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FICHAMENTO - ARRUZZA, C.

LIGAÇÕES PERIGOSAS ENTRE GÊNERO E


CLASSE
Em: Ligações Perigosas - Casamentos e divórcios entre marxismo e feminismo

SOBRE A AUTORA:
Cinzia Arruzza é professora associada de filosofia na New School for Social
Research, na cidade de Nova York.Foi uma das principais organizadoras da Greve
Internacional das Mulheres nos Estados Unidos e integra o coletivo editorial da
Viewpoint Magazine.

Traduzido e publicado em 2019 pela Usina Editorial aqui no Brasil [Merlin Press,
2013];

Livro em 4 capítulos, CASAMENTOS, DIVÓRCIOS, LIGAÇÕES PERIGOSAS


ENTRE GÊNERO E CLASSE E UMA UNIÃO QUEER ENTRE MARXISMO E
FEMINISMO

Nos dois primeiros capítulos é feita uma discussão sobre as experiências históricas
importantes no processo de organização das mulheres e também a
vinculação/confronto desse processo com o movimento operário;

Os dois últimos fornecem um panorama breve do debate teórico sobre a relação


entre a opressão sexual/de gênero e exploração;

CAPÍTULO 3 - LIGAÇÕES PERIGOSAS ENTRE GÊNERO E CLASSE

Dividido em quatro partes:


1. ERA UMA VEZ…
2. A CLASSE SEM GÊNERO
3. O GÊNERO COMO CLASSE
4. GÊNERO SEM CLASSE

1. ERA UM VEZ

Busca responder as perguntas - existiram as mulheres? qual a causa geral para o


estabelecimento de relações hierárquicas entre os sexos? a opressão das mulheres
sempre existiu?

Utiliza alguns teóricos que vão desenvolver algumas respostas a essas perguntas -
Simone de Beauvoir
Engels
Eleanor Leacock
Stephanie Coontz
Simone de Beauvoir - O Segundo Sexo
As mulheres não nascem, mas se tornam, no sentido de identificar o caráter social,
cultural e histórico da construção da mulheridade;

O ato de ser mulher é resultado da educação concebida, das proibições, das


prescrições normativas e dos condicionamentos adquiridos desde o nascimento por
todas aquelas destinadas a se tornar mulher;

“Uma vez que são os homens que historicamente escrevem, compõem música,
pintam, pregam e governam, não existe uma definição de mulher e daquilo que seria
sua essência que não seja ao mesmo tempo um produto desse monopólio
masculino e de sua paralela e sistemática exclusão. As mulheres ‘são’ o que os
homens decidiram que elas deveriam ser em um mundo de fantasia de definições
contraditórias.” (p.91)
Aponta que Beauvoir se limita a constatar que a exclusão sistemática das mulheres
e a consequente criação da “mulheridade” pelos homens sempre existiram;

Aponta que essa teoria se baseia nos estudos antropológicos de Lévi-Strauss, que
utilizando uma metodologia estruturalista aos estudos etnológicos, elabora uma
teoria sobre o nascimento da cultura baseada nas estruturas invariáveis e universais
de trocas
meio pelo qual a humanidade confronta a natureza, estabelecendo em oposição a
esta, a cultura ou seja, a sociedade.

Troca possui como estrutura básica a troca de mulheres - a sociedade e a cultura


começa onde os homens começam a troca de mulheres entre si;
Explicação ara o tabu do incesto, pois através da proibição ds relações sexuais entre
os conseguíneos é que se cosegue realizar a exogamia e a troca de mulheres entre
grupos diferentes;

Implicações dessa perspectiva teórica:

Na oposição entre natureza e cultura, implica que os homens desempenham um


papel ativo, enquanto as mulheres estão limitadas a realizar o papel passivo de
objeto de troca e das negociações entre os homens;

Implica que a subordinação da mulher e a oposição dos binômios


masculino/atividade e feminino/passividade são tão antigas quanto a própria
sociedade, haja vista que 1) a sociedade é criação fundamentalmente dos homens e
2) para que a sociedade a cultura fossem criadas em oposição a natureza,
perpassa necessariamente pelas mulheres enquanto objeto de troca;

Beauvoir - “este mundo sempre pertenceu aos homens” reflete a tese de Strauss,
implicando que os laços de reciprocidade estabelecidos através do matrimônio não
era realizado entre um homem e uma mulher, mas entre homens e a mulher é um
objeto de troca;
laços entre homens sobre a distribuição das mulheres (p.93)

