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O MITO DA FRAGILIDADE FEMININA.

O texto ora apresentado aborda questões de grandes controvérsias no que tange a


capacidade física e psicológica/emocional das mulheres em relação ao sexo oposto.

Deve-se questionar, se realmente os homens são mais fortes que as mulheres?


Compreende-se que a luta feminina para aceitação social como um ser pensante acabou por
limitar as mulheres em seu direito de desenvolvimento físico?

O desenvolvimento físico por muito tempo era o argumento utilizado por homens para
a justificativa na “guerra dos Sexos”. No entanto, as primícias humanas relatam que as
mulheres ocupavam lugar de destaque social.

Segundo Ribeiro (2011) desde o princípio da humanidade mulheres se destacavam


socialmente devido a responsabilidade da organização e administração do Clã no que se
referia a distribuição de alimentos. A estrutura de que se desenvolvia em torno da caça, pesca
e arrecadação de alimentos não se referia a poder pois essa tinha como proposito a
subsistência coletiva, as mulheres também eram endeusadas devido a capacidade de gerar
uma vida em seu corpo sendo associada o seu poder ligado a fertilidade terrena e dos animais.

Destarte que homens e mulheres viviam em harmonia e reinavam as Deusa, porem


essas não eram mais detentoras de poder que o homem. Pois a mulheres estavam associadas a
um poder magico pois tinham o dom da vida e sua fecundidade faziam a fertilidade dos
campos.

Explana Zanchetta (2016) que em Çatal Huyuk, na Turquia, há estatuetas de uma


mulher sentada em um trono ao lado dela encontra-se duas panteras uma de cada lado nas
quais a imagem feminina apoia cada uma de suas mãos, referindo a imagem de mãe e senhora
da natureza. O que nos remete ao período paleolítico.

Por muito tempo viveram-se em um período martriarcalista que demostra uma


parceria entre homens e mulheres, posteriormente adveio o período patriarcalista este de
bipolaridade.

Acentua Ribeiro (2011) que em torno dos anos de 9000 a.C a mulher passa a ser
dominada pelos homens exaltando a masculinidade e inferiorizando a feminilidade. Isso
decorre quanto a criação de mitos apresentadas pelo homem pois a ele cabe justificar a sua
maneira de ser, agir, julgar quanto mulheres desamparadas subordinadas e por eles dominadas
que institui principalmente de forma psicologia a fragilidade feminina, e assim, essas passam
a ser rotuladas como escravas/propriedades dos homens.

Relatos religiosos demonstram que a mulher foi criada da costela de Adão na qual
remete uma dependência do gênero feminino ao masculino que demonstra claramente uma
inversão da realidade biológica. (RIBEIRO, 2011).

Assim sendo, historicamente as mulheres vivem um quadro de constante dominação


masculina na qual coisificou a mulher reduzidamente a um objeto de desejo, prazer,
serviços/domésticos e procriação, o que se associa a todo tipo de violência física, e/ou
simbólica.

Acentua Ribeiro (2011) apud (NUNES, 1987) as três fontes de estruturas


fundamentais sendo estes o patriarcalismo ocidental é “grosso modo, a tradição religiosa e
moral hebraica, a cosmovisão e estrutura social Greco-romana e as instituições familiares
bárbaras medievais” Essa por sua vez tinha sua validação como já mencionado pela própria
religião, que desenvolveu uma teologia de inserção e delegação/criminalização em torno do
pecado original, onde a mulher foi estigmatizada por transgressão a Deus, a qual lhe aproveu
a exclusão do paraíso.

Destarte que em nossa sociedade pós-moderna, vemos que cada vez mais as mulheres
serem violentadas, discriminadas, subjugadas e morta. Atualmente nos deparamos com todos
os tipos de violência contra a mulher onde essa é subjugada a situações de humilhações e
dominação imposta pelo homem e pela sociedade que de forma camuflada exerce seu
machismo, podemos então afirmar que estamos diante da questão de gênero?

Ribeiro (2011) apud Joan Scott (1995, p. 86): quando se refere a questões de gênero
para o autor ao falar em fragilidade essa não deve ser associada a força física em um sentido
biológico, e sim a outros tipos de forças de formas simbólicas, uma vez que o conceito de
gênero é um elemento constitutivo de relações que norteiam as diferenças percebidas entre os
sexos.

Um exemplo citado por Ribeiro (2011) descreve que culturalmente a fragilidade


feminina está ligada ao instinto (principalmente quando se refere a maternidade), ou seja ela
age com as emoções se ausentando da razão, no entanto o homem é um ser apropriado de toda
razão em todas as suas ações, até mesmo quanto este utiliza o meio de dominação ao gênero
feminino.
Ressalta ainda, Ribeiro (2011) que o mito da Fragilidade feminina por sua vez
confinou mulheres ao reduto do “LAR” limitando suas relações quanto a vida pública e caso
essas descumpra as normas impostas quanto a sua feminilidade estarão cometendo ato de
insubordinação. Pois a sociedade Machista espera da mulher padrões de beleza, delicadeza,
obediência, recanto, honestidade e infinita bondade. (Aceitação das violências praticadas
contra elas, seja moral, patrimonial, física, psicológica).

Atualmente, assim como no decorrer do tempo e do espaço as mulheres vêm buscando


transformações quanto ao Mito da Fragilidade imposta a elas. Fato que em seu cotidiano essas
arregaçam as mangas e vão à luta para melhores condições de vida para si e sua família.
Atualmente com várias formas e conceitos de famílias temos a mulher como chefe e
provedora da subsistência familiar, (como no período martriarcal), e para tal essas enfrentam
as violências concretas referente pelo fato de serem mulheres que culturalmente
desobedeceram a uma cultura.

Assim sendo, as várias formas de violência ainda estão presentes, onde o


mecanismos de controle e de reprodução das desigualdades, constituindo-se em
método para intimidar e subordinar as mulheres, mantendo o desequilíbrio de poder
nas relações e marcando a dominação masculina.
Referências
NUNES, C. Desvendando a sexualidade. Campinas: Papirus, 1987.

Ribeiro, Antônio Lopes. 2011. Razão e sensibilidade: a desconstrução do mito da fragilidade


feminina. Disponivel em m: http://www.pucpr.br/eventos/congressoteologia/2011/. Acessado
em Março de 2022

SCHOTT, R. Eros e os processos cognitivos: uma crítica da objetividade em filosofia.


Tradução de Nathanael, C. Rio de Janeiro: Record, 1996.

Zanchetta, Maria Inês, 2016. As divindades femininas: No princípio, eram as deusas.


Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/as-divindades-femininas-no-principio-eram-
as-deusas/As divindades femininas. acessado em Março de 2022

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