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O DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO (RESUMO 1)

1-OBJETO:
A mais ampla concepção sobre o DIPr é a francesa, que preconiza que a
disciplina contém 4 matérias distintas: a nacionalidade, a condição jurídica do
estrangeiro, o conflito das leis e o conflito de jurisdições.

A nacionalidade cuida da caracterização do nacional de cada Estado, as formas


originárias e derivadas de aquisição da nacionalidade, a perda da nacionalidade e
sua reaquisição, os conflitos positivos e negativos de nacionalidade, ocasionando,
respectivamente, a dupla nacionalidade e a apatrídia, os efeitos do casamento
sobre a nacionalidade da mulher e as eventuais restrições aos nacionais por
naturalização.

A condição jurídica do estrangeiro versa os direitos do estrangeiro de entrar e


permanecer no país; uma vez domiciliado ou residente no território nacional, trata
de seus direitos no plano econômico (civil, comercial); social (trabalhista,
previdenciário); público (funcionalismo); político (eleitoral); incluindo restrições que
sofre em determinadas áreas da atividade humana.

O conflito de leis estuda as relações humanas ligadas a dois ou mais sistemas


jurídicos cujas normas não coincidem, cabendo-lhe determinar qual dos sistemas
será aplicado. A referência a um “conflito de leis” pode dar uma idéia errônea de
que se configura colisão ou choque entre normas legais de diversos sistemas
jurídicos, o que não é exato, eis que cada sistema legisla para si.

O conflito de jurisdições cuida de definir a competência do Judiciário de cada


país na solução dos conflitos que envolvem pessoas, coisas ou interesses que
extravasam os limites de uma soberania.

2- DENOMINAÇÃO
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- A principal fonte de Direito Internacional Privado é a legislação interna de cada


sistema. O Direito Internacional Privado praticamente só trata de interesses de
pessoas privadas, sejam físicas ou jurídicas, e quando cuida de interesses do
Estado, este figura tão somente como membro da sociedade comercial
internacional, mas não na sua manifestação de ente soberano.
- Mesmo versando sobre questões de Direito Processual, Fiscal, Financeiro,
Administrativo, Penal, etc, o termo “privado” não está em relação à norma, mas ao
sujeito interessado na escolha d Lei, e este é sempre privado.
- Segundo Arminjon, “sistema jurídico é um agrupamento de pessoas unidas por
uma regra jurídica que ordena os principais aspectos de sua vida social e
freqüentemente dispondo de instituições jurisdicionais e administrativas.”
- O DIPr é a projeção do Direito interno sobre o plano internacional, ou seja, a
dimensão internacional ou universalista do Direito interno.
- Segundo Werner Goldschmidt, o DIPr não é mais que um direito privado
especial, ou seja, aquela parte do Direito Privado que contempla os casos que
contêm elementos estrangeiros.

Exemplos:
1 - Quando nubentes têm nacionalidades e/ou domicílios diferentes no momento
de contrair matrimônio, teremos que determinar qual a lei aplicável às
formalidades preliminares e à forma do próprio ato celebratório do casamento,
qual a lei aplicável ao regime de bens que se instituirá entre o casal e
eventualmente também será necessário estabelecer a lei aplicável às relações
pessoais entre os cônjuges e para os processos de separação, divórcio ou de
anulação de casamento. Temos aí que examinar o casamento em sua dimensão
internacional e para tanto socorrem-nos as regras do Direito Internacional Privado.
2 - Quando é firmado em Nova York um contrato de compra e venda de imóvel
localizado no Brasil, ou quando este é dado em garantia hipotecária para uma
operação de crédito firmada naquele centro financeiro, há que se saber que leis
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regem a forma e a substância do contrato, bem assim o direito real nele inserido.
É a dimensão internacional do direito das coisas e do direito das obrigações.

3- DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO

Hans Kelsen entende que os grandes princípios do Direito Internacional Privado


emanam do Direito Internacional Público, como a aplicação das leis de outros
Estados, a vedação ao questionamento da validade de atos praticados por outros
Estados dentro de sua jurisdição e o reconhecimento da validade dos direitos
adquiridos no estrangeiro sob a égide da lei local.

Segundo Pasquale Fiore, as leis penais, fiscais e monetárias estão fora do


alcance do Direito Internacional Privado, já que não se concebe aplica-las
extraterritorialmente. País algum jamais considerará as leis fiscais de outro país.
Antonio Sanchez de Bustamante concordava com a idéia, tanto que incluiu no seu
Código de Direito Internacional Privado – O Código Bustamante – um livro
dedicado ao conflito das leis penais. O Primeiro autor brasileiro de Direito
Internacional Privado, Pimenta Bueno, assim escreveu: “O Direito Internacional
Privado é o complexo de leis positivas, atos, precedentes, máximas e princípios
recebidos ou racionais, segundo os quais as nações civilizadas aplicam as suas
leis particulares, ou consentem na aplicação de leis privadas estrangeiras dentro
de seu território nas questões de caráter particular, que afetam súditos
estrangeiros em matéria civil, comercial, criminal e mesmo administrativa”.

