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Apostila de Direito Internacional Privado

Working Paper · October 2016


DOI: 10.13140/RG.2.2.28516.37761

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Denny Thame
University College London
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Direito Internacional Privado

Por Danielle Denny


www.danielledenny.blogspot.com
danielledenny@hotmail.com

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Esboço Histórico do Direito Internacional Privado.


2. Denominação e Método de Direito Internacional Privado e a Disciplina no
Brasil.
3. Noções Fundamentais e Objeto do Direito Internacional Privado
3.1. O Objeto.
3.2. A Denominação.
3.3. O Direito Internacional Privado e o Direito Internacional Público.
3.4. O Direito Público no Âmbito do Direito Internacional Privado.
3.5. Os Conflitos Interespaciais.
3.6. Os Conflitos Interpessoais.
4. Fontes do Direito Internacional Privado.
4.1. Lei.
4.2. Tratado Internacional.
4.3. Jurisprudência.
4.4. Doutrina.
4.5. Direito Costumeiro.
4.6. Código de Bustamante.
5. Normas do Direito Internacional Privado no Brasil.
5.1. Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, antiga Lei de
Introdução ao Código Civil – LICC (Art. 7º ao 19).
5.2. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-STF.
5.3. Estatuto dos Estrangeiros (Lei nº 6.815/1980).
6. Elementos de Conexão – Lei Determinadora.
6.1. Os Elementos de Conexão: Local da Prática do Ato, Lei do Domicílio,
Local da Execução do Contrato, Lei do Foro e Lei da Coisa.
6.2. As Regras de Conexão.
6.3. Elementos de Conexão no Direito Brasileiro.
7. Dispositivos Legais-Aplicação do Direito Estrangeiro no Brasil.
7.1. Direito Societário.
7.2. Direito Processual.
7.3. Direito de Família.
7.4. Direito das Sucessões.
7.5. Direito das Coisas.
7.6. Direito Obrigacional.
8. Preceitos Básicos do Direito Internacional Privado.
8.1. Ordem Pública.
8.2. Fraude á Lei.
8.3. Reenvio.
8.4. Questão Prévia.
8.5. Adaptação ou Aproximação.
8.6. Alteração de Estatuto ou Conflito Móvel.
8.7. Direitos Adquiridos.
9. Aplicação do Direito Estrangeiro
9.1. Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo.
9.2. Verificação do Conteúdo e Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo.
9.3 Temas Específicos do Direito Processual Civil Internacional.
9.3.1. Litispendência Internacional.
9.3.2. Caução de Processo.
9.3.3. Capacidade Processual da Parte.
9.3.4. Assistência Judiciária Gratuita.
9.3.5. Regime Jurídico dos Documentos de Procedência Estrangeira.
10. Homologação de Sentença Estrangeira.
10.1. Conceitos e Princípios Básicos.
10.2. Homologação de Sentença Estrangeira no Direito Brasileiro.
11. Contratos Internacionais.
11.1. Conceito.
11.2. Elementos de Conexão nos Contratos Internacionais.
11.3. Conflitos de Leis.
11.4. Normas Primárias e Secundárias.
11.5. Autonomia da Vontade.
11.6. Estrutura de um Contrato Internacional.
11.7. Cláusulas Essenciais a um Contrato Internacional.
11.8. Venda e Compra Internacional.
11.9. Inconterms.
11.10. Contratos Específicos do Comércio Internacional: Franchising,
Factoring, Leasing, Joint Ventures, Crédito Documentário, Catering, Agência.
12. Temas e Casos Práticos da Área voltados para a Realidade Regional de
Inserção do Curso.

Bibliografia Básica:
DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Renovar,
2011.

Bibliografia Complementar:
CASTRO, Amílcar. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Forense,
2005.
RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática.
São Paulo: RT, 2008.
RODAS, João Grandino. Contratos internacionais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
STRENGER, Irineu. Direito internacional privado. 6ª ed. São Paulo: LTR,
2005.

Roteiro de aulas

Características da ordem jurídica Internacional


Direito internacional público e privado são ramos do Direito Público
Ausência de autoridade superior
Ausência de hierarquia entre as normas princípio da horizontalidade das
normas
Manifestação do consentimento, Estado só se vincula se manifestar
consentimento, salvo costume internacionalmente reconhecido e Tribunal
Penal Internacional se houver recomendação de investigação do conselho de
segurança da ONU a indivíduos de estado mesmo não signatário do Estatuto
de Roma
Coordenação não subordinação
Sistema de sanção precário (muitas vezes ganha mas não leva)

Direito Internacional Privado é um conjunto de regras de sobredireito


colisionais para solucionar conflitos entre normas. É a ciência dos conflitos.

Elementos de conexão condições fáticas que determinam a aplicação do


Direito para dirimir conflito aparente de normas.

História
Na Antiguidade o estrangeiro não tinha direitos pois estes derivavam da
religião, o estrangeiro tinha outra religião então não tinha direitos, não podia
ser proprietário, casar, exercer atos do comércio, seus filhos eram
considerados bastardos, não podia herdar nem testar. Assim, jamais ocorria
conflito de normas entre os direitos locais e outros sistemas jurídicos,
portanto era desnecessário o Direito Internacional Privado. Mesmo em Roma
onde existia o jus civile para os cidadãos romanos, o jus peregrinum para os
estrangeiros e o jus gentium para relações entre peregrinos e cidadãos,
tratava-se de Direito Interno não de Direito Internacional pois não se
reconhecia outros ordenamentos.

Com a invasão do Império Romano pelos bárbaros no século V, constata-se


que existia um primórdio de regras para solução de conflitos como por
exemplo, na venda aplicava-se a lei do vendedor, na sucessão seguia-se a
lei nacional do de cujos e a mulher se submetia à lei do marido.

Com o regime feudal, a fixação o do homem sobre a terra com a organização


de feudos sobre os quais o senhor feudal tinha total autonomia e comando,
nenhuma outra lei senão aquela por ele determinada era admitida, assim
instala-se um período de territorialidade da lei a partir do século IX. Nesse
contexto a população se submetia apenas às leis vigentes no território onde
estivesse então não havia conflito, sendo desnecessário o Direito
Internacional Privado.

Nos centros de mercancia como as cidades-repúblicas italianas, como


Módena, Bolonha, Florença, Pádua, Gênova e Veneza, o feudalismo adotado
era mais brando pois o foco eram as relações de comércio em larga escala e
portanto havia contato frequente entre habitantes de outras cidades. Com
isso surge o fenômeno de habitante de uma cidade ser demandado perante a
justiça de outra cidade e qual seria, portanto, o conjunto de normas aplicável?
Aquelas que o juiz do caso entendesse como preferível e mais útil (quae
potior et utilior videtur). Mais preferível, útil e melhor são critérios subjetivos,
mas para alguns autores esse é o marco para o nascimento do Direito
Internacional Privado.

Escolas estatutárias

Italiana século XIV = locus regit actum aplicação da lei do local em que o ato
jurídico foi realizado e lex loci delicti delitos devem ser submetidos à lei do
lugar de sua perpetração. Bártolo de Sassoferato o mais notável jurista da
Idade Média escreveu sobre o conflito de leis.

Francesa século XVI. Charles Dumoulin foi o primeiro a introduzir a


autonomia da vontade e Bernard d´ Argentré foi um defensor do
territorialismo, assim, todos os bens imóveis sitos em um território e todas as
pessoas nele domiciliadas devem ser regidas pelas leis locais, só
excepcionalmente admite-se invocar lei estrangeira.

Holandesa século XVII. A Holanda na época aspirava emancipação, portanto


levou a teoria do territorialismo ao extremo, até aos bens móveis trazidos
pelo estrangeiro seguem a lei do local onde está o proprietário. Ulrich Huber
sintetizou em 3 princípios: as leis de cada Estado aplicam-se dentro de suas
fronteiras e obrigam seus súditos, mas não vão além desses limites; súditos
de um Estado são todos os que se encontram no território; e os soberanos
por cortesia internacional permite a aplicação extraterritorial das leis de outro
Estado, ou seja, só se permite aplicar a norma estrangeira quando tiver
criado direitos adquiridos (vested rights).

Escola alemã século XVIII ou segunda escola francesa do século XVIII


aperfeiçoou o que as três outras escolas estatutárias criaram.

Doutrinas modernas

Trouxeram regras sobre conflitos de leis o Código Civil de Napoleão de 1804,


o Código Civil italiano de 1865 e o Código Civil alemão de 1896. São dessa
época autores consagrados até hoje como Story, Savigny e Mancini.

Joseph Story o primeiro a usar o termo Direito Internacional Privado, entendia


que a aplicação do direito estrangeiro se faz na busca da justiça, não é
cortesia, assim a lei estrangeira não é aplicada mas somente se reconhecem
os efeitos que ela já tenha produzido, assim lei estrangeira é aceita como fato
criador de direitos adquiridos (vested rights) e não como lei.

Friedrich Carl von Savigny parte do pressuposto que a comunidade de direito


entre os diferentes povos deve encontrar a lei aplicável a cada hipótese de
acordo com a conformidade com a natureza da própria relação. Então seria o
domicílio das pessoas no que tange a seu estado e capacidade e localização
da coisa para questões dela decorrentes.

Pasquale Mancini sistematizou que certas questões serão necessariamente


regidas pelo principio da nacionalidade (o estado e a capacidade, as relação
de família e as sucessões). Questões atinentes aos bens aos contratos e
demais obrigações podem ser regidas pela lei que a pessoa escolher, pois
são leis supletivas, princípio da liberdade. E leis de direito público e com
relação à ordem pública são aplicadas a todos que se encontram em um
território, princípio da soberania.
Código Bustamante ou Código de Derecho Internacional Privado foi um
tratado destinado a estabelecer regras comuns para Direito Internacional
Privado nas Américas, idealizado por Antonio Sánchez de Bustamante y
Sirven, negociado no 6 º Congresso Pan-Americano realizado em Cuba em
1928 anexo ao Tratado de Havana.

A uniformização não foi aceita pela grande maioria então o método do Direito
Internacional Privado mudou do sistema uniformizador para o sistema que
estabelece regras harmonizadoras que determinarão a lei a ser escolhida em
situações que extrapolem os limites da soberania.

Josephus Jitta particularista, subtitui a noção de comunidade jurídica (de


Savigny) por sociedade internacional. O Estado tem uma missão dupla
manter o direito no grupo de indivíduos que formam a nação e garantir o
cumprimento de seus deveres com relação à sociedade internacional.

Métodos

O método individual prevê a aplicação da lei doutrina e jurisprudência. O


método universal a lei internacional, uniforme e os tratados. Para os
particularistas, seguidores do método individual os problemas de DIP são
próprios de cada estado e devem ser solucionados com base nas fontes
internas, fontes internacionais são exceção. Para os universalistas problemas
de DIP concernem a sociedade internacional, têm natureza internacional e só
podem ser solucionados internacionalmente de maneira uniforme.

Antoine Pillet defende o universalismo, soluções internacionais devem ser


definidas em convenções e tratados. Normas extraterritoriais cuidam do
indivíduo da sua capacidade das relações de família e sucessão. As
territoriais são leis políticas, morais, de segurança de propriedade de crédito
público, falência, tributos.

Os métodos universalista e particularista se alternam. Na segunda metade do


século XIX prevaleceu o universalismo, no entre guerras o particularismo e
atualmente voltou o universalismo.

Outra novidade da atualidade é o princípio da proximidade que faculta aos


tribunais maior poder discricionário para escolher a lei aplicável que tenha
maior ligação com o caso concreto. Esse princípio foi consagrado na
Convenção de Roma de 1980 da Comunidade Econômica Europeia, art. 4
“Quando a lei aplicável ao contrato não tiver sido escolhida ... o contrato será
regido pela lei do pais com o qual esteja mais proximamente conectado”.

Denominação
Como a principal fonte do Direito Internacional Privado é a legislação interna
de cada país, para muitos estudiosos a denominação “internacional” da
matéria está equivocada. A nacionalidade e a condição jurídica do
estrangeiro são matérias eminentemente nacionais e nenhuma soberania
admite interferência de fontes estranhas na elaboração de sua política de
suas normas nesses assuntos. No mesmo sentido, as regras sobre a
competência dos tribunais de cada país são competência do legislador de
cada jurisdição. Em matéria de conflito de leis há convenções internacionais,
mas a maioria não vigora por falta de número mínimo de ratificações.

Da mesma forma o termo “privado” recebe críticas. A matéria inclui questões


de Direito Processual, Fiscal, Monetário, Financeiro, Administrativo, Penal,
portanto pouco tem de Direito Privado. Apenas o principal interessado na
escolha da lei aplicada é o sujeito e este é sempre privado. Trata-se de um
sobredireito, de um ordenamento da competência das competências,
portanto de Direito Público, não privado.

São várias as alternativas aventadas:


Nomantologia = estudo (logos) do confronto (ante) das leis (nomos)
Direito Intersistemático = conflitos interespaciais, interpessoais de natureza
jurisdicional

Fontes do Direito Internacional Privado.

São fontes do Direito Internacional Privado: Lei interna de cada país ,


tratados internacionais, jurisprudência, doutrina, costumes e o Código de
Bustamante.

A principal fonte do Direito Internacional Privado é a legislação interna de


cada país. No Brasil a principal é a Lei de introdução às normas do direito
brasileiro – LINDB (Dec.-Lei nº 4.657/1942).

Sobre questões relativas ao Direito Internacional Privado há diversos tratados


internacionais (acordos formais celebrados de forma escrita por sujeitos de
Direito Internacional Público). O Brasil é signatário de vários, como:

- Convenção de Haia sobre Nacionalidade de 1930, promulgada no


Brasil pelo Decreto n. 21.798/1932
- Convenção sobre Condição dos Estrangeiros, Havana 1928,
promulgada no Brasil pelo Decreto n. 18.956/1929. Convenções sobre
refugiado e sobre asilo diplomático
- Convenção da ONU sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro,
promulgada no Brasil pelo Decreto n. 56.826/1965

O mais importante tratado sobre Direito Internacional Privado contudo é o


Código de Bustamante, aprovado na 6a. Conferência Panamericana, ocorrida
em Havana, 1928, promulgado no Brasil pelo Decreto n. 18.871/1929. Ele foi
ratificado por 15 países sul-americanos, porém vários declararam reservas
quanto a sua aplicação. O art. 7o. prevê que os países podem adotar o
elemento de conexão domicílio ou nacionalidade livremente. Por causa das
várias reservas e como as normas são muito abrangentes, o Código tem
pouca aplicabilidade prática.

A jurisprudência é fonte de Direito Internacional Privado, mas no Brasil é


muito escasso o repertório de decisões a respeito do tema. A maioria trata de
questões atinentes a processo internacional como homologação de
sentenças estrangeiras e ´exequatur´ em cartas rogatórias. Também são
frequentes processos de expulsão e extradição e processos relativos a
evasão fiscal internacional (investimentos em paraísos fiscais e remessas
indevidas de recursos.

Nos países europeus, por exemplo, a abrangência das decisões judiciais é


muito maior, devido à condição fática de intensa circulação de bens, pessoas
e serviços entre as fronteiras dos países europeus. Então os tribunais
nacionais europeus têm rica experiência relativa a conflito de leis,
nacionalidade e direitos dos estrangeiros.

