Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
15/02/2019
Objetivos:
Como um juiz resolve um conflito de direito internacional privado
Cooperação jurídica internacional
Contrato internacional
Mp 869
22/02/2019
Unidade 1
A evolução do DIP é bastante marcado pela doutrina. O DIP como é ainda muito
dependente do direito interno, LIDB, CPC, a doutrina impulsiona a evolução do DIP. A
história tem uma evolução doutrinária. Poderia ser jurisprudencial, mas é a partir da
doutrina. Pega-se de cada autor, o que se tem de mais emblemático, suas principais
características, de maneira bastante utilitária, não para estudar o autor em si mas para
dizer como ficou.
O DIP é uma disciplina relativamente nova, não é como o DI Público, que se encontra
um tratado ao se desenterrar uma múmia. O DIP, cuja grande característica é reconhecer
decisões ou leis em seu próprio país é muito moderno. Alguns autores tentam descobrir
um DIP na antiguidade, em Roma, mas é uma forçação de barra tremendo.
O primitivismo do DIP é na Idade Média. Querer discutir DIP antes disso é forçar um
pouco, pois em geral os povos aplicavam suas próprias leis e próprios costumes. Na
Idade Média há uma modificação dessa perspectiva, porque quando vai se desapegando
do feudalismo, vai se tendo um intercambio entre as cidades estados, intensificando o
relacionamento comercial entre os povos e entre eles também começa a se desconstruir
as barreiras feudais que existiam. Estamos falando da Europa. Paralelamente há uma
evolução do pensamento jurídico com isso, saímos da ideia dos glosadores de que o
direito tinha de ser interpretado de determinada maneira. Onde floresce essa
transformação do pensamento jurídico é no norte da Itália. Na verdade, não existia
Itália, existiam cidades-estados, assim o relacionamento entre essas cidades era
internacional.
Não à toa que das quatro faculdades mais antigas de direito 3 são de lá. No norte da
Itália, não seria exagero dizer é que surge a faculdade de direito.
É nessa ambiência cientifica, cultural, de direito, é que surgem grandes doutrinadores.
Nós estamos no século XIV e surge o maior jurista da Idade Média Bártolo de
Sassoferrato. Bártolo foi um jurista gênio. Por exemplo, separou o direito processual do
material, regras de formalidade testamentária, praticamente o curso de direito deriva das
ideias do Bártolo.
Esse grande jurista era grande jurista em todas as áreas do direito. Se aprofundando nas
questões de direito privado começou a criar as categorias de áreas do direito e tinha de
resolver coisas concretas. Por exemplo, se eu firmasse um contrato em Roma,
precisavam de 5 testemunhas. Se eu contrato em Veneza, preciso de 3 testemunhas.
Então, ele começa a se preocupar com assuntos típicos de direito internacional privado.
Então ele cria a escola estatutária. Porque statuta em latim é direito local. Estamos num
mundo pré-Estado soberano. Eram várias normas da Igreja, do Estado, local.
Existiam diferenças entre os outros estados europeus, com relação por exemplo do
primogênito. Isso já estava sendo modernizado em alguns estados europeus.
Bártolo criou a teoria de que se aplica a statuta em determinadas circunstâncias e o
direito internacional em outras circunstâncias.
Art. 17 da LINDB vocês podem ir até a Idade Média porque as origens estão lá.
Princípio da ordem pública. Teoria do direito odioso. Tipo, à época, para Bártolo, a
poligamia.
Quando se aplica o direito local porque o direito estrangeiro ofende a ordem interna.
Na França, 150..., século XVI, surge um teórico Charles Dumoulin, teórico que teve por
preocupação a autonomia da vontade das partes. O que hoje é mega contemporâneo para
se dar o máximo de liberdade contratual nos negócios foi desenvolvido por Dumoulin.
Disso derivou outras áreas em que fora do contrato, compra e venda, avançou até em
áreas como direito de família, por exemplo da escolha do regime de bens.
Temos a inflexão na França, passados alguns anos, o que acontece é que o mundo está
se transformando em Estado Moderno. Territorialismo radical. D’argentré reduziu a
aceitação de DIP. Desenvolveu a ideia de Estados soberanos.
Huber elimina o DIP. Aplicar o DIP era cortesia.
Até aqui é primitivismo.
O DIP mesmo é século XIX.
O professor indica 3 autores como chave para o desenvolvimento do DIP: EUA –
Joseph Story, alemão e italiano.
