidos na nossa cultura e
dialogar em busca da construção de possíveis estratégias para minimização dos efeitos de
crenças religiosas sobre a população homossexual masculina, tendo em vista que o papel da
psicologia, no que tange às múltiplas formas de se vivenciar a sexualidade, é rejeitar os mitos
baseados em fundamentalismos e acolher a realidade plural.
2 HISTÓRIA DA HOMOSSEXUALIDADE

Os primeiros registros que existem da prática sexual entre pessoas do mesmo sexo na
história da humanidade datam de cerca de 2500 anos a.C, na III Dinastia Egípcia (FOGEL;
LANE; LIEBERT, 1989). Entretanto, há quem diga que existem documentos ainda mais antigos
que relatam experiência homossexual entre Oros e Seti, que remetem a 4500 anos a. C., também
ocorrido na sociedade egípcia (GUIMARÃES, 2009).
Outros registros foram encontrados na Grécia Antiga, onde o sexo entre homens era
prática comum, desde que fosse vivenciada dentro dos limites culturalmente delimitados
(RICHARDS, 1995). Quando atingiam a adolescência, as famílias encaminhavam seus filhos a
um homem mais velho, que assumia o papel de mestre, tendo a função de educar, proteger e
preparar o jovem para a vida pública. Na relação sexual, o mais velho deveria desempenhar o
papel de ativo e o mais novo, passivo. No devido tempo, tanto o mais velho quanto o mais novo
deveriam se casar com mulheres e procriar. As relações sexuais entre homens da mesma idade
eram desaprovadas, consideradas antinaturais, visto que feria o princípio de masculinidade dos
padrões gregos da época. Para manter a masculinidade preservada era necessário que o homem
mantivesse papel ativo com alguém considerado socialmente inferior (mulher, escravo ou jovem)
(FOGEL; LANE; LIEBERT, 1989; RICHARDS, 1995; SPENCER, 1999).
Já no Império Romano, de acordo com Richards (1995), era socialmente aceitável que um
homem mantivesse relações sexuais com parceiros do mesmo sexo desde que os papéis e
características culturalmente definidas de masculinidade e feminilidade fossem mantidos, ou
seja, desde que os homens que resolvessem aderir à esta prática não se feminizassem. O autor
cita como exemplo a reprovação social em relação ao imperador Nero que se vestia como mulher
e assumia a passividade na relação sexual e a ausência de qualquer retaliação do tipo em relação
ao imperador Adriano que manteve um caso de amor com o jovem Antinoos.
Com o advento do cristianismo, uma nova leitura das práticas sexuais entre pessoas do
mesmo sexo passa a existir. Embora o Antigo e o Novo Testamento tragam poucas passagens
referentes à esta prática, elas têm sido usadas desde então como base para alguns segmentos
religiosos e sociais tomarem posição contra elas (RIBEIRO, 2005).
Na Idade Média o sexo entre homens era visto como um hábito adquirido e quem o
praticava era nomeado de sodomita. Além das relações anais masculinas, a sodomia também
poderia se referir a qualquer atividade sexual que não tivesse como finalidade a reprodução da
espécie, tais como a masturbação e a bestialidade. Embora o próprio Jesus, fundador do
cristianismo, não tenha se ocupado em delinear um código abrangente de ética sexual, os
primeiros padres da igreja se encarregaram desta função, estabelecendo que todo sexo não-
procriativo era uma violação da natureza. Quando Roma adotou o cristianismo como religião
oficial, estas opiniões se transformaram em leis. O código de leis morais criado pelo imperador
Justiniano (527-565 d. C) era tão rígido que decretava pena de morte aos homossexuais
(RICHARDS, 1995).
No século XV os valores sexuais cultivados na Grécia Antiga voltaram à tona através de
filósofos que possuíam uma visão mais humanista e defendiam o amor masculino. Contudo, o
preconceito contra dois homens da mesma idade que se relacionavam sexualmente continuou a
crescer. A partir do século XVII, com o advento e expansão do capitalismo, houve um aumento
da competitividade entre os homens, o que diminuiu a possibilidade de haver contato íntimo
entre eles. Já no século XIX, a homossexualidade perde um pouco do seu vigor enquanto pecado
e passa a ser vista como uma patologia, uma doença a ser tratada (VECCHIATTI, 2008
apudDIETER, 2012).
Ao final do século XIX, as sexualidades consideradas periféricas, incluindo-se aí a
homossexualidade, sofreram severo controle e passaram a ser monitoradas por meio de aparelhos
de vigilância baseados em mecanismos disciplinares. Esta nova forma de poder exercido sobre
estas sexualidades que fugiam da normalidade ocasiona a incorporação das perversões e a nova
especificação dos sujeitos, criando estigmas e reforçando preconceitos (FOUCAULT, 2015).
O movimento homossexual começou a se fortalecer e ganhar forma ainda na segunda
metade do século XX. O movimento colocava em cheque vários pressupostos científicos que
davam status de doença à homossexualidade, embora fosse complacente à ideia da existência de
uma identidade homossexual. Este modo de ser homossexual, partilhado pelo grupo, alcançou
importância tanto subjetiva quanto política (SAGGESE, 2009).
O uso do termo “gay” ficou por muito tempo restrito aos guetos americanos, sendo
gradativamente disseminado no meio homossexual (GREEN, 2000). Guimarães (2009) afirma
que a expressão se difundiu depois do episódio de Stonewall, em junho de 1969 na cidade de
Nova York, assentado nos movimentos de liberação homossexual, surgindo como forma de
dissipar o cunho psiquiátrico que carregava o termo “homossexual”. O termo “gay” ocupa, desta
forma, uma função de militância e de desestigmatização do indivíduo homossexual.
Apesar (e por causa) do avanço dos movimentos sociais e das conquistas da comunidade
LGBT surge, em meio a inúmeras contradições, dialéticas e heterogeneidades que permeiam o
contexto das homossexualidades,a ideologia cristã fundamentalista,oferecendo possibilidade
dealteração da orientação sexual àqueles indivíduos que foram levados a acreditar que é
pecaminoso ou patológico ser homossexual. Neste movimento, ao mesmo tempo em que os
integrantes destes grupos cristãos são movidos por uma ideologia eivada de preconceito e
discriminação, eles também a retroalimentam à medida em que ressignificam as práticas
homofóbicas persistentes ao longo dos séculos utilizando interpretações unilaterais da Bíblia
como justificativa.