A doutrina, por sua vez, tem o mérito de construir uma vasta gama de
conceitos que fundamentam as decisões dos tribunais. Exemplo de
construção doutrinária: teoria das qualificações (classifica-se ordenadamente
os fato relativamente às disposições legais ou costumeiras para enquadrar o
fato à norma). Para Etienne Bartin (1860-1948) e Franz Kahn (1861-1904)
que desenvolveram a teoria das qualificações, se houver dificuldade relativa
à qualificação de um fato que tenha elementos de conexão internacional, o
juiz consultará diretamente as fontes doutrinárias.

Costumes apesar de serem reconhecidos como fonte de Direito Internacional


Privado, podem ter mais ou menos força de acordo com o Estado em
questão. No Brasil eles só são aplicados no caso de haver omissão da lei.

Disciplina no Brasil

As regras de Direito Internacional Privado estão previstas principalmente na


Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, antiga Lei de
Introdução ao Código Civil – LICC (Dec.-Lei nº 4.657/1942, Art. 7º ao 19) no
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-STF e no Estatuto dos
Estrangeiros (Lei nº 6.815/1980).

LINDB
A Lei de Introdução, Decreto-Lei nº 4.657/1942, é a principal lei atinente ao
Direito Internacional Privado brasileiro. Em seus artigos 7º e 11, dispõe sobre
o direito material aplicável às relações referentes à pessoa e à família; em
seus artigos 8º e 9º, versa sobre o tema das regras materiais aplicáveis às
relações que digam respeito aos bens e às obrigações; na sequência, as
normas materiais aplicáveis à sucessão por morte ou ausência no artigo 10, e
questões de direito processual civil internacional a partir de seu artigo 12 até
o 17.
Sobre as regras de direito processual civil internacional, no artigo 12 a LINDB
dispõe sobre competência jurisdicional internacional; nos artigos 13 e 14,
sobre as regras próprias às provas; em seu artigo 15 regula a homologação
de sentença estrangeira, proibindo, no artigo 16, a ocorrência do reenvio; por
fim, em seu artigo 17 aprecia os limites de aplicação de leis, atos e sentenças
de outros países no Brasil.
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei
brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades
da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os
nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de
invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do
país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso,
a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode,
mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no
ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo
a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois
de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a
homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país.
O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno,
poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já
proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras
de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os
efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família
estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do
tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á
domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se
encontre.
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem
situados.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se
destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa,
em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e
dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas
as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos
extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no
lugar em que residir o proponente.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do
país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer
que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei
nº 9.047, de 1995)
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a
capacidade para suceder.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo,
como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado
em que se constituirem.
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou
estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados
pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de
qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam
investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptiveis de desapropriação.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos
prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou
dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964)
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for
o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das
ações relativas a imóveis situados no Brasil.
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o
exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as
diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se
pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-
se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira
desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de
quem a invoca prova do texto e da vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no
estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à
revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide
art.105, I, i da Constituição Federal).
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver
de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil,
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os
bons costumes.

CPC
COMPETÊNCIA CONCORRENTE
O judiciário brasileiro é competente para julgar uma demanda, sem excluir a
possibilidade da causa ser julgada no estrangeiro.
O Estado Brasileiro tem interesse na solução de conflitos relacionados a
território, população e instituições.
TÍTULO II
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL
CAPÍTULO I
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e
julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver
domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver
agência, filial ou sucursal.
O Código Civil (arts. 70 e 75) define como domicilio o local onde a pessoa
natural exerce a sua residência com ânimo definitivo e para a pessoa jurídica
o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde
elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Considera-
se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência,
filial ou sucursal. A súmula STF nº 363 dispõe que “a pessoa jurídica de
direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou
estabelecimento, em que praticou o ato”.

Mesmo se houver eleição de foro em um negócio jurídico, o judiciário


brasileiro é competente quando a obrigação principal tiver de ser cumprida no
Brasil. Por questão de soberania nacional é vedado às partes dispor sobre a
competência internacional concorrente, não suscetíveis à vontade dos
interessados (Resp nº 251.438-RJ, DJ 2/10/2000, e Resp nº 498.835-SP, DJ
9/5/2005).
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações:
I - de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou
propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de
benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor
tiver domicílio ou residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à
jurisdição nacional.
Alimentos
O Novo CPC introduziu novas hipóteses de competência internacional
concorrente, adotando a competência da justiça brasileira para o julgamento
das ações de alimentos quando o credor tiver domicílio no Brasil e o devedor
for domiciliado em outro país, facilitando o acesso à justiça do alimentando.

Consumidor
A competência internacional concorrente em relação aos defeitos dos
produtos e dos ilícitos praticados nas relações de consumo visa o acesso à
justiça do consumidor brasileiro. No entanto, caso o consumidor realize
contrato que contenha cláusula de eleição de foro estrangeiro a competência
da justiça nacional será afastada para julgar a demanda. Anteriormente a
jurisprudência considerava nula a cláusula de eleição de foro diverso do
domicílio do consumidor, por dificultar a defesa da parte hipossuficiente (CC
41728/PR, 2ª Seção, Min. Fernando Gonçalves, DJ 18/05/2005).

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
Exclui qualquer outra além da autoridade judiciária brasileira.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão
de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados
no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável,
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular
seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.

Regra forum rei sitae.


Somente a autoridade judiciária brasileira pode decidir ações sobre bens
imóveis situados no Brasil e sucessão de bens móveis e imóveis situados no
Brasil. Não podendo ser homologada sentença estrangeira que ratifique a
partilha de bens localizados no território brasileiro.

Da mesma forma, cabe exclusivamente ao judiciário brasileiro dispor sobre


partilha de bens nas ações de divórcio, separação judicial e dissolução de
união estável. Não pode ser homologada sentença estrangeira que disponha
sobre a esse tipo de partilha, pois seria ofensa à soberania nacional.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas
as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos
bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição
brasileira não impede a homologação de sentença judicial
estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
Litispendência
O fato de existir processo no exterior não impede a propositura de demanda
igual no Brasil (identidade de partes, de causa de pedir e de pedido), tendo
em conta que a sentença proferida em outro país tem ser homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i da CF) para ter eficácia no território
nacional. Do mesmo modo, as causa conexas (objeto da demanda idêntico
ou mesma causa de pedir) também não afasta a jurisdição nacional.

Porém a litispendência e a conexão internacional podem ser previstas em


tratado internacional e acordo bilateral, e neste caso a propositura de ação no
estrangeiro induz litispendência e conexão .

A litispendência estrangeira somente ocorre nos casos de competência


internacional concorrente dos artigos 21 e 22, não se aplicando para a
competência exclusiva da jurisdição nacional do artigo 23.
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional,
arguida pelo réu na contestação.
o
§ 1 Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de
competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
o o o
§ 2 Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1 a 4 .
Cláusula de eleição de foro estrangeiro
Quando estipulado em contrato internacional a cláusula de eleição de foro
exclusivo estrangeiro, este é o competente para o julgamento da demanda
relativa às obrigações decorrentes do referido contrato, excluindo-se a
jurisdição nacional.
Nos contratos internacionais, a eficácia da eleição de foro estrangeiro é
controvertida quando o Judiciário brasileiro também é competente para julgar
a lide, nas hipóteses de competência internacional concorrente.

Cooperação Internacional

Situações que só podem ser solucionadas se as pluralidades de jurisdições


envolvidas atuem de modo conectado. Fazer oitiva de testemunhas em um
país, coletar provas em outro, localizar crianças sequestradas ou vitimas de
tráfico de pessoas e julgar em um outro pais.
São formas de cooperação: auxílio direto, acordos internacionais, criação de
autoridades centrais, cartas rogatórias e homologação de sentença
estrangeira.

CAPÍTULO II
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado
de que o Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado
requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros,
residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à
tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária
aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo
previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e
transmissão dos pedidos de cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a
autoridades estrangeiras.
o
§ 1 Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional
poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por
via diplomática.
o o
§ 2 Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1 para
homologação de sentença estrangeira.
o
§ 3 Na cooperação jurídica internacional não será admitida a
prática de atos que contrariem ou que produzam resultados
incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado
brasileiro.
o
§ 4 O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade
central na ausência de designação específica.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida
pela lei brasileira.

Auxílio Direto
Para obtenção de informações sobre o ordenamento jurídico, para colheita de
provas, para outras medidas pedidas outros órgão que não judiciais (que
seriam cartas rogatórias). Normalmente quando o Brasil é o estado
requerente o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação
Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça do Ministerio da
Justiça envia o pedido diretamente ao país requerido. Quando o auxílio direto
é passivo, o Brasil é o requerido, o Departamento de Recuperação de Ativos
e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça do
Ministerio da Justiça recebe do país solicitante e encaminha para a
Advocacia Geral da União para que sejam pedidas judicialmente as
providências solicitadas.

Seção II
Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer
diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a
ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo
órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao
Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do
pedido.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz
parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento
jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos
ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo,
em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade
judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida
pela lei brasileira.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente
com suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos
estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de
pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado
brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de
tratado.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que,
segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional,
a autoridade central adotará as providências necessárias para seu
cumprimento.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade
central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá
em juízo a medida solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a
medida solicitada quando for autoridade central.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser
executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que
demande prestação de atividade jurisdicional.

Carta rogatória
Equivalem às cartas precatórias mas são no âmbito internacional. Referem-
se a aos judiciais, como citação, oitiva de testemunhas, produção de provas.
No país de destino são submetidas a um juízo de deliberação e podem ou
não receber o exequatur, ou seja a autorização para serem executadas. No
Brasil quem dá o exequatur é o STJ. E para se solicitar o juiz brasileiro
manda pedido ao Ministério da Justiça por meio do Departamento de
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional caso exista
acordo prévio entre os Estados, ou ao Ministério da das Relações
Internacionais caso não haja acordo prévio.

Seção III
Da Carta Rogatória
Art. 35. (VETADO).
Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior
Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e deve assegurar
às partes as garantias do devido processo legal.
o
§ 1 A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento
dos requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro
produza efeitos no Brasil.
o
§ 2 Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do
pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária
brasileira.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de
autoridade brasileira competente será encaminhado à autoridade
central para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar
andamento.
Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira
competente e os documentos anexos que o instruem serão
encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução
para a língua oficial do Estado requerido.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional
será recusado se configurar manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de
decisão estrangeira dar-se-á por meio de carta rogatória ou de
ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o
art. 960.
Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido
de cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a
língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por
meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se
ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de
legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando
necessária, a aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da
reciprocidade de tratamento.
Homologação de sentença
Há vários sistemas de relacionamento entre os estados: reciprocidade de
fato, quando houver um mesmo instituto jurídico previsto nos Estados
envolvidos; reciprocidade dupla quando há tratado entre os Estados
prevendo a homologação de sentença; revisão parcial de mérito quando se
analisam os efeitos da aplicação da lei estrangeira; revisão total do mérito
quando o juiz para homologar a sentença estrangeira julga novamente a
ação; e procedimento de delibação, adotado pelo brasil, mas sem revisão de
mérito e sem necessidade de instituto jurídico similar ou tratado como base
para que seja feita a homologação da sentença.
É um processo de reconhecimento da sentença estrangeira seguida de
autorização para sua execução no Brasil.

Pode ser de decisão política ou administrativa também. Em alguns Estados o


divórcio compete ao prefeito, será portanto objeto de homologação de
sentença esse ato político do prefeito caso se pretenda gerar efeitos no
Brasil. Lembrando que a LINDB estabelece algumas condições:

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no


estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à
revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide
art.105, I, i da Constituição Federal).
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver
de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil,
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os
bons costumes.

CLT
O artigo 651 da CLT, em seu parágrafo 3º, autoriza a atuação da jurisdição
Estatal, em matéria de relação de trabalho, quando o dissídio ocorrido fora de
nosso Estado envolver empregado brasileiro e empresa que aqui tenha filial
ou sua sede.

Elementos de Conexão
Regras de conexão são as normas de Direito Internacional Privado que
indicam qual direito a ser aplicado às situações jurídicas conectadas a mais
de um sistema legal. Determinam, portanto, a lei a ser aplicada.

Os principais são: lei do local da prática do ato (“lex loci delicti commissi”),
lei do domicílio, lei do local da execução do contrato, lei do foro (“lex fori”) e
lei da coisa (“lex rei sitae”).

O primeiro passo é caracterizar (classificar ou qualificar) a questão jurídica.


Trata-se de estado ou capacidade da pessoa então analisa-se a norma do
país da nacionalidade, o domicílio ou a residência das pessoas envolvidas.
Se trata de coisa, analisa-se a lei do local em que está situada. Se for ato
jurídico de natureza obrigacional, a lei do local da assinatura ou de onde ele
haverá de ser cumprido.

Essa caracterização, classificação ou qualificação tripartite tem origem nas


escolas estatutárias e é mantida até hoje.

Uma vez localizada este elemento de conexão indicado está o direito vigente
neste local o que consiste na regra de conexão.

Algumas regras de conexão

Lex patriae = lei da nacionalidade da pessoa física que rege estatuto pessoal
e capacidade segundo legislações da Europa Ocidental

Lex domicilii = lei do domicílio que rege estatuto pessoal e capacidade


segundo legislações da maioria dos países americanos

Lex loci actus = lei do local da realização do ato jurídico para reger seu
conteúdo

Locus regit actum = lei do local da realização do ato jurídico para reger as
formalidades

Lex loci contractus = lei do local onde o contrato foi firmado para reger sua
interpretação e seu cumprimento

Lex loci solutionis = lei do local onde as obrigações devem ser cumpridas

Lex voluntatis = lei escolhida pelos contatantes

Lex loci delicti lei do local onde o ato ilícito foi cometido que rege a obrigação
de indenizar

Lex damni = lei do lugar onde se manifestaram as consequências do ato


ilícito

Lex rei sitae ou lex situs = a coisa é regida pela lei do local onde está situada
Mobília sequuntur personam = certos bens móveis são regidos por algumas
legislações pela lei do local onde o proprietário está domiciliado

Lex loci celebrationis = casamento é regido, no que tange às formalidades,


pela lei do local em que se deu a celebração

The proper law of the contract = Direito Internacional Britânico,


consuetudinário, preve que será aplicado o sistema jurídico com o qual o
contrato tiver mais conexão

Lex monetae = lei do pais em cuja moeda a dívida ou outra obrigação for
expressa

Lex loci executionis = lei da jurisdição em que se efetua a execução forçada


de uma obrigação

Lex fori = lei do foro no qual se dá a demanda judicial

Lex causae = qualquer regra de conexão que não seja a lex fori

Lei mais favorável = modernamente tem se adotado a mais benéfica ou seja


a que melhor protege o menor nas relações familiares (favor infans), a mais
vantajosa para o empregado, a que considera valido um negocio juridio ou a
constituição de uma sociedade (favor negotii), que reconhece um casamento
(favor matrimonii), a que protege a pessoa que sofreu danos (favor laesi).

Impasse entre regras de conexão


Filme O Terminal, comédia de Steven Spielberg, com Tom Hanks e Catherine
Zeta-Jones
“Sinopse e detalhes: Viktor Navorski (Tom Hanks) é um cidadão da
Europa Oriental que viaja rumo a Nova York justamente quando
seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu
passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não
consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder
retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após
o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio
aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a
situação se arrastando por meses, Viktor permanece no aeroporto
e passa a descobrir o complexo mundo do terminal onde está
preso.” (...)

