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RESUMO P1 – RELAÇÕES INTERNACIONAIS PRIVADAS


INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
A internacionalização das atividades que circundam a vida do homem
gera uma série de fenômenos jurídicos que os Estados e as organizações
internacionais devem enfrentar seja no plano individual ou coletivo.

O mundo globalizado permite uma infindável conexão de pessoas e


culturas que, inegavelmente, saem dos restritos limites de um território,
viajam pelos cabos de fibra ótica, por aeronaves ou mesmo por um
pequeno produto importado vendido na esquina de casa – o mundo está
pequeno, ao alcance das mãos.

Nesse contexto, o Direito Internacional Privado é a disciplina jurídica


que trata das relações privadas com conexão internacional, tendo como
objeto justamente as normas que permitem escolher o direito aplicável
a estas lides.

Direito internacional privado é o conjunto de normas jurídicas, criado


por uma autoridade política autônoma (um Estado nacional ou uma sua
província que disponha de uma ordem jurídica autônoma), com o
propósito de resolver os conflitos de leis no espaço. Em termos simples,
o DIP é um conjunto de regras de direito interno que indica ao juiz local
que lei – se a do foro ou a estrangeira; ou dentre duas estrangeiras -
deverá ser aplicada a um caso (geralmente privado) que tenha relação
com mais de um país.
Elemento de estraneidade
O DIP é aplicável quando houver um elemento de estraneidade
(estrangeiro) no fato. É esse elemento que causa a aplicação das
normas de DIP.
No mesmo fato, pode haver vários elementos estrangeiros. Ex.:
domicílio nos EUA, pagamento no Chile, garantias prestadas na
Argentina. A depender do elemento de estraneidade, haverá uma norma
diferente aplicável ao caso.

OBJETOS DO DIPr
Os objetos do DIPr são:
Nacionalidade
Condição jurídica do estrangeiro
Conflito de leis
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Conflito de jurisdições.
A) Nacionalidade caracteriza-se o nacional de cada Estado, sob as
formas originárias e derivadas de atribuição de nacionalidade, da perda,
requisição, dos conflitos positivos e negativos em caso de polipatrídia,
apatrídia e restrições nacionais por naturalização.
B) A condição jurídica do estrangeiro, visa dar o conhecimento dos
direitos do estrangeiro de entrar e permanecer no país, domiciliar-se ou
residir-se no território nacional, sem haver prejudicidade sob o crivo
econômico, político e social;
C) O conflito de jurisdições - tenta-se observar a competência do
Poder Judiciário, solucionando determinadas situações que dizem
respeito a pessoas, coisas ou interesses que extrapolam o limite
soberano de um Estado, devendo reconhecer e executar sentenças
proferidas no estrangeiro; O conflito de jurisdições igualmente tem
suma importância no estudo da matéria, pois uma decisão de um órgão
incompetente pode ser nula ou anulável, pois foge à delimitação legal da
jurisdição.
D) Conflito de leis - analisam-se as relações humanas conectadas a
dois ou mais sistemas jurídicos, nos quais as regras materiais não são
concordantes, apenas o direito aplicável a uma ou diversas relações
jurídicas de direito privado com conexidade internacional;

DIREITO UNIFORME, UNIFORMIZADO, INTERNACIONAL


PRIVADO E INTERNACIONAL PRIVADO UNIFORMIZADO

. DIREITO UNIFORME – ocorre quando, de forma espontânea e


natural, um país adota as leis, ou lei, sobre determinado assunto de
outro país. Isto não é comum, visto que a regra é a diversidade.

. DIREITO UNIFORMIZADO – ocorre quando alguns países se juntam e


uniformizam uma determinada disciplina objeto de convenções
internacionais, a fim de evitar conflitos de 1º grau.

. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO – não ocorrendo os fatores acima,


verificam-se conflitos de 1º grau nas situações e relações humanas
conectadas com sistemas jurídicos autônomos e divergentes: o DIP de
cada país determina a aplicação de uma dentre as leis em conflito
escolhida por um sistema de opções (regras de conexão). Este fator
corresponde ao método conflitual.

. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO UNIFORMIZADO - para evitar


conflitos entre as regras do DIP de 2 ou mais sistemas (conflitos de 2º
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grau) criam-se convenções internacionais para uniformizar as regras


de DIP.