3 MOVIMENTOS CRISTÃOS EX-GAY: SALVAÇÃO OU MORTE PARA A ALMA?

A maior organização ex-gay do mundo é cristã. Chama-seExodus Global Alliance,atende


em 11 idiomas, possui inúmeras filiais nos quatro cantos da Terra,dentre as quaisnoveestão no
Brasil3. O principal foco desta organização é a libertação da homossexualidade através do poder
de Jesus Cristo.Ela possui três missões: (1) proclamar que a fé em Cristo e uma vida

3
Informações do site Exodus Brasil. Disponível em <http://www.exodus.org.br/preciso-de-ajuda/ministerios-
filiados/>. Acesso em 30 de junho de 2016.
transformada são possíveisatravés do poder de Jesus Cristo para as pessoas que experimentam a
atração pelo mesmo sexo e pessoas envolvidas na homossexualidade; (2) equipar os cristãos e
igrejas para defender o ponto de vista bíblico da sexualidade e responder com compaixão e graça
às pessoas afetadas pela homossexualidade; (3) servir as pessoas afetadas pela homossexualidade
através da comunhão cristã, discipulado, aconselhamento, grupos de apoio, conferências e outras
formas de ajuda em Cristo.
Segundo Nascimento (2009), os grupos evangélicos que atuam no Brasil (Moses –
Movimento pela sexualidade sadia; CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras cristãos e
ABRACEH – AssociaçãoBrasileira de Apoio a Pessoas que Voluntariamente Desejam Deixar a
Homossexualidade) partem do pressuposto que a homossexualidade é um comportamento
aprendido. Seguindo esta lógica, seria possível, então,reformular o comportamento do indivíduo
de modo com que ele reaprendesse a ser heterossexual.
O site brasileiro Ex-gay nova identidade4 também oferece ajuda para quem quer se livrar
do “vício homossexual”.Dentro da visão cosmológica e doutrinária que guia as religiões cristãs,
o autor do site define homossexualidade como

