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Ponto 3 qualificação e conflito de qualificações

Parte final

- os conceitos jurídicos não estão ligados aos fatos em si

- e sim a determinado ordenamento jurídico.

-como os ordenamentos jurídicos não possuem necessidade de serem semelhantes e nem


mesmo coerentes, é comum que um conceito jurídico seja enquadrado de forma diferente de
um Sistema Jurídico para outro.

-Para saber em quais hipóteses a lei indicada será aplicada, é necessário se esclarecer e
delimitar o alcance da Categoria Jurídica.

-normalmente a qualificação é feita automática e instintivamente,

-somente no final do sec XIX, Kahn e Bartin colocaram pela primeira vez esta problemática.

-Qualificação: processo Técnico-Jurídico, pelo qual se Classifica Ordenadamente fatos da vida


de acordo com a categoria jurídica, em dado ordenamento (Dolinger).

-Conflito De Qualificações: ocorre quando a qualificação do fato for diferente em Sistemas


Jurídicos potencialmente aplicáveis ao referido fato – ex: Br vs Al, casamento: direito de família
para o Brasil e direito das obrigações na Alemanha.

Exemplos históricos acerca do conflito de qualificação:

a) Caso da viúva maltesa ou casal Bartholo


-casal originário de malta se casou sem pacto ante nupcial
-1º domicílio conjugal em malta
-mudaram-se para a Argelia onde marido faleceu, deixando bens imóveis
-na Argelia vigorava o direito francês, onde a viúva nada herdava
-em Malta, onde vigorava o código Roham, dava direito à viúva de herdar bens do
marido
-a questão foi submetida ao tribunal de Argel, que se viu diante de um conflito de
qualificações:
-se qualificasse a matéria como Direito Sucessório, conforme lei argelina , nada
receberia a viúva, pois as regras hereditárias obedeceriam a lex rei sitae (situação do
imóvel);
-se qualificasse a matéria como Regime de Bens, ela receberia sua parte dos bens, pois
a norma apontaria para a aplicação da lei do primeiro domicílio conjugal.
-juiz qualificou o caso acima como de regime de bens, decidindo favoravelmente à
viúva.
b) Caso do testamento hológrafo holandês:
-um holandês, após fazer testamento hológrafo (próprio punho) na França (válido)
morreu deixando bens na França e Holanda.
-art. 992, do CC Holandês, proibia nacionais de testar de próprio punho, mesmo em
país estrangeiro.
-DIPr Fr e Holandês possuíam Elementos De Conexão idênticos para regular a
capacidade e para reger a forma dos atos.
-testamento era valido segundo direito Frances e nulo conforme o Holandes.
-a diferença se deve à divergência da QUALIFICACAO entre os dois direitos quanto à
Natureza Jurídica do testamento.
-na França, a forma do testamento se relaciona com a FORMA EXTRINSECA dos atos
-na Holanda, era classificado como problema de capacidade (fundo).

>Teorias para se realizar a qualificação:

-não confundir lei qualificadora com lei aplicável.

1ª: lex fori: questão jurídica ligada a dois ordenamentos jurídicos com enquadramentos
diferentes, o aplicador da lei deve preferir o enquadramento feito pelo próprio ordenamento,
porem nem sem sempre é possível a classificação lex fori.

2ª: lex causae: entregar ao direito estrangeiro eventualmente aplicável, o enquadramento da


relação jurídica objeto do litígio.

>Conclusão:

-o entendimento mais acertado é que o DIPr Br aplica a lex fori para a qualificação em geral,
abrindo duas exceções para a lex causae em matéria de bens e contratos (os artigos 8º e 9º da
lindb).

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