Na inexistência de Direitos Uniforme e Uniformizado, ocorrem os


conflitos de 1º grau, fazendo com que os sistemas jurídicos recorram ao
DIP. Para evitar conflitos de 2º grau, procura-se produzir um DIP
Uniformizado. Moderadamente estes fatores colaboram entre si
complementando-se.

OBSERVAÇÃO:

. DIREITO COMPARADO – é a ciência que estuda, por meio de


contraste, 2 ou mais sistemas jurídicos, analisando suas normas
positivas, fontes, história e etc, que os influenciam. Desempenha função
de apoio, onde, por meio de estudo comparativo, diagnosticam
possibilidades de conflitos e semelhanças.

CONFILTO DE FONTES: CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO


CONFLITOS DE 1 e 2 GRAUS

Na análise das antinomias, três critérios devem ser levados em conta


para a solução dos conflitos:

a)critério cronológico ou temporal: norma posterior prevalece sobre


norma anterior;

b)critério da especialidade: norma especial prevalece sobre norma


geral;

c)critério hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior.

OBS: as normas de Direito Comunitário (ou Direito da União) têm


primazia (não absoluta) em relação às fontes nacionais.

Dos três critérios acima, o cronológico, constante do art. 2º da LICC, é o


mais fraco de todos, sucumbindo frente aos demais. O critério da
especialidade é o intermediário e o da hierarquia o mais forte de todos,
tendo em vista a importância do Texto Constitucional, em ambos os
casos. Superada essa análise, interessante visualizar a classificação das
antinomias, quanto aos critérios que envolvem, conforme esquema a
seguir:

- Antinomia de 1º grau: conflito de normas que envolve apenas um


dos critérios acima expostos.
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- Antinomia de 2º grau: choque de normas válidas que envolve dois


dos critérios antes analisados.

NORMAS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO DE ACORDO


COM A NATUREZA

. NORMAS INDIRETAS – são normas que não indicam solução direta


para o caso, apenas indicam qual dentre os sistemas jurídicos de
alguma forma ligados à hipótese deve ser aplicado. São denominadas de
normas instrumentais. Ex.: art. 11, caput, e 7, caput, da LICC; art. 3 da
Convenção de Haia/71 sobre a Lei Aplicável em Matéria de Acidentes
Rodoviários: ‘A lei aplicável é a lei interna do Estado sobre o território do
qual o acidente ocorreu’.

. NORMAS DIRETAS – são normas que resolvem determinados conflitos.


Ex.: art 7, § 5º da LICC, art 11, §’s 2º e 3º da LICC, normas de Direito
Internacional Uniformizado, etc.

. NORMAS QUALIFICADORAS – conceituam os institutos jurídicos

Ex.: a definição de domicílio segundo o artigo 2 da Convenção


Interamericana sobre o Domicílio de Pessoas Físicas no DIPr

Fontes do direito internacional Privado


 Fontes Internas = leis Brasil ex.: LINDB; Lei de Migração
13445/17 ;CPC arts. 21/41; CF art. 5º, XXXI, LI,LII; art. 12 ; CTN
arts.96/98
 Fontes Externas : Tratados/ Convenções / Pactos / Protocolos
( Código de Bustamant ; Convenção Interamericana de DIPr;
UNIDROIT – Unificação do DIPr)
 doutrinas e jurisprudência
 O costume como fonte do DIPr:
→ STORY = Territorialidade do Direito Privado
A validade das leis, enquanto ordens do legislador, seria exclusivamente
territorial, isto é, limitada ao território onde se exerce a autoridade da
qual elas tinham emanado ― princípio da territorialidade → «comitas
gentium».
→ SAVIGNY = Caráter Internacional ao Dir. Privado
 Savigny: lei do tempo no espaço;
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 Século XIX. Diz que é preciso se preocupar com o papel do legislador.