Joseph Story, como juiz, achou que Huber pegou pesado demais, até por uma questão
de justiça a decisão do caso judicial conduz a aplicação do direito estrangeiro. Embora
imbuído de territorialismo, nega a ideia de cortesia em detrimento da ideia de justiça.
Common Law. Segmentou o DIP através das decisões e foi segmentando as grandes
questões de DIP que foram decididas na Justiça ao longo dos anos. Fez um grande
digesto e chama isso de DIP, em 1834, por aí. Ele que deu esse nome à disciplina.
Enfim, formando precedentes jurisprudenciais.
Savigny pegou esse negocio feito pelo Story, aquela historia do jurista completo, era
universalista e achava que se deveria ter um método único no mundo para se discutir
DIP e cria esse método.
Qual era a preocupação do Savigny? Pegou um caso só e dividiu cada parte da
complexidade prática em várias partes do DIP. Um item de um caso de DIP (caso
privado que tem alguma conexão com o DIP) e se precisa saber que direito material se
aplica. Que direito material se aplica? Tem de ter um elemento de conexão. Qual a
conexão ideal para cada item? Por exemplo, capacidade. Art. 7º, da LINDB. A resposta
é o domicílio.
Mas, e se a conclusão me desagradar? Foi no Bártolo e criou a resposta: princípio da
ordem pública.
Mancini faz parte da unificação italiana, é um grande jurista, vira legislador, político,
criou um lema para o DIP: liberdade, nacionalidade e soberania. Grande defensor da
liberdade das partes em matéria contratual, nacionalidade porque apostava como grande
critério de conexão a nacionalidade, e soberania está associado ao principio da ordem
pública. Relação com nacionalidade diferente e teve reflexos no direito. Mas, tem uma
sacada que foi a de legislar sobre essas regras e criou a lei de introdução que nós
imitamos como lei de introdução ao código civil, que regula a relação temporal e a
espacial. O método do Mancini não se universalizou.
No século XX, começam a ser sobretudo no entre guerras, se criam tratados tentando
regular o DIP.
Os países tem estatutos diferentes para resolver determinadas questões.
Tem muitos produtos em termos de cooperação. Os tratados eram bilaterais. O primeiro
universal foi motivado pela guerra. Começa em navegação por rios e depois foi para
outras áreas.
Conferências internacionais regulares para discutir o DIP. Então de certa maneira
Savigny aparece.
Chegamos na década de 60. Doutrina de centro de atração, de atratividade, tudo era
americano, a única coisa que aconteceu foi o acidente no Canadá.
Os americanos reduziram a aplicação dessa teoria a responsabilidade civil. Não foi
lastreada para outras áreas, não houve o descontrole geral da jurisprudência americana.
Os europeus até gostaram dessa teoria de tentar controlar o resultado não seria uma má
ideia. Por exemplo, a convenção sobre alimentos cria uma regra que se aplica a lei mais
favorável ao alimentando.
O Brasil só tem uma regra de DIP na CF, inciso XXXI , art. 5º. Regra de sucessão,
regra mais favorável ao cônjuge brasileiro ou herdeiro brasileiro.
Como é hoje, no Brasil? Temos o seguinte cenário. Nós legislamos, temos uma lei que é
a lei de introdução adotando o método de Savigny, desde 1942 o nosso grande elemento
de conexão é o domicilio, nós temos como um princípio de não aplicação do direito
estrangeiro algo que é um misto do direito odioso do Bartolo, e é o art. 17 que diz que
não se aplica o direito estrangeiro por causa da ordem pública. Adota a clausula de
contenção, pensada desde o início, essa regra de norma mais favorável adotamos em
matéria de alimentos, do ponto de vista de proteção de hipossuficientes temos como
foco de proteção além do alimentando o consumidor, tratados foram feitos, mas não são
radicais, manejam de maneira a matéria com alternativas, mas os tratados foram sendo
firmados pelo Brasil. Nós nos estruturamos para a cooperação do DIP ou com foco no
MJ ou com foco no MPF. Por exemplo, alimentos aos cuidados do MPF. Mas com
relação a sequestro e guarda, com o MJ.