“O roteiro de O Terminal foi inspirado na história de Merhan


Nasseri, um refugiado iraniano que passou por uma situação
semelhante ao do personagem de Tom Hanks no aeroporto
Charles de Gaulle, em Paris. Merhan teve seu visto de entrada
negado por ser iraniano e o certificado de refugiado concedido
pelas Nações Unidas roubado.”
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-40882/

Objeto
Escola alemã = concurso de leis
Escola anglo-saxã = concurso de leis + concurso de jurisdição (antes de
solucionar qual lei é aplicável é preciso definir qual Estado tem competência
para decidir a questão)
Escola francesa (adotada no Brasil) = concurso de leis + concurso de
jurisdição + nacionalidade + condição jurídica do estrangeiro
(fluxo de pessoas ao redor do mundo cada vez mais intenso, temas
relacionados ao tratamento do estrangeiro e correlatos a nacionalidade
produzem cada vez mais impacto inclusive nas relações privadas das
pessoas.

Nacionalidade.
Nacionalidade é o elo legal entre um Estado e um indivíduo. Estados têm
discricionariedade para adotar os critérios que acharem oportunos e
convenientes para a concessão de sua nacionalidade, mas uma vez
adotados, se forem preenchidos pelo indivíduo, a nacionalidade deverá ser
concedida.
Originária (natos) e derivada (naturalizados)
Vínculo social efetivo entre indivíduo e Estado = passou a ser obrigatório
apos decisão da CIJ no caso Nottebohm (vide abaixo)

Jurisprudência internacional sobre nacionalidade


Caso Canevaro
Na Corte Permanente de Arbitragem em 1912 houve a reinvindicação de 3
cidadão de serem Italianos, a Itália apoiou. Com relação a 2 deles não houve
discussão, mas a um deles, o Canevaro, não foi concedido o direito de ser
considerado italiano, pois segundo a lei peruana ele era cidadão daquele
país, pois nasceu no Peru filho de pai italiano e tinha se candidatado a
eleições para o Senado e exerceu funções de cônsul da Holanda, apos
permissão por ele solicitada ao governo e ao Congresso peruano.
Caso Tellech
Decidido em 1928 pela Comissão Tripartite EUA X Áustria e Hungria.
Alexandre Tellech, nascido nos EUA, filho de austríacos, titular de dupla
nacionalidade foi forçado a cumprir serviço militar na Áustria, onde residia. A
comissão decidiu que decidindo residir em território austríaco, se submeteu a
deveres e obrigações de cidadãos austríacos decorrentes das leis internas da
Áustria.
Caso Nottebohm
Julgado em 1955 pela Corte Internacional de Justiça em Haia. Friedrich
Nottebohm nasceu em Hamburgo e era nacional alemão. Imigrou para a
Guatemala, onde se dedicou a atividade comercial de forma muito bem
sucedida. Costumava viajar frequente para a Alemanha e outros países para
gozar férias e ao Liechtenstein para visitar um irmão que lá vivia. Em 1939,
ano em que eclodiu a 2a. Guerra Mundial, conseguiu adquirir a nacionalidade
de Liechtenstein, mas regressou à Guatemala, onde continuava vivendo.
Em 1943, foi preso em uma intervenção norte-americana e deportado para os
EUA como cidadão de país inimigo, permanecendo 2 anos sem julgamento.
Terminada a guerra Nottebohm tem recusado seu regresso à Guatemala,
cujo governo confiscara suas propriedades. Nottebohm vai viver em
Liechtenstein cujo governo assume a defesa de seus direitos processando a
Guatemala perante a CIJ, pleiteando que Guatemala pague indenização pela
detenção e expulsão de nacional de Liechtenstein e devolva os bens
confiscados.
A CIJ acata o argumento da Guatemala de não ser autêntica a nacionalidade
de Liechtenstein, uma vez que foi falha sua aquisição:
À época de sua naturalização, aparentava Nottenbohm estar mais
ligado a Liechtenstein do que a qualquer outro Estado no que
concerne à sua tradição, seu estabelecimento, interesses, laços
familiares e intenções para o futuro mediato? (...) à data quando
requereu sua naturalização, Nottebohm era nacional alemão
desde a época de seu nascimento. Sempre manteve seus
contatos com os membros de sua família que haviam permanecido
na Alemanha e sempre manteve relações comeciais com aquele
país. Seu país estava em guerra há mais de um mês e não há
indicação de que o pedido de naturalização foi motivado pelo
desejo de se dissociar do governo de seu país. Estabelecera-se na
Guatemala há 34 anos, lá conduzindo suas atividades; este país
era o principal local de seu interesse. Para lá regressou pouco
após sua naturalização e ali manteve o centro de seus interesse e
de suas atividades.

Nacionalidade derivada (naturalização)


Normalmente os países usam os critérios: ius domicilii (permanência regular
no território), o ius laboris (exercício de alguma função para o Estado),
imposição legal (casamento, origem étnica ou para exercer alguns direitos
etc).

A nacionalidade brasileira: natos e naturalizados.


Originária (natos)
O Brasil reconhece dois critérios para a caracterização da nacionalidade jus
soli (território brasileiro) e jus sanguinis (filho de brasileiro), além disso, a
Constituição define a condição de brasileiro nato e naturalizado e prevê
condições:
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu
país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que qualquer deles esteja a serviço da República
Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil
e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 54, de 2007)

Derivada (naturalizados)
O Brasil requer conjugação de dois requisitos um objetivo (residência
ininterrupta) e outro subjetivo (idoneidade moral ou ausência de condenação
penal):
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos
e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
Obs.: atenção que o artigo 12CF pede residência ininterrupta por 1 ano para
países lusófonos e 15 anos para de outros países, mas isso não significa
estadia ininterrupta. O estrangeiro pode se ausentar do Brasil desde que não
tenha alterado sua residência.

Outras exigências para a naturalização no Brasil trazidas pelo Estatuto do


Estrangeiro (L. 6964/81):
Art. 112. São condições para a concessão da naturalização:
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de
naturalização;
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
condições do naturalizando;
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
manutenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
ano; e
VIII - boa saúde.

Para que ocorra a naturalização o estrangeiro deve peticionar na Justiça


Federal, que decidira pela habilitação ou não. A decisão final, contudo, será
tomada pelo Ministro da Justiça que tem competência delegada do
Presidente da República (arts. 111, 115 e 117 do Estatuto do Estrangeiro L.
6964/81)
Conveniência e oportunidade = A satisfação das condições previstas para a
naturalização não garantem que o estrangeiro será naturalizado. (art. 121
Estatuto do Estrangeiro - L. 6964/81)

Cargos privativos
Na Constituição
Art. 12 § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

Perda da Nacionalidade Brasileira


Apesar de prevista na constituição e no Estatuto do Estrangeiro, o Ministério
da Justiça tem evitado retirar a nacionalidade brasileira e só decreta sua
perda em casos extremos ou quando há solicitação da própria pessoa.
Na Constituição
Art. 12 § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
Federativa do Brasil.
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
símbolos próprios.

Reaquisição de nacionalidade
O brasileiro tanto nato quanto naturalizado que tenha perdido a nacionalidade
brasileira pode readquiri-la a qualquer tempo quando reestabelecer seu
domicílio no Brasil, desde que a adoção da outra nacionalidade não tenha
sido motivada pela esquiva de cumprir obrigação (ex. para fugir do serviço
militar).
Os efeitos da reaquisição não retroagem, mas devolve o status original de
brasileiro nato ou naturalizado. Então o brasileiro nato que perdeu sua
nacionalidade brasileira por algum motivo e depois voltou a se domiciliar no
Brasil e pediu sua reaquisição de nacionalidade volta a ser considerado
brasileiro nato.

Nacionalidade da mulher casada


Alguns ordenamentos jurídicos ainda preveem que a mulher que casa
adquire a nacionalidade do marido e o acompanha em eventuais
modificações de nacionalidade. O Brasil é signatário da Convenção da ONU
sobre a Nacionalidade da Mulher Casada de 1957 que prevê:
Art. 1. Todo Estado contratante acorda em que nem a
celebração, nem a dissolução do matrimônio entre súditos e
estrangeiros, nem a mudança da nacionalidade do marido durante
o matrimônio, poderão ipso facto produzir efeitos sobre a
nacionalidade da mulher
O entendimento dominante é de que a mulher não pode mais ser vista como
inferior ao homem no ordenamento jurídico e não é mais destituída de plena
capacidade de direito, como era antigamente. Além disso, a nacionalidade
não é uma qualidade do estado civil, mas do estado político.

Conflitos de nacionalidade positivos e negativos


Dupla nacionalidade
Criança nasce em país que adota o ius soli e é filha de pais cuja lei nacional
adota o critério do ius sanguinis, ela terá duas nacionalidades a do país do
nascimento e a do país de origem dos pais.

Apátridas
Fenômeno oposto ao da dupla nacionalidade. Apátrida é o indivíduo que não
é considerado como um nacional por nenhum Estado. Como é o caso de
pessoa nascida em país que adota o critério ius sanguinis, sendo filha de pais
detentores de nacionalidade de pais que adota o critério ius soli. Dessa forma
não tem a nacionalidade do país em que nasceu, nem lhe é concedida a
nacionalidade de origem dos pais.
Apesar dos apátridas também poderem ser refugiados, as duas categorias
são distintas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), os apátridas chegam a 12 milhões e a apatridia ocorre
principalmente por discriminação contra minorias na legislação nacional, falha
em incluir todos os residentes do país no corpo de cidadãos quando o Estado
se torna independente (sucessão de Estados) e conflitos de leis entre
Estados.

Refugiados
A Convenção de Refugiados de 1951 determina que um refugiado é alguém
que
“temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora
do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude
desse temor, não quer valer-se da proteção desse país”.

Passaporte especial - antigo Passaporte Nansen


Embora o passaporte Nansen não seja mais emitido, autoridades nacionais e
supranacionais, como as Nações Unidas, emitem documentos de viagem
para apátridas e refugiados, bem como certificados de identidade (ou
"passaporte para estrangeiros") e documentos de viagem para refugiados em
forma de passaporte (da Convenção de Genebra de 1951). No Brasil, as
autoridades emitem o Passaporte para Estrangeiro, de capa amarela.

Fridtjof Nansen entre 1920 e 1930 (ano de sua morte), integrou a


delegação norueguesa na Liga das Nações – organização que
antecedeu a ONU. Após a I Guerra Mundial, organizou a
repatriação de aproximadamente 450 mil prisioneiros, para 26
diferentes países de origem. Em 1921, foi nomeado o primeiro Alto
Comissário para Refugiados, trabalhando com centenas de
milhares de refugiados e apátridas – esses últimos beneficiados
pelo chamado “Passaporte Nansen”, reconhecido em 52
países. Por todos os seus esforços humanitários, Nansen ganhou
o Prêmio Nobel da Paz em 1922. para o trabalho relacionado às
vítimas das mudanças climáticas
<http://www.acnur.org/portugues/o-acnur/envolva-se/eventos/arte-
e-refugio-no-brasil/ >

Migrantes não são refugiados necessariamente. O ACNUR bem ressalta a


diferença: em http://www.acnur.org/t3/portugues/quem-ajudamos/refugiados/
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, decidem
deslocar-se para melhorar as perspectivas para si mesmos e para
suas famílias. Já os refugiados necessitam deslocar-se para salvar
suas vidas ou preservar sua liberdade. Eles não possuem
proteção de seu próprio Estado e de fato muitas vezes é seu
próprio governo que ameaça persegui-los. Se outros países não
os aceitarem em seus territórios, e não os auxiliarem uma vez
acolhidos, poderão estar condenando estas pessoas à morte ou à
uma vida insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos.
Apátridas famosos:
MIRIAM MAKEBA

A cantora e ativista pelos Direitos Humanos sul-africana,


conhecida como “Mama África”, tornou-se apátrida por conta de
um banimento promulgado pelo regime segregacionista da África
do Sul, devido à sua luta contra o Apartheid. A luta da artista
ocasionou, também, boicotes estadunidenses. Makeba viveu em
diversos países da Europa e na Guiné, que a acolheu como sua
representante nas Nações Unidas.

ANNE FRANK

A adolescente judia alemã, conhecida internacionalmente por


conta da publicação póstuma do diário em que relatava sua
experiência durante a perseguição perpetrada pelo governo
nazista, sofreu banimento em 1941, assim ficando até a sua morte,
em 1945.

ALBERT EINSTEIN

O genial cientista alemão tornou-se apátrida por iniciativa própria


quando, em 1896, aos 17 anos, renunciou à nacionalidade alemã
para que não precisasse participar do alistamento militar
obrigatório, e assim permaneceu por cinco anos, até a aquisição,
em 1901, da nacionalidade suíça. Einstein, ao longo da vida,
possuiu, ainda, a nacionalidade austríaca, estadunidense e, mais
uma vez, alemã.

FRIEDRICH NIETZSCHE

O filósofo alemão também optou por renunciar à nacionalidade


alemã (prussiana), em 1869, quando mudou-se para Basileia,
Suíça, onde passou a lecionar, embora não tenha se naturalizado
suíço. A decisão por solicitar a expatriação deu-se tanto por
razões ideológicas, quanto por conta da possibilidade de ser
convocado para o exército prussiano em caso de conflito.

ARISTÓTELES ONASSIS

O famoso armador e magnata não era cidadão nato grego, como é


muito pensado. Onassis nasceu na região de Esmirna, então parte
da Turquia. Com o fim do domínio grego na região, durante a
Primeira Guerra Mundial, o governo turco retomou a região e
expatriou a família Onassis, que se dirigiu, sem nacionalidade,
para a Grécia, em 1922. No ano seguinte, Aristóteles migrou –
com posse de um Passaporte Nansen – para a Argentina, onde
começou seus primeiros negócios. Somente em 1925, já influente,
Onassis recebeu tanto a nacionalidade grega quanto a argentina.

NICOLAU ROMANOV

Embora membro da família real russa, o Príncipe nasceu em


território francês, onde vivia sua família, por conta da vigência do
governo soviético (o que não lhe permitia ter nacionalidade russa),
até a mudança familiar para a Itália, onde chegou a integrar a
Marinha local. Devido a perseguições do governo fascista italiano,
a família mudou-se para o Egito, em 1946, de onde Nicolau
retornou em 1950. O Príncipe viveu como apátrida até 1988,
quando lhe foi concedida a nacionalidade italiana. Até então,
Nicolau fazia uso de uma carta assinada pelo rei grego e da
influência de sua família dentre as demais casas reais europeias,
para que pudesse se deslocar no continente.
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nacionalidade-e-apatridia-parte-vi/#sthash.ykfHP1fP.dpuf
Mais jurisprudência internacional sobre nacionalidade
Maria Elisalva Olieira Josué
Mandado de Segurança STF 20.292 impetrado contra o Presidente da
República. Elisalva foi presa e submetida a torturas, exilando-se em 1973 em
Paris, tendo perdido seu passaporte, requereu ao consulado brasileiro a
expedição de um novo documento sem anotação de que respondia a
processo em seu país (o que lhe foi recusado). Elisalva casara em 1974 com
cidadão francês e enfrentava o dilema de não poder permanecer na França
sem o novo passaporte e de estar impossibilitada de voltar ao Brasil pois
corria contra ela uma ação penal. Frente a isso, narra em seu MS, “sentiu-se
compelida a adquirir a nacionalidade francesa, premida pelo estado de
necessidade, como único meio de não ser expulsa da França e de não se
privar do convívio de seu filho e de seu marido”. A segurança foi negada, pois
poderia ter sido tomadas outras medidas que não a naturalização.
Poderia ter feito, como fizeram outros brasileiros no exílio, impetrar
segurança contra o Ministro das Relações Exteriores a respeito da negativa
de lhe ser concedido passaporte, obtendo ordem judicial para que lhe fosse
concedido passaporte. Outra solução seria recorrer à Cruz Vermelha ou ao
Alto Comissariado das Nações Unidas sobre Refugiados para obter
passaporte próprio de pessoas em situação irregular por motivo de ordem
política. Uma terceira opção era pedir asilo político na França.