É do legislador a competência para definir, para cada tipo de relação
jurídica, uma sede;
→ PASQUALE MANCINI = Nacionalidade como elemento de
conexão(Desuso) Ex. Dir. de Família: Cônjuges de diferentes
nacionalidades
 Sugere que o ideal é que a nacionalidade fosse, sempre que
possível / conveniente / plausível, escolhida como a sede das relações
jurídicas;
 EXEMPLO. Questões pessoais; projeção da personalidade do
indivíduo após a sua morte, como no caso da sucessão;

 EXTRA. Para Savigny, o domicílio deveria ser sede para questões


pessoais

CONFLITO TEMPORAL DE NORMAS DE DIPr 


DIREITO INTERTEMPORAL INTERNACIONAL - que rege conflitos
temporais das regras do DIPr = LINDB

CONFLITO TEMPORAL DE NORMAS DE DIP – se dá em conseqüência de


alteração na legislação interna relativa a conflitos de leis interespaciais
ou interpessoais. Ex.: no Brasil, o Decreto-Lei 4.657/42 (LICC) firmou a
regra domiciliar, substituindo a regra da nacionalidade contida na
Introdução do Código Civil de 1916. Este conflito é solucionado pelo
Direito Intertemporal Internacional que rege conflitos temporais das
regras do DIP.

CONFLITO ESPACIAL DE NORMAS TEMPORAIS  - LINDN art. 7º § 4º


Ex.: regime de bens à lei do domicílio dos nubentes

CONFLITO ESPACIAL DE NORMAS TEMPORAIS – ocorre quando a regra


do DIP do foro indica a aplicação de determinado direito estrangeiro e
neste encontramos uma alteração temporal no direito interno, isto é,
uma lei antiga modificada por lei mais recente, vigendo lá regra de
Direito Transitório (o que não ocorre no Brasil) que manda atender à lei
nova sobre fato ocorrido na vigência da lei anterior. Como proceder?
Aceitar o direito estrangeiro como um todo, inclusive sua regra
retroativa, ou aplicar o direito material anterior? A Doutrina manda
respeitar a regra de Direito Intertemporal do sistema declarado
competente. Todavia, no caso do Direito Intertemporal estrangeiro não
respeitar direitos adquiridos, que se constituam como direitos
fundamentais, esta regra é de difícil sustentação e a Doutrina, tanto
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estrangeira como brasileira, ressalva que a aplicação dessas regras sofre


restrição sempre que seja chocante à ordem pública do foro.

Ex.: um casal alemão contraiu núpcias em 1943 na Alemanha, onde


eram domiciliados. O Código Alemão previa separação de bens. Em
1957, foi promulgada a lei que dispõe que o regime comum é o da
comunhão de aquestos. Este casal veio morar no Brasil e vindo a se
separar tempo depois. O que aplicar? O Tribunal aplicou o direito
alemão, conforme determinado pelo artigo 7, § 4º, da LICC, que remete
a matéria de regime de bens à lei do domicílio dos nubentes e, em
havendo conflito temporal da lei material estrangeira, seguiu a regra do
Direito Intertemporal alemão que ordena a aplicação da lei nova,
inclusive em casamentos celebrados anteriormente. Esta decisão
obedeceu ao direito estrangeiro, inclusive no ponto em que o mesmo
determina a retroatividade da lei relativa ao regime de bens, o que não
ocorre no Brasil, tanto que a Lei 6.515/77, que introduziu o divórcio no
Brasil e substituiu o regime universal pelo parcial, que só é aplicada aos
matrimônios celebrados a partir da vigência da lei nova.

CONFLITO DE TRATADO x CONSTITUIÇÃO


Prevalecerá a norma constitucional, com exceção do artigo 5º, §
2º da CF.
Os tratados de direitos humanos que tem status de norma
constitucional, prevalecerão sobre a Constituição.
Tratados que adicionam direito fundamental prevalecerão;
Tratados que restringem direito fundamental, prevalecerá
a Constituição
TEORIAS DAS QUALIFICAÇÕES EXISTENTES
A aplicação do direito internacional privado a um caso concreto ocorre
por meio de três conceitos:
 categoria de relações jurídicas/ qualificação
 elemento de conexão
 lei competente

