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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE CAMPOS-RJ.

Autos n°...

[10 LINHAS]

Lauro, já qualificado nos autos do processo em epigrafe, vem por intermédio de


seu advogado, este que o subscreve, respeitosamente perante a presença de
Vossa Excelência, apresentar as Alegações Finais por Memoriais, com
fundamentos no art. 403, § 3, do CPP, diante dos motivos de fato e de direito a
seguir expostos:

I - DOS FATOS

Em 3 de outubro de 2016, na cidade de Campos-RJ, Lauro, de 33 anos,


desenvolveu uma obsessão por Maria, estagiária de uma empresa vizinha ao
seu local de trabalho. Após ser rejeitado por ela, Lauro decidiu adquirir
legalmente uma arma de fogo de uso permitido, com registro, com a intenção de
coagir Maria a manter relações sexuais contra sua vontade.
Lauro compartilhou seus planos criminosos com José, seu colega de trabalho e
melhor amigo, a quem contou sobre a aquisição da arma registrada e seu intento
de usar a arma para ameaçar Maria, mas sem a intenção de causar qualquer
lesão física.
No dia do crime, quando Lauro estava a caminho de encontrar Maria, foi
surpreendido por uma viatura da Polícia Militar, que havia sido alertada por José
sobre as intenções criminosas de Lauro. Ele foi preso em flagrante. Maria, ouvida
pela polícia, afirmou ter 17 anos, mas não apresentou documentos que
comprovassem sua idade. Ela expressou o desejo de que Lauro fosse
responsabilizado pelos seus atos.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lauro com base no crime previsto
no artigo 213, § 1º, do Código Penal, combinado com os artigos 14 e 61, inciso
II, alínea f, do mesmo Código. Durante a instrução criminal, Maria reafirmou suas
declarações prestadas anteriormente à polícia e alegou ter 17 anos, embora não
tenha apresentado documentos para comprovar sua idade. O réu compareceu
somente à segunda audiência de instrução, e seu advogado protestou contra a
realização da primeira audiência sem a presença de seu cliente. Posteriormente,
o réu foi ouvido em audiência, sendo juntada aos autos sua folha de
antecedentes, sem qualquer anotação, e houve divergências nos depoimentos
das testemunhas apresentadas pela vítima. O magistrado concedeu prazo para
o Ministério Público apresentar seu memorial, seguido pela apresentação do
memorial da defesa do réu.

II - DO DIREITO

II.I-DAS PRELIMINARES

Diante dos fatos expostos, fica evidente que o magistrado conduziu a instrução
processual na ausência do réu, que não compareceu à audiência de instrução
devido à falta de intimação. Tal conduta violou o direito constitucional ao
contraditório e à ampla defesa. Portanto, requer-se que seja decretada a
nulidade absoluta da audiência, bem como de todas as provas derivadas dela,
em conformidade com o artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal, e o
artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.

II.II- DO MÉRITO

Conforme já mencionado, os atos preparatórios não são, em regra, passíveis de


punição. No caso em questão, não se pode atribuir culpa ao acusado, razão pela
qual se requer sua absolvição com base no artigo 386, inciso III, do Código de
Processo Penal.
Diante disso, não há fundamento para a tentativa imputada na denúncia, uma
vez que os atos preparatórios não são puníveis. Portanto, o réu deve ser
absolvido conforme o exposto.
Caso a presente argumentação não seja acolhida, requer-se que seja afastada
a qualificadora prevista no artigo 213, § 1º, do Código Penal, uma vez que não
foi realizado nenhum exame pericial que conste nos autos do processo. Além
disso, não foram apresentados documentos que comprovem a idade alegada
pela vítima tanto perante a polícia quanto no decorrer do processo. Assim, não
há fundamento para presumir que a vítima tenha 17 anos, como alegado.
Portanto, solicita-se o afastamento dessa qualificadora. Adicionalmente, é
necessário afastar o reconhecimento da agravante prevista no artigo 61, inciso
II, alínea f, do Código Penal, descrita na denúncia, pois, apesar de a vítima ser
mulher, não há relação familiar, de coabitação ou qualquer outro tipo de
relacionamento anterior entre as partes, conforme exigido pela Lei nº 11.340/06.

III - DO PEDIDO

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência que seja reconhecido:


A nulidade da audiência de instrução e de todas as provas derivadas dela, por
violar o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa, nos termos do
artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, e do artigo 564, inciso IV, do Código
de Processo Penal;
Caso não seja considerada a nulidade, que o acusado seja absolvido com base
no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, uma vez que os atos
Caso não seja considerada a nulidade, que o acusado seja absolvido com base
no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, uma vez que os atos
preparatórios, em regra, não são puníveis em nosso ordenamento jurídico;
Caso não seja reconhecida a absolvição, que seja afastada a qualificadora
prevista no artigo 213, § 1º, do Código Penal, devido à falta de comprovação da
idade da vítima e ausência de exame pericial nos autos do processo. Ademais,
solicita-se o afastamento da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea f,
do Código Penal, uma vez que não há relação familiar, de coabitação ou
qualquer outro relacionamento anterior entre as partes;
Caso a argumentação acima não seja aceita, que seja fixada a pena base no
mínimo legal, com regime inicial de cumprimento de pena no regime semiaberto,
considerando a redução máxima da tentativa, nos termos do artigo 14, inciso II,
parágrafo único, e artigo 33, § 2º, alínea b, ambos do Código Penal;
O reconhecimento da atenuante prevista no artigo 65, inciso II, alínea d, do
Código Penal, e o afastamento da agravante prevista no artigo 61, inciso II,
alínea f, do Código Penal, uma vez que não há violência nos moldes da Lei nº
11.340/06, em razão da inexistência de relação familiar, de coabitação ou
qualquer outro relacionamento anterior entre as partes.
Nesses termos, pede deferimento.

Local, data
Advogado
OAB

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