Aponta que nesses termos, a resposta para a pergunta se a opressão das mulheres
sempre existiu é afirmativa, pois define uma estrutura fora do âmbito social e
histórico, e reflete uma forma universal e imutável (a-histórica, biológica…)

Perspectiva que vai ser questionada pelos antropólogos e sociólogos de origem


marxista, que levantam a hipótese de que a opressão feminina nem sempre existiu,
mas surge como resultado de uma série complexa de processos sociais;

Friederich Engels - A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado


Visa vincular o desenvolvimento da dominação masculina ao surgimento da
sociedade de classes e da propriedade privada, com a superação da sociedade de
linhagem;

Sociedade baseadas em linhagem estabelecem em torno de um grupo fundamental


de relação de parentesco, que podem reunir descendentes conforme a linha de
descendência patrilinear ou matrilinear;

Engels se baseia em dois autores - Johann Bachofen (matriarcado original) e Henry


Morgan (antropologia evolucionista);

Relaciona a mudança da condição da mulher e sua derrota histórica a dois


processos:
a afirmação progressiva da propriedade privada e a mudança dos casamentos
coletivos para o casamento entre o casal;

“A derrota do matriarcado e da descendência matrilinear seria consequência do


desejo dos homens de assegurar a sucessão de seus próprios filhos, o que
necessariamente envolvia o controle sobre a capacidade reprodutiva das mulheres e
o rompimento do vínculo destas com seu grupo de parentesco”. (p.94)

Baseia-se no mito sobre a existência de um matriarcado, pois é algo que nunca foi
provado e contestado pela maioria dos antropólogos modernos;
além disso, tem uma leitura equivocada por não fazer a distinção entre matriarcado e
linhagem/descendência matrilinear, pois essa forma de descendência não implica
necessariamente em um poder maior das mulheres em determinada sociedade;

Além disso, ele recorre a alegação de um instinto masculino para perpetuar a sua
própria linhagem e controlar a reprodução das mulheres;

Eleanor Leacock -
divisão sexual do trabalho entre o grupo de caçadores-coletores era menos rígida e
por si só não levava a relações hierárquicas entre os sexos;
O confronto, entre os colonizadores e coletores, tem um impacto que gera ao
desequilíbrio econômico, haja vista que as mulheres deixam de controlar o próprio
trabalho de produção;
No nível cultural isso vai ser empregado pela introdução de rigidez moral nos
costumes sexuais e de matrimônio;

Stephanie Coontz - aponta a conexão entre as as relações de produção e as


instituições matrimoniais
“Não se tratava do controle masculinos sobre as capacidades reprodutivas das
mulheres, mas do controle sobre sua força de trabalho e seu potencial para produzir
um excedente dentro de um determinado conjunto de relações de produção e
divisão sexual do trabalho, o que explica a transformação das relações de
parentesco, e consequentemente, das condições das mulheres”. (p.96)
A origem d opressão das mulheres está na transição para a patrilocalidade;

Matrilocalização: o fator dominante não são as regras de descendência, mas sua


residência;
sociedades matrilocais - os homens que se deslocam para morar na casa dos pais
da sua esposa, o que faz com que o excedente produzido por aquela mulher
permaneça dentro do grupo de parentesco/linhagem, no qual geralmente a mulher
desfrutava num posição de colaboração, não de subordinação;
Patrilocais - mulher que se muda, o que permite aos homens a se apropriar do
trbalho e do excedente produzido, a mudança coloca a mulher num local estranho a
ela e o produto de seu trabalho não a pertence nem aos seus parentes, mas sim ao
marido;
Inclusive, a poligamia é apontada como uma forma de garantir maior quantidade de
força de trabalho, portanto acumular um excedente maior
Alega que essa perspectiva contribui para enfatizar alguns aspectos:
A) A opressão das mulheres nem sempre existiu e estava ligada aos processos
de transformação social (sociedade de linhagem para sociedade de classe);
B) Divisão sexual do trabalho originalmente era menos rígida e não consistia na
base para uma hierarquia entre os sexos (nem no que diz respeito ao seu
sedentarismo devido a sua função reprodutiva, nem ao menor prestígio dado
às atividades de coleta);
C) O crucial para compreender a origem da opressão das mulheres não é a
biologia, mas sim os fatores sociais e econômicos ligados a produção, bem
como a apropriação e distribuição do excedente e da força de trabalho;

2. CLASSE SEM GÊNERO


Pensar que as opressões das mulheres nem sempre existiu e que suas raízes não
são biológicas ou psicológicas significa ver a opressão de gênero necessariamente
como uma opressão secundária, subordinada hierarquicamente à opressão de
classe?

