Você está na página 1de 4

Impresso por Ivan Lemos, E-mail pr.ivanrodrigueslemos@gmail.com para uso pessoal e privado.

Este material pode ser protegido por


direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2023, 11:49:32

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA


CRIMINAL DO ESTADO DE CURITIBA/PR

Processo nº ...

JORGE, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos do


processo-crime, que lhe move o Ministério Público Estadual com fulcro no artigo
403, § 3º, do Código de Processo Penal, para apresentar suas

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

Mediante os fatos e fundamentos a seguir expostos:

I DOS FATOS

JORGE, com 21 anos de idade, conheceu ANALISA em um bar, linda jovem,


por quem se encantou. Após um bate-papo informal, decidiram ir para um local mais
reservado. Nesse local trocaram carícias, e ANALISA, de forma voluntária, praticou
sexo oral e vaginal com JORGE.
JORGE trocou telefones e contatos nas redes sociais com ANALISA e ao
acessar a página de ANALISA na rede social, no dia seguinte, descobre que, apesar da
aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo JORGE ficado em
choque com essa constatação, pois ANALISA não aparentava ser menor de idade.
Sendo seu medo corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da
denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de ANALISA, ao
descobrir o ocorrido.
Em suas alegações finais, o Ministério Público pede a condenação do réu nos
termos propostos na exordial.

Contudo, esta tese não deve prevalecer. Senão, vejamos.


Impresso por Ivan Lemos, E-mail pr.ivanrodrigueslemos@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2023, 11:49:32

II DO DIREITO

a) DO ERRO DE TIPO ESCUSÁVEL


JORGE ao conhecer ANALISA em uma balada onde se frequenta maiores de 18
anos, e ANALISA, linda jovem com formas de mulher e não de menina, não tinha como
saber inequivocamente sua idade, posto que deduziu ser maior devido ao ambiente e
comportamento da jovem, que de forma voluntária praticaram sexo oral e vaginal.
Nos moldes do art. 20, CP, o erro DE TIPO ESSENCIAL gera a atipicidade da
conduta, o que no caso em tela gera absolvição.

b) DA EXISTÊNCIA DE CRIME ÚNICO


Subsidiariamente, não sendo aceita, a tese de atipicidade da conduta do réu,
deve-se considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o
art. 217-A do Código Penal tem como tipo ter conjunção carnal ou praticar outro ato
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. Para o STJ prevalece a tese de crime único,
por ser um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo), assim sendo deverá ser
afastado o concurso material de crimes para o caso em tela.

c) DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUES PRE-ORDENADA


Não há que se falar em embriagues pré-ordenada, posto que JORGE não estava
embriagado ao conhecer ANALISA. As testemunhas de acusação não viram os fatos e
não houve prova pericial para comprovar a embriagues de JORGE, sendo assim justa a
medida de afastamento da agravante caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta.

d) DA PENA BASE NO MINIMO LEGAL


JORGE, réu primário, possuidor de bons antecedentes, com residência fixa, com
boa conduta social, e no caso em tela não teve o animus necandi do tipo penal em que é
acusado, posto não agir com má intenção de se aproveitar da suposta ingenuidade de
ANALISA, fará jus a pena base no mínimo legal como medida necessária de
reprovabilidade do ato.

e) DA APLICAÇÃO DO REGIME SEMI ABERTO


Ainda que o crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado
como infração hedionda na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a
inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o
Impresso por Ivan Lemos, E-mail pr.ivanrodrigueslemos@gmail.com para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por
direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 09/09/2023, 11:49:32

regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o
preceito em abstrato. Sendo assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no
mínimo legal deverá ser fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de
bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o réu, pois o artigo 33,
§2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas superiores a 8
(oito) anos, o que não é o caso.

III PEDIDO

Face ao exposto requer:


a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade;
b) caso não seja esse o entendimento para absolvição, que seja concedido o afastamento
do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único;
c) fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da embriaguez
preordenada e a incidência da atenuante da menoridade; e
d) fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art.
33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei
8.072/1990.

Curitiba/PR e data.

ADVOGADO
OAB/UF

Você também pode gostar