O Estatuto da Igualdade.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República
Federativa do Brasil.
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira,
o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter
símbolos próprios.
Estatuto do Estrangeiro Lei 6.815/1980

Condição Jurídica do Estrangeiro


Art. 95. O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os
direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e
das leis
Art. 106. É vedado ao estrangeiro:
I - ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional,
inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre;
II - ser proprietário de empresa jornalística de qualquer espécie,
e de empresas de televisão e de radiodifusão, sócio ou acionista de
sociedade proprietária dessas empresas;
III - ser responsável, orientador intelectual ou administrativo das
empresas mencionadas no item anterior;
IV - obter concessão ou autorização para a pesquisa,
prospecção, exploração e aproveitamento das jazidas, minas e
demais recursos minerais e dos potenciais de energia hidráulica;
V - ser proprietário ou explorador de aeronave brasileira,
ressalvado o disposto na legislação específica;
VI - ser corretor de navios, de fundos públicos, leiloeiro e
despachante aduaneiro;
VII - participar da administração ou representação de sindicato
ou associação profissional, bem como de entidade fiscalizadora do
exercício de profissão regulamentada;
VIII - ser prático de barras, portos, rios, lagos e canais;
IX - possuir, manter ou operar, mesmo como amador, aparelho
de radiodifusão, de radiotelegrafia e similar, salvo reciprocidade de
tratamento; e
X - prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares,
e também aos estabelecimentos de internação coletiva.
§ 1º O disposto no item I deste artigo não se aplica aos navios
nacionais de pesca.
§ 2º Ao português, no gozo dos direitos e obrigações previstos
no Estatuto da Igualdade, apenas lhe é defeso:
a) assumir a responsabilidade e a orientação intelectual e
administrativa das empresas mencionadas no item II deste artigo;
b) ser proprietário, armador ou comandante de navio nacional,
inclusive de navegação fluvial e lacustre, ressalvado o disposto no
parágrafo anterior; e
c) prestar assistência religiosa às Forças Armadas e auxiliares.

Tipos de visto
I - de trânsito;
concedido ao estrangeiro que, para atingir o país de destino, tenha de entrar
em território nacional. É válido para uma estada de até 10 (dez) dias
improrrogáveis e uma só entrada.
II - de turista;
ao estrangeiro que venha ao Brasil em caráter recreativo sem finalidade
imigratória, nem intuito de exercício de atividade remunerada. Pode ser
dispensado se o país de origem dispensar o visto para turistas brasileiros
(princípio da reciprocidade). O prazo de validade do visto de turista é de até 5
anos, permitindo múltiplas entradas no País, cada uma com estada de até 90
dias, prorrogáveis por igual período, totalizando 180 dias por ano
III - temporário;
Art. 13. O visto temporário poderá ser concedido ao
estrangeiro que pretenda vir ao Brasil:
I - em viagem cultural ou em missão de estudos;
II - em viagem de negócios;
III - na condição de artista ou desportista;
IV - na condição de estudante;
V - na condição de cientista, professor, técnico ou profissional
de outra categoria, sob regime de contrato ou a serviço do Governo
brasileiro;
VI - na condição de correspondente de jornal, revista, rádio,
televisão ou agência noticiosa estrangeira.
VII - na condição de ministro de confissão religiosa ou membro
de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem
religiosa.
IV - permanente;
ao estrangeiro que pretenda se fixar definitivamente no Brasil.

V - de cortesia; oficial; e diplomático


Concedidos de acordo com o que for definido pelo Ministério das Relações
Exteriores no exercício de suas atribuições.
Art. 104. O portador de visto de cortesia, oficial ou diplomático
só poderá exercer atividade remunerada em favor do Estado
estrangeiro, organização ou agência internacional de caráter
intergovernamental a cujo serviço se encontre no País, ou do
Governo ou de entidade brasileiros, mediante instrumento
internacional firmado com outro Governo que encerre cláusula
específica sobre o assunto.
§ 1º O serviçal com visto de cortesia só poderá exercer
atividade remunerada a serviço particular de titular de visto de
cortesia, oficial ou diplomático.
§ 2º A missão, organização ou pessoa, a cujo serviço se
encontra o serviçal, fica responsável pela sua saída do território
nacional, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que
cessar o vínculo empregatício, sob pena de deportação do mesmo.
§ 3º Ao titular de quaisquer dos vistos referidos neste artigo não
se aplica o disposto na legislação trabalhista brasileira.

Títulos de Ingresso e Direitos do Estrangeiro.


Art. 21. Ao natural de país limítrofe, domiciliado em cidade
contígua ao território nacional, respeitados os interesses da
segurança nacional, poder-se-á permitir a entrada nos municípios
fronteiriços a seu respectivo país, desde que apresente prova de
identidade.
Art. 22. A entrada no território nacional far-se-á somente
pelos locais onde houver fiscalização dos órgãos competentes dos
Ministérios da Saúde, da Justiça e da Fazenda.

Naturalização
Art. 112. São condições para a concessão da naturalização:
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de
naturalização;
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
condições do naturalizando;
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
manutenção própria e da família;
VI - bom procedimento;
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
ano; e
VIII - boa saúde.
§ 1º não se exigirá a prova de boa saúde a nenhum
estrangeiro que residir no País há mais de dois anos.
Art. 113. O prazo de residência fixado no artigo 112, item III,
poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das
seguintes condições:
I - ter filho ou cônjuge brasileiro;
II - ser filho de brasileiro;
III - haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao
Brasil, a juízo do Ministro da Justiça;
IV - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica
ou artística; ou
V - ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja
igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser
industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota
ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em
sociedade comercial ou civil, destinada, principal e
permanentemente, à exploração de atividade industrial ou
agrícola.
Parágrafo único. A residência será, no mínimo, de um ano,
nos casos dos itens I a III; de dois anos, no do item IV; e de três
anos, no do item V.
Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-
se apenas a estada no Brasil por trinta dias, quando se tratar:
I - de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com
diplomata brasileiro em atividade; ou
II - de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou
em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez) anos
de serviços ininterruptos.
Art. 115. O estrangeiro que pretender a naturalização deverá
requerê-la ao Ministro da Justiça, declarando: nome por extenso,
naturalidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e
ano de nascimento, profissão, lugares onde haja residido
anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz ao requisito a que
alude o artigo 112, item VII e se deseja ou não traduzir ou adaptar
o seu nome à língua portuguesa.

Saída Compulsória de Estrangeiros:


Deportação = entrada ou estada irregular / Polícia Federal
Expulsão = lesão aos interesses nacionais / Presidente e sob delegação
deste o Ministro da Justiça
Extradição = cooperação internacional contra crimes / STF + Presidente ou
STJ + Ministro da Justiça

Deportação
Devolução de estrangeiro que aqui chega ou permanece irregularmente, para
seu país de nacionalidade ou procedência. O deportado poderá retornar ao
Brasil, desde que atenda às exigências da lei.
Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de
estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território
nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua
deportação
Art. 58. A deportação consistirá na saída compulsória do
estrangeiro.
Parágrafo único. A deportação far-se-á para o país da
nacionalidade ou de procedência do estrangeiro, ou para outro que
consinta em recebê-lo.
Art. 59. Não sendo apurada a responsabilidade do
transportador pelas despesas com a retirada do estrangeiro, nem
podendo este ou terceiro por ela responder, serão as mesmas
custeadas pelo Tesouro Nacional.
Art. 64. O deportado só poderá reingressar no território
nacional se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária,
das despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o
pagamento da multa devida à época, também corrigida.
Expulsão
Processo pelo qual um país expele de seu território estrangeiro residente, em
razão de crime ali praticado ou de comportamento nocivo aos interesses
nacionais. É proibido o retorno do estrangeiro expulso.
Principal diferença entre nacional e estrangeiro é a possibilidade de ser
expulso. Nacionais têm o direito inalienável de permanecer em solo pátrio (só
regimes de exceção praticam o banimento de nacionais). Estrangeiros não
tem qualquer garantia, o Estado pode expulsá-los se forem considerados
perigoso para a ordem ou tranquilidade pública.
A expulsão não é uma pena é uma medida administrativa de proteção do
Estado e decorrente de sua soberania. Não se trata de ato arbitrário
(liberdade incondicionada), mas sim discricionário (liberdade irrestrita quanto
à oportunidade e conveniência, mas condicionada aos termos da lei).
Cabe ao Presidente da República decidir sobre a conveniência e
oportunidade do ato de expulsão. FHC delegou essa competência ao Ministro
da Justiça (Dec 3447/2000). Assim, se a expulsão for decretada pelo
Presidente o habeas corpus será dirigido ao STF. Se, no entanto, for
decretada pelo Ministro da Justiça, ao STJ.
No Brasil a existência de família susta a expulsão. Na Franca a expulsão não
é afetada pela existência nem de cônjuge nem de filhos franceses. Nos EUA
a existência de cônjuge, filho ou pai americanos só susta a deportação por
entrada ilegal, mas não socorre outras hipóteses de expulsão
Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de
qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem
política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a
economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à
conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o
estrangeiro que:
a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou
permanência no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei,
dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo,
não sendo aconselhável a deportação;
c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
estrangeiro.
Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República
resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de
sua revogação.
Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-
se-á por decreto.
Art. 71. Nos casos de infração contra a segurança nacional, a
ordem política ou social e a economia popular, assim como nos
casos de comércio, posse ou facilitação de uso indevido de
substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica, ou de desrespeito à proibição especialmente prevista em
lei para estrangeiro, o inquérito será sumário e não excederá o
prazo de quinze dias, dentro do qual fica assegurado ao
expulsando o direito de defesa.
Art. 75. Não se procederá à expulsão:
I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou
II - quando o estrangeiro tiver:
a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou
separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha
sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou
b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua
guarda e dele dependa economicamente.
§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o
reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o
motivar.
§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a
separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá efetivar-se a
qualquer tempo.
Caso Fong Yue Ting
Julgado em 1893 pela Suprema Corte norte-americana, no qual declarou-se
que o direito de expulsar estrangeiros, na guerra ou na paz, é um direito
inerente e inalienável de qualquer nação soberana e independente, essencial
para a segurança, independência e paz.

Nos anos 10 e 20 do séc. XX havia uma tendência de expulsar trabalhadores


estrangeiros que se envolvessem com atividades políticas tachadas de
anarquistas. (os EUA praticavam a mesma política)

Caso Zysla Bialek


Em 1948 o STF julgou o habeas corpus intentado a favor da polonesa,
residente em São Paulo presa por envolvimento com o movimento
comunista, foi concedida a medida e ela foi colocada em liberdade vigiada.

Caso Ronald Arthur Biggs


Assaltante do trem pagador na Grã-Bretanha em 1963, condenado a longa
pena de reclusão fugiu para a Austrália e depois veio ao Rio de Janeiro, onde
residiu por alguns anos sob nome falso. Não foi possível extraditá-lo pois o
Brasil não tinha tratado de extradição com o governo britânico. Determinada
sua deportação pelo Ministro da Justiça em virtude da entrada e permanência
irregular no Brasil, Biggs impetrou habeas corpus juto ao Tribunal Federal de
Recursos, sustentando estar vivendo matrimonialmente com brasileira
grávida de seu filho que iria nascer dentro de alguns meses. O entendimento
do tribunal foi no sentido de não estender a ressalva de filho brasileiro
consignada aos casos de expulsão para os casos de deportação.
O acórdão contudo fez a ressalva que a deportação não poderia ser feita
para nenhum país que mantivesse tratado de extradição com a Inglaterra,
pois seria uma extradição vedada. Consequentemente, Biggs permaneceu no
Brasil.
Doutrina do caso Biggs = não se expulsa nem se deporta quem possa acabar
sendo levado a seu país, em hipótese em que um pedido de extradição seria
inadmitido por motivos como pena de morte, prescrição, tribunal de exceção.
Em 1995 Brasil e Reino Unido celebraram Tratado de Extradição e em 1997
a Inglaterra solicitou a extradição de Biggs, pedido que foi negado em virtude
do crime estar prescrito na legislação brasileira.

Caso Padre Vito Miracalpillo


O padre se negou a oficiar missas em Ação de graças nos dias 7 e 11 de
setembro por ocasião das comemorações da Semana da Pátria e do
aniversario da cidade de Palmares, Pernambuco, em protesto contra o
regime de exceção levado a cabo pelos militares.
O então Presidente Gen. João Batista Figueiredo decretou sua expulsão do
padre de nacionalidade italiana. A decisão do habeas corpus confirmou a
expulsão por ser um ato político que cabe ao Estado decidir sobre a
nocividade da permanência do estrangeiro em território nacional.

Caso Tillet
Autoridades belgas expulsaram um inglês por discursar numa reunião pública
sobre a causa sindical. Árbitros decidiram que a GB nada tinha a reclamar da
Bélgica

Caso Boffolo, um italiano foi expulso da Venezuela por ter publicado um


artigo que criticara uma decisão judicial e outro artigo que recomendava a
leitura de um jornal socialista. O árbitro decidiu que a Venezuela havia
apresentado razão inadequada para justificar a expulsão e concedeu à Itália
uma indenização de 2000 bolivares.

Extradição
Processo pelo qual um estado atende pedido de outro para remeter pessoa
que tem sido processada no país solicitante por crime punido na legislação
de ambos. Não se extradita, via de regra, nacional (salvo o naturalizado em
caso de crime comum praticado antes da naturalização ou se houver
envolvimento com trafico de entorpecentes). No Brasil há uma lista de crimes
em que não cabe extradição, como p.ex. religiosos, políticos, militares, de
opinião, de imprensa, de responsabilidade e fiscais.
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo
requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
Brasil a reciprocidade
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no
Brasil ou no Estado requerente;
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o
crime imputado ao extraditando;
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou
inferior a 1 (um) ano;
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em
que se fundar o pedido;
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
lei brasileira ou a do Estado requerente;
VII - o fato constituir crime político; e
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado
requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção.
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou
quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato
principal.
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a
apreciação do caráter da infração.
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar
crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou
quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo,
terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, ou que importem
propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a
ordem política ou social.
Art. 78. São condições para concessão da extradição:
I - ter sido o crime cometido no território do Estado requerente
ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e
II - existir sentença final de privação de liberdade, ou estar a
prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou autoridade
competente do Estado requerente, salvo o disposto no artigo 82.
Na extradição n. 541 pedida pela Itália, contra extraditando naturalizado
brasileiro antes de cometer o crime, o STF negou a extradição:
Não obstante, no Estado requerente, o extraditando lá nascido,
seja considerado italiano, no juízo de extradição passiva, a
nacionalidade do extraditando é aferida conforme a lex fori, que o
reputa brasileiro (RTJ145/428-30.

