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Ponto 1: Fundamento e natureza jurídica do direito internacional privado

Analisando o mundo hodierno.... até autonomia da vontade

Fundamento: Se no globo houvesse um único sistema jurídico, todos os atos e fatos jurídicos seriam
regidos por ele. No caso de pluralidade de sistemas jurídicos, se as pessoas e coisas se relacionassem
somente dentro de cada sistema, a lei de regência continuaria sendo a de cada sistema jurídico, para os
respectivos atos e fatos. Na prática, o que ocorre é que há muitos sistemas jurídicos e no seio de cada
um deles, há atos e fatos que se relacionam somente com o respectivo sistema (ao qual são aplicáveis a
lei desse sistema jurídico); enquanto que há outros que possuem ligação com mais de um sistema
jurídico. Estes últimos recebem várias denominações: fatos anormais, fatos internacionais, fatos
estrangeiros, fatos interjurisdicionais etc. São justamente tais fatos que suscitam a questão de conflito
de leis no espaço, criando a indagação da lei aplicável para a sua resolução.

O DIPr., cuja problemática central é o conflito de leis no espaço (que levanta o problema da lei aplicável
para a sua resolução), fundamenta-se na existência de muitos sistemas jurídicos; no intercâmbio
universal (cosmopolitismo que impulsiona o intercâmbio de pessoas e coisas entre os variados sistemas
jurídicos); na ausência de legislação uniforme; na existência de fatos anormais; e na
extraterritorialidade das leis (possibilidade de aplicação de leis de outros sistemas jurídicos em
determinado território, dentro de certas circunstâncias).

Natureza Jurídica: O DIPr. é ramo do direito publico interno. Em suas origens históricas, a solução do
conflito de leis pela escolha da lei aplicável se fez pela doutrina, de maneira localizada. Com o advento
dos Estados modernos e o consequente surgimento dos sistemas jurídicos nacionais, a solução do
conflito de leis manteve-se na esfera interna, tendo inclusive sido objeto de legislação esparsa e de
codificação nos países de Direito Continental ou Francês. Já nos países de common law foi objeto de
jurisprudência interna. É o próprio direito interno que autoriza a aplicação de norma estrangeira,
indicada por elemento de conexão, fixado pela lei nacional (Lei Geral de Introdução às Normas Jurídicas
de 1942). A característica pública do DIP é realçada pelo fato de que a utilização da autonomia da
vontade (possibilidade de as partes escolherem a norma de regência) é regulada pela lei interna.

1. Conclusão

Ligado ao fundamento e à natureza jurídica do DIPr. está seu objeto e abrangência. Viu-se,
historicamente, que tal disciplina surgiu para resolver a problemática da aplicação da lei no espaço,
portanto de cunho nitidamente conflitualista. A escola alemã mantém-se fiel a tal orientação e
considera que o objeto único do DIPr. é disciplinar o conflito de leis no espaço. Para a escola francesa,
além desse objeto fundamental, o DIPr. engloba o estudo da nacionalidade e da condição jurídica do
estrangeiro, aspectos de direito material e não conflitual. Os anglo-saxões consideram que além do
conflito de leis, o DIPr. Abarca também o conflito de jurisdições. Para alguns, o estudo dos direitos
adquiridos no exterior faria parte do DIPr. A inclusão de matérias não conflituais como sendo objeto do
DIPr. foi feita muito mais por conveniência didática ou de tradições locais, do que por motivos
científicos.

No que toca à abrangência ela foi alargada com o passar do tempo. Inicialmente regulava o
relacionamento entre pessoas físicas internas, que extrapolassem os limites de um sistema jurídico. Ao
surgirem as pessoas jurídicas de direito interno, há cerca de 200 anos, elas passaram a serem sujeitos de
DIPr. Por volta da metade do passado século, os Estados, pessoas jurídicas de Direito Internacional
Público, passaram a ser submetidas ao DIPr., quando agirem como gestores de negócio e não no
exercício de seus direitos soberanos.

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