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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA

COMARCA DE TOLEDO, ESTADO DO PARANÁ.

LUCAS PEREIRA SOARES, já qualificado nos autos em


epígrafe, por intermédio de seu advogado e bastante procurador infra-assinado, nomeado por este juízo
para a advocacia dativa, com escritório profissional reverenciado no rodapé da presente, vem, através
do devido acatamento, perante Vossa Excelência, propor: ALEGAÇÕES FINAIS POR
MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, parágrafo 3º do Código de Processo Penal.

I – DOS FATOS
O Denunciado fora etiquetado pelo representante do Ministério Público
pela suposta incursão na sanção penal dos artigos 217-A, caput. Consta da narrativa exordial, que o Denunciado,
no período entre agosto de 2015 a maio de 2016, aproveitando-se que a vítima Danieli Cristina de Souza
Bohnemberger, menor de 14 anos de idade à época dos fatos, manteve conjunção carnal com a mesma,
engravidando-a .
Em sede de alegações finais, o representante do Parquet Estadual
pugnou pela procedência da Exordial. Todavia, a denúncia não merece prosperar, pelas razões de fatos
e direito que passa á expor.

II – DA PRELIMINAR DE MÉRITO: DA AUSÊNCIA DE


PROVA TÉCNICA CONCLUDENTE.
Lucas está sendo processado como incurso no delito de estupro de
vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, por supostamente ter abusado sexualmente de
Daniele, sua namorada e mãe de sua filha.
Nos termos do artigo 158 do Código de Processo Penal, quando a
infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado.
Ainda assim, deve o exame de corpo de delito ser elaborado no
prazo máximo de 10 dias, prazo este que pode ser prorrogado a pedido dos peritos, nos moldes do
artigo 160, parágrafo único do Código de Processo Penal.
Nota-se que nos presentes autos, não consta qualquer laudo pericial
de exame de corpo de delito realizado com Daniele, sendo esse absolutamente necessário, por
consequência do delito imputado na denúncia deixar vestígios.
Por consequência da ausência do exame de corpo de delito, existe
no presente processo nulidade absoluta de todos os atos, uma vez que inexiste prova concreta do delito
e, ainda que o acusado tenha confessado a prática de ato sexual com Daniele, sua confissão não supre a
falta do laudo pericial.
Portanto, de acordo com o artigo 564, inciso III, alínea “b” do
Código de Processo Penal, deve ser analisada a nulidade processual, por inexistência do laudo pericial
do exame de corpo de delito.
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Nestes termos, a denúncia deve ser rejeitada, com base no artigo
395, inciso III do Código de Processo Penal, pela inexistência de justa causa, ou seja, falta de indícios
de autoria e materialidade de comprovam o denunciado ter incorrido para a infração penal
Por fim, Vossa Excelência deve absolver o denunciado com base no
artigo 386, inciso II do Código de Processo Penal, por não haver prova da existência do fato.

III – DO MÉRITO.
3.1 – DA ATIPICIDADE DA CONDUTA
O tipo penal previsto do artigo 217-A do Código Penal estipula
como delito “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”.
Pois bem. Aqui, para caracterizar-se o tipo penal, é necessário o
dolo do agente, nos ditames do artigo 18, inciso I do Código Penal, sendo para tanto necessário o
agente querer o resultado ou assumir o risco de produzi-lo.
Todavia, Lucas em nenhum momento estava abrangido por dolo
para a prática do ato sexual com sua namorada, que viesse a trazer prejuízos para esta e sim, um mero
ato de amor.
Ademais, o denunciado NÃO SABIA A IDADE DE SUA
NAMORADA na época dos fatos, tendo em vista que a mesma sempre omitiu tal informação e Lucas,
não hesitou em questioná-la, porque a aparência da mesma pode ser igualada à uma moça de 20 anos,
por ter um porte avantajado, conforme fotos juntadas nesta sequência. Note-se, Excelência, que tal
entendimento já fora refletido em nossa Suprema Corte, in verbis:

COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS - ATO DE TRIBUNAL DE


JUSTIÇA. Na dicção da ilustrada maioria (seis votos a favor e
cinco contra), em relação à qual guardo reservas, compete ao
Supremo Tribunal Federal julgar todo e qualquer habeas-corpus
impetrado contra ato de tribunal, tenha esse, ou não, qualificação
de superior. ESTUPRO - PROVA - DEPOIMENTO DA VÍTIMA.
Nos crimes contra os costumes, o depoimento da vítima reveste-se
de valia maior, considerado o fato de serem praticados sem a
presença de terceiros. ESTUPRO - CONFIGURAÇÃO -
VIOLÊNCIA PRESUMIDA - IDADE DA VÍTIMA - NATUREZA. O
estupro pressupõe o constrangimento de mulher à conjunção
carnal, mediante violência ou grave ameaça - artigo 213 do Código
Penal. A presunção desta última, por ser a vítima menor de 14
anos, é relativa. Confessada ou demonstrada a aquiescência da
mulher e exsurgindo da prova dos autos a aparência, física e
mental, de tratar-se de pessoa com idade superior aos 14 anos,
impõe-se a conclusão sobre a ausência de configuração do tipo
penal. Alcance dos artigos 213 e 224, alínea "a", do Código Penal.
(STF - HC 73662 / MG - MINAS GERAIS; Min. MARCO
AURÉLIO; Julgamento:21/05/1996;Órgão Julgador: Segunda
Turma)
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Essas circunstâncias nos levam a constituição da elementar do erro
de tipo essencial, circunstância que exclui o dolo da conduta, tendo em vista que o denunciado não
sabia que sua namorada era menor de 14 anos na época dos fatos, tendo em vista que a mesma omitiu
tal informação, como dispôs em seu depoimento em juízo:

Inicialmente, o Promotor perguntou à Daniele se Lucas sabia da sua idade,


respondeu que não tinha dito para ele, porque tinha vergonha, tendo em vista
ter pouca idade. Tinha vergonha de dizer que doze anos. Disse que fez
aniversário, mas não comemorou. Confirmou que fez aniversário de treze anos
e Lucas não ficou sabendo. Confirmou que quando tinha treze anos contou
para Lucas a sua idade e que este a questionou de o porquê Daniele não ter
contado antes, sendo que a mesma ter dito que tinha vergonha.

E, na razão de Daniele ter uma aparência de mulher com 20 anos, e


não adolescente.
Rogério Greco1, dispõe sobre o erro de tipo, in verbis:

No que diz respeito à idade da vítima, para que ocorra o delito em estudo, o
agente, obrigatoriamente, deverá ter conhecimento de ser ela menor de 14
(catorze) anos, pois, caso contrário, poderá ser alegado o chamado erro de
tipo que, dependendo do caso concreto, poderá conduzir até mesmo à
atipicidade do fato.

Nestes termos, com a exclusão do dolo na conduta do denunciado,


resta apenas a modalidade culposa na conduta, circunstância essa inexistente no Código Penal
Brasileiro, ou seja, não há que se falar em estupro culposo, logo, opera-se a atipicidade penal.
Levando-se em consideração a desclassificação do dolo na conduta
de Lucas, ficando caracterizada apenas a culpa e, esta não estar tipificada no Diploma Penal Brasileiro,
o denunciado deve ser absolvido, nos termos do artigo 386, inciso III do Código de Processo Penal, por
não constituir o fato, infração penal.
Ademais, analisando o contexto familiar de Daniele, verifica-se que
seus pais estavam cientes a todo o momento de seu relacionamento com Lucas, permitiam que este
pernoitasse em sua residência, bem como, que Daniele pernoitasse na residência de Lucas.
Houve sempre uma relação de confiança entre o círculo familiar de
Daniele, consentindo em todos os momentos o relacionamento desta com o denunciado.
Após Daniele realizar o exame e descobrir que estava grávida,
obteve todo o auxílio de seus pais, os quais não colocaram nenhuma objeção na relação de Daniele com
Lucas, muito pelo contrário, sempre apoiaram o relacionamento dos dois.
Conforme depoimento da mãe de Daniele, Sra. Rosilda,