OBS: QUALIFICAÇÃO = operação do Juiz antes de decidir ,


verificar o instituto jurídico correspondente. Delimita o objeto da
Conexão!!!
CONCEITUAR + CLASSIFICAR = QUALIFICAR
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Qualificar = operação do juiz antes de decidir, verifica o instituto


jurídico correspondente os fatos realmente provados.”
O primeiro momento é a caracterização da questão jurídica, que pode
versar o estado ou a capacidade da pessoa, a situação de um bem, um
ato ou fato jurídico. Cada uma destas categorias tem a sua sede
jurídica, que deve ser localizada.
Uma vez localizada a sede jurídica, encontrado está o elemento de
conexão, indicando-se em seguida a aplicação do direito vigente neste
local, o que constitui a regra de conexão do Direito Internacional
Privado.
A conexão vem a ser a ligação, o contato, entre uma situação da vida e
a norma que vai regê-la.
O processo de localização leva em consideração um de três diferentes
aspectos: o sujeito, o objeto ou o ato jurídico.
Quando se trata de decidir por qual direito será regido o estatuto
pessoal e a capacidade do sujeito, a localização da sede da relação
jurídica se fará em função do titular da mesma. No que tange ao
tratamento do estatuto real, a localização da sede será feita através da
situação do bem (móvel ou imóvel). Quanto à localização dos atos
jurídicos, sua sede se define ou pelo local da constituição da obrigação,
ou pelo local da sua execução.
Exemplo:
Art. 9º da LICC: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a
lei do país em que se constituírem”.

-classificação: é a constituição de obrigações e especificamente a


espécie dos contratos.

-localização: é o país em que a mesma se constitui.

-direito determinado: é o deste país

Teorias Existentes:
Lex fori: proposta por Kahn (1891) e defendida por Bartin (1897) A
solução está em se aplicar a lei do foro, devendo o julgador qualificar o
instituto com base em sua própria lei.
OBS: adotou critério do domicílio como principal elemento de CONEXÃO.
OBS: Usada no Brasil
Lex causae: proposta por Despagnet (1898) e defendida por Wolff
Opção pela lei estrangeira aventada, lei material, lei da causa.
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EXCEÇÃO : Art. 8 e 9 LINDB / BENS E OBRIGAÇÕES = LEX


CAUSAE

A SUCESSÃO DO MALTÊS

Refere-se ao casamento ocorrido na Ilha de Malta, sem pacto


antenupcial, onde os noivos se estabeleceram. O casal emigrou para a
Argélia, então sob legislação francesa, onde o marido faleceu, em 1889,
sem descendentes, mas deixando muitos bens imóveis e outros
herdeiros.

A SUCESSÃO DO MALTÊS A viúva maltesa nada herdaria pela lei


francesa, mas seria contemplada com a quarta parte dos bens se fosse
aplicada a legislação vigente em Malta. Bartin, seu advogado, defendeu,
perante o Tribunal de Argel, a tese de que a solução se encontrava no
Direito de Família, devendo ser buscada no regime patrimonial (para
casamento de estrangeiros, celebrado no estrangeiro, se aplicava a lei
do primeiro domicílio conjugal). Portanto, a lei maltesa.

A SUCESSÃO DO MALTÊS Se o tribunal colocasse a lide no direito


sucessório, a legislação aplicável seria a francesa, pois a sucessão de
bens imóveis era regulada pela lei da situação dos mesmos e estes se
encontravam na Argélia. Tratava-se, pois, de um caso de qualificação:
direito de família ou direito sucessório. Venceu a tese de Bartin,
recebendo a viúva a sua parte.

Algumas regras de conexão

REGRA DE SIGNIFICADO NO BRASIL


CONEXÃO
Lex patriae Lei da nacionalidade da Não há
pessoa natural, pela dispositivo
qual se rege seu específico
estatuto pessoal e sua
capacidade
Lex domicili Lei do domicílio que rege o LICC, Art. 7º
estatuto e a capacidade da
LICC, Art.
pessoa natural

8º, §2º

LICC, Art.
9

10
Lex loci Lei do local da realização LICC, Art. 7º,
actus do ato §1º
jurídico para reger sua
substância
Locus regit Lei do local da LICC, Art. 9º
actum
realização do ato
jurídico para reger suas
formalidades
Lex loci Lei do local onde o LICC, Art. 7º,
contractus §2º
contrato foi firmado
para reger sua
interpretação e seu
cumprimento
Lex loci Lei do local onde as LICC, Art. 12
solucionis
obrigações ou a obrigação
principal do contrato
deve ser cumprida
Lex Lei do país escolhida pelos Não
voluntatis aplicável, só
contratantes
na
(princípio da
Arbitragem
autonomia da
(Lei
vontade)
9307/96),
art. 2º
Lex loci Lei do lugar onde o ato CP, art. 5º
delicti
ilícito foi cometido, que
rege a obrigação de
indenizar
Lex damni Lei do lugar onde se CP, arts.
manifestaram
5º, 6º e 7º
as conseqüências do ato
ilícito, para reger a
obrigação de indenizar
Lex rei sitae A coisa é regida pela lei do LICC, Art. 8º
10