Estamos vinculados fortemente. O CPC privilegiou a cooperação internacional, auxilio
direto, carta rogatória. O Brasil se moderniza em relação à cooperação. Se não é o MPF
que atua, se é o MJ é a AGU. DPU também atua em defesa das partes quando não
representadas. Em matéria de contratos, o Brasil tem a lei de introdução tem uma
perspectiva antiga, determinando por exemplo que se o contrato é materializado no
Brasil, apesar de ser internacional, tem de ser aplicada a lei brasileira. Mas, tem uma
quebrada de espinha que é a lei de arbitragem, que permite a clausula compromissória
de se decidir no lugar que as partes determinarem. Esse impacto da lei de arbitragem
recai no CPC e este dá guarida para isso.
Aula que vem entramos no nosso grande objetivo que é justamente determinar como um
juiz brasileiro resolve o caso internamente. Precedido da verificação de competência.
Arts. 21-25 do CPC.
01/03/2019
Competência Internacional
Primeiro objetivo é julgamento no Brasil de casos de direito internacional privado. Um
dos grandes objetivos do DIPr é isso no Brasil. Peguem o CC e veremos que os casos
tem algum elemento ligado a outra jurisdição. Ou pessoas, ou bens, ou outro elemento
que será caso de DIPr. O juiz estará diante de um dilema que será determinar a
competência.
Qual é a espinha dorsal normativa em relação ao nosso primeiro problema, a grande
norma de referência, é o CPC.
Os tratados sempre pairam como nuvem, de forma que eventualmente se aplica esse
referencial normativo, até porque o CPC determina.
No CPC os artigos 21 a 25 trazem as diretrizes para a competência no DIPr.
Do ponto de vista pedagógico/doutrinário essas competências são divididas em duas
espécies:
1) Concorrente (relativa) – art. 21 e 22, do CPC
2) Exclusiva - art. 23, do CPC
A ideia de uma competência concorrente é a seguinte: o juiz se depara com o caso
concreto e terá competência, mas sabe que outro país também tem. Ou tem ciência que
sobre determinado assunto a decisão é soberana.
O NCPC ampliou essa competência. O art. 22 é novidade. O art. 23 tem três incisos,
sendo que o 3º é novidade. Ampliação da competência brasileira em matéria de DIPr. A
matéria ganhou reforço.
A competência irá ter como um dos pilares a efetividade e era o grande princípio antigo,
o qual era o centro de gravidade do caso, o vínculo fático a ocorrência no Brasil.
O NCPC vai além, privilegia a autonomia de vontade das partes para escolherem o foro
que desejarem, o qual aqui é escolher o país. O assunto é contratos. A competência será
limitada ao objeto de contratos.
Houve uma modernização do CPC de proteger certas pessoas, os hipossuficientes,
nomeadamente o alimentando e o consumidor. O que é uma opção de risco, pois a
chance de cair na inefetividade é grande.
Iremos para as hipóteses em concreto. Começaremos pela competência concorrente.
Se pegarmos o art. 21 vê-se que é uma antiga regra é algo bem conservador, estável,
segurança jurídica, como são três hipóteses que estão lá: o réu é domiciliado no Brasil,
independentemente da sua nacionalidade. É sobre quem recairá a sentença. O réu está
domiciliado no Brasil.
Se for pessoa jurídica, será no parágrafo único do art. 21. Se essa pessoa jurídica não for
nacional, fica-se em dúvida sobre qual será o foro. Uma importadora espanhola importa
produtos do Brasil, a relação é o contrato internacional com o Brasil. Mas, se essa
empresa pretender ter atividade, proveito ou serviços aqui, o direito brasileiro exige que
ela registre uma filial ou sucursal aqui, apontando quem é o responsável jurídico por
essa empresa no Brasil. Qualquer questão de direito privado envolvendo essa empresa a
justiça brasileira se declara competente em relação a ela, porque existe filial no Brasil.
Se a empresa estrangeira for ré, o domicílio será no Brasil porque ela foi obrigada a
registrar filial aqui. Ou seja, é obvio, a ré estando aqui, temos competência.
Um caso em que a obrigação a ser realiza é no Brasil, temos competência concorrente.
Vejam que aqui puxamos para o centro de gravidade do caso. O fato ou ato jurídico foi
realizado no Brasil.
O NCPC inovou no art. 22, que em determinado momento declara a autonomia da
vontade. Se eu tenho um contrato internacional e esse contrato aponta o Brasil como
foro, aceita-se a competência. Deve-se ler o art. 22 c/c art. 25. Uma das partes mais
difíceis é a redação de um contrato internacional.