(...) a busca de amor, que não foi preenchida na infância. Pela feminilidade da mãe ou
masculinidade do Pai.Não é um problema sexual. É um problema emocional. Ou seja,
se faltou amor de Pai, você procura esse amor em outros rapazes, se faltou amor de mãe,
em outras mulheres. Faltou um Pai ou Mãe que amasse, abraçasse e dissesse que amava.
Como isso não acontece, ficamos procurando nos outros rapazes e moças o pai/mãe que
nunca tivemos, o amor masculino ou feminino que nunca tivemos. Em nossa sociedade,
tudo é levado pro lado do sexo, erotizando assim os relacionamentos.
(...) HOMOSSEXUALIDADE É A BUSCA DESESPERADA POR AFETO. E esse
afeto você só encontra em Jesus!!Praticar o homossexualismo, é AMAR UM HOMEM
MUITO MAIS QUE JESUS!! (Grifo do autor) (TEHILAH, 2012).

A literatura evangélica aponta como fatores intervenientes para a produção de um


homossexual (1) o abuso sexual sofrido na infância, (2) dificuldades na relação da criança com
os pais e (3) relacionamento deficiente com o pai (no caso dos meninos) ou a mãe (no caso das
meninas) (NATIVIDADE, 2006). Nos sites visitados, também há menção de outros fatores, tais
como “família desestruturada”, pai ausente, mãe dominadora, possessão demoníaca, excesso de
pornografia e desejo dos pais em ter filhos do sexo oposto. Inúmeros homossexuais se apropriam

4
http://exgaynovaidentidade.blogspot.com.br/
deste tipo de informação e, acreditando no poder de predição destes fatores, procuram encontrar
o ponto inicial onde sua sexualidade “desviou-se dos caminhos da normalidade” para, a partir
daí, realizar um exercício de regressão e tentar começar de novo. O blog Um futuro ex-gay5, que
se propõe a acompanhar a evolução da transformação sexual de um indivíduo, traz o relato de
um rapaz, assim como tantos outros, que atribuem suas vivências e desejos sexuais atuais a um
abuso sexual sofrido na infância:

Aos quatro anos eu fui molestado por um amigo bem próximo a qual a gente se tratava
como primo ele vivia na minha casa a gente fazia quase tudo juntos. Mas um dia a gente
saiu pro mato pra pegar passarinho e ele que já devia ter uns 8 anos me ensinou coisas
que antes era desconhecidas, pegou no meu pênis me mandou fazer sexo oral nele e nos
encostamos mas sem penetração eu não sabia oque tava fazendo mas ele sim, ele tinha
entendimento. Dali por diante começamos a fazer aquilo sempre eu comecei a gostar,
fazíamos tudo sempre, foi dai que eu comecei a gostar de sexo, virei um viciado fazia
com todo mundo que vinhesse mas com ele era especial eu já era dele e ele meu sempre
faziamos aquilo em qualquer lugar escondido ele me mostrou esse mundo horrível.

No blog Ex-homossexuais falam a verdade6 encontramos alguns exemplos clássicos da


explicação da homossexualidade através de fatores externos:

Sou casado tenho 21anos, sou evangélico pentecostal, e fui abusado na minha infância.
Em virtude disso comecei a sentir desejos homossexuais que se afloraram na minha
adolescência (Paulinho de Jesus).

Quando eu estava sendo gerado no ventre da minha mãe o diabo usou a boca da minha
vó e disse: olha o filho que esta sendo gerado no seu ventre vai ser um travesti muito
conhecido e ai então eu nasci (Luis Mauro Fonseca).

