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Elis Ariane Gazoso Souza 012.

9688

Gabrielly Faria dos Santos 012.10089

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DE


VITÓRIA, ESPÍRITO SANTO

Felipe, já qualificado nos autos do processo-crime nºxxxxxxxxxx que lhe move a justiça
pública, por meio de seu advogado regularmente constituído, que este subscreve, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS NA
FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal,
pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1 - Dos fatos
O denunciado Felipe, como incurso nas sanções do art. 217-A, por duas vezes, na forma
do art. 69, os dois do Lei Penal, certo porque teria realizado sexo oral e vaginal de acordo
com Ana, juvenil de 13 anos no hora dos atos. Alega também o Parquet que Felipe
intencionalmente se embebedou para fazer o crime, configurando a agravante da
embriaguez preordenada (art. 61, II, “l”, do CP).
Outrossim a regular instrução processual, o Ministério Público requereu a condenação do
acusado nas frases da denúncia. Intimada, a defesa passa a apresentar as alegações
finais do imputado.
2 - Do direito
Impõe-se a absolvição do referido visto que razão do erro de tipo essencial (art. 20 do
CP), configurando a atipicidade da norma praticada por Felipe.
De acordo com o efeito o art. 20 do Norma repressiva dispõe que o erro sobre elemento
constitutivo do tipo legal elimina o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei.
Por sua vez, o tipo penal descrito no art. 217-A do CP exige que o réu tenha ciência de
que se trata de menor de 14 anos para configurar o estupro de vulnerável.
No caso, verifica-se que está configurado o erro de tipo escusável. Com efeito, Ana
informou em juízo que tem o costume de frequentar bares de adultos; as testemunhas
defensivas informaram que Ana não aparentava ter 13 anos, que qualquer pessoa
acreditaria que ela era maior de 14 anos e que Felipe não estava embriagado; e, por fim,
Felipe informou que não perguntou a idade de Ana por acreditar que o local era
frequentado somente por maiores de 18 anos.
Portanto, Excelência, todos os elementos dos autos indicam que não havia como Felipe
Saber que Ana era menor de 14 anos, de forma que incidiu em erro quanto ao elemento
“menor de 14 (quatorze) anos” constante no tipo do art. 217-A do CP, devendo-se,
portanto, excluir o dolo de sua conduta.
Vez que o referido tipo penal não contempla modalidade culposa, de se concluir, portanto,
que sua conduta é atípica, razão pela qual deve ser absolvido com fundamento no art.
386, III, do CPP.
Secundariamente, aventura assim o afastamento do concurso material de crimes, vez que
a conduta de Felipe configura crime único.
Com efeito, o tipo penal do art. 217-A do CP é um tipo misto alternativo, contemplando as
condutas de ter conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, de tal forma que,
praticadas essas condutas dentro de um mesmo contexto fático, há somente um crime.
No caso em questão, fica comprovado que Felipe praticou conjunção carnal (sexo
vaginal) e outro ato libidinoso (sexo oral) dentro de um mesmo contexto fático com Ana,
de tal forma que não há de se falar em concurso de crimes.
Posteriormente na segunda fase da dosimetria da pena, de rigor o afastamento da
circunstância da embriaguez preordenada (art. 61, II, “l”, do CP).
Com efeito, não há materialidade que comprove a suposta embriaguez de Felipe muito
menos que este teria o intuito de praticar os crimes a ele imputados. Pelo contrário: as
testemunhas arroladas certificaram que Felipe não estava embriagado quando conheceu
Ana, de tal forma que não há prova que corrobore a alegação ministerial.
Ainda nessa segunda fase, impõe o reconhecimento da atenuante da menoridade relativa
(art. 65, I, do CP), isto porque restou comprovado que Felipe tinha 18 anos no momento
em que os fatos ocorreram, fazendo jus, portanto, a referida circunstância atenuante.
Vez que se trata de crime único, e não concurso de crimes, e que Felipe é primário e de
bons antecedentes, de rigor a fixação da pena-base no mínimo legal, vez que todas as
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP lhe são favoráveis.
Por conseguinte, mantendo-se a pena no mínimo legal, restando em 8 anos, de se fixar o
regime inicial semiaberto para o cumprimento da pena, em consonância com o disposto
no art. 33, § 2º, “b”, do CP, vez que a pena não é superior a 8 anos e Felipe não é
reincidente.
Cabe ainda salientar que, apesar do crime de estupro de vulnerável ser considerado
hediondo conforme a Lei 8.072/90, art. 1º, IV, o STF declarou a inconstitucionalidade do
art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes Hediondos, por violar o princípio da individualização da
pena (art. 5º, XLVI, da Constituição). Assim, o juiz, ao fixar o regime inicial, deve-se
atentar aos parâmetros do art. 33, § 2º, do CP, bem como as peculiaridades do caso
concreto.
No presente caso, considerando que o art. 33, § 2º, “a”, do CP, fixa o regime fechado para
os crimes punidos com pena superior a 8 anos, patamar este aqui não alcançado, e que
Felipe é primário e de bons antecedentes, mais adequado será o regime inicial
semiaberto.
3- PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se a absolvição de Felipe com supedâneo no art. 386, III, do CPP.
Subsidiariamente, caso assim não se entenda, requer-se
A-) o reconhecimento de crime único e afastamento do concurso de crimes
B-) o afastamento da agravante da embriaguez preordenada
C-) o reconhecimento da atenuante da menoridade relativa
D-) a fixação da pena no mínimo legal e (v) a fixação do regime inicial semiaberto para o
cumprimento de pena.
Termos em que pede deferimento.
Local, 15 de abril de 2014.
Advogado, OAB nº xxxxxxxxx

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