Aponta que apesar de não haver razões do ponto de vista teórico para se chegar a
esse tipo de conclusão, a tendência de criar hierarquias entre opressão e exploração
sempre esteve presente dentro do movimento operário;
Perspectiva de que a superação do capitalismo implica automaticamente no fim da
opressão das mulheres, além de compreender a organização feminina de maneira
autônoma uma ameaça a unidade de classe;
Esse tipo de perspectiva contribuiu para o divórcio entre o movimento operário e o
feminista;
A independência econômica das mulheres é uma condição para a sua emancipação,
mas as as estruturas patriarcais são mais arraigadas do que estavam sendo
compreendidas, e as experiências de sociedades pós-capitalistas vão confirmar que
a mudança societal não superou o processo de opressão;
“ A privatização da esfera de reprodução, incentivada e utilizada pelo capitalismo,
deu enorme poder aos laços familiares e tornou difícil de imaginar, e ainda mais
difícil de aceitar, a socialização do conjunto de atividades que garantem a
reprodução física, mental e emocional da força de trabalho” (p.99)
O que gerou uma resistência nas sociedades que passaram por um processo
revolucionário para com as tentativas de liberar as mulheres do papel de provedoras
do cuidado, pois estas eram transferidas para realizar as tarefas de reprodução fora
do ambiente familiar (cantinas, creches…);
Aponta que:
a) pensar que a luta de classes por si só resolve o problema da opressão das
mulheres, dissolvendo os laços familiares e mudando seu caráter, sem uma
análise adequada que desafie o papéis sexuais e politize as mulheres é no
mínimo um otimismo cego, na pior das hipóteses uma má-fé na prática
política;
b) Considerar a classe trabalhadora apenas em sua forma masculina significa
não entender ou compreender parcialmente a forma como as relações de
produção e de exploração funcionam e são estruturadas, e
consequentemente, compreender parcialmente como o capitalismo funciona;
c) além disso, é não entender como a opressão de gênero representa uma arma
poderosa na divisão da classe operária, na criação de hierarquias e no
controle ideológico dessa classe;

3. GÊNERO COMO CLASSE


Aponta dois expoentes dentro dessa perspectiva teórica - o feminismo materialista e
o movimento “salários para o trabalho doméstico”
Compreensões que vão divergir em alguns aspectos, mas que ambas refletem sobre
a natureza do trabalho doméstico feminino no interior da família , apontando para a
exploração desse trabalho reprodutivo e atribuindo a este um caráter de trabalho
produtivo (produz mercadoria e mais valor), mas um trabalho que não é pago;
Ambas as perspectivas criticam o marxismo por não considerar o trabalho realizado
no ambiente doméstico pelas mulheres como trabalho produtivo, e para isso se
debruçam nos exemplos de diversos trabalhos que são realizados dentro do âmbito
doméstico (como a existência de restaurantes);

“O fato de que todos esses serviços, quando não realizados dentro da própria
família, podem ser produzidos e trocados como mercadorias demonstra que nada
justifica a definição do trabalho realizado pelas mulheres dentro da casa como um
trabalho não produtivo. A única razão para ser considerado dessa forma é que ele
não é pago: sua gratuidade ou aparente gratuidade oculta sua verdadeira natureza.”
(p.102)

Salários para o trabalho doméstico -


O capitalismo transformou o papel e a estrutura da família, criando a família nuclear,
de tal forma que o seu papel produtivo foi negado e as mulheres foram relegadas a
uma posição subordinada devido a função de reprodução da força de trabalho;
Capitalismo tendeu a excluir as mulheres da produção realizada fora da família e
atribuiu aos homens um salário suficiente para manter a si mesmos e a sua família,
eximindo assim o Estado/capital das responsabilidades pela manutenção econômica
da família, haja vista que a total sociabilização desse trabalho do cuidado acarretaria
em custos e investimentos tecnológicos muito mais onerosos do que os envolvidos
no trabalho doméstico realizado pelas mulheres no âmbito privado;