Tudo começou quando eu tinha cinco anos de idade. Um parente bem próximo me
abusou. (...) Esse parente convivia na mesma residência que eu. Durante certo tempo fui
um "brinquedo" usado para sexo oral. Sinceramente, eu não sabia o que estava fazendo.
(...) E para piorar essa situação a minha mãe disse que quando estava grávida de mim,
queria muito uma menina, para, então, ter dois casais de filhos (Anônimo).

O site Ex-gays [um direito]7possui uma área chamada Confessionário onde os gays que
estão buscando mudar sua orientação sexual relatam suas experiências, sejam elas de vitória ou

5
http://futuroexgay.blogspot.com.br/
6
http://exgaysfalam.blogspot.com.br/
7
http://www.oexgay.com/
de derrota. Alguns relatos foram extraídos para ilustrar o estado emocional de recusa da própria
sexualidadeem que se encontram estes indivíduos:

Tenho 17 anos e desde pequeno sinto atração por homens, já me masturbei diversas
vezes pensando em homens e sempre me sinto culpado, pois desejo uma vida normal,
casado com mulher e filhos. Quando eu era pequeno, meu pai não me dava muita
atenção e eu passava mais tempo com a minha mãe e a minha irmã (...). Na rua sempre
me chamavam de viadinho (...) O único abuso que sofri, foi quando tinha 10 anos. Pra
falar a verdade não sei se foi mesmo um abuso, pois foi com minha irmã, ela ficava me
beijando na boca e me agarrando, nada mais que isso. Ultimamente tenho me
masturbado bastante pensando em homens, geralmente prefiro homens mais velhos do
que novos (...). Também sinto inveja dos rapazes que são independentes e másculos (...).
Às vezes entro em sites de bate-papo gay e fico me mostrando na webcam. Sempre que
faço isso me sinto péssimo. (...) Peço somente que me ajude, quero ter uma família com
uma esposa e dois filhos se Deus quiser, quero ser feliz ao lado de uma mulher, não
consigo me ver feliz com outro homem. (...) Estou tentando pedir a Deus todos os dias
que tire isso de mim, quero muito ter uma namorada e ser feliz, mas com esse desejo
que tenho em mim, nada disso vai ser possível. Quero muito ser feliz, como todo
homem é, por favor, me ajude, irei orar muito para alcançar esta felicidade (Anônimo,
27 de novembro de 2014).

Tenho 17 anos e me repugno por ter pensamentos homossexuais. (...)Quero deixar de ter
esses pensamentos na base do cientificismo e de profundas leituras concretas na base da
ciência. (...) Não me levem a mal (...) porém o cristianismo não me desce.
(...)Felizmente nunca tive qualquer relacionamento com um indivíduo do mesmo sexo
(tudo o que tenho são desejos ruins que quero abandonar), por isso considero-me
privilegiado por ser mais fácil. Nunca namorei mulheres, mas já “fiquei” com uma s
garotas e gostei da experiência (por isso me considero mais propenso à cura) mas foi há
muito tempo, eu tinha uns doze anos. Mas no fundo sempre tive essa obsessão pelo
mesmo sexo que me deixa inquieto. Sinto tesão em homens e isso é muito doloroso. Me
masturbo e quando gozo sinto raiva de mim mesmo. Quero acabar com esta miséria!
Estou muito infeliz com essa minha vida... (...). Quero ser felizsendo hétero pois admiro
o estilo de vida masculino e quero ser desse jeito. Por favor, me ajudem, estou perdido e
desesperado. Serei eternamente gratoa vocês quando me curar (Anônimo, 24 de
dezembro de 2014).

Tenho 25 anos e creio estar passando pela fase mais difícil da minha vida. Aos 22 anos
fui diagnosticado com depressão, e depois de muito tempo pude perceber que a causa
dessa depressão toda era unicamente a confusão quanto minha sexualidade, porém
nunca quis aceitar isso (...). Caí na besteira de ficar atraído por um homem que conheci
num chat (...) porém chegou uma hora que dei um basta na relação ainda que virtual
(...). Hoje ainda sofro porém pouco com a ausência de não falar mais com ele, mas sei
que isso passa. O maior problema é se realmente eu irei consegui me doar 100% a uma
vida heterossexual, sem aquela preocupação de recaída. Esse é o sonho de minha vida,
não precisar pensar mais nessa situação e simplesmente viver uma vida onde consiga
construir uma vida plena na qual eu sempre sonhei, casar, ter filhos... Ou ainda que eu
não case, mas que possa viver sem essa maldição (...), preciso saber um meio, um tipo
tratamento passo a passo pois creio na completa reestruturação da mente. (...) Nunca me
imaginei nessa vida e me recuso a ser. Espero que realmente possamos sair dessa ou
então restará aceitar isso, porém não praticar e vigiar. Acho que dói menos (Anônimo,
23 de janeiro de 2015).