ou Lex local em
LICC, Art.
situs que está situada 12º, §1º
Mobília O bem móvel é regido LICC, Art. 8º,
§1º
sequntur pela lei do local em que
personam seu proprietário está
domiciliado
Lex loci O casamento é regido, no LICC, Art. 7º,
§1º
celebrati que tange às suas
onis formalidades, pela lei
do local da sua celebração
The proper Indica o sistema jurídico Não há
law of the com o qual o contrato tem dispositivo
contract mais significativa relação específico
(princípio da proximidade, (DIPr
centro de gravidade ou dos britânico e
vínculos EUA)
mais estreitos)
Lex monetae A lei do país em cuja Não há
moeda a dívida ou outra dispositivo
obrigação legal é específico
expressa
Lex Lei da jurisdição em que se LICC, Art. 9º,
§1º
loci efetua a execução forçada
executi de uma obrigação
onis (confunde a lex fori)
Lex fori Lei do foro, no qual se Não há
trava a dispositivo
demanda judicial. específico

CONEXÃO
CONCEITO: consistem apoio ao direito internacional privado para
determinar o cumprimento de normas ao caso concreto.
 Elemento de conexão = solução que a Lei dá / critério que
determina o direito nacional aplicável à matéria.
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 Objeto de conexão = É o problema./descreve a matéria à


qual se refere a norma
Ex.: contrato c/ estrangeiro
Ex.: Direitos Reais; pessoais
Arts. 21/41 CPC ; Arts. 960/965 CPC
ELEMENTOS/CLASSES DE CONEXÃO:
 PESSOAIS – nacionalidade/ domicílio/ religião
 REAIS – Lei da coisa/ lugar da aquisição = lex rei sitae
 PENAIS/DELITUAIS – lugar do ilícito/ infração ou vítima
 VOLUNTÁRIOS – lugar de celebração/ Execução
 NORMATIVOS - Lex Fori ; Lex causae; Lei mais favorável

Elementos de conexão são o apoio ao direito internacional privado para


determinar o cumprimento de normas ao caso real. Objetivando para
indicar qual legislação será aplicada para solucionar conflitos, onde há
conexão de mais de um sistema legal. Existem elementos específicos
para determinar qual norma será aplicada no caso concreto, no direito
privado, todavia a presente pesquisa limita-se há a explorar os
principais elementos de conexão.

 Local da Prática do Ato (lex loci actus): É o lugar onde e ocorre o


fato ilícito, irá determinar o local da relação jurídica.  Com isso a
lei aplicada será daquele local, onde aconteceu o ato ilícito.
 Lei do Domicílio (lex domicilii): Aplica-se a lei do lugar onde as
partes estão domiciliadas. Se as partes possuem domicilio em
lugar diferentes, irá prevalecer o domicilio do réu. Em muitos
territórios é entendido como domicilio, o lugar onde a pessoa
possui sua maior ocupação de vida.
 Local da Execução do Contrato (lex loci executionis): Institui como
parte da sede de uma relação jurídica. A lei de Execução do
Contrato estabelece que a norma a ser utilizada seja a do
território onde o contrato será pactuado para reger sua
interpretação e seus efeitos.
 Lei do Lugar do Foro (lex fori): É adotado nos casos em que há
incompatibilidade espacial de normas judiciais entre as partes, ou
seja, a lei local estabelecerá as condições da ação.
 Lugar da Coisa (lex rei sitae): Em conflitos de posses de bens,
será aplicada o regulamento do país em que encontra-se situados
os bens imóveis.

Portanto os elementos de conexão apresenta posição excepcional no


âmbito das relações internacionais, possuindo a função de esclarecer as
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aparentes divergências de leis no espaço internacional, estabelecendo a


maneira que lei deve ser empregada à relação jurídica internacional
privado

Limites á Aplicação do Direito Estrangeiro

O direito estrangeiro nem sempre é aplicado em toda a sua


amplitude. Cada Estado tem o seu sistema regulador de aplicação
da lei estrangeira. O juiz, ao julgar uma relação jurídica de direito
privado com conexão internacional, aplica sempre as normas de
direito internacional privado da lei do foro (lex fori).

