Você está na página 1de 2

Ponto 04 – Ordem Pública e seus três níveis de Incidência

>Ordem publica no direito interno: impede que as normas de direito ou OP sejam modificadas pelo pacto de
particulares

>Ordem publica no DIPr: pode afastar a aplicação de leis estrangeiras, o reconhecimento de atos realizados
no exterior e a execução de sentenças proferidas por tribunais estrangeiras.

>Origens do conceito de OP em DIPR foi a diferenciação entre estatutos odiosos (não poderiam ser aplicados
fora do local em que haviam sido expedidos) e estatutos favoráveis (Bártolo).

>hoje, chegou-se à ideia que um país, devia deixar de aplicar leis (embora indicadas por seu próprio
ordenamento jurídico) quando fossem incompatíveis com a “consciência da justiça e do dever” (Savigny) ou
com a “boa ordem e os sólidos interesses da sociedade local” (Story).

>OP (conceito fluido, muda) varia no tempo e espaço, não sendo idêntica de uma sociedade para outra nem
tendo que se embasar em lei constitucional ou infra.

>OP visa proteger os fundamentos básicos de uma sociedade.

>Cabe ao juiz ou tribunal decidir o que seja contrário á ordem pública. Quando a lei estrangeira for repelida,
será aplicada em seu lugar a lei do foro.

>Exemplo: evolução da aceitabilidade da lei ou da sentença estrangeira do divórcio no Brasil, nos últimos
cem anos.

Os três níveis de ordem pública (Dolinger)

>Para Dolinger, o princípio de ordem pública aplica-se em três níveis

>1º Nivel: funciona no plano do direito interno, garantindo o império de certas normas jurídicas, impedindo
que sejam derrogadas pela vontade de particulares (Exemplos: leis de proteção aos menores, aos incapazes,
à família, à economia nacional; bem como de institutos civis e comerciais fundamentais).

>2º nível: impede a aplicação de leis estrangeiras indicadas pelas regras de conexão de DIPr.

> Não é toda a lei local, daquelas inderrogáveis pela vontade das partes no plano interno, que não poderá
ser substituída por lei estrangeira, diversa, no plano do DIPr

>uma norma de op não pode ser derrogada internamente (menor de 16 não pode renunciar à proteção que
lhe é conferida). Se um elemento de conexão indica norma estrangeira que o permita, será aqui aceita e
aplicada.
> a OP deve ser gravemente afrontada para que se rejeite a aplicação da lei estrangeira

>3º nível: relaciona-se ao reconhecimento de direitos adquiridos no exterior:

>A ordem pública, em seu terceiro nível impediria que o bígamo imigrado com uma de suas esposas, para cá
trouxesse sua(s) outra(s) esposa(s), pretendendo viver como família polígama(com todas suas emanações
reconhecidas no Brasil), por afrontar gravissimamente nossa ordem pública.

Direito positivo brasileiro

>“As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia
no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”. O art. 17 da Lei
de Introdução de 1942, ante citado, repete teor já existente na Introdução de 1917.

>Além da Lei de Introdução, há duas outras referências no direito positivo brasileiro à ordem pública:

a) o vigente Código de Processo Civil, que remete a matéria ao Regimento Interno do STF,

b) o art. 7º do Código Brasileiro do Ar, que classifica como de ordem pública as normas que vedam no
contrato de transporte aéreo, cláusulas que exonerem de responsabilidade o transportador etc.

>“as leis, atos e sentenças de outro país” referem-se à legislação estrangeira, aos atos emanados de algum
poder constituído em país estrangeiro, ou seja ato governamental, ato de qualquer poder delegado pelo
governo e as sentenças.

>A trilogia “soberania nacional, ordem pública e bons costumes” também é objeto de comentários na
doutrina. Para uns bastaria a referência à ordem pública, que englobaria as duas outras. Para outros “bons
costumes” referir-se-ia a princípios inspirados na moral.

Conclusão

>Todos os princípios de DIPr. – reenvio, qualificação, direitos adquiridos, ordem pública etc. - procuram
disciplinar, moderar e limitar a utilização das regras de conexão ma sua tarefa de indicar a lei aplicável.

>De todos eles, a ordem pública é a que possui maior poder de restringir a aplicação da lei estrangeira.

> É necessário, entretanto, que ela não seja utilizada abusivamente pelos que resistam à aplicação da lei
estrangeira, simplesmente por não aceitar a noção importantíssima de comunidade jurídica internacional.

Você também pode gostar