Em 1975, Pierre Lalive apresentou comunicação sobre este tema, na reunião do


Comitê francês de Direito Internacional Privado, onde proclamou que a
inaplicabilidade do Direito Público Estrangeiro é um dogma sem justificativa. Não
há como ignorar as normas estrangeiras em matéria de licença de importação ou
exportação, de concorrência ou de controle de câmbio.
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4- OS CONFLITOS INTERESPACIAIS

Em verdade, nos seus primórdios, o Direito Internacional Privado se ocupav do


conflito entre leis das cidades do norte da Itália e das províncias francesas. E até
nos dias atuais temos o México com um Código Civil para cada província, os
Estados Unidos cujo regime federativo concede autonomia aos Estados para
legislar sobre praticamente todos os ramos do Direito, inclusive sobre Direito
Internacional Privado, pelo que surgem a toda hora conflitos de leis civis,
comerciais, penais, fiscais e processuais, emanadas de dois ou mais Estados da
federação norte-americana.

4- OS CONFLITOS INTERPESSOAIS: Existem conflitos em que são


consideradas mais de uma legislação, aplicáveis não por considerações de
localização, mas por motivos de natureza subjetiva, decorrentes de determinadas
qualificações pessoais.

As etnias, os grupos, as tribos, as castas e as religiões são as determinantes de


certos sistemas jurídicos dentre cujas normais o juiz deverá optar em hipótese de
confronto. Todas as coletividades ou comunidades que criam e matem um sistema
jurídico de um determinado território, ou mesmo independentemente de qualquer
território, constituem um elemento no leque de sistemas jurídicos potencialmente
em conflito jurisdicional ou legislativo com os demais sistemas, e estes conflitos
obedecem às normas traçadas pela ciência que se convencionou denominar de
Direito Internacional Privado. Temos, portanto, no domínio do Direito Internacional
Privado as questões de nacionalidade, dos direitos do estrangeiro, do conflito de
leis e do conflito de jurisdições.

O Direito Internacional Privado por excelência é constituído de regras de


sobredireito colisionais que visam solucionar conflitos entre normas
atemporais, interespaciais, internacionais. Contudo, as demais normas
colisionais atemporais, tanto as interespaciais internas como as
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interespessoais também devem ser consideradas como integrantes da


ciência dos conflitos, objeto principal do Direito Internacional Privado.

RESUMO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

1. Direito Internacional privado – parte geral: representado por normas que


definem qual o direito a ser aplicado a uma relação jurídica com conexão
internacional, indicando o direito aplicável . Como fundamentos podem ser
destacados: conflito de leis; intercâmbio universal ou comércio internacional;
extraterritorialidade das leis. É importante observar que sob ótica das ordens
jurídicas elas podem ser de dois modos: uma só ordem (quando para solução de
um problema independe de outro ordenamento jurídico senão o próprio do país);
duas ou mais ordens jurídicas (quando para solução de um problema é preciso se
levar em conta o ordenamento jurídico de um outro país).
- Conceito: em linhas gerais, como exposto anteriormente, o direito internacional
privado seria um conjunto de princípios e regras sobre qual legislação aplicável à
solução de relações jurídicas privadas quando envolvidos nas relações mais de
um país, ou seja, a nível internacional.
- Objeto: o direito internacional privado resolve conflitos de leis no espaço
referentes ao direito privado; indica qual direito, dentre aqueles que tenham
conexão com a lide sub judice, deverá ser aplicado. O objeto da disciplina é
internacional, sempre se refere às relações jurídicas com conexão que transcende
as fronteiras nacionais. Desta forma, alguns pontos são analisados pelo direito
internacional privado, que são a questão da uniformização das leis, a
nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, o conflito de leis como já citado
e o reconhecimento internacional dos direitos adquiridos pelos países.
- Objetivo: o direito internacional privado visa à realização da justiça material
meramente de forma indireta, e isso, mediante elementos de conexão alternativos
favorecendo a validade jurídica de um negócio jurídico. Outro objetivo do direito
internacional privado importante de ser lembrado é a harmonização das decisões
judiciais proferidas pela justiça doméstica com o direito dos países com os quais a
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relação jurídica tem conexão internacional .


