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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

AULA 3 - A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO


DOMÉSTICO - ESCOLAS MONISTA E DUALISTA
Prof. Dr. Vladmir Oliveira da Silveira
vladmiracademico@gmail.com
/vladmiroliveirasilveira
professorvladmirs
TÓPICOS

1. A relação entre o DIP e o Direito doméstico - Escola Dualista;

2. A relação entre o DIP e o Direito doméstico – Escola Monista;

3. A tentativa de codificação do DIP;

 Referências bibliográficas;

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1. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA DUALISTA

o O dualismo teve sua origem na Alemanha, em 1899, com Carl


Heinrich Triepel que desenvolveu a teoria da vontade coletiva como
fundamento do direito internacional e, mais tarde, foi abraçada por
teóricos italianos, como Dionisio Anzilotti (1905). No Brasil, o dualismo foi
a corrente adotada por Amílcar de Castro e Nádia de Araújo.
o Direito Internacional e Direito Doméstico: sistemas independentes
e distintos.
o Validade jurídica das normas de direito doméstico não se
condiciona à sua sintonia com a ordem internacional.
o Há 2 vertentes da corrente dualista: (a) dualismo radical e (b)
dualismo moderado.

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1. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA DUALISTA

RESUMO: o DIP e o direito doméstico são ordens jurídicas


completamente diferentes, que jamais se sobrepõem. Ou seja, podem
conviver de modo autônomo um em relação ao outro, na medida em
que:
I. As fontes do DIP seriam aqueles do art. 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça , ao passo que as fontes do direito
doméstico seriam as leis emanadas pelo Estado, por meio de seu
Poder Legislativo e,
II. Regulam matérias diversas, porquanto ao DIP caberia a função de
regular as relações entre os seus sujeitos.

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1. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA DUALISTA

1.1. Dualismo Radical.


o Nasce da ideia original proposta por Triepel, em 1923.
o Utiliza-se da “teoria da incorporação”, isto é, a norma
internacional só teria validade no direito interno, mediante incorporação
daquela, observado os trâmites legais, não havendo que se falar,
portanto, em conflito de lei. Caso não incorporada pela norma interna
inexiste obrigatoriedade em seu cumprimento; todavia, pode haver
responsabilização do Estado no plano internacional.

1.2. Dualismo Moderado


o Não se exige a transformação dos tratados internacionais em lei
“especial”. O Congresso Nacional, em um processo de internalização,
autoriza a ratificação mediante decreto legislativo. Posteriormente, a
ratificação externa ou o depósito é realizado pelo Presidente da República
junto ao depositário do tratado internacional.
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1. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA DUALISTA

CONCLUSÃO:

O dualismo para a doutrina radical é um fato passageiro, porquanto


dura tão somente entre o depósito/ratificação externa e a promulgação
do tratado internacional. Existe, pois, um duplo engajamento do Estado,
a saber: (i) com a ratificação externa engaja-se perante os demais
Estados; e (ii) com a promulgação passa a também vigorar no território
nacional.

Deve-se levar em consideração que quando do desenvolvimento da


teoria dualista o DIP resumia-se nas relações apenas entre Estados
soberanos, por meio de tratados bilaterais, cenário este que é bem
diferente dos dias de hoje que contam com organizações
internacionais.

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2. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA MONISTA

o Surge como contraposição aos ideários dualistas.


o Seus doutrinadores pregam a existência de apenas um
ordenamento jurídico que regula todas as situações, ou seja, entre
os Estados e entre os Estados e as organizações internacionais.
o Os defensores da doutrina monista dividem-se em três
perspectivas: (a) Supremacia do Direito Internacional, (b)
Supremacia do Direito Doméstico e (c) Monismo moderado

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2. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA MONISTA
2.1 Supremacia do Direito Internacional
o Seguidores: Hans Kelsen (Áustria), Alfred Verdross (Áustria).
o Voltam-se a perspectiva ideal de que se instaure um dia a ordem única.
o Direito Internacional é considerado superior ao Direito Doméstico.
o Norma fundamental (no vértice da pirâmide kelseniana) seria uma regra de
Direito Internacional.