Nasci em um lar evangélico, com 9 anos de idade em um velório fui ao w.c. e lá um


homem me chamou para entrar dentro de um box, oferecendo pipoca, se eu pegasse em
seu pênis, não contei pra ninguém, a partir passei a querer pegar e ver dos meus
familiares, com 10 anos comecei a gastar de um garoto da minha igreja Congregação
Cristão no Brasil, ele nunca soube, com 11 comecei a adquirir trejeitos, meu pai falava:
anda direito, engrossa essa voz. Isso foi bom porque diminuíram os xingos e zuação dos
outros. Com 15 anos resolvi me voltar totalmente para Deus e me batizei, fiquei firme,
sentia fortemente a presença de Deus na igreja e raramente sentia desejos por homens,
isso durou por 1 ano. Trabalhava como office boy, estava entregando um doc um cliente
em um cento empresarial, fui ao w.c., encontrei com um cara, o mesmo enfim se
aproximou e como estava vazio fez sexo oral em mim, desde então eu comecei a me
afastar da igreja até o momento que tive a primeira relação sexual. Na doutrina da
Congregação Cristã quando isso acontece é pecado de morte, ou seja, sem liberdade,
sem saudações pelos membros, condenado ao inferno. Entrei em depressão, pensei em
suicídio mas não tive coragem. Enfim, me recuperei e comecei a frequentar as baladas e
me prostituir nos w.cs, parques, qualquer lugar possível. Sentia falta de Deus, fui para o
Espiritismo Wicca, Budismo, mas nada preenchia, até conhecer as igrejas com teologia
inclusiva que foi ótimo porque, confesso que sentia a presença de Deus, só com o tempo
acabei entendendo que não estava certo. E hoje me vejo preso ainda na prostituição, não
consegui encontrar uma igreja que me ajudasse (...), já tentei falar com alguns pastores
para ajudar mas não deu certo. Hoje sei que Deus me ama, só que o pecado me afasta
dele (Marcelo Rodrigo, 22 de outubro de 2015).