Se você quer outro país, redija “com exclusividade” o país. Jamais poderá escolher
outro país sobre o objeto do art. 23, quando da exclusividade do Brasil.
Ao art. 23 é exclusiva e obrigatoriamente o judiciário brasileiro, não pode ser
arbitragem e outro país.
O alimentando – uma hipótese está falando da efetividade. A outra está falando de o
credor é domiciliado no Brasil.
O consumidor – não há tratado para proteger consumidor. Tem filial no Brasil, entro
contra a filial e aplico a teoria da aparência.
Se eu me declaro competente exclusivamente sobre determinado caso concreto,
automaticamente eu serei incompetente para o mesmo caso no exterior.
É mais inteligente ampliar a concorrente do que ampliar a exclusiva.
Art. 23
Imóvel
Sucessões (bens) – se os bens estão situados no Brasil, a competência é brasileira. Se eu
tenho uma sucessão que tem um apartamento em Miami, eu tenho de destacar esse bem.
Divórcio (bens) – novidade. Divorcio em que o casal tem bens no Brasil será aqui. Um
divorcio no exterior será homologado no STJ se tem bens e filhos, se não tem bens e
nem filhos será cartorial.
A litispendência (art. 24) é um grande problema. Há litispendência nos casos dos arts.
21 e 22? Há tratado? Se a resposta for sim, tem-se de ver o que o tratado diz. Por
exemplo, o Mercosul.
Não tem tratado, então não há litispendência. Então, tem-se conflito. Fórum shopping:
vou escolher um país para entrar com ação.
No art. 23 nunca haverá litispendência.
Qual prevalece? Se transitou em julgado a brasileira antes da estrangeira, prevalece a
brasileira. Se transitou em julgado antes a sentença estrangeira, se a homologação foi
antes do trânsito em julgado que a brasileira, prevalece a estrangeira. A data fatal da
estrangeira é a data de homologação.
Isso é relativizado em alimentos e guarda/visita. O binômio de alimentos
necessidade/utilidade se modifica no tempo. Posso entrar em qualquer momento com
revisional.
15/03/2019
Estamos analisando como um juiz brasileiro julga um caso de DIPr. Já vimos que ele é
competente no Brasil e passamos para a segunda fase que é a qualificação dos fatos. Ele
está com o processo qualificando os fatos, caso de DIPr que tem alguma conexão com
outras jurisdições por isso que internacionalizou o caso e precisa decidir se vai aplicar o
direito brasileiro ou estrangeiro. Para decidir precisa definir qual é a ponte que o leva
até o direito aplicável, chamada de elementos de conexão.
O juiz irá para os elementos de conexão que estão no art. 7º e ss da LINDB e tratados. O
que faremos agora é discutir elemento de conexão por elemento de conexão, os
dissecaremos. E o primeiro que será discutido é o art. 7º.
Regime de bens
Não se aplica o parágrafo 3º do art. 7º, pois é considerado inconstitucional.
Tem-se duas opções em relação ao regime de bens: (I) temos um pacto? Se houver um
pacto será válido no Brasil e se for compatível com o direito brasileiro (não ofende a
ordem pública), então está Ok! Se não houve um pacto, o que se aplica é o regime legal
de bens do país. A complicação é saber qual é o regime legal do país porque são duas
pessoas e se tem que definir exatamente qual é a regra. Gera um problema se os
domicílios são diferentes. Aplica-se a regra do primeiro domicilio conjugal.
Art. 7º da LINDB § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
domicílio conjugal.
O divórcio simples, se não tem filho, se não tem bens, vai no cartório e homologa,
determinado pelo NCPC.
As pessoas não estão acostumadas a advogar em Cartório. É uma advocacia
administrativa e não judicial. Tem de ser maleável à burocracia cartorial.
O divórcio será realizado onde as pessoas estão domiciliadas.
Não estão aqui domiciliados, se há bens do casal no Brasil, deve seguir as leis
brasileiras para a partilha.
Casamento no exterior, domiciliados no Brasil, posso fazer o divórcio aqui.
Casamento no exterior, casal domiciliado no exterior, bens aqui, partilha aqui.
Casamento e divórcio no exterior, com bens, filhos, homologa-se no STJ. Se não tiver
filhos, é cartório.
Casaram e são domiciliados no exterior, mas não tem filhos, não tem bens, divórcio
simples e não precisa homologar no STJ, somente em cartório.