1.2.2. Supremacia do Direito Doméstico


o Seguidores: Georg Jellinek (Alemanha), Georges Burdeau (França) e
doutrinadores soviéticos.
o Dão especial atenção à soberania de cada Estado e à descentralização da
sociedade internacional.
o Culto à Constituição (somente se sujeita a um sistema jurídico que emane de
si próprio).
o O Direito Internacional seria a continuação do Direito Doméstico, aplicado às
relações exteriores do Estado. 8
2. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA MONISTA
2.3. Monismo Moderado

o Não há prevalência do Direito Internacional e nem do Direito Domestico.


o Os critérios de solução de eventual conflito com norma do direito
domestico, seriam:
(a) Norma especial derroga norma geral;
(b) Norma superior derroga norma inferior;
(c) Norma posterior derroga anterior;

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2. A RELAÇÃO ENTRE O DIP E O DIREITO
DOMÉSTICO: ESCOLA MONISTA

CONCLUSÃO
As discussões travadas na doutrina jurídica entre as concepções
dualista e monista são antigas, mas de extrema relevância ainda nos dias
de hoje, uma vez que tentam solucionar a questão do conflito e da
fundamentação do Direito Internacional na ordem jurídica interna dos
Estados.

Para os dualistas o Direito Internacional e o Direito interno formam


duas ordens jurídicas distintas, enquanto que para os monistas o Direito
Internacional e o Direito interno compõem um único sistema podendo, a
depender da concepção monista adotada, prevalecer a ordem jurídica
internacional sobre a ordem interna ou, ao contrário, o primado ser
atribuído à ordem doméstica.
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3. TENTATIVA DE CODIFICAÇÃO DO DIP

o Consolidação: compilação ou agrupamento de normas de


mesma natureza sem pretensão de sistematização.

o Codificar: sistematizar um grupo de normas num instrumento


único e obrigatório, seguindo-se determinado método
preestabelecido.

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3. TENTATIVA DE CODIFICAÇÃO DO DIP

o Vantagens:
(i) segurança jurídica (maior certeza da norma aplicável no caso concreto);
(ii) harmonia e aperfeiçoamento das normas; e
(iii) difusão do DIP.

o Efeitos:
(i) declarar a existência anterior de um costume e
(ii) traduzir esse costume em norma escrita (desenvolvimento do DIP).

o Desvantagens:
(i) natureza do DIP (Estados e Organismos Internacionais – disputa de
poder); e
(ii) discordância em questões políticas devido a fatos históricos, culturais
ou religiosos.

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3. TENTATIVA DE CODIFICAÇÃO DO DIP

Cumpre à Assembleia Geral da ONU, nos termos do artigo 13,


parágrafo 1º, alínea “a” de sua Carta Constitutiva, “iniciar estudos e fazer
recomendações, destinados a incentivar o desenvolvimento progressivo
do direito internacional e a sua codificação”. Esses estudos e
recomendações são feitos pela Comissão de Direito Internacional (CDI),
instituída em 1947.

* O artigo 15 do Estatuto da CDI dispõe que a codificação consiste na


formulação mais precisa e na sistematização de regras de DIP em
domínios em que já existam uma prática considerável dos Estados,
precedentes e opiniões doutrinárias, ao passo que o desenvolvimento
progressivo do DIP traduz-se na redação de convenções sobre assuntos
ainda não regulados pelo DIP ou não suficientemente desenvolvidos.

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3. TENTATIVA DE CODIFICAÇÃO DO DIP

o Tentativas de Codificação:

(i) Jeremias Benthan (1789);

(ii) J. C. Bluntschli (1868); e

(iii) Epitácio Pessoa (1911 – Projeto de Código de Direito


Internacional, aprovado pela Comissão Internacional de
Jurisconsultos Americanos em 1912).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
o ACCIOLY, Hildebrando; NASCIMENTO E SILVA, G. E.; COSELLA,
Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público. 23.ed. São
Paulo: Editora Saraiva, 2017, p. 208-231 / 232-236

o HUSEK, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público.


13.ed. São Paulo: LTr, 2015, p. 52-65

o REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: Curso


Elementar. 13.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 28-29.

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OBRIGADO!

Prof. Dr. Vladmir Oliveira da Silveira


vladmir.silveira@ufms.br
vladmiroliveirasilveira
professorvladmirs

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