- Normas jusprivatistas internacionais: a norma do direito internacional privado
delimita a eficácia das normas de ordem interna e indica a lei estrangeira que deve
reger uma determinação relação jurídica internacional. Pode se dizer que trata de
questões “contaminadas” por, pelo menos, um elemento estrangeiro (casamento,
nacionalidade, local da morte, local dos bens etc). Esse elemento estrangeiro é
fundamental; é ele que diferencia o direito internacional privado do direito privado
comum. As normas podem se classificar quanto a fonte, quanto a natureza e
quanto a estrutura. a) Quanto a fonte: pode ser legislativa, doutrinária e
jurisprudencial, pode ainda ser interna ou internacional (tratados e convenções). b)
Quanto a natureza: geralmente é conflitual, indireta ou seja, não solucionam a
questão em si mais indicam qual direito deve ser aplicado. Art. 263 do Código de
Bustamente; artigo 7º da LICC é direta quando dotam regras materiais uniformes,
que dão solução a questão. Há ainda as normas qualificadoras, que não são
conflituais, nem substanciais, mas conceituais. c) Quanto a estrutura: são
unilaterais, bilaterais ou justapostas. Unilaterais ou incompletas são aquelas que
se preocupam apenas com a aplicação da regra do direito internacional privado
aos nacionais, ou seja, a regra de direito interno, independentemente do direito
estrangeiro. O caput diz a lei do domicílio da pessoa natural, ou seja, se aplica
tanto a brasileiros como a estrangeiros. Essas normas se direcionam ou aos seus
nacionais ou exclui os nacionais e afeta só os estrangeiros. As bilaterais ou
completas, são as que se destinam a todos os nacionais, tem um aspecto
universal, multilateral, ocupando-se de todo o mundo.
- Elementos de conexão: o problema fundamental do direito internacional privado
é a determinação e utilização das regras solucionadoras de conflitos
interespaciais, isto é, a utilização dos elementos de conexão. As regras jurídicas
em geral possuem a estrutura de uma hipótese e um dispositivo que regulamenta
esse fato. Por exemplo, fato: a pessoa quando alcança 18 anos. Fato – alcançar
18 anos. Conseqüência - tornar-se capaz. Os elementos de conexão, como a
própria expressão dispõe, nada mais são do que vínculos que relacionam um fato
qualquer a um sistema jurídico. Segundo Dolinger, sua enumeração leva em conta
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o “sujeito” (sua capacidade) determinando o local onde está situado ali também
será a sede da relação jurídica, o “objeto” (imóvel ou móvel) e o “ato jurídico”
(considerando a localização do ato). Existem várias regras de conexão, e apenas
para citar como exemplos: lex patriae (lei da nacionalidade da pessoa física), lex
domicilli (lei do domicílio), lex loci actus (lei do local do ato jurídico), entre outras.
No sistema brasileiro de direito internacional privado os principais elementos de
conexão que podem ser analisados, apenas a título de exemplificação: art. 7º,
caput, da Lei de Introdução do Código Civil que trata do domicílio; art. 7º, §1º da
mesma Lei que trata das formalidades do casamento, etc.
Qualificação: “Qualificar é classificar, é definir, para alguns. Se tivermos uma
questão de direito internacional privado, é preciso determinar a forma pela qual ela
se enquadra no sistema jurídico de determinado país. [...] se resume em identificar
como a questão que se põe ao julgador, ao doutrinador, é conceituada no sistema
jurídico alienígena” . Existem diferentes métodos de se classificar a qualificação,
por exemplo: 1 – Lex fori: a maioria dos internacionalistas indicam que para
melhor solução deve-se aplicar a lei do fori. Aqui no Brasil quase sempre se opta
pela Lex fori, com duas exceções a do artigo 8º e 9º da LICC. 2 – Lex Cusae: a lei
do ordenamento jurídico que potencialmente seria aplicado a causa. 3 – Conceitos
autônomos e universais: para saber como se classifica um determinado fato, eu
vou investigar todos os sistemas jurídicos e vou ver qual é a maioria seguida em
relação aquele fato, daí sigo aquele ordenamento.
- Aplicação do direito estrangeiro: não se faz por ato arbitrário do juiz, mas em
decorrência de mandamento legal da legislação interna. Reputa-se a norma
estrangeira com força coativa igual à brasileira. As partes, em princípio, não
podem renunciar ao seu império. Sua obrigatoriedade é de tal natureza que o
julgador tem o dever de aplicá-la mesmo quando não invocada pelas partes.
Embora se diga, em meio a divergências doutrinárias, que o direito estrangeiro
competente se integra na ordem brasileira, não decorre da afirmativa a conclusão
de que se aplica o princípio jura novit curia. O juiz pode dispensar a prova do
direito estrangeiro, se o conhecer, embora daí possa decorrer o inconveniente de,
no julgamento coletivo, haver necessidade de se provar sua existência. Os
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tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil se equiparam ao