Pode fazer consularmente, assim como o consulado casa, também divorcia. Mas, tem de
ser ambos brasileiros. Se um dos cônjuges não for, não faz.
Evidentemente, existem outros temas de direito de família, além de casamento, como
por exemplo alimentos.
Antes de falar de alimentos, também a LINDB quando fala em divórcio está atrasada,
ainda tem tempo, então é inconstitucional para 226, 6º, CF.
Não tem nenhuma parte do art. 7º que fala de alimentos, a única referencia é o caput
desse artigo que fala que direito de família, vale a regra do domicilio.
Temos tratados, só que sempre há um problema em relação a tratados, tem de saber se
os dois países ratificaram, então não vale para todos os países.
Tem um tratado que foi feito em NY sobre alimentos.
Existe uma regra geral de aplicar o domicilio para o direito de família. Se não
tivéssemos tratados em regra aplicaríamos o domicílio do alimentando que é o credor de
alimentos.
Convenção interamericana sobre obrigações alimentares, art. 6º, tem a regra da lei mais
favorável para o alimentando, completamente atípico.
O credor estando aqui, mesmo o réu da ação de alimentos não estando, mesmo assim
haverá competência.
O que se tem de analisar em termos de estratégia jurídica é como executar. Uma das
saídas é verificar se o outro país ratificou tratado e aplicar a regra da lei mais favorável.
Entrar com ação e como executar lá? Quem é a autoridade central que se comunicará
com o outro país é o ministério público federal com a autoridade central do país
estrangeiro.
Quando se
O réu está aqui. O réu não está aqui, mas tem proveito econômico? Pergunta ao cliente
se tem condição de entrar com ação de alimentos lá. Vê se tem tratado. Entra com ação,
mas tem dificuldade depois de executar.
O tema de guarda e visita não está no art. 7º. A única convenção que temos que
tangencia essa matéria é a convenção internacional de Haia sobre sequestros de
menores, subtração internacional de crianças menores de 16 anos. Essa convenção não
fixa regras de lei aplicável, o objetivo principal dessa convenção é o retorno imediato da
criança sequestrada ou retirada.
Um pai tem a guarda de uma criança num país A. primeira circunstância é que a mãe
pega essa criança e foge para o Brasil. Segunda circunstância, o pai tem a guarda no
país A, a mãe vem para o Brasil e não volta.
É a subtração parental.
O objetivo da convenção é que deve ser promovido o retorno da criança.
Nós aplicaríamos a regra, a lei da residência habitual da criança antes do sequestro. No
caso, a lei do país A.
Na prática, a mãe que reteve a criança ou fugiu, passou do aeroporto. Se pega essa
irregularidade no aeroporto, a criança é repatriada, se for aplicada a convenção.
Agora, ela entra no Brasil, pede uma guarda provisória. O juiz concede. O processo se
arrasta, passam-se os anos. O pai aciona o seu país para entrar no circuito.
A autoridade central lá se comunica com o MJ, AGU.
Vai virar uma confusão. Há conflito de competência. Vara federal e de família. Tudo
isso passa anos. A criança já está adaptada aqui, o juiz atende ao melhor interesse da
criança.
Igualmente, a própria convenção permite que se deixe de aplicar a norma quando o pai é
pedófilo, quando a criança sofre violência. Se você provar que o interesse da criança é
aqui, é isso que vale.
Também é aplicação de tratado.
Todas as demais áreas de direito de família se aplica o caput do art. 7º. A regra do
domicilio. Reconhecimento de paternidade.
Nós estamos julgando sempre no Brasil. O que estamos falando é de bens. Na dicotomia
clássica são classificados como moveis e imóveis. Então esses bens que estão no Brasil
são imóveis ou móveis. Sobre imóvel, não tem exceção. Qualquer uma das disputas de
direito real (1.225, CC) aplica-se a lei brasileira. Veja o imóvel está no Brasil. Sobre
todas as disputas sobre imóvel no Brasil, sempre aplicaremos a lei brasileira sem
exceção.
Caput, do art. 8º, da LINDB, se aplica a lei de onde está situado o bem.
Para imóveis não tem exceção.
Se o imóvel é fora do país, não teremos competência.
Se for móvel, tem exceção.
Nós temos os parágrafos. O 1º e 2º, do art. 8º, da LINDB.
Não confundam capacidade para suceder com ordem de vocação hereditária. A pessoa
tem de estar viva para suceder. Aqui entra o assunto da indignidade, de matar a pessoa,
sobretudo.
