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A metáfora dos dois alpinistas

Imagine que o seu terapeuta e você são dois alpinistas, cada um subindo por
uma montanha diferente, mas próximas. O terapeuta pode ver um caminho que
pode ajudá-lo a subir melhor a sua montanha, mas não porque seja mais
esperto que você, nem porque já a tenha escalado antes, mas porque está em
uma posição onde pode ver coisas que você agora não consegue ver.
Finalmente, mesmo que o terapeuta lhe indique o caminho, é você
quem deverá subir a montanha.
Portanto, a vantagem do terapeuta com relação ao paciente é a
perspectiva. O terapeuta pode oferecer um ponto de vista ao
paciente que este não possui; mas o paciente deverá incorporar
esta informação com a que ele já tem para poder avançar.

A metáfora da luz
Os pensamentos automáticos negativos, como o próprio nome indica, aparecem
na nossa mente de forma automática porque têm sido repetidos e repetidos
durante muito tempo. Então, criamos um hábito de pensamento.

Uma metáfora que é muito usada na terapia para explicar este fenômeno
mental tem a ver com uma coisa que já aconteceu conosco e todos já
fizemos. O que acontece quando queima uma lâmpada ou a luz
acaba? Entramos naquele cômodo e, mesmo sabendo que a luz não
irá acender, apertamos o interruptor. Acontece a mesma coisa com os
pensamentos, é algo que já está incorporado e automatizado.

A metáfora da casa e dos móveis


Uma casa deixa de ter valor se seus móveis são velhos, feios ou se estão
estragados? A resposta é não. A casa tem valor, independentemente dos
móveis que contenha. A casa não são os móveis. Da mesma forma, o ser
humano é valioso independentemente dos seus pensamentos ou
das suas atitudes pontuais.
Podemos ter pensamentos ou gestos mais ou menos nocivos,
prejudiciais ou negativos, mas isso não faz com que toda a nossa
pessoa seja assim.
A metáfora da areia movediça
A ansiedade é como estar sobre areia movediça: quanto mais você luta
contra ela para sair dali, mais ansiosos ficamos e mais desesperada e
enérgica é essa luta. Assim, o que esta metáfora recomenda é que quando
você estiver em um estado de ansiedade, procure relaxar, agir contra o que “o
corpo está lhe pedindo”.

A metáfora da viagem a uma nova cidade


Você tem um objetivo: viajar, mudar de ares, e começar uma vida em uma
nova cidade. Você pega o carro para ir para lá e alguns passageiros intrusos no
banco de trás começam a dizer: “Mas onde você acha que está indo?
Você não tem capacidade para fazer isso! Você não é capaz de
pegar esse carro, dirigir tanto e viver em outro lugar!”
Esses incômodos passageiros são os pensamentos negativos:
tentam boicotar nossos objetivos, provocando ansiedade, e fazem
com que finalmente deixemos o carro e voltemos para casa, para
nossa zona de conforto.

A metáfora da festa e o convidado que não cai bem


Você foi convidado para uma grande festa: o casamento do seu melhor amigo.
Evidentemente, você tem muita vontade de comparecer, mas ficou
sabendo que também estará alguém que não lhe agrada
muito. Trata-se de um colega de trabalho do noivo que apresentaram para
você certa vez e ele não lhe cai bem. Você vai deixar de ir aO casamento por
causa disso? Imagino que a sua resposta seja não, já que você tem muitas
outras pessoas para aproveitar.

Do mesmo jeito, as emoções negativas são como esse convidado : não


é porque elas também foram convidadas para a festa que devemos deixar de
fazer as coisas que nos importam.

A metáfora do calor
As emoções negativas são como o calor: muito
desagradáveis. Certamente você não diz a si mesmo que é horrível sentir
calor, insuportável, a pior coisa do mundo. É desconfortável, mas sabemos que
de vez em quando teremos que passar por isso, principalmente no verão. Não
damos mais importância do que isso.
Da mesma forma, as emoções negativas existem e às vezes teremos
que vivenciá-las. Por que não somos tão indulgentes com nossos próprios
estados emocionais? As emoções, assim como o calor, uma dor de cabeça ou
uma espinha no nariz nada mais são do que estados fisiológicos chatos ou
desconfortáveis, mas não vão muito além do que nos dar essa informação.

Agora é sua vez de se lembrar sempre destas metáforas quando precisar! Você
verá como a partir desta nova perspectiva, tudo ficará mais claro.

Algumas metáforas da terapia de aceitação e


compromisso
1. O tanque de tubarões e o polígrafo

Imagine que você está sentado à beira de um tanque cheio de


tubarões e que está conectado a um polígrafo extremamente
sensível.
Sua tarefa será evitar, a todo custo, apresentar algum sinal de
ansiedade. Se sentir ansiedade, o assento em que você está
sentado se inclinará e você irá diretamente para o tanque de
tubarões. O que você acha que vai acontecer?

Como você já imaginou, é bem possível que você acabe se sentindo


ansioso.

Esta metáfora é muito apropriada para aquelas pessoas que sofrem


de ataque de pânico. Você começa a sentir um pouco de ansiedade
que não está disposto a tolerar e, ao querer evitá-la, porque acha
que é terrível e que não deveria sentir ansiedade, você acaba
sentindo-a ainda mais. Quando se dá conta, já caiu no tanque de
tubarões.

2. Metáfora do tigre com fome

Uma manhã você acorda e, na frente da sua porta, encontra um


adorável filhote de tigre. Você o adota e o mantém em casa.
Seu precioso tigre começa a miar e você intui que ele sente fome.
Você dá a ele um pedaço de carne de hambúrguer e repete essa
mesma ação sempre que o ouve chorar. Com o tempo, seu animal
de estimação começa a crescer. Você já não pode alimentá-lo com
um pouco de hambúrguer, mas com costelas inteiras e grandes
pedaços de carne.
Isto é o que acontece com os pensamentos: eles crescem e
crescem como o tigre quanto mais você os alimenta. Ou seja,
quanto mais valor você lhes atribui. Assim, você lhes dá mais poder
e eles acabam controlando uma grande parte da sua vida.

3. Metáfora da armadilha de dedos chinesa

Se você já utilizou a armadilha de dedos chinesa, saberá que


consiste em um tubo de palha trançado da espessura do dedo
indicador. Quando você coloca ambos os indicadores dentro, um em
cada extremidade, e puxa para fora, a palha encolhe e fica tensa.
Assim, quanto mais forte você puxa, mais estreito o tubo se torna e
mais ele prende. No entanto, se você empurrar os dedos para
dentro, terá mais liberdade de movimento.
Agora, pense que a vida é como uma armadilha chinesa. Quanto
mais você luta, mais limitados ficam seus movimentos. Se você
parar de lutar, terá mais liberdade para fazer novas escolhas.

4. Metáfora do poço e da pá

Você cai em um buraco medianamente fundo e a única coisa


disponível para sair de lá é uma pá. Como você não sabe muito bem
o que fazer e fica desesperado, começa a usar sua pá.
Pouco a pouco, você afunda mais no buraco, pois, ao retirar a terra,
ele se torna mais fundo e mais difícil de sair. Então, não teria sido
melhor usar a pá de outra maneira? Não poderia ter esperado que
alguém viesse e o ajudasse a sair?
Isso é exatamente o que ocorre na evitação experiencial. A ânsia
por sair do desconforto faz com que afundemos ainda mais no
incômodo. No entanto, a aceitação do mesmo pode nos ajudar a
procurar estratégias alternativas. Pode ser, talvez, que no início
tenhamos que tolerar o sofrimento, mas a longo prazo a solução
será mais benéfica.

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