“o contrado de trabalho firmado entre o capitalista e o trabalhador, como ‘chefe de


família’, também inclui os outros membros do grupo. Trata-se ao mesmo tempo de
um contrato de trabalho e de um ‘contrato sexual’, visto que dá aos homens livre
acesso ao corpo das mulheres e seus filhos.” (p.103)
A partir desse contrato, os escravos não remunerados, as mulheres que realizam o
trabalho doméstico, são usados para garantir a reprodução da escravidão
assalariada - mulheres e homens trabalhadores;
argumento usado para reivindicar a demanda do salário para o trabalho doméstico,
reconhecendo-o como trabalho produtivo e por isso pautando que sua remuneração
seja indireta através do salário do marido;

Materialistas - Christine Delphy

Não é o capitalismo que se apropria do trabalho doméstico, mesmo que eles se


beneficiem disso, mas os próprios homens que o fazem;
sistema duplo - Modo de produção capitalista caminha junto com o modo de
reprodução patriarcal
Homens e mulheres formam duas classes antagônicas dentro das relações de
produção, que se fundamental em uma relação de exploração em que os homens
lucram com o trabalho das mulheres;
Todas mulheres são membros de uma mesma classe e sofrem a mesma exploração
em virtude do trabalho doméstico, independe da condição social;

Consequência dos dois enfoques:

Apontam as lacunas da teoria marxista em relação às análises sobre o papel do


trabalho de reprodução da força de trabalho;

Contudo, afirmar que o trabalho doméstico produz mais-valia siginifica ignorar algo
central para compreensão do modo como o capitalismo transformou a família
(deixou de ser unidade de produção);
Isto é:
“esse trabalho de reprodução ocorre fora do mercado capitalista, de maneira isolada,
o que torna impossível falar de um trabalho social médio necessário, pois ele não é
nem formal, nem informalmente contratado no capitalismo. Nesse sentido, é difícil
falar de produção de mais-valia justamente porque, por um lado, o capitalismo
afastou a função de unidade de reprodução da família e, por outro, assegurou que a
tarefa de reprodução da força de trabalho ocorresse principalmente dentro dessa
instituição, relegando tal atividade a uma espécie de limbo separado do processo de
produção e circulação de mercadorias”. (p.105)

Coloca a centralidade na natureza do serviços oferecidos pelo trabalho de cuidado e


não seu lugar no contexto do processo de produção e circulação das mercadorias;
“[...] o ponto é precisamente que dentro da família esses serviços são oferecidos de
forma gratuita e retirados da esfera de troca, deixando de ser produzidos ou
trocados como mercadoria. Uma mercadoria é uma coisa, mas o que a torna
mercadoria não é a natureza física da coisa, mas seu aspecto social - como essa
coisa é produzida e consumida” (p.105)

Ambas as perspectivas criam confusão analitica com reflexão política:


a) CONSERVA O CARÁTER DO TRABALHO DOMÉSTICO - Uma é a demanda
política por salários para o trabalho doméstico, o que não supera a
conformação da divisão sexual do trabalho, mas a reforça, pois contribui para
a manutenção das mulheres no ambiente doméstico.
b) O INIMIGO PRINCIPAL É A CLASSE DOS HOMENS - A outra tem como
pressuposto que existe uma relação de produção diferente daquela proposta
pelo capitalismo e baseada na divisão sexual do trabalho dentro da família,
gerando a ideia de que existe uma classe de mulheres (operárias ou
milionárias) que estabelece uma relação antagônica com a classe masculina
de exploradores.;
4. GÊNERO SEM CLASSE

‘Aponta a psicanálise como um das interlocutoras para as propostas teóricas acerca


dos debates sobre sexo, sexualidade e gênero a partir da década de 1970;

Foi estabelecido o diálogo tanto para desmascarar sua misoginia fundamental,


questionando a teoria do Complexo de Édipo e da inveja do pênis como explicação
para a formação das identidades sexuiais;
Mas também foi assimilada, modificada e sintetizada para outras correntes com base
em Lacan;