Caso Cacciola
Fugitivo do Brasil, Salvatore Cacciola estabelece domicílio na Itália e por ter
dupla nacionalidade não é extraditado para o Brasil. Foi preso e extraditado
para o Brasil quando viajou para o principado de Mônaco. Em 2012, recebeu
indulto, e sua pena foi extinta pois os crimes estavam prescritos. A ação de
reparação civel ainda tramita.
Depois da desvalorização cambial de janeiro de 1999, o Banco
Central vendeu dólares a preços mais baratos aos bancos Marka e
FonteCindam, com a intenção de impedir que as duas instituições
financeiras quebrassem, o que abalaria o sistema financeiro do
país.
O banco Marka, de Salvatore Cacciola, possuía 20 vezes seu
patrimônio líquido aplicado em contratos de venda no mercado
futuro de dólar. Com a desvalorização, o ex-banqueiro não teve
como honrar os compromissos e pediu ajuda ao Banco Central.
A operação resultou em um prejuízo de 1,5 bilhão de reais aos
cofres públicos, segundo a CPI que apurou o caso. Dois meses
depois da desvalorização do real, Francisco Lopes, ex-presidente
do Banco Central, pediu demissão.
Salvatore Cacciola ex-banqueiro foi quem mais lucrou com o
episódio. Além de ter mantido seu patrimônio pessoal intacto,
conseguiu engordar sua fortuna, já que conseguiu revender por
um preço mais alto os dólares que o BC lhe vendera a preço de
banana.
Indiciado por gestão fraudulenta e coparticipação em crime de
peculato, foi preso em junho de 2007 pela Polícia Federal em um
hotel de Gramado (RS). Um mês depois, obteve do Supremo
Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para responder ao
processo em liberdade.
Solto, fugiu do Brasil para a Itália. Graças a sua dupla cidadania,
não foi preso no país europeu. Foi condenado a 13 anos de prisão
em 2005. Dois anos depois, foi capturado no Principado de
Mônaco e extraditado no ano seguinte. Foi preso em 2008, mas foi
solto em agosto de 2011, após cumprir três anos de prisão, e
passou a cumprir o restante da pena em regime semiaberto.
Em abril de 2012, recebeu indulto, e sua pena foi extinta. Um mês
antes, em decorrência de dois processos na esfera civil, Cacciola
e os banqueiros do FonteCindam, a BM&F, o BB Banco de
Investimento e ex-dirigentes do BC foram condenados a devolver
ao erário todo o prejuízo causado, além de multa - mais de 8
bilhões, em valores atualizados. Cabe recurso.
Em setembro de 2012, teve negado o pedido feito à Justiça para
ser excluído do Cadastro de Procurados e Impedidos da Polícia
Federal (Sinpi). O banqueiro está proibido, portanto, de se
ausentar do país. (fonte: http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-
escandalos/rede-escandalos.shtml?governo=fhc&scrollto=42)

Caso Battisti
Ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado à revelia por quatro homicídios
em seu país, recebeu pena de prisão perpétua pelo assassinato de quatro
pessoas entre 1977 e 1979. Na época, Battisti, que alegou inocência,
integrava a organização Proletários Armados Pelo Comunismo.
O STF autorizou, mas Lula negou a extradição:
- Junho de 1979: prisão de Cesare Battisti em Milão como parte de
uma investigação pelo assassinato de um joalheiro.
- 1981: Battisti é condenado a 12 anos e 10 meses de prisão por
"participação em grupo armada" e "ocultamento de armas". Ele
escapa da prisão de Frosinone, perto de Roma, e se refugia na
França.
- 1982: fuga para o México.
- 1985: o presidente francês François Mitterrand se compromete a
não extraditar os ex-ativistas de extrema-esquerda italianos que
rompessem com o passado, embora tenha excluído os que
cometeram "crimes de sangue".
- 1990: Battisti regressa à França e se converte em autor de
romances policiais.
- 21 de maio de 1991: a corte de apelações de Paris nega uma
demanda italiana de extradição.
- 31 de março de 1993: a corte de apelações de Milão condena
Battisti à prisão perpétua por quatro "homicídios agravados"
praticados entre 1978 e 1979 contra um guarda carcerário, um
agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro de Milão
(o filho do joalheiro ficou paraplégico, depois de também ser
atingido).
- 20 de julho de 2001: Battisti pede naturalização francesa. Uma
decisão favorável de julho de 2003 foi anulada em julho de 2004.
- 20 de dezembro de 2002: demanda italiana de extradição.
- 2004: Battisti é detido em Paris a pedido da justiça italiana, em
meio a protestos de intelectuais, artistas e personalidades políticas
francesas de esquerda. É libertado, mas mantido sob vigilância. A
câmara de instrução da corte de apelações de Paris se declara
favorável à extradição. Battisti recorre. O italiano não se apresenta
à polícia como exige o sistema de vigilância judicial, e passa para
a clandestinidade. A promotoria da corte de apelações de Paris
expede uma ordem de detenção. O recurso de Battisti é rejeitado,
e a extradição para a Itália torna-se definitiva. O primeiro-ministro
francês Jean Pierre Raffarin assina o decreto de extradição;
Battisti foge.
- 2005: o Conselho de Estado da França confirma a extradição. Os
advogados de Battisti apresentam um recurso ante a Corte
Européia de Direitos Humanos contra o decreto de extradição.
- 18 de março de 2007: detenção de Battisti no Rio de Janeiro.
Desde então, cumpre prisão preventiva para fins de extradição na
penitenciária da Papuda, em Brasília.
- 2009: o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concede status
de refugiado político a Battisti, baseado no 'fundado temor de
perseguição por opinião política', contrariando decisão do Comitê
Nacional para os Refugiados (Conare). O status não permite o
seguimento de qualquer pedido de extradição baseado nos fatos
que fundamentaram a concessão de refúgio. Em fevereiro, o STF
nega pedido de liminar do governo italiano contra a decisão de
conceder refúgio a Battisti. Após a votação pela extradição, os
ministros decidiram também pelo placar de 5 votos a 4 que a
decisão final sobre a extradição caberia ao presidente Lula.
- 2010: presidente Lula nega pedido de extradição.
Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/12/entenda-o-caso-
cesare-battisti.html
Caso Pizzolato
Condenado no mensalão, ex-diretor de comunicação do Banco do Brasil,
fugiu para a Itália com o passaporte do irmão. Por ter dupla nacionalidade o
pedido de extradição pode não ser aceito pela Itália.
O país só extradita se os crimes também existirem em sua
legislação interna, e com as penas definidas lá. Neste caso, existe
a possibilidade de a Itália modificar o tamanho da pena ou até
mesmo perdoá-lo por seus crimes.
A Justiça italiana, porém, pode optar por não extraditar Pizzolato
em razão da sua dupla nacionalidade. A própria Constituição
italiana veda a extradição de cidadão italianos. Um tratado
internacional de 1989, no entanto, firmado entre Brasil e Itália
permite esse tipo de extradição, mas também dá à Itália o direito
de negar.
Caso permaneça na Itália, Pizzolato poderá, no entanto, ser
novamente julgado pela Justiça italiana pelos crimes a que foi
condenado no Brasil. Nesse caso, o STF, a Procuradoria-Geral da
República e o Ministério da Justiça enviam toda a documentação
relativa ao julgamento do mensalão para a Itália.
Lá, a acusação ficará a cargo do Ministério Público da Itália e os
crimes serão julgados de acordo com a legislação italiana. Os
procedimentos também ficam por conta da Justiça italiana, mas
pode ser chamado algum assistente de acusação do Brasil para
atuar no processo.
Assim, Pizzolato pode ter penas modificadas e até ser considerado
inocente por um ou todos os crimes pelos quais for condenado no
Brasil. Se for condenado na Itália, ele também cumpre pena na
Itália.

Repatriamento
Corresponde à deportação.
Banimento
Expulsão de nacionais. A Ditadura de Vargas e a militar praticaram o
banimento. Caso histórico é o julgado pelo STF em 1903 sobre o banimento
do Conde d´Eu, sua mulher Isabel de Orleans e Bragança e seus filhos, todos
membros da família de D. Pedro II, ex-imperador do Brasil. O STF nao
conheceu a medida porque os impetrantes não produziram prova sobre a
tentativa de voltar ao brasil seguida de obstáculo material concreto do
governo brasileiro (direito líquido e certo), entendeu que houve apenas a
intensão não materializada de voltar ao Brasil.
Desterro
Confinamento dentro do território nacional. Jânio Quadros foi desterrado pelo
regime militar para o interior de Goiás por algumas semanas.
Asilo Político.
Art. 28. O estrangeiro admitido no território nacional na
condição de asilado político ficará sujeito, além dos deveres que
lhe forem impostos pelo Direito Internacional, a cumprir as
disposições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro
lhe fixar.
Art. 29. O asilado não poderá sair do País sem prévia
autorização do Governo brasileiro.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo
importará na renúncia ao asilo e impedirá o reingresso nessa
condição..

Estatuto pessoal

Alguns países adotam o critério da territorialidade, julgando sempre de


acordo com sua própria lei, o que representa uma negação do Direito
Internacional Privado. A maioria das legislações internas opta entre os
critérios do domicílio e da nacionalidade, havendo um pequeno número de
países que têm um regime híbrido: lei nacional para seus cidadão e lei
domiciliar para os estrangeiros residentes em seu território.

Conflitos móveis

Conflitos entre lei anterior e lei posterior à mudança de nacionalidade ou de


domicilio, ocasionadas não pelo fator tempo mas pela alteração do fator
constitutivo do estatuto pessoal.

Se uma pessoa muda de domicílio ou de nacionalidade, como isso afeta sua


capacidade? Um francês de 18 anos que após atingir a maioridade de
acordo com a lei francesa estabelece domicílio em pais que segue o princípio
domiciliar e cuja legislação só concede a plena capacidade aos 21 anos será
considerado capaz ou relativamente incapaz?

Um sujeito incapaz, segundo sua lei pessoal, pratica uma relação jurídica e
em seguida adquire outra nacionalidade ou muda seu domicilio, e sua nova
lei pessoal considera-o capaz. Poderá pleitear a nulidade de ato praticado
anteriormente com base na lei contemporânea ou se dirá que, estando
submetido a outra lei, qualquer pretensão relativa a atos anteriores reger-se-á
pela lei atual?

Caso Maria Christina de Bourbon


Espanhola com 18 anos assinou em 1931 um contrato nupcial com Antenor
Patino, boliviano e uma vez com ele casada passou a ser boliviana. Em 1955
Maria Christina ingressou em corte francesa pleiteando a declaração de
nulidade do contrato, com fundamento na sua menoridade à época, ação
que, segundo a lei espanhola, só prescreveria em 30 anos. Patino defendeu-
se sustentando que de acordo com a lei boliviana, tratava-se de nulidade
relativa, cuja ação estaria prescrita por ter passado os 10 anos. A Corte de
Cassação francesa decidiu que a inabilitação de menor de idade para firmar
contrato matrimonial constitui modalidade de sua incapacidade geral de
contratar, regida por sua lei pessoal a data do contrato (espanhola portanto).
A LINDB adota o primeiro domicílio conjugal como a regra de conexão que há
de decidir sobre invalidade de matrimônio e sobre o regime de bens dos
cônjuges, dispõe que o domicilio do chefe da família determina o de toda a
família, com ressalvas. Estabelece que os moveis serão julgados pela lei do
domicilio do proprietário, o penhor pela lei do domicilio da pessoa em cuja
posse se encontre o bem, que a sucessão mortis causa ou por ausência se
aplica a lei do pais do domicilio do de cujus desaparecido, prevalecendo a lei
domiciliar do herdeiro brasileiro se ela for mais benéfica do que a lei brasileira
em transmissão de bens sitos no país, regulando-se a capacidade do
herdeiro e do legatário por sua lei domiciliar e quanto ás pessoas jurídicas
estrangeira aqui estabelecidas seu funcionamento se rege pelas leis
brasileiras de seu domicilio. No campo do processo, a lei do domicilio do reu
determina a competência jurisdicional.

Exceção do Direito Cambiário


Decorrente da Convenção Destinada a Regular Certos Conflitos de Leis em
Matéria de Letras de Câmbio e Notas Promissórias, há uma exceção a
conexão domiciliar, pois a Convenção estabelece que a capacidade para
comprometer-se cambiariamente conecta-se à lei da nacionalidade. A
convenção destinada a regular conflitos de leis em matéria de cheque,
também aprovada e ratificada pelo Brasil conta com o mesmo dispositivo.

Outras regras de conexão para o Estatuto Pessoal

Religião
Em muitos países asiáticos e africanos perdura a competência jurisdicional
dos tribunais eclesiásticos e a aplicação das leis religiosas para as questões
inseridas no estatuto e na capacidade das pessoas. Quando as regras de
conexão do DIP brasileiro indicar a aplicação de lei de um desses países,
aplicar-se-á a lei religiosa ou se homologarão sentenças de tribunais
eclesiásticos. STF tem homologado divórcios rabínicos do Estado de Israel
ou divórcios prolatados por tribunais muçulmanos. Só negando a
homologação quando houver formula atentatória à nossa ordem pública com
o “repúdio”, em que o marido consegue a separação religiosa sem que a
mulher seja consultada.

Caso Levinçon
Acórdão prolatado no inicio do sec. XX na França. Casal de judeus russos
contraiu núpcias na Rússia civilmente perante a autoridade competente e
casou-se religiosamente perante um rabino. A ação de divórcio proposta pela
esposa foi indeferida pela Justiça francesa que entendeu que questões de
família são regidas pela lei da nacionalidade e como na Rússia os judeus
estavam submetidos em questões matrimoniais a jurisdição religiosa só era
admitido o divórcio por um rabino, o judiciário francês não tinha competência
para decretar o divórcio.

Residência
A residência habitual é uma conexão subsidiária, aplicada, normalmente,
quando a pessoa não tem domicílio (art. 7o. LINDB, art. 26 do Código de
Bustamante e art. 9o. do Tratdo de Montevidéu).

Foro
Em matéria processual impera a lex fori, lei do local da ação, pois não se
admite que tribunal de um pais processe por outras normas processuais que
não as suas próprias. Para determinação da lei aplicável, alguns poucos
países adotam o princípio da territorialidade, fora nesses países a lex fori é
aceita apenas como norma subsidiária, quando não se consegue provar a lei
estrangeira aplicável ou quando a lei estrangeira aplicável choca a ordem
pública do foro.

Jurisdição competente x Lei aplicável

Jurisdição competente não se confunde com lei aplicável.


São dois campos de atuação do DIP distintos, mas que se complementam,
um campo processual (voltado à fixação da jurisdição) e um campo material
(voltado à definição da lei material a ser aplicada ao caso concreto conectado
a mais de um sistema jurídico).

A LINDB traz a distinção bem clara entre lei aplicável e jurisdição


competente.

Sobre a Lei material a ser aplicável:


Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei
brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades
da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os
nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de
invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do
país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso,
a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode,
mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no
ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo
a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os
cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois
de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a
homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país.
O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno,
poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já
proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras
de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os
efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família
estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do
tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á
domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se
encontre.
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem
situados.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o
proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se
destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa,
em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituirem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e
dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas
as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos
extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no
lugar em que residir o proponente.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do
país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer
que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei
nº 9.047, de 1995)
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a
capacidade para suceder.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo,
como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado
em que se constituirem.