Estas falas demonstram o desespero em que muitos indivíduos estão mergulhados ao


tomarem consciência de seus desejos sexuais e da rejeição social que a expressão do ser
homossexual pode ocasionar. Sabe-se que a homofobia pode ocorrer em qualquer esfera da vida
do homossexual, seja acadêmica, familiar, religiosa, laboral, etc.. Contudo, o intrigante é que os
espaços que mais deveriam desenvolver a função de amparo afetivo e emocional são os que têm
se mostrado mais hostis, deixando o indivíduo mais emocionalmente vulnerável.
Em seu texto “Uma perspectiva cristã para a homossexualidade”, Craig (2010) aponta que
a tendência à homossexualidade não é condenável pela Bíblia. O que ela abomina é a prática
homossexual. Ele explica que um homem não precisa necessariamente ser homossexual para ter
relações sexuais com outro homem e que à época em que a bíblia foi escrita, a concepção de
homossexualidade como orientação sexual tal qual entendemos hoje não existia. Desta forma,
biblicamente falando, para não ser considerado um pecador, seria permitido ao indivíduo sentir
desejos homoeróticos e até se declarar publicamente homossexual, desde que ele não mantivesse
relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo.
Craig (2010), embora reconheça que as pessoas não optam por ser homossexuais, rebate
os argumentos trazidos pelos grupos ativistas homossexuais que dizem que a homossexualidade
é genética. Para ele, “ainda que a homossexualidade fosse de caráter completamente genético,
esse fato isolado não a torna diferente em nada de um defeito de nascimento, como a fenda
palatina ou a epilepsia. Ou seja, isso não significa que seja normal e que não devamos tentar
corrigi-la.”. Ele segue dizendo que “é plenamente possível alguém lutar contra sua tendência
homossexual e ser um nascido de novo, um cristão cheio do Espírito”.
Comparações entre a homossexualidade e outros vícios ou desejos tais como o alcoolismo
estão presentes não apenas na obra de Craig, mas também no conteúdo dos sites visitados e até
nos comentários de pessoas que estão lutando contra a homossexualidadee daquelas que se
propuseram a ajuda-las a se libertar. Eles acreditam que, tal qual um alcoolista que quer deixar
de beber, um gay que tenta abandonar a homossexualidade pode sentir dentro de si o desejo por
outros homens por toda a vida. A renúncia seria diária para ambos os casos. O dever seria resistir
à tentação, “evitar o primeiro gole”. Em um dos sites visitados, um indivíduo chegou a fazer uma
comparação entre o desejo pela pessoa do mesmo sexo e o desejo por matar outra pessoa. O
argumento presente no comentário partia do pressuposto de que quando alguém deseja cometer
um homicídio, o desejo não o torna um assassino. Da mesma forma, o desejo por fazer sexo com
uma pessoa do mesmo sexo não tornaria a pessoa um homossexual.Se analisarmos esta premissa
pela lógica unilateral de causa-efeito, ela parece fazer sentido. Contudo, se atentarmos que a
orientação sexual engloba a esfera do comportamento, da atração e da identidade sexual, logo
percebe-se que este argumento não se sustenta. Colocar em evidência apenas um aspecto da
sexualidade e supervalorizá-lo em detrimento dos outros parece não ser argumento
suficientemente crível para se afirmar uma mudança da orientação sexual.
Para Craig (2010), “ohomossexualismo(sic) é um estilo de vida autodestrutivo, ilegítimo
e perigoso, exatamente como o alcoolismo e o tabagismo, que são viciantes e
autodestrutivos”.Estas afirmações são sustentadas em dados estatísticos trazidos pelo autor sobre
o tipo de vida que levam os homossexuais. Ele diz quea grande maioria dos homens
homossexuais (75%) têm mais de 100 parceiros durante sua vida e que,em média, os homens
homossexuais têm mais de 20 parceiros num ano.Aponta também que 47% dos homossexuais
masculinos apresentam histórico de uso excessivo de álcool e 51% de uso excessivo de drogas.
Além disso, 40% dos homens homossexuais apresentam um quadro de depressão profunda em
algum momento da vida, em contraposição a apenas 3% dos homens em geral. Os dados do autor
ainda indicam que “75% dos homens homossexuais são portadores de uma ou mais doenças
sexualmente transmissíveis, e isso sem mencionar a aids” (grifo do autor).
Craig (2010)também reforça sua posição ideológica no âmbito legislativo, afirmando
categoricamente ser contrário à formulação de leis que garantam igualdade de oportunidade de
emprego à homossexuais, visto que seria inconcebível, em sua perspectiva, imaginar uma
professora de educação física lésbica tendo contato com sua filha ou um treinador gay tendo
acesso ao lugar onde seu filho troca de roupa. Com os mesmos argumentos, defende a restrição
da liberdade dos homossexuais para adotar, dizendo defender o bem comum e a saúde pública.
Enfim, deixa duas orientações práticas para os homossexuais e os heterossexuais. Para o
primeiro grupo, ele sugere que estes se mantenham castos, evitar a pornografia e a fantasia
sexual e manter mente e corpo limpos. Aos heterossexuais ele reforça que a tendência
homossexual não é pecado, e que por isso, faz-se necessário que eles aceitem e acolham os
irmãos que têm lutado contra esta tendência, fazendo com que o amor e o perdão de Deus
cheguem até os indivíduos que passam por este problema.
Natividade e Oliveira (2013) realizaram uma análise sobre os discursos realizados por
religiosos que abordavam o tema da diversidade sexual publicados em blog de personalidades
cristãs ou em sites de igrejas no Brasil. Nestes discursos estavam inseridas informações que
desqualificavam, com base em uma interpretação conservadora e fundamentalista do código
moral e doutrinário cristão, todas as formas de vivência sexual que não a heterossexual. Este
discurso que reforça estereótipos e preconceitos criando/mantendo aversão aos homossexuais
com base em dogmas religiosos foi nomeado pelos autores de homofobia religiosa. Esta, é
expressada cotidianamente através de pregações nas igrejas, folhetos e livros religiosos,
programas televisivos, etc. tendo, nos últimos anos, ganhado cada vez mais espaço a ponto de
influenciar o rumo das políticas públicas no país visando a redução dos direitos da população
LGBTT.
Diante de toda esta representação negativa implementada pelos fundamentalistas cristãos
acerca da homossexualidade, se torna plausível que, para os indivíduos homossexuais inseridos
neste contexto, a busca pela “cura” seria a saída mais coerente. Nesta situação, o indivíduo
acredita ser mais lógico ele se adaptar à ideologia do grupo que o grupo se adaptar a ele,
aceitando-o como ele é. Para Nascimento“a cura se trata então, de uma adequação do indivíduo
divergente às normas vigentes do grupo eas práticas sexuais permitidas dentro do casamento
homem x mulher cristão”(2009, p. 6).