E como o conceito de ordem pública varia em relação ao tempo e


ao espaço, existem, dentro dos diversos sistemas jurídicos da
comunidade das nações, salvaguardas que poderíamos chamar de
imunológicas, visando à não aplicação de certas leis estrangeiras,
nos seguintes casos:

- Ordem pública - São os princípios estruturantes do direito


privado. Esses princípios estão na Constituição Federal, logo, todos
eles são princípios de ordem pública. Então, direito estrangeiro que
fere a ordem pública pode até ser válido, mas é ineficaz no Brasil
(LICC art. 17). Ex:

Ex 1: Divórcio islâmico: Dá-se pela repudia. O Supremo


Tribunal Federal não homologa esse tipo de sentença, pois fere
a ordem pública.

Ex 2: Direito do consumidor: Contratos celebrados na Internet e


contratos de “Time Sharing” (tempo compartilhado), a eleição do
foro no exterior, o CDC é ferido, pois segundo o mesmo, o foro
privilegiado é o do consumidor.

- Fraude a lei. - A fraude à lei (fraus legis) constitui uma


forma de abuso de direito, não sendo admitida perante o direito
internacional privado.
Ex : Troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária),
alteração de nacionalidade.

-Instituição desconhecida. - São institutos desconhecidos no


ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o dote, o trust
(forma de organização empresarial na qual uma propriedade é
doada por um doador sob os cuidados de um beneficiário), a
hipoteca de bens móveis são os exemplos mais freqüentemente.

Nesses casos, o juiz deve procurar se há algum instituto similar, e


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havendo, deve-se aplicar esse instituto similar. Não havendo um


instituto similar no ordenamento jurídico brasileiro, afasta-se a
aplicação do direito estrangeiro e aplica-se o direito nacional.

- Prélèvement - Trata-se de uma palavra francesa que literalmente


falando significa: tirar antes, Juridicamente falando, representa a figura
de uma lei imperfeita, isto é, daquela lei que é sempre aplicada visando
ao interesse do nacional e não indistintamente.
O exemplo mais claro é o do art. 10, § 10, da Lei de Introdução ao
Código Civil. Vejamos:
“A vocação para suceder em bens de estrangeiro situado no Brasil será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge brasileiro e dos
filhos do casal, sempre que não lhes seja mais favorável a lei do
domicílio.”

- Remissão normativa: (Reenvio) - Ocorre o reenvio quando o


DIPr de um país, ao aplicar o DIPr de outro país (normas de
conflito), permite a remissão normativa para o direito de um
terceiro país.
O projeto da nova LICC prevê o reenvio, mas só o reenvio do
primeiro grau.
Ex: O Brasil diz que a lei aplicável é a francesa, e a lei de DIPr da
França remete para a aplicação da lei alemã.
OBSERVAÇÃO:
O reenvio não deve ser aplicado no Brasil, mas tem previsão e
embasamento internacional, portanto, cabível.
Note que cabível inclusive quanto à norma brasileira, desde que
aplicada por magistrado de outro país.

- o favor negotti fica restrito à área do Direito Comercial. No direito


positivo brasileiro, o principio teve aplicação pelo Reg. 737, de 1850,
art. 3º, alínea l, in fine. Tinha por fim validar contrato firmando por
estrangeiro incapaz que dele havia auferido utilidade. Posteriormente
apareceu no art. 42, parágrafo único, da Lei nº 2.044, de 1908, cujo
texto é o seguinte:

“Tendo a capacidade pela lei brasileira, o estrangeiro fica obrigado pela


declaração que firmar, sem embargo da sua incapacidade pela lei do
Estado a que pertencer”.

DIFERENÇA DE favor negotti e Prélèvement


Ambas visam ao favorecimento do nacional quando da aplicação da lei
em detrimento do estrangeiro. Apenas, o prélèvement do direito francês
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tem sentido amplo, abrange tanto o Direito Civil como o Direito


Comercial. Enquanto isso, o favor negotti fica restrito à área do Direito
Comercial.
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Lei mais Critério da lei mais Também


favorável
benéfica: proteção de utiliza
menores, trabalhadores, esse
consumidores; a lei que critério
considera válido o ato
(favor
negotii)

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