E sobre a jurisdição competente:


Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for
o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das
ações relativas a imóveis situados no Brasil.
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o
exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as
diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
Quando a lei estrangeira não se aplica em detrimento das regras de
conexão?

Reenvio, qualificação, ordem pública, fraude à lei, questão prévia, instituição


desconhecida e direitos adquiridos

Lembrando que as regras de conexão escolhem a lei (material e processual)


aplicável, mas em algumas situações elas não serão aplicáveis

Caso fique caracterizado, pela eventual aplicação de norma material


estrangeira ao caso concreto, lesão a preceitos básicos e elementares à
validade e subsistência do sistema jurídico (lesão à ordem pública, aos bons
costumes e à soberania nacional), regra originária de outro sistema não
poderá valer, na solução do caso concreto, embora assim determinado pelas
regras de direito internacional privado.

No mesmo sentido, regra originária de outro sistema não valerá, na solução


do caso concreto, quando for alegada para evitar o cumprimento das regras
de ordem pública fixadas pelo Estado, pretendendo, assim, o sujeito burlar a
lei por meio de evasivas que possam vir a caracterizar fraude à lei. Ex. antes
do divorcio ser aceito no ordenamento brasileiro buscava-se a obtenção de
divórcio no exterior, homologando e produzindo efeitos de tal fato no Estado
brasileiro

Reenvio
A LINDB proibe o reenvio no art. 16:
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver
de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Trata-se de traduçãoo fiel do art 30 das Disposições sobre as Leis em Geral
da Itália de 1942, o qual já foi alterado pela nova lei italiana de 1995 que
expressamente aceita o reenvio.
Conflito de 1o. grau é a divergência das normas substantivas de duas
legislações nacionais sobre a mesma matéria. Conflito de 2o. grau é o conflito
de leis tratado diversamente por dois sistemas de DIP, é um conflito entre
sistemas de solução de conflitos de leis.
O conflito de 2o. grau pode ocorrer de forma positiva ou negativa. Positiva
quando dois sistemas jurídicos solucionam o conflito determinando a
aplicação de seu próprio direito, nessa hipótese não ocorrerá o reenvio.
O conflito negativo ocorre quando as regras de conflito de cada um dos
sistema de DIP atribui competência para reger a matéria não à sua própria
lei, mas à lei interna do outro sistema, ou seja, o pais A considera aplicável a
lei do país B e o país B indica a aplicação da norma do país A. Nessa
hipótese o país A remete para a lei do país B e o país B reenvia, devolve
para a lei do país A.
o
O exemplo clássico do conflito de 2 . grau negativo é o do
nacional de país A, domiciliado no país B, cuja capacidade é
regida de forma diversa pelo Direito Civil dos dois países (conflito
o
de 1 . grau). Para solucionar este conflito das leis civis, o país A,
de sua nacionalidade, determina, por sua norma de DIP, que se
aplique à capacidade da pessoa a lei do país onde se encontra
domiciliado, enquanto a regra do DIP do país B, onde está
domiciliado, determina que se aplique o direito do país A, de sua
nacionalidade. (...) O reenvio também pode ocorrer de forma mais
complexa, quando o DIP do país A manda aplicar o direito do país
B, enquanto o DIP deste país B determina a aplicação do direito
o
do país C. Denomina-se isto reenvio de 2 . grau. (...) Em outra
variante da mesma hipótese, o sistema do DIP do país B dá mais
importância a outra conexão (lugar da constituição da obrigação
para reger toda a relação jurídica, inclusive a capacidade do
sujeito) e remete para o direito interno do país D. Aí teremos o
o
reenvio de 3 . grau, em que o país C mandou aplicar direito do
país A, esse enviou para o direito do país B que afinal, remete
para o direito do país D. O número de grau será sempre um abaixo
do número de países envolvidos: dois países, em que um remete
o
para o outro e este devolve ao primeiro, constitui reenvio de 1 .
o o
grau; três países, reenvio de 2 . grau; quatro países, reenvio de 3 .
grau. (DOLINGER, 2012. 334)
Caso Collier v. Rivaz
Julgado na Inglaterra em 1841, primeira jurisprudência relativa a conflito de
2o. grau de caráter negativo. Cidadão inglês faleceu na Bélgica. Pelo
ordenamento britânico rege a sucessão o direito do último domicílio que não
reconhecia a validade do seu testamento. Pelas leis belgas, como o de cujus
nunca pleiteara permissão formal do governo local para fixação definitiva, o
domicílio continuava sendo a Inglaterra onde o seu testamento era
considerado válido. A corte britânica aceitou o reenvio do direito belga com
isso reconheceu a manifestação de vontade do falecido. Neste caso o Sir H.
Jenner pronunciou a famosa frase: “a corte sentada aqui deve considera-se
como se estivesse sentada na Bélgica”. De fato o DIP inglês determinava a
aplicação da lei belga, mas o DIP belga mandava aplicar a lei inglesa, então
o tribunal britânico fez exatamente o que o tribunal belga faria: aplicou a lei
inglesa.

Caso Forgo
Forgo nasceu na Baviera, Alemanha, mudou-se para a França com 5 anos e
viveu lá até sua morte aos 68 anos, não deixou testamento. Dono de
considerável fortuna em bens móveis, sua sucessão foi reivindicada pelos
colaterais de sua mãe (lei bávara incluía esse grau de parentesco na linha de
sucessão). Pela lei francesa só irmãos e irmãs herdavam, a hipótese era de
herança vacante e o Estado francês reivindicou a sucessão para seu
Tesouro. Tanto pelo DIP da Baviera como pelo DIP da França a sucessão se
regia pela lei do último domicilio do de cujus. Porém pelo Código Civil francês
a aquisição de domicílio francês dependia de um decreto de admissão que
nunca tinha sido solicitado por Forgo. Assim, para a lei francesa, Forgo tinha
domicilio de direito na Baviera e domicilio de fato na França então deveria ser
aplicada a lei da Baviera. Mas pela lei bávara Forgo era efetivamente
domiciliado na França então sua sucessão deveria reger-se pelo direito
francês. A Corte de Cassação francesa, em 1878 decidiu aceitar o reenvio do
direto bávaro, aplicando o direito francês, assim, o patrimônio de Forgo foi
atribuído ao Estado Francês.
A rigor não se verificou no caso Forgo um reenvio (cada país considera
aplicável a lei do outro país, partindo de regras de conexão diferentes) pois
os dois países tinham a mesma regra de conexão: aplicabilidade da lei do
domicílio do falecido para reger a sucessão. A divergência foi quanto a
conceituação de domicilio, portanto houve um conflito de qualificação. Mas de
qualquer forma Forgo se tornou um caso clássico a favor do reenvio.

Caso testamento ológrafo


Famoso julgamento brasileiro que considerou como válido o testamento feito
de próprio punho pela cantora lírica Gabriela Besanzoni Lage Lillo, viúva de
empresário carioca que construiu para ela um palacete no Jardim Botânico
hoje conhecido como Parque Lage, falecida na Itália em 1962 ( REXT
68.157-RJ, julgado em 18/04/1972).
A Justiça brasileira considerou-o válido de acordo com as leis
italianas que não exigem testemunhas como ocorre no direito
brasileiro, pretendeu-se que, como o DIP brasileiro ordena a
aplicação da lei do domicílio do falecido (art. 10 da LICC), no caso
a lei italiana – o DIP italiano determina a aplicação da lei da
nacionalidade do falecido, no caso a lei brasileira – esta deveria
ser respeitada. A Suprema Corte entendeu que se tratava de
matéria de natureza formal em que se deve respeitar a lei do local
da feitura do ato de última vontade, e referindo-se ao argumento
do reenvio, invocou a Corte os termos inequívocos do art. 16 da
Lei de Introdução, sendo Relator o Ministro Luiz Gallotti, que,
lembrando sua opinião favorável ao reenvio, reconheceu, contudo,
que, ante a legislação vigente, não se podia mais aceitar o
reenvio(DOLINGER, 2012. 360)

Qualificação
Conceituar + Classificar = Qualificar
Delinear muito bem o fato e a norma aplicável. A qualificação pode ser a
respeito de um ato ou fato jurídico, de uma regra do direito interno ou à
própria regra de conexão.

No Direito Internacional nem sempre a qualificação de todos esses elementos


coincidem nos diversos sistemas jurídicos. Isso pode ser uma outra causa de
conflito. A mesma questão pode ser entendida por um ordenamento jurídico
como atinente à capacidade da pessoa e por outro ordenamento como sendo
condição de validade de contrato.
O conflito de qualificação pressupõe uma situação litigiosa
submetida a juízes de estados diferentes, que possuem as
mesmas regras de conflito de leis, mas, por não atribuírem o
mesmo significado aos conceitos utilizados (estado da pessoa,
sucessões), acabarão conectando a mesma situação a sistemas
jurídicos diferentes(DOLINGER, 2012. 360)

Caso Bartholo ou sucessão do maltês


Casal originário de Malta ilha sob domínio inglês, casa-se em Malta (primeiro
domicílio conjugal) sem pacto antenupcial, depois de um tempo emigram
para Argélia onde vigia o Direito francês. O marido morre, sem filhos
deixando bens imóveis e outros herdeiros. Na Argélia a viúva nada herdava,
em Malta (Código Rohan) cônjuge sobrevivente pobre tinha direito a um
quarto do patrimônio do falecido. O direito da viúva decorre de regime de
bens (lei do primeiro domicílio do casal) ou é uma questão sucessória (lei da
situação dos bens imóveis)? No caso concreto a Corte qualificou a questão
como regime de bens.

Testamento ológrafo de holandês

Ordem Pública
Princípio aplicado tanto no plano interno como internacional. Cabe ao juiz ou
Tribunal decidir o que seja contrário à ordem pública.

Decisão da corte de Montpelier de 1932 ilustra como se aplica esse princípio


no Direito interno. Não foi admitida cláusula testamentaria em que o testador
dispunha que sua casa fosse destruída o terreno cercado por altos muros e
que as vias de acesso fossem obstruídas para que ninguém pudesse entrar
não podendo ser vendido, alugado ou cedido. Ordem pública seria
diretamente lesada com tal expressão de vontade misantropa (misantropia é
o contrário de filantropia, é a desconfiança na humanidade de maneira geral
é a aversão ao ser humano e à natureza humana).

No âmbito do DIP a ordem pública pode impedir a aplicação de leis


estrangeiras, o reconhecimento de atos jurídicos realizados no exterior ou a
execução de decisões proferidas por tribunais de outros países. A LINDB no
art. 17 exclui a aplicação de leis, atos jurídicos e sentenças estrangeiros se
houver ofensa a soberania nacional (plano político), à ordem pública (plano
jurídico e econômico) e aos bons costumes (plano moral).

Por exemplo, uma pessoa casada, brasileira ou estrangeira não poderá


contrair outro matrimônio mesmo que sua lei pessoal o permita, a ordem
pública brasileira veda a vida familiar poligâmica. Contudo, pode haver o
reconhecimento de direitos adquiridos no exterior, como a concessão de
alimentos a uma segunda esposa de um cidadão estrangeiro casada sob
égide de sistema jurídico que admita a poligamia.

No plano internacional não há como contestar a validade de uma lei, de um


ato ou de uma sentença estrangeria por ferirem a ordem pública brasileira,
esses atos jurídicos apenas não terão eficácia no Brasil, ou seja não é nulo
nem anulável, somente há falta de eficácia local.

Ordem pública condicionada à proximidade


A Corte de Cassação francesa considerou que leis de países muçulmanos
que vedam a investigação de paternidade só ofendem a ordem pública
francesa se privarem criança francesa ou residente habitualmente na França
do direito de estabelecer sua filiação.

Substituição da lex causae pela lex fori


Se houver lesão à ordem pública a lei estrangeira será ineficaz e será
aplicada a lei nacional. Efeito negativo (ineficácia) lei local proíbe o que a lei
estrangeira permite, como por exemplo, divórcio, poligamia, investigação de
paternidade adulterina, escravidão, juros acima de um determinado limite.
Efeito positivo (libera a proibição) lei local não admite vedar aquilo que a lei
estrangeira proíbe como por exemplo: casamento inter-racial, casamento de
clérigos, alimentos entre certas relações de parentesco.
São duas forças que se mantêm em estado de potencial
antagonismo. De um lado, as regras de conexão que indicam a
aplicação de leis estrangeiras pelo juiz do foro, e, de outro lado, ou
melhor, acima e soberano, o principio da ordem pública, a que o
juiz pode recorrer a qualquer hora para impedir a aplicação da
norma legal estrangeira, neutralizando a regra de conexão do DIP
(DOLINGER, 2012. 429)
Fraude a lei
Pessoa artificiosamente altera o elemento de conexão que indicaria a lei
aplicável, assim, se em matéria de estatuto pessoal o indivíduo mudar sua
nacionalidade ou domicílio com o propósito de alterar a incidência original da
norma, visando fugir de uma proibição ou de uma incompetência.

Forum shopping, escolha de uma jurisdição que convenha melhor às partes.