Se o direito estrangeiro não tem a regra de que você não pode herdar, se você matou o
seu pai.
Aplica-se a lei do domicilio do herdeiro.
Tem testamento.
O testamento tem peculiaridades. É valido um testamento feito no exterior? Pode ser.
Estou fazendo um inventario no Brasil, tem um testamento no exterior. Tenho de trazer
esse testamento para a partilha no Brasil. Esse testamento é dividido no tempo. No
primeiro momento, o sujeito estava vivo, obviamente, ao declarar sua vontade.
Testamento hológrafo.
Terminamos a unidade II. Objetivo era descobrir como o juiz julga a demanda judicial
com elemento de conexão estrangeiro.
Estamos entrando na unidade III e o objetivo é a cooperação jurídica cível internacional.
Não é a única forma de cooperação jurídica internacional, tem a penal, por exemplo.
Em matéria de cooperação jurídica internacional de caráter cível qual é a coluna
normativa? O CPC, art. 26 e ss ou 960 e ss. Existe uma regulamentação inicial no
código mas não é total. No decorrer do CPC ela é esmiuçada.
A outra base normativa forte é o regimento interno do STJ. As vezes as portarias e
regimentos valem muito mais do que a lei propriamente dita, é o caso do RISTJ.
Houve no Brasil a reforma do Judiciário e nessa reforma houve uma transmissão de
competência do STF para o STJ em matéria de direito internacional. Então, não estava
regulado no RISTJ esse assunto, só foi inserido depois, enxertado no meio do
regimento.
Art. 216-A...X. é dessa forma porque foi enfiado no meio do regimento.
É importantíssimo ali essa parte porque as coisas são definidas ali.
Coluna normativa então é o CPC e o RISTJ. Dito isso, nós veremos que o objetivo da
cooperação jurídica internacional, não é somente judicial é também administrativa, por
isso jurídica, essa cooperação de acordo com o direito interno brasileiro se dá de 3
formas:
1) Auxilio direto
2) Carta rogatória
3) Homologação de decisão estrangeira
Esse ano mesmo teve a pressão da OCDE em promulgar e aprovar uma nova lei que é
execução das resoluções do conselho de segurança da ONU, medidas de bloqueio de
ativos de pessoas ligadas ao terrorismo.
Não é confisco do bem, é bloquear. Uma nova forma de auxilio direto que esse ano foi a
promulgação de uma lei.
Carta rogatória seria citação, notificação, produção de provas, testemunho, o judiciário
de lá via o de cá, só que aí tem-se um processo.
Tem limites da cooperação. O clássico é o art. 17, da LINDB. Ordem pública.
O STJ produzirá um juízo de delibação, ou seja, verificar se todos os requisitos da carta
ou homologação estão presentes. O juiz federal é que executa. O nome do produto da
carta rogatória se chama exequatur. Uma carta de sentença.
Sempre justiça federal. Esse caso é de direito de família. A mãe quando chegou no
Brasil pediu uma guarda provisória. Vara de família. Justiça estadual. Mas, o pedido de
busca e apreensão é justiça federal. As vezes é uma briga danada. Há um estica e puxa
de competência.
A homologação de decisão estrangeira é o que exatamente? Ela é o único dos
instrumentos que independem de tratado ou reciprocidade. Porque o resto é toma lá da
cá. Eu coopero com você e espero que você coopere comigo. Agora homologação não,
porque é um sistema nosso. Eu não dependo de ninguém. Se o outro faz diferente, não
importa.
O nosso sistema determina que tudo que tiver efeito de sentença eu preciso homologar.
Mesmo se no outro país não foi uma sentença. E o inverso também é correto. Se aqui
não é exigido uma solução judicial via sentença, se aqui é cartorial, eu não homologo, e
lá no outro país é uma sentença, eu não preciso homologar aqui. Se uma decisão de
adoção em determinado país é cartorial, aqui eu preciso homologar.
Digamos que um divórcio em outro país não é feito em via judicial, aqui eu preciso
homologar.
Se um divorcio simples em determinado país é feito sentença, aqui é cartorial, não
precisa homologar.
Eu tenho de homologar tudo aquilo que aqui seria via judicial. Eu posso homologar
medida de urgência, uma cautelar, homologa.
O que eu homologo? Tudo aquilo que no Brasil seria feito via decisão judicial, mesmo
que no outro país seja por outra via. Eu não homologo certidão de nascimento,
casamento, óbito porque aqui é cartorial.