4 O QUE A PSICOLOGIA TEM A DIZER?

Conforme explicitado pelo Código de Ética do Psicólogo, no artigo 2, inciso b, a


psicologia respeita a liberdade religiosa e as convicções pessoais de cada indivíduo. O que está
em questão neste trabalho não é a decisão de determinados indivíduos abandonarem a
homossexualidade, mas a forma como determinado segmento religioso patologiza uma prática
social, se apropria de parte dos saberes produzidos pela psicologia para justificar-se e, ainda,
baseado nestes saberes,propõe intervenções ditas terapêuticas. O compromisso da psicologia é
com o ser humano, com a ciência e com a ética. Por isto lutamos contra informações como esta,
intitulada “Sugestões para pais que estão enfrentando a homossexualidade dos filhos”,divulgada
pelo sitecristão Missão Grupo de Amigos8, que circulam pela rede:

Um jovem que queira se livrar da homossexualidade deve saber que há ajuda


profissional disponível. Algumas pessoas podem se beneficiar de grupos de mútua ajuda
liderados por pessoas que venceram a homossexualidade, tanto seculares como de várias
denominações religiosas. Lembre-se de que a pessoa deve querer a mudança; os pais
não podem impor isso aos filhos. Seja paciente, mudanças demoram a acontecer. A
terapia em grupo pode ajudar na reconstrução da família no tempo certo e o trabalho
individual é importante para pais e filhos, pois envolvem dinâmicas diferentes. Oficinas,

8
https://missaoga.wordpress.com/
psicodrama e retiros de fim de semana que abordem de forma aprofundada a identidade
de gênero também podem ajudar.