FEMINISMO RADICAL - O PATRIARCADO, PORTANTO, ANTES MESMO QUE O


CAPITALISMO, O RACISMO E O COLONIALISMO, REPRESENTA O INIMIGO
PRINCIPAL DAS MULHERES

“[...] para combater a opressão que sofrem, as mulheres devem equiparar-se com
sua própria interpretação de mundo, rejeitando quaisquer ideologias existentes por
serem fruto da supremacia masculina e definir sua própria linha política, colocando
os interesses das mulheres no centro, em oposição aos interesses masculinos”
Dentro do sistema patriarcal, todas as mulheres sofrem opressão por todos os
homens, todos os homens se beneficiam da subordinação das mulheres, e todas as
formas de exploração , hierarquia e supremacia são apenas extensão da
supremacia masculina (p.109)

Shulamith Firestone - diferença biológica entre homens e mulheres como a raiz da


subordinação feminina;

Porque a crítica à psicanálise -


Freud - complexo de Édipo, Inveja do Pênis e Complexo de castração
bebês nos primeiros anos - objeto de desejo - amor da mãe (ambos os sexos se
vêem com um pênis);
Crianças em determinado momento percebem suas diferenças anatômicas
Meninos vêem na ausencia de um pênis nas mulheres como o medo de sua própria
castração e faz uma avaliação negativa da anatomia imperfeita da criança do sexo
feminino, eqnquanto esta desenvolve uma inveja do pênis que ela não possui;

O menino é empurrado para ser libertado do Complexo de Édipo, por medo da


castração implicita caso o tabu do incesto seja quebrado. Já a menina descobre sua
incompletude anatômica e é forçada a abandonar a mãe como objeto de desejo,
pois essa tem a mesma privação biológica, desviando seu desejo para o pai.

Como não há nela a ameaça da castração, os laços edípicos com a figura paterna,
que representa a lei, nunca chegam a ser cumpridos, gerando consequências na
estrutura da personalidade feminina: dependência de autoridade, interesse social
diminuto, demanda insaciável por privilégios para compensar a carência do pênis….

porque essa perspectiva foi duramente criticada pelas feministas:


1. Considera o corpo feminino anatomicamente carente;
2. atribui as mulheres uma série de características naturais que explicariam seu
papel na sociedade, ao invés de consider´-a-las como resultado do papel
historicamente atribuido às mulheres;
3. Interpreta essas características como algo invariável, dado que fazem parte
do processo de estruturação da identidade determinada pelas figuras
simbólicas, e portanto pré-sociais, do pai e da mãe;

Feminismo da diferença / feminismo francês -


A ideia da diferença é fundamental para o feminismo radical, e é parte da
justificativa conceitual para o rompimento com os demais movimentos sociais;

Feminismo francês utilizam as ideias de Lacan, que ao invés de utilizar a perspectiva


de inveja do pênis, trata como inveja do falo, sendo que o falo representa
essencialmente o poder;
A inveja não é do órgão reprodutor masculino, mas do acesso à ordem simbólica e
da faculdade de falar para todos que existe na autoridade falaniana;
“O reconhecimento de que não possui falo equivale a internalizar essa exclusão da
ordem simbólica. Esse mecanismo de castração, ligado a historicização falo e do
seu papel como significante de poder, é potencialmente produtivo para a
compreensão das consequências psicológicas que a opressão tem sobre as
mulheres e sobre o modo ´pela qual a subordinação, com traços de inseguranças e
masoquismo, é internalizada.” (p.113)

Luce Irigaray
Conceito de espelho de Lacan:
As mulheres funcionam como espelho para os homens, porque a superioridade
masculina se reflete na inferioridade da mulher, os homens veriam as mulheres em
referência a si mesmos;
a ideia de speculum (aparelho médico que permite olhar orifícios humanos);
Permite olhar internamente e ver que o órgão genital feminino não possui carência
de algo, não há um vazio a ser preenchido pelo falo;

Julia Kristeva
Concentra-se na fase pré-edípica - que precede a imposição simbólica do pai
(autoridade), a origem da linguagem, como o período da ordem semiótica da mãe,
em que essa estabelece uma relação exclusiva entre o bebê e ela, anterior a
separação do pai e da ameaça da castração;
A ordem simbólica do pai, a linguagem, destrói a ordem semiótica da mãe;

“A tarefa real é tentar redescobrir e falar sobre tudo que a conceitualização


masculina e a linguagem sufocaram - falar sobre a ordem semiótica da mãe;

Feminismo lésbicas - Monique Wittig

Teoria Queer - Judith Butler

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