A homologação vai bater no presidente do STJ, vai abrir o contraditório. As vezes, não
há oposição em quem quer homologar, ambas as partes querem a homologação. É o
caso de uma adoção que os pais querem a adoção, até mesmo um divórcio consensual.
Se a parte aqui no Brasil não for encontrada, tem de nomear um curador, que é a DPU.
Se o advogado da parte impugnou, não está de acordo com a homologação estrangeira,
sai da presidência do STJ e distribui para a corte especial.
O ministro pode até decidir monocraticamente, tem uma disposição que o relator pode
monocraticamente decidir o caso em jurisprudência consolidada, como assim? Da
cabeça dele... o que eu faço daí, o que me resta é um agravo para levar para a corte
especial. Em vez de levar o caso direto para a corte especial, tem de levar o agravo. Lá
não se tem a sustentação oral.
O advogado não se manifesta em nenhum momento no processo.
Ganhou ou perdeu. Foi homologado ou não. Se não foi homologado, ainda cabe RExt
para o STF. A competência antes da reforma judiciaria era do Supremo. Não pode entrar
com RExt para o Supremo. Teve um precedente e a partir dai se pode enviar para o
Supremo.
Bateu os dias do prazo. tem de peticionar para emitir a carta de sentença. Não vai cair
no seu colo a carta. Tem de pagar a carta de sentença. Que é praticamente a copia do
processo. Sai com a carta de sentença e vai executar no juiz federal competente, feliz da
vida.
Existe uma espécie de controle de constitucionalidade no DIP. O próprio STJ traz isso
com o RISTJ, um controle de constitucionalidade no DIP.
O que temos de nos atermos? No CPC é o 963 que tem os requisitos da homologação de
decisão estrangeira.
As vezes, você está homologando uma guarda e tem o RISTJ, o CPC e o tratado entre
os países em matéria civil, você joga isso no processo.
Para pedir medida de urgência tem prazo de 1 ano da data do fato no tratado.
Eu tenho uma cautelar estrangeira, eu posso homologar ela. Eu tenho uma sentença
estrangeira. Aqui eu tenho uma necessidade de urgência. Eu posso pedir no processo de
homologação uma medida de urgência.
Sobre carta rogatória também pode ter tratado. Uma das hipóteses é não passar pelo STJ
e o juiz homologar. Protocolo de las Leñas, protocolo do Mercosul.
Há quem questione isso também. Tudo que você tenta descomplicar, as vezes te
impedem.
12/04/2019
Quadro comparativo de regulação de homologação de decisão estrangeira. Por vezes a
mesma , está regulada por 3 procedimentos distintos. CPC, RISTJ, Tratado. Muitas
vezes não temos o tratado, estamos tratando apenas com as outras duas espécies
normativas. Mas, há tratados, eventualmente. No caso de cooperação jurídica de caráter
cível a força do tratado muitas vezes deriva do próprio CPC, que diz que havendo
tratado, aplica-se este. No caso de Brasil-França, academicamente, pode-se dizer que
prevaleça o tratado, mas na prática o RISTJ pode determinar outra coisa.
Juízo de delibação, atendendo a requisitos.
Procedimento judicial típico da homologação é delibar, reconhecer ou não reconhecer
parte da sentença. Não é prelibação. Pode ser algo extremamente célere e incontroverso,
mas pode ser algo duradouro.
Ação de homologação de decisão estrangeira. Dirige a ação para o presidente do STJ.
Como é juízo de delibação, tem de ter um cuidado enorme na análise do processo,
qualquer das normas pode causar a improcedência da ação.
1) O documento foi conferido por autoridade competente? Não está falando em juiz
competente. Pode ser arbitro, autoridade administrativa. O que interessa é que
naquele país em que foi conferida a decisão, lá ele era autoridade competente.
Quando é autoridade judicial que é mais fácil de identificar, você relaxa. Se for
administrativa é mais trabalhoso de identificar se aquela autoridade é a competente.
Se for arbitragem tem uma dificuldade a mais. O que dá sustentação a arbitragem é
contrato, então toda a fundamentação e base da ação não começa tranquila, começa
dissecando o contrato que ali estará toda a base da arbitragem. Tem de analisar a
cláusula arbitral.
Vejam que entre o tratado e o regimento não há grande diferença com relação a
autoridade competente judiciária.