A Terapia de Reorientação Sexual, também conhecida como Terapia Reparativa, vem


sendo exercida principalmente por grupos cristãos conservadores. Ela está presente com
intensidade maior nos Estados Unidos, onde a cultura religiosa é mais forte (DAVIES, 2012).
Contudo, através do empenho missionário de organizações de ex-gays que realizam treinamento
de conselheiros e psicoterapeutas cristãos, a esperança da reorientação sexual tem se espalhado
por outras partes do mundo, enfatizando a religião e a terapia como cura da homossexualidade
(BECKSTEAD, 2012).
Se por um lado a APA não aponta qualquer possibilidade de reorientação sexual, por
outro lado também não a nega completamente. Jones e Yarhouse (2011) constataram uma sutil
alteração no posicionamento da Associação em relação a esta questão. Os autores afirmam que
durante anos houve um consenso entre os profissionais da psicologia de que a orientação sexual
era imutável, sendo absoluta a resposta que a APA mantinha em sua página sobre a
(im)possibilidade de alterar a orientação sexual através da terapia: “Não... Homossexualidade
não é uma doença. Ela não requer tratamento e não é mutável" (APA, 2005). Em 2009, no
entanto, buscando fornecer respostas terapêuticas apropriadas à orientação sexual, a APA, em
alguns pontos do relatório, mostrou uma posição agnóstica em relação à reorientação sexual,
chegando a afirmar em certo instante que “uma mudança duradoura para a orientação sexual de
um indivíduo é incomum” (APA, 2009, p. 2). Jones e Yarhouse entendem que incomum não é
impossível.
Em 2013, o Conselho Federal de Psicologia brasileiro, publicou em seu site9 um
manifesto acerca do projeto de decreto legislativo nº 234, de 2011, (popularmente conhecido
como projeto da “cura gay”) que tramitava no Congresso Nacional, e que tinha por objetivo
revogar a resolução CFP 001/99 que “Estabelece normas de atuação para os psicólogos em
relação à questão da Orientação Sexual”. A nota dizia que a tramitação do projeto retomava
discussões obsoletas e vencidas e alimentava o preconceito e a discriminação. Reiterou que a

9
http://site.cfp.org.br/nota-de-esclarecimento/
homossexualidade não é uma doença, distúrbio, nem perversão e que o Conselho não retira do
psicólogo o direito de tratar homossexuais, contanto que este não lide com o assunto como se
tratasse de uma doença (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013).
De fato, desde 1975 a homossexualidade já não é mais considerada doença pela APA.
Outras organizações também já despatologizaram a homossexualidade há decadas, tais como a
Associação Americana de Psiquiatria em 1973, o Manual Diagnóstico e Estatístico dos
Distúrbios Mentais, em 1987 e a Organização Mundial de Saúde, através do CID-10, em 1993.
Apesar disto, “esta celebrada despatologização da homossexualidade, não foi capaz de resolver
todas as questões que longos anos de pertença a códigos punitivos, listagens de aberrações e
perversões e finalmente a um repertório nosológico ‘cientificamente’ estipulado, tinham
instalado” (LEAL, 2004).
Assim, conforme aponta Matias (2007), o papel da psicologia no que tange às múltiplas
formas de se vivenciar a sexualidade é rejeitar os mitos baseados em fundamentalismos e acolher
a realidade plural. O autor ainda reafirma a urgência de se discutir temas sobre esta pluralidade,
não raramente deixadas em segundo plano ou tratadas de forma radical.
Temos em vista que nenhuma orientação sexual – seja homossexual, assexual, bissexual
ou heterossexual – requer, por si só, tratamento, já que não se trata de uma patologia. O que pode
motivar necessidade de cuidados com a saúde emocional deste público são as condições adversas
presentes no ambiente em que eles estão inseridos, ambiente este eivado pelo estigma e a
discriminação (MONTOYA, 2006).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre o preto e o branco existe uma miríade de tons de cinza. Nesta diversidade,
encontramos gays, ex-gays e ex-ex-gays, e em todos estes grupos encontramos pessoas que
afirmam estar felizes em sua atual condição. Não foi pretensão deste ensaio deslegitimar a
vivência de indivíduos que se declaram ex-gays, tampouco provar cientificamente a
possibilidade ou não da mudança intencional da orientação sexual. Não temos o poder de definir
que o sujeito não está sentindo o que ele diz sentir.
A crítica central se refere à forma violenta como algumas instituições (em especial
aquelas guiadas pelo fundamentalismo protestante) utilizam a Bíblia para justificar seus atos de
homofobia em pele de amor.Questiona-se a imposição de uma verdade sacralizada que perpetua
violência e estigmatização.Os argumentos trazidos no texto refletem as diretrizes para a atuação
do profissional da psicologia em relação àqueles que buscam terapias psicológicas para
reorientar-se sexualmente, tendo sempre em vista a luta contra o preconceito por orientação
sexual e a intolerância ao diálogo. Espera-se que este trabalho contribua para o adensamento das
discussões que problematizam a ideologia contida nos discursos religiosos que versam
intolerantemente sobre os seres sexuados.

REFERÊNCIAS

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