1
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, parte especial. Editora Impetus, Rio de Janeiro, 14ª ed. 2017.
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Daniele e Lucas moram juntos desde a gravidez da filha do casal,
sendo que Lucas trabalha para sustentar esta e sua filha, bem como, Daniele recebe pensão alimentícia
de seu pai, o que também a ajuda.
Além disso, a mãe de Daniele expõe que teve relacionamento
amoroso quando ainda era adolescente, aproximadamente com 16 anos já se relacionava com rapazes.
Daniele é a única filha de Rosilda e, tendo em vista o contexto
familiar em que se encontra, é muito propício que se espelhe na figura de sua mãe.
Ainda neste contexto, cabe ressaltar a respeito da vulnerabilidade
prevista no tipo penal, a qual segundo Guilherme de Souza Nucci2, pode ser relativa, in verbis:

A vulnerabilidade pode ser relativa, conforme a causa a gerar o estado de


incapacidade de resistência. A completa incapacidade torna absoluta a
vulnerabilidade; a pouca, mas existente, capacidade de resistir faz nascer a
relativa vulnerabilidade. Em todas as situações descritas acerca da
vulnerabilidade relativa, pode-se desclassificar a infração penal do art. 217-A.

Aqui, podemos notar que, a vulnerabilidade não é absoluta, é


relativa, uma vez que Daniele era maior de 12 anos à época dos fatos.
Neste contexto, o Tribunal de Justiça complemente em seu acórdão
no que tange a análise da vulnerabilidade, em caráter excepcional, uma vez que a vítima ter consentido
com o ato sexual, e como no caso de Daniele e Lucas, estavam em busca de um relacionamento
amoroso. Veja-se, Excelência, como o Tribunal de Justiça catarinense e o Superior Tribunal de Justiça,
por exemplo, tratam, especificamente, sobre esse aspecto, ad litteram:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE


SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ARTIGO 217-A DO
CÓDIGO PENAL. FATO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI
12.015/2009. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. PRETENSÃO CONDENATÓRIA.
VÍTIMA QUE, À ÉPOCA DOS FATOS, CONTAVA COM 13 ANOS
DE IDADE. PRÉVIO RELACIONAMENTO QUE SE INICIOU
COM AMIZADE, TROCA DE BEIJOS E, POR FIM, COM A
CONSUMAÇÃO DO ATO SEXUAL. PALAVRAS DA VÍTIMA QUE
DÃO CONTA DA EXISTÊNCIA DE RELACIONAMENTO COM O
RÉU, AS ESCONDIDAS, O QUAL CONTAVA COM 22 ANOS DE
IDADE. INEXISTÊNCIA DE DISCREPÂNCIA DE IDADE
REPRESENTATIVA DE INDICATIVO DE MANIPULAÇÃO
PSÍQUICA. ADEMAIS, NOTÓRIO CONSENTIMENTO DA
OFENDIDA NA CONSECUÇÃO DO ATO SEXUAL. IMPERIOSA
RELATIVIZAÇÃO DA VULNERABILIDADE DA VÍTIMA.
MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. Não

2
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 17ª ed. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2017.

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obstante, não se desconheça recente julgamento do Superior
Tribunal de Justiça - Recurso Especial Repetitivo n.º 1.480.881/PI -
tema 918 - no sentido de não ser possível relativizar a
vulnerabilidade da vítima menor de 14 anos, a questão merece
maior reflexão. Em situações como a verificada neste caso
concreto, deve-se reconhecer a excepcionalidade, uma vez que a
vítima além de ter consentido com a consecução do ato sexual,
procurou o réu porque gostava do mesmo, com a pretensão de
instaurar um relacionamento amoroso, podendo-se afirmar ser um
casal jovem, composto pelo réu com recém completados 22 anos e
pela vítima, com 13 anos e 7 meses de vida. "A vulnerabilidade do
adolescente com idade entre 12 (doze) e 14 (quatorze) anos,
embora se presuma, deve ser tratada como questão de fato,
passível, portanto, de afastamento se as circunstâncias do caso
concreto permitirem atestar, com a devida segurança, que a
dignidade sexual do menor não foi comprometida dada a
inexistência de fragilidade para os assuntos concernentes a sua
intimidade. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO". (TJ-SC -
APR: 00065367820108240019 Concórdia 0006536-
78.2010.8.24.0019, Relator: Jorge Schaefer Martins, Data de
Julgamento: 12/04/2018, Quinta Câmara Criminal) (grifo nosso).