Sem mudar a nacionalidade recorrem a Judiciário de outro país (“juízos
facilitários”)

Curiosidade: em que situações uma pessoa pode viajar legalmente sem um


passaporte? Quando se é refugiado, quando houve perda ou roubo do
documento ou quando o país de destino aceita outro tipo de documentação
(ex. identidade com foto nos países do Mercosul)
O ex-técnico da CIA Edward Snowden, que revelou importantes
segredos da agência de inteligência americana, pode estar
tentando entrar no Equador mesmo sem um passaporte válido.
Mas seria isso possível? Em que situações uma pessoa pode
viajar legalmente sem um passaporte?
As autoridades americanas revogaram o passporte de Snowden,
que agora é considerado um fugitivo pelos EUA, e requisitaram a
outros países que não permitissem que ele siga viagem.
De acordo com um de seus advogados, o ex-agente da CIA que é
acusado de espionagem, voou de Hong Kong, no dia 23 de junho,
utilizando seu passaporte americano e fez seu pedido de asilo no
Equador.
Na última segunda-feira, havia um assento estava reservado em
seu nome num voo para Cuba, mas ele não foi visto embarcando.
As últimas informações sobre o paradeiro de Snowden foram
confirmadas nesta terça-feira pelo presidente da Rússia, Vladimir
Putin. De acordo com o líder russo, o americano estaria numa área
de pré-imigração, o que tecnicamente ainda não é considerado
território russo.
Refugiados
Mas se o passaporte é requisito obrigatório para viagens
internacionais, sob quais condições Snowden tem conseguido
viajar sem ele? Para o fundador do Wikileaks, Julian Assange, ele
teria utilizado um “documento especial de viagem para refugiados”
emitido pelo governo do Equador.
Milhões de refugiados cruzam fronteiras internacionais sem
passaporte se eles sofrem perseguição e riscos no país de origem.
Em 2012, mais de sete milhões de pessoas se tornaram
refugiados, de acordo com dados da ONU. Segundo Larry Yungk,
oficial de da agência de refugiados das Nações Unidas, sem o
passaporte, o viajante é obrigado a apresentar outra forma de
identificação. Alguns refugiados podem até mesmo ser registrados
na fronteira, mesmo sem possuírem documento algum.
“É totalmente por conta do país que recepciona um viajante decidir
se o aceita ou não sem o passaporte”, explica Lavinia Limon,
presidente e chefe-executiva do Comitê para Refugiados e
Imigrantes dos Estados Unidos. Lavinia ainda confirma que os
EUA admitem cerca 60.000 refugiados de todo o mundo, sendo
que apenas poucos deles possuem passaporte.
Todos esses imigrantes são entrevistados pessoalmente por
oficiais do departamento de segurança dos Estados Unidos ainda
no país de origem. Durante a entrevista, o oficial tenta estabelecer
se o viajante se encaixa nos critérios de admissão de um refugiado
genuíno.
Se for aprovado, o refugiado recebe um documento chamado de I-
94, para ser utilizado em substituição a um passporte, e a viagem
aos Estados Unidos é então organizada pelas autoridades norte-
americanas.
“Digamos que estejamos aceitando pessoas vindas da Malásia
que tiveram que parar em Hong Kong antes de viajarem para Los
Angeles. Hong Kong reconhece estes documentos [os I-94] como
se fossem passaportes americanos e os deixa prosseguir viagem”,
afirma Lavinia.
Outros países como a Grã-Bretanha e o Canadá também emitem
documentos similares, assim como o Comitê Internacional da Cruz
Vermelha.
O advogado especialista em extradição, Douglas McNabb, explica
que se um país em particular deseja permitir que alguém viaje
numa companhia aérea administrada por aquele governo, isso
pode ser feito sem sequer a necessidade de emitir algum
documento, desde que o país que receberá o refugiado concorde
com isso.
Perda ou roubo
Todo viajante internacional pode até mesmo embarcar sem um
passaporte se este foi roubado ou perdido no exterior. “Você pode
ter que aguardar por dias até que um novo passaporte seja
emitido, ou você pode embarcar com um documento emitido pelo
seu consulado dizendo: ‘esta pessoa está OK, deixe ela ou ele
embarcar num voo apenas de ida para o seu destino final'”, afirma
Simon Calder, que é editor do caderno de viagem do jornal
Independent.
“Mas isso é raro e qualquer um desses tipos de documento é um
tipo de ‘passe livre de cadeia’ – volte ao seu destino e não arrume
encrenca”, comenta Calder. Existem também relações especiais
entre países que permitem a seus cidadãos viajarem nas áreas
comuns dessas nações sem passaporte.
Por exemplo, americanos podem viajar para territórios como Porto
Rico e Guão (ilha de território americano localizada na
Micronésia), utilizando um documento com foto. Mas exceto
nesses casos, os americanos são obrigados a utilizar o passaporte
para viajar por via aérea. No entanto, cidadãos dos EUA e Canadá
podem visitar os dois territórios com cartões pré-aprovados
chamados de “Nexus”.
Outras exceções
Existem algumas outras exceções para as regras mandatórias no
uso do passaporte americano. Se um cidadão dos EUA estiver
visitando um outro país que seja território americano – seja pelo
mar ou terra -como o Caribe ou a Bermuda, por exemplo, um
cartão de passageiro, em vez do passaporte, seria aceito. Neste
caso, até mesmo uma carteira de motorista ou documento militar
válidos, seriam também suficientes.
Na Grã-Bretanha, que criou uma área de livre acesso com a
República da Irlanda, um documento com foto também seria uma
opção para viajar para cidadãos dos dois países.
Mesmo assim, oficiais de imigração podem pedir provas de
nacionalidade, então é recomendável levar uma consigo.
Em 1995, 26 países europeus criaram a chamada área
“Schengen” de livre acesso, sem a necessidade de controle de
fronteira. No entanto, empresas aéreas continuam a poder exigir
checagens de identidade, o que pode incluir a exigência do
passaporte nesses territórios.
Cartões nacionais de identidade também são aceitos em áreas
cujos países sejam membros de alianças regionais.
Estes incluem a Comunidade Econômica dos Estados do Oeste da
África, a União Europeia e alguns países vizinhos, o Conselho de
Cooperação dos Estados Árabes e do Golfo Pérsico, e o Mercosul,
na América do Sul. Isto não significa que a rainha Elizabeth 2ª
tenha alguma vez se preocupado em carregar um passaporte.
Como sendo oficialmente a pessoa que emite tal documento, ela
está isenta de utilizá-lo.
(fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/celular/noticias/2013/06/130625_
viajar_sem_passaporte_gm.shtml )

1. A respeito da extradição e/ou expulsão de estrangeiro do CESPE - JF TRF1/2011/XIV – RESPOSTA A


Brasil, assinale a afirmativa correta. Assinale a opção correta acerca da condição jurídica dos
estrangeiros.
A) É passível de extradição o estrangeiro que, de qualquer forma, a) O Brasil admite a concessão tanto do asilo diplomático quanto do
atentar contra a segurança nacional, a ordem pública ou social, a asilo territorial.
tranquilidade ou a moralidade pública e a economia popular, ou cujo b) Somente é passível de expulsão do território brasileiro o
procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses estrangeiro que sofra condenação por crimes que atentem contra a
nacionais. segurança nacional ou a ordem política ou social.
c) Segundo o direito internacional costumeiro, nenhum Estado tem o
B) É passível de extradição o estrangeiro que praticar fraude a fim de direito de negar visto para o ingresso de estrangeiro em seu
obter a sua entrada ou permanência no Brasil. território, seja em definitivo, seja a título temporário.
d) A deportação, como forma de exclusão do estrangeiro do
C) Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre território brasileiro, somente se efetiva mediante ato que, exarado
a conveniência e a oportunidade de expulsão do estrangeiro ou de pelo ministro de Estado da Justiça, impeça o retorno do deportado
sua revogação. ao país.
e) A CF dispõe que o brasileiro naturalizado somente pode ser
D) A expulsão do estrangeiro não poderá efetivar-se se houver extraditado em caso de crime comum ou de comprovado
processo ou ocorrido condenação. envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
desde que, em ambos os casos, os crimes tenham sido praticados
CESPE - Def PF/2001 - RESPOSTA CERTA antes da naturalização.
Com relação ao direito internacional, julgue o item abaixo.

No Brasil, admite-se a extradição de estrangeiro que tenha filho CESPE - JF TRF1/2009/XIII – Resposta b
brasileiro menor, mesmo que esse filho dependa economicamente do A medida que, para ser adotada contra estrangeiros, exige
pai. promulgação e publicação de decreto presidencial para ser
efetivada (Lei n.º 6.815/1980) é
CESPE - JF TRF1/2011/XIV – RESPOSTA A
Considerando o conceito de nacionalidade e o Estatuto da Igualdade a) a deportação.
entre portugueses e brasileiros, assinale a opção correta. b) a expulsão.
a) A CF considera brasileiros natos, independentemente de c) a extradição.
formalidades, os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe d) o cancelamento de laissez-passer.
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil. e) o banimento.
b) Além das condições previstas no texto constitucional, somente lei
complementar pode estabelecer novos casos em que se exija a
condição de brasileiro nato para a ocupação de cargos, empregos e CESPE ABIN 2011 – Resposta C E E
funções públicas. Quanto à situação jurídica do estrangeiro, julgue os itens a seguir:
c) A exemplo dos países que se formaram a partir de grande
contingente de imigrantes, o Brasil adota predominantemente o critério a) Segundo o princípio da dupla tipicidade, aplicado à extradição,
do jus sanguinis para definição da nacionalidade, admitindo, porém, somente se concederá a extradição se o fato que motivar o pedido
em situações específicas, a aplicação do jus soli. não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente.
d) A situação do cidadão português que, no Brasil, seja admitido no
regime de igualdade plena previsto na Convenção sobre Igualdade de b) Se a finalidade da extradição for unicamente a de interrogar o
Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, é idêntica à do extraditando, não é necessário que constem, nos autos e no pedido
brasileiro naturalizado. de extradição, os crimes praticados pelo extraditando no território do
e) O brasileiro nato e o brasileiro naturalizado que exerçam atividade Estado requerente.
contrária ao interesse nacional estão sujeitos à perda da
nacionalidade, mediante processo judicial, assegurada ao réu ampla c) Ao estrangeiro que tenha entrado no Brasil na condição de turista,
defesa. temporário ou asilado, e aos titulares de visto de cortesia, oficial ou
diplomático, poderá ser concedida a prorrogação do prazo de
estada no Brasil.
VUNESP - PB (BNDES)/Direito - Advogado de Empresa/2001 -
Resposta A ESAF - ATRFB/2009 = e
A classificação oriunda das escolas estatutárias para a formação do
elemento de conexão, até hoje mantida pela doutrina francesa, divide- Sobre a condição jurídica do estrangeiro no Brasil, pode-se afirmar
se nas seguintes categorias: que
a) estatuto pessoal regido pela lei nacional, estatuto real regido pela
lei da situação de bens, fatos e atos jurídicos submetidos à lei do local
de sua ocorrência ou à lei escolhida pelas partes.
b) estatuto real regido pela lei nacional, estatuto pessoal regido pela a) o visto de trânsito pode ser concedido ao estrangeiro que, para
lei da situação dos bens, fatos e atos jurídicos submetidos à lei local atingir o país de destino, tenha de permanecer em território nacional
de sua ocorrência ou à lei escolhida pelas partes. por pelo menos dez dias.
c) estatuto do domicílio e da nacionalidade.
d) estatuto da residência e da nacionalidade.
e) estatuto do local da execução do contrato e nacionalidade. b) o estrangeiro que tenha filho ou cônjuge brasileiro preenche
automaticamente os requisitos para a naturalização.

Quando soarem as doze badaladas da meia-noite do dia 19 de maio c) em nenhuma hipótese pode o estrangeiro deportado ser
de 2002, o mundo acolherá com satisfação o Timor Leste na família readmitido em território nacional.
das nações. Será um momento histórico para o Timor Leste e para as
Nações Unidas. Um povo orgulhoso e tenaz realizará o sonho comum
a todos os povos de viver como homens e mulheres livres sob um d) a competência para decidir sobre pedido de extradição,
governo que eles mesmos escolheram. apresentado por Estado estrangeiro, é do Ministro da Justiça, sujeita
a decisão a recurso ao Supremo Tribunal Federal.
Kofi Annan. O mundo não pode abandonar o Timor Leste. In: Folha de
S. Paulo, 19/5/2002, A-29 (com adaptações).
e) poderá ser dispensada a exigência de visto, com base em
A partir do texto acima, julgue o item que se segue. reciprocidade, estabelecida mediante acordo internacional.

A nacionalidade, vínculo jurídico-político que une um indivíduo a um CESPE - JF TRF5/2013/XII = b


Estado, só pode ser concedida pelos Estados, que devem observar os Conforme previsão no direito brasileiro, será passível de deportação
princípios do direito internacional que regulam a matéria. o estrangeiro que

FCC - Proc (BACEN)/2006 = c


a) atentar contra a ordem política ou social.
A norma costumeira de origem internacional que proíbe que os
Estados expulsem seus súditos de seu próprio território
proscreve prática conhecida por b) entrar irregularmente no país e não se retirar voluntariamente do
território nacional.

a) apatria. c) entregar-se à vadiagem.

b) retorno. d) atentar contra a economia popular.

c) banimento. e) entregar-se à mendicância.

d) extradição. CESPE - Def PF/2010 = certo


Nenhum Estado soberano é obrigado a aceitar o ingresso, em seu
território, de pessoa que não mantenha com ele vínculo político.
e) devolução. Entretanto, no momento em que aceite o ingresso de indivíduo
nessa condição, o Estado passa a ter, em relação a ele, deveres
ESAF - Proc (BACEN)/2001 = a oriundos do direito internacional. Nesse contexto, a Lei n.º
6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) e diversos julgados do STF
Quanto à condição jurídica do estrangeiro no Brasil, indique a opção vêm normatizando os direitos e deveres dos estrangeiros em
errada. território nacional. Com relação a esse assunto, julgue o próximo
item.
a) Impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado
com brasileira ou ter filho brasileiro. Considere que um estrangeiro tenha sido expulso do país por
pertencer a célula terrorista e ter participado do sequestro de
autoridades brasileiras. Considere, ainda, que, após a abertura de
b) A naturalização não extingue a responsabilidade civil ou penal a inquérito no Ministério da Justiça, no qual foi assegurada ampla
que o naturalizando estava anteriormente sujeito em qualquer outro defesa ao alienígena, o presidente da República tenha decidido, por
país. meio de decreto, pela sua expulsão do país. Nessa situação, o
estrangeiro só poderá voltar ao país mediante decreto presidencial
que revogue o anterior.
c) O estrangeiro admitido no território nacional na condição de asilado
político, além dos deveres que lhe forem impostos pelo direito CESPE - Proc (AGU)/2006 = errada
internacional, ficará sujeito a cumprir as disposições da legislação No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
vigente e as que o governo brasileiro lhe fixar. uma assertiva a ser julgada acerca de nacionalidade e
naturalização.

d) É vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou que Nádia, de nacionalidade originária argentina, naturalizou-se
tenha filho brasileiro, dependente da economia paterna. brasileira em 1995. Em 2000, o governo argentino pediu ao Brasil a
extradição de Nádia para que ela cumprisse pena pelo crime de
homicídio cometido em 1998. Nessa situação, Nádia pode ser
e) Não se procederá à deportação se implicar extradição inadmitida extraditada pelo Brasil.
pela lei brasileira.
CESPE - Def PF/2004 = errada
CESPE - Def PF/2004 = errado Quanto a restrições constitucionais e legais impostas em sede de
Quanto a restrições constitucionais e legais impostas em sede de extradição passiva e quanto a pressupostos, procedimentos e
extradição passiva e quanto a pressupostos, procedimentos e decisão decisão determinados pelo ordenamento jurídico brasileiro nesse
determinados pelo ordenamento jurídico brasileiro nesse âmbito, âmbito, julgue o item seguinte.
julgue o item seguinte. ___
Os pedidos extradicionais deduzidos por autoridades judiciárias
Considere a seguinte situação hipotética. estrangeiras e por comissões rogatórias diretamente expedidas ao
governo brasileiro legitimam a instauração do processo
Lúcio, condenado ao pagamento de pensão alimentícia aos filhos extradicional, desde que observado o trâmite diplomático do
menores, em sentença de divórcio, decidiu emigrar para o Brasil, exhorto.
visando eximir-se dessa obrigação. A prisão do alimentante omisso foi
decretada pelo juízo cível do seu Estado de origem. CESPE - Adv (AGU)/2012 = certo
No que se refere à história dos conflitos de leis, a elementos de
Nessa situação, havendo tratado extradicional, ou compromisso de conexão e a reenvio, julgue o item seguinte.
reciprocidade de tratamento, entre o Brasil e o Estado de origem de
Lúcio, este poderá ser extraditado pelo governo brasileiro. O reenvio é proibido pela Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.
CESGRANRIO - PB (BNDES)/Direito/2010 = b
Um contrato internacional, assinado em Nova York, é garantido por CESGRANRIO - PB (BNDES)/Direito/2010 = b
fiança pessoal de dois acionistas brasileiros da empresa, domiciliados Um contrato de financiamento internacional, regido pela Lei das
em São Paulo. Iniciada a execução por falta de pagamento no Brasil, Ilhas Cayman, foi repactuado por aditivo, assinado pelas partes, ao
os fiadores alegam a incompetência da justiça brasileira. Nesse caso, final de longa negociação, em Nova York. A empresa devedora
a justiça brasileira ofereceu como reforço de garantia uma hipoteca naval sobre
embarcação atualmente em uso em navegação de cabotagem no
Brasil. Essa garantia
a) é competente em razão da nacionalidade brasileira dos fiadores.

a) é regida pela Lei das Ilhas Cayman, escolhida pelas partes.


b) é competente por serem os devedores domiciliados no Brasil.

b) é regida pela Lei brasileira, local de situação do bem.


c) será competente apenas se a obrigação principal tiver que ser
cumprida no Brasil.
c) é regida pela Lei de Nova York, local da assinatura do aditivo
contratual.
d) não tem competência sobre contratos internacionais regidos por
regras de direito alienígena.
d) é regida pela Lei de incorporação da devedora se for pessoa
jurídica.
e) não tem competência porque o contrato não foi assinado no Brasil.

