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I – DOS FATOS
O Denunciado fora etiquetado pelo representante do Ministério Público
pela suposta incursão na sanção penal dos artigos 217-A, caput. Consta da narrativa exordial, que o Denunciado,
no período entre agosto de 2015 a maio de 2016, aproveitando-se que a vítima Danieli Cristina de Souza
Bohnemberger, menor de 14 anos de idade à época dos fatos, manteve conjunção carnal com a mesma,
engravidando-a .
Em sede de alegações finais, o representante do Parquet Estadual
pugnou pela procedência da Exordial. Todavia, a denúncia não merece prosperar, pelas razões de fatos
e direito que passa á expor.
III – DO MÉRITO.
3.1 – DA ATIPICIDADE DA CONDUTA
O tipo penal previsto do artigo 217-A do Código Penal estipula
como delito “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos”.
Pois bem. Aqui, para caracterizar-se o tipo penal, é necessário o
dolo do agente, nos ditames do artigo 18, inciso I do Código Penal, sendo para tanto necessário o
agente querer o resultado ou assumir o risco de produzi-lo.
Todavia, Lucas em nenhum momento estava abrangido por dolo
para a prática do ato sexual com sua namorada, que viesse a trazer prejuízos para esta e sim, um mero
ato de amor.
Ademais, o denunciado NÃO SABIA A IDADE DE SUA
NAMORADA na época dos fatos, tendo em vista que a mesma sempre omitiu tal informação e Lucas,
não hesitou em questioná-la, porque a aparência da mesma pode ser igualada à uma moça de 20 anos,
por ter um porte avantajado, conforme fotos juntadas nesta sequência. Note-se, Excelência, que tal
entendimento já fora refletido em nossa Suprema Corte, in verbis:
No que diz respeito à idade da vítima, para que ocorra o delito em estudo, o
agente, obrigatoriamente, deverá ter conhecimento de ser ela menor de 14
(catorze) anos, pois, caso contrário, poderá ser alegado o chamado erro de
tipo que, dependendo do caso concreto, poderá conduzir até mesmo à
atipicidade do fato.
1
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, parte especial. Editora Impetus, Rio de Janeiro, 14ª ed. 2017.
FAG – Campus Toledo
Núcleo de Prática Jurídicas – Escritório Modelo
Rua Almirante Barroso, n. 3.121, Edifício Miró, Toledo-PR.
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Daniele e Lucas moram juntos desde a gravidez da filha do casal,
sendo que Lucas trabalha para sustentar esta e sua filha, bem como, Daniele recebe pensão alimentícia
de seu pai, o que também a ajuda.
Além disso, a mãe de Daniele expõe que teve relacionamento
amoroso quando ainda era adolescente, aproximadamente com 16 anos já se relacionava com rapazes.
Daniele é a única filha de Rosilda e, tendo em vista o contexto
familiar em que se encontra, é muito propício que se espelhe na figura de sua mãe.
Ainda neste contexto, cabe ressaltar a respeito da vulnerabilidade
prevista no tipo penal, a qual segundo Guilherme de Souza Nucci2, pode ser relativa, in verbis:
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 17ª ed. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2017.
-assinado digitalmente-
Marco Antonio Batistella
Advogado OAB 53.702
Alana França
Acadêmica de Direito
RA: 901410360