CRIME CONTRA A LIBERDADE SEXUAL (ESTUPRO). MENOR


DE 14 ANOS (PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA RELATIVA).
CONSENTIMENTO VÁLIDO DA MENOR (RELEVÂNCIA). 1. É
missão fundamental do Penal tutelar bens jurídicos, todavia a sua
intervenção depende de efetiva lesão ou perigo concreto de lesão
ao bem tutelado pela norma. Não há responsabilidade penal por
ato de outrem, tampouco por ato inexistente. 2. Reputa-se relativa a
violência presumida disposta no inciso a do art. 224 do Cód. Penal.
3. O principal fundamento da intervenção jurídico-penal no
domínio da sexualidade há de ser a proteção contra o abuso e
contra a violência sexual de homem ou mulher, e não contra atos
sexuais que se baseiem em vontade livre e consciente. 4. No caso,
o consentimento não-viciado e o livre convencimento da menor de
14 anos para a prática da conjunção carnal com o namorado
elidem a tipificação do crime de estupro. 5. Recurso do qual se
conheceu pelo dissídio, mas ao qual se negou provimento. Vistos,
relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior
Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento após o voto-vista
do Sr. Ministro Nilson Naves, que negou provimento ao recurso, no
que foi acompanhado pelos Srs. Ministros Hamilton Carvalhido,
Paulo Gallotti e Paulo Medina, por maioria, negar provimento ao
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recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Nilson Naves, que
lavrará o acórdão. Vencido o Sr. Ministro Relator. Votaram com o
Sr. Ministro Nilson Naves os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido,
Paulo Gallotti e Paulo Medina. Presidiu o julgamento o Sr.
Ministro Paulo Gallotti. Brasília, 9 de dezembro de 2005 (data do
julgamento). (STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 542.324 - BA
(2003/0102136-5))

RECURSO ESPECIAL. CORRUPÇÃO DE MENORES. PENA


FIRMADA EM 1 ANO E 5 MESES MAIS O AUMENTO DA
CONTINUIDADE DELITIVA. PASSADOS MAIS DE QUATRO
ANOS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. PRESCRIÇÃO.
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. VIOLÊNCIA PRESUMIDA.
PRESUNÇÃO RELATIVA. SITUAÇÃO CONCRETA A AFASTAR A
HIPÓTESE DELITIVA. RELACIONAMENTO QUE DUROU POR
MAIS DE DOIS ANOS. PROVA SEDIMENTADA NA INSTÂNCIA
ORDINÁRIA. RELACIONAMENTO AMOROSO. É de rigor,
conforme previsão do art. 61 do CPP, o reconhecimento da
prescrição, a qualquer tempo do processo, quando se observa que o
prazo prescricional, contextualizado em quatro anos, já restou
alcançado desde o ano de 2008. Em recentes decisões da Sexta
Turma (HC 88.664/GO e RESP 403.615/MG), restou afirmado que
a violência presumida prevista no núcleo do art. 224, “a”, do
Código Penal, deve ser relativizada conforme a situação do caso
concreto, cedendo espaço, portanto, a situações da vida das
pessoas que afastam a existência da violência do ato consensual
quando decorrente de relação afetivo-sexual. No caso dos autos,
restou firmado pela prova colhida na instância ordinária que a
menor tinha o Recorrente como um caso amoroso, cujo
desenvolvimento fazia questão de deixar claro a amigas próximas
que a indagavam sobre o fato. Inexistindo, portanto, a prova de
que os fatos derivaram de violência por parte do réu, mas se
desenrolaram ao longo do tempo para uma relação amorosa,
inclusive permeada depois por reiteradas relações sexuais, é de se
afastar a violência presumida e permitir a absolvição do acusado.
Recurso especial conhecido em parte e provido para absolver o réu
do crime de atentado violento ao pudor, declarando-se a prescrição
superveniente quanto ao crime de corrupção de menores. Vistos,
relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior
Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, conheceu
parcialmente do recurso e, nesta extensão, deu-lhe provimento, nos
termos do voto da Sra. Ministra Relatora, ressalvando
entendimento do Sr. Ministro Haroldo Rodrigues (Desembargador
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convocado do TJ/CE)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Celso
Limongi (Desembargador convocado do TJ/SP), Haroldo
Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Nilson Naves
votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 10 de novembro de
2009 (Data do Julgamento) (STJ - RECURSO ESPECIAL Nº
804.999 - SC (2005/0209761-1)).