VUNESP - PB (BNDES)/Direito - Advogado de Empresa/2002 = e e) não terá validade no Brasil porque o contrato é internacional.
Quanto aos contratos internacionais, pode-se dizer que
INSTITUTO CIDADES - JT TRT1/2008 = e
Com relação à soberania nacional, perante as comunidades
a) a autonomia da vontade está limitada à aceitação ou não das internacionais, é correto dizer:
condições propostas, podendo ou não a parte contratar.

a) A língua portuguesa é uma das adotadas oficialmente pelo Brasil,


b) circunstâncias políticas e econômicas, face à força obrigatória dos que poderá se utilizar de outro idioma nas localidades fronteiriças.
contratos, não extinguem a relação contratual anteriormente
estabelecida.
b) Os estrangeiros, residentes no Brasil, podem se alistar como
eleitores, com direito a voto e a ser votado, na circunscrição dos
c) ao se falar em contrato de compra e venda internacional, o municípios onde residem ou mantêm negócio.
aplicador do direito analisará e interpretará todos os elementos do
contrato de adesão, haja vista a inexistência de características
paritárias. c) Nenhum estrangeiro, ainda que naturalizado, será extraditado,
em razão de envolvimento em tráfico de drogas, quando houver
arrependimento eficaz.
d) o princípio da boa-fé não é aplicado nos contratos internacionais.

d) A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será


e) para um contrato ser considerado internacional deve, regulada pela lei brasileira, desde que exista Convenção
necessariamente, um de seus elementos formadores estar vinculado a Internacional a respeito.
mais de um sistema jurídico estrangeiro.

VUNESP - PB (BNDES)/Direito - Advogado de Empresa/2001 = c e) Aos estrangeiros residentes no País é garantida a inviolabilidade
O elemento de conexão aplicável para os bens imóveis, de acordo do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos
com a legislação brasileira, é limites da Constituição Federal da República Federativa do Brasil.

VUNESP - PB (BNDES)/Direito - Advogado de Empresa/2002 = c


a) o domicílio do proprietário. Quanto aos seguros nos contratos internacionais, é correto dizer
que

b) a nacionalidade do proprietário.
a) o ordenamento jurídico brasileiro não admite a contratação de
seguros, fora do Brasil, para transportes internacionais.
c) o local da situação dos bens.

b) é imprescindível que o dano ensejador do pagamento do risco


d) o local de residência do proprietário. coberto aconteça na vigência do contrato de seguro.

e) o local da execução da contrato. c) através do resseguro, a obrigação assumida por um segurador é


compartilhada com outras empresas do ramo securitário.
VUNESP - PB (BNDES)/Direito - Advogado de Empresa/2001 = b
Os principais critérios do Direito Internacional Privado, na
determinação da nacionalidade da Pessoa Jurídica são: d) o Instituto de Resseguros do Brasil detém o monopólio para
instituição de resseguros em nosso país.

a) critério do controle e critério da livre opção.


e) atualmente, as companhias seguradoras não estão obrigadas a
ressegurar, no Instituto de Resseguros do Brasil, as
b) critério da incorporação, critério das sede social e critério do responsabilidades civis que ultrapassarem o seu limite técnico.
controle.
CESPE - Def PF/2007 = c e c
Acerca do procedimento de homologação de sentença estrangeira
c) critério da residência e critério do domicílio. perante o STJ, julgue o item subseqüente.

a) É possível a homologação parcial de decisões


d) critério da auto-definição e critério do domicílio. estrangeiras.
b) Não se admite tutela de urgência nos procedimentos de
homologação de sentença estrangeira.
e) critério da escolha e critério da residência. c) Não será homologada sentença estrangeira que ofenda a
soberania a ordem pública.
CESPE - Def PF/2010 = e e c
Acerca de carta rogatória e homologação de sentença estrangeira, CESPE - Def PF/2010 = e
julgue o seguinte item. No que diz respeito às fontes brasileiras de direito internacional e à
a) Por constituírem forma de cooperação internacional aplicação do direito estrangeiro no Brasil, julgue o item
clássica, as cartas rogatórias estrangeiras são cumpridas no subsequente.
Brasil, independentemente de se referirem ou não a
processos de competência exclusiva dos tribunais a) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se
brasileiros. pela lei que nele vigorar, razão pela qual os tribunais
b) A sentença proferida por tribunal estrangeiro tem eficácia no brasileiros podem, excepcionalmente, admitir provas que
Brasil depois de homologada pelo STF. a lei brasileira desconheça.
c) Um dos requisitos para que a sentença estrangeira seja
homologada no Brasil é terem as partes sido citadas ou CESPE - Def PF/2001 = e e
haver-se legalmente verificado a revelia. Com relação ao direito internacional, julgue o item abaixo.

FCC - Proc (BACEN)/2006 = b a) De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil


Brasileiro em vigor, a lei do país de nacionalidade de uma
Henri e Louis são franceses, sócios de uma empresa constituída em pessoa determina as regras acerca do começo e do fim
Malta. Henri, por sua vez, é proprietário de uma outra empresa, da sua personalidade, do seu nome, da sua capacidade e
constituída no Brasil. A empresa maltesa e a brasileira firmam um dos seus direitos de família.
contrato entre si, assinado em Lisboa para a execução de uma obra b) O Código de Bustamante, de 1928, tratado internacional
no Marrocos. Supondo que a competência para a apreciação de incorporado ao direito brasileiro em 1929, prevalece em
eventual questão decorrente do contrato seja do Poder Judiciário caso de conflito com a Lei de Introdução ao Código Civil
brasileiro, e não havendo cláusula de eleição da lei aplicável, o juiz de 1942.
aplicará, segundo as regras da Lei de Introdução ao Código Civil, a lei
CESPE - CL (SEN)/Relações Internacionais e Defesa
Nacional/2002 = c c

a) francesa. À luz dos institutos de direito internacional privado, julgue o item


subseqüente.

b) brasileira. Se uma parte alegar direito estrangeiro como fundamento jurídico de


sua pretensão, poderá o juiz exigir-lhe a prova do teor e da vigência
da norma invocada. Essa prova poderá ser constituída mediante
c) maltesa. certidão, devidamente legalizada, de dois advogados em exercício
no país de cuja legislação se trate. Na falta dessa prova ou se ela
for insuficiente, de ofício, o juiz ou tribunal poderá solicitar, pela via
d) portuguesa. diplomática, ao mais alto tribunal, à procuradoria-geral, à secretaria
ou ao Ministério da Justiça do Estado de cuja legislação se trate,
que forneça um relatório acerca do texto, da vigência e do sentido
e) marroquina. do direito aplicável.

Ao aplicar-se o direito estrangeiro, deve-se atender ao sentido que


se lhe dá a interpretação doutrinária e jurisprudencial do seu país de
origem.

CESPE - CL (SEN)/Relações Internacionais e Defesa


Nacional/2002 = e c

À luz dos institutos de direito internacional privado, julgue o item


subseqüente.

Considere a seguinte situação hipotética.

L e H são domiciliados no Estado N, onde é defeso o divórcio.


Sendo L casado e desejando contrair novas núpcias com H, ambos
decidiram transferir o domicílio para o Estado P, onde o divórcio é
permitido.

Nessa situação, o ato de celebração do casamento entre L e H não


poderá ser reconhecido no Estado N, por caracterizar uma hipótese
de ofensa à ordem pública.

No tratamento e identificação do estatuto real, há de se localizar a


sede jurídica, por meio da situação do bem (lex rei sitae).

Questão 45 (OAB XX) D Questão 47 (OAB XX) C


Casal de brasileiros, domiciliado na Itália, passa regularmente
férias duas vezes por ano no Brasil. Nas férias de dezembro, o Heitor agraciou cinco funcionários de uma de suas sociedades
casal visitou uma entidade de acolhimento institucional na empresárias, situada no Rio Grande do Sul, com uma viagem
cidade do Rio de Janeiro, encantando-se com Ana, criança de para curso de treinamento profissional realizado em
oito anos de idade, já disponível nos cadastros de habilitação determinado sábado, de 9h às 15h, numa cidade do Uruguai,
para adoção nacional e internacional. Almejando adotar Ana, há cerca de 50 minutos de voo. Heitor custeou as passagens
consultam advogado especialista em infância e juventude. aéreas, translado e alimentação dos cinco funcionários com
Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta sua própria renda, integralmente desvinculada da atividade
pertinente ao caso. empresária. Ocorre que houve atraso no voo sem qualquer
A) Ingressar com pedido de habilitação para adoção junto à justificativa prestada pela companhia aérea. Às 14h, sem
Autoridade Central Estadual, pois são brasileiros e previsão de saída do voo, todos desistiram do embarque e
permanecem, duas vezes por ano, em território nacional. perderam o curso de treinamento.
B) Ingressar com pedido de habilitação para adoção no Juízo Nesse contexto é correto afirmar que,
da Infância e da Juventude e, após a habilitação, ajuizar A) por se tratar de transporte aéreo internacional, para o
ação de adoção. pedido de danos extrapatrimoniais não há incidência do
C) Ajuizar ação de adoção requerendo, liminarmente, a Código de Defesa do Consumidor e nem do Código Civil,
guarda provisória da criança. que regula apenas Contrato de Transporte em território
D) Ingressar com pedido de habilitação junto à Autoridade nacional, prevalecendo unicamente as Normas
Central do país de acolhida, para que esta, após a Internacionais.
habilitação do casal, envie um relatório para a Autoridade B) ao caso, aplica-se a norma consumerista, sendo que
Central Estadual e para a Autoridade Central Federal apenas Heitor é consumidor por ter custeado a viagem
Brasileira, a fim de que obtenham o laudo de habilitação à com seus recursos, mas, como ele tem boas condições
adoção internacional. financeiras, por esse motivo, é consumidor não
enquadrado em condição de vulnerabilidade, como tutela
o Código de Defesa do Consumidor.
C) embora se trate de transporte aéreo internacional, há
incidência plena do Código de Defesa do Consumidor para
o pedido de danos extrapatrimoniais, em detrimento das
normas internacionais e, apesar de Heitor ter boas
condições financeiras, enquadra-se na condição de
vulnerabilidade, assim como os seus funcionários, para o
pleito de reparação.
D) por se tratar de relação de Contrato de Transporte previsto
expressamente no Código Civil, afasta-se a incidência do
Código de Defesa do Consumidor e, por ter ocorrido o
dano em território brasileiro, afastam-se as normas
internacionais, sendo, portanto, hipótese de
responsabilidade civil pautada na comprovação de culpa
da companhia aérea pelo evento danoso.
Questão 56 (OAB XX) B Questão 23(OAB XX) C

Em país estrangeiro em que possui domicílio e onde estão localizados Em 2013, uma empresa de consultoria brasileira assina, na
seus bens imóveis, a sociedade empresária Alfa firmou contrato cidade de Londres, Reino Unido, contrato de prestação de
particular de fornecimento de minério com a também estrangeira serviços com uma empresa local. As contratantes elegem o
sociedade empresária Beta, estipulando que a obrigação contratual foro da comarca do Rio de Janeiro para dirimir eventuais
deveria ser adimplida no Brasil. A sociedade empresária Alfa, diante dúvidas, com a exclusão de qualquer outro.
do inadimplemento contratual da sociedade empresária Beta, ajuizou, Dois anos depois, as partes se desentendem quanto aos
perante a 1ª Vara Cível de Montes Claros/MG, ação com o propósito critérios técnicos previstos no contrato e não conseguem
de ser indenizada pelos danos materiais sofridos, prestando como chegar a uma solução amigável. A empresa de consultoria
caução consistente dois veículos de sua propriedade. Após a citação brasileira decide, então, ajuizar uma ação no Tribunal de
e a realização de audiência de conciliação, a sociedade empresária Justiça do Estado do Rio de Janeiro para rescindir o contrato.
Beta contestou, apresentando pedido de reconvenção, alegando Com relação ao caso narrado acima, assinale a afirmativa
possuir direito de ser indenizada materialmente, em razão da relação correta.
jurídica contratual regularmente constituída entre as litigantes, sob a A) O juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas
luz das legislações estrangeira e nacional. Com base no caso deverá basear sua decisão na legislação brasileira, pois um
apresentado, segundo as regras do CPC/15, assinale a afirmativa juiz brasileiro não pode ser obrigado a aplicar leis
correta. A) A caução prestada pela sociedade empresária Alfa não estrangeiras.
poderá ser objeto de pedido de reforço durante o trâmite processual. B) O Poder Judiciário brasileiro não é competente para
B) A sociedade empresária Alfa deverá prestar caução suficiente ao conhecer e julgar a lide, pois o foro para dirimir questões
pagamento das custas e dos honorários de advogado da parte em matéria contratual é necessariamente o do local em
contrária. C) A sociedade empresária Beta, para admissão de seu que o contrato foi assinado.
pedido reconvencional, deverá prestar caução suficiente ao C) O juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas
pagamento das custas e dos honorários de advogado da sociedade deverá basear sua decisão na legislação do Reino Unido,
empresária Alfa. D) O contrato originado em país estrangeiro, antes pois os contratos se regem pela lei do local de sua
do ajuizamento da ação indenizatória, deverá ser objeto de assinatura.
homologação perante o Superior Tribunal de Justiça. D) O juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas
deverá se basear na legislação brasileira, pois, a litígios
envolvendo brasileiros e estrangeiros, aplica-se a lex fori.
Questão 24 (OAB XX) B

Lúcia, brasileira, casou-se com Mauro, argentino, há 10 anos, em


elegante cerimônia realizada no Nordeste brasileiro. O casal vive
atualmente em Buenos Aires com seus três filhos menores. Por
diferenças inconciliáveis, Lúcia pretende se divorciar de Mauro,
ajuizando, para tanto, a competente ação de divórcio, a fim de
partilhar os bens do casal: um apartamento em Buenos
Aires/Argentina e uma casa de praia em Trancoso/Bahia. Mauro não
se opõe à ação. Com relação à ação de divórcio, assinale a afirmativa
correta. A) Ação de divórcio só poderá ser ajuizada no Brasil, eis que
o casamento foi realizado em território brasileiro. B) Caso Lúcia
ingresse com a ação perante a Justiça argentina, não poderá partilhar
a casa de praia. C) Eventual sentença argentina de divórcio, para
produzir efeitos no Brasil, deverá ser primeiramente homologada pelo
Superior Tribunal de Justiça. D) Ação de divórcio, se consensual,
poderá ser ajuizada tanto no Brasil quanto na Argentina, sendo ambos
os países competentes para decidir acerca da guarda das criança e
da partilha dos bens.

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