Resta patente o nível de consciência e a constância do


relacionamento travado entre Lucas e Daniele, de modo a afastar e elidir qualquer indício de abuso ou
violência, malgrado a lei presuma de forma diversa o delito dessa natureza perpetrado contra vítima
abaixo dos 14 (quatorze) anos de idade.
Portanto, não se trata de vítima vulnerável tampouco de ato
atentatório à dignidade sexual, como preceitua o Código Penal, senão relação consentida, mantida ao
largo de lapso considerável (mais de 3 anos), de modo a constituir laços rijos de sentimentos,
considerações e afetos. Oportuna assim a colação de alguns arrestos que trazem à tona esse cotejo
factual a fim de elidir o engessado aspecto do tipo penal que tergiversa ao devir dos fatos em não
ponderar o elemento do consentimento.

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS.


Diante de tudo quanto exposto, requer-se:
a) O Recebimento das presentes Alegações Finais por Memoriais,
tempestivamente;
b) A decretação de nulidade processual, pela inexistência do
exame de corpo de delito, tendo em vista o delito narrado na denúncia deixar vestígios, de acordo com
o artigo 564, inciso III alínea “b” do Código de Processo Penal;
c) A absolvição do acusado com base no artigo 386, inciso II do
Código de Processo Penal, por não haver prova da existência do fato;
d) Seja reconhecida a elementar de erro de tipo essencial, a
qual exclui o dolo da conduta, restando apenas a modalidade culposa em sua essência. Todavia, tendo
em vista que não existe a modalidade culposa para o delito de estupro, requer seja reconhecida a
atipicidade penal, absolvendo o acusado com base no artigo 386, inciso II do Código de Processo
Penal, por não constituir o fato infração penal.
e) Subsidiariamente, se Vossa Excelência entenda por não absolver
o acusado, requer seja aplicada a pena prevista no artigo 217-A no código penal no seu mínimo legal,
nos termos do artigo 59 do mesmo diploma, tendo em vista que Lucas não é reincidente, possui boa
conduta social e, uma filha para criar e sustentar, a qual depende de seu dinheiro;
f) Sejam reconhecidas as atenuantes da menoridade e da confissão,
de acordo com o artigo 65, incisos I e III, alínea “d” do Código Penal, tendo em vista que Lucas
possuía apenas 18 anos na época dos fatos e confessou ter praticado ato sexual com Daniele, porém,
sem saber que a mesma tinha menos de 14 anos;
g) Seja aplicado o regime aberto para início de cumprimento
de pena, nos termos do artigo 33, parágrafo 2º, alínea “c” do Código Penal;

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h) DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: Ante ausência
de implementação da Defensoria Pública nessa Comarca, associado ao fato desse causídico subscritor
haver desempenhado o múnus da Advocacia Dativa conforme despacho de nomeação nestes autos,
sejam arbitrados os honorários deste causídico subscritor, a serem suportados pelo Estado do Paraná.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Toledo-PR, 07 de maio de 2018.

-assinado digitalmente-
Marco Antonio Batistella
Advogado OAB 53.702

Alana França
Acadêmica de Direito
RA: 901410360

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