direito federal, dispensada a parte do ônus da prova do texto e da vigência. Aquele
que alegar direito estrangeiro deverá provar-lhe o teor e a vigência, salvo se o juiz
dispensar a prova. O meio mais próprio de prova é o da certidão passada pela
autoridade consular estrangeira, contendo o texto legal e sua vigência, ou uma
certidão de autoridade estrangeira autenticada pelo cônsul. Para certos autores,
no caso de dificuldades decorrentes da ausência de relações diplomáticas, é lícito
recorrer a pareceres de doutos e à doutrina. O ônus da prova do direito
estrangeiro cabe a quem o alega. Se nenhuma das partes postular a aplicação de
norma que possa resultar em solução segundo o direito alienígena, ao autor
compete o ônus da prova. Algumas regras para a aplicação do direito estrangeiro
são a recepção formal (posso fazer uma recepção meramente formal), a recepção
material e a aplicação sem incorporação (aplicação da norma jurídica não possui
qualquer incorporação ou integração com regime jurídico do foro). Assim como
existem regras para aplicação em tela, também existem limites, que devem ser
observados como o princípio de ordem pública (princípios estruturantes do direito
privado; estão na Constituição Federal, logo, todos eles são princípios de ordem
pública. Então, direito estrangeiro que fere a ordem pública pode até ser válido,
mas é ineficaz no Brasil - LICC art. 17. Por exemplo: Divórcio islâmico - Dá-se pela
repudia. O STF não homologa esse tipo de sentença, pois fere a ordem pública;
Casamento poligâmico - Vale o primeiro casamento, e os demais são ineficazes
para o ordenamento jurídico brasileiro, etc.). Outra limitação diz respeito à fraude à
Lei: por exemplo, troca de domicílio (para fugir da aplicação da lei tributária),
alteração de nacionalidade. A fraude à lei implica em ineficácia do ato. Observar
os recursos cabíveis por força do art. 105, III, “a” e “c” da Constituição Federal.
2. Direito Internacional Privado – Parte Especial – Nacionalidade e Naturalização:
nacionalidade é um vinculo jurídico político estabelecido entre um Estado e uma
pessoa. Existe uma diferença entre nacionalidade e cidadania, na cidadania existe
um plus que são os direitos políticos, tais como os de votar. A cidadania
pressupõe sempre a aquisição de nacionalidade. Cidadão é aquele que exerce
seus direitos políticos. Artigo 12 da CF trata da aquisição e perda da
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nacionalidade. É pressuposto para o exercício da cidadania, que a pessoa seja


brasileira, mais não necessariamente nato. São brasileiros natos aqueles nascidos
no Brasil. Se uma embaixadora estiver aqui no Brasil fazendo algum serviço e
estiver grávida e o filho nascer aqui, esse filho não vai ser brasileiro. Se
porventura a Diretora presidente da Embraer for para uma feira na Alemanha e
estiver grávida, esse filho não vai ser brasileiro, porque ela não está exercendo
função de Estado. Aqueles que exercem função do Estado se tiverem seus filhos
fora do Brasil serão brasileiros. Aquisição de nacionalidade no Brasil: Ius solis, Ius
sanguines. Regra geral só se tem uma e apenas nacionalidade. Aquisição de
nacionalidade – originário e secundaria – art. 12 da CF II. Naturalização: a
naturalização é um meio derivado de aquisição de nacionalidade e consiste na
equiparação do estrangeiro, no que se refere aos direitos e deveres. Naturalização
para portugueses ou originários de países de língua portuguesa, os requisitos são
residência por um ano e idoneidade moral. A regra geral de concessão de
naturalização originária é o ius sanguines. As condições essenciais para que um
estrangeiro se naturalize brasileiro são: 1.º prova de que possui capacidade civil,
segundo a lei brasileira; 2.º residência continua no território nacional, pelo prazo
mínimo de cinco anos; 3.º saber ler e escrever a língua portuguesa; 4.º exercício
de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; 5.º
bom procedimento; 6.º ausência de pronuncia ou condenação no Brasil; prova de
sanidade física. A naturalização é requerida ao Presidente da Republica, com
declaração, por extenso, do nome do naturalizando, sua nacionalidade,
naturalidade, filiação, estado civil, data do nascimento, profissão, lugares onde
residiu antes, devendo ser por ele assinada. São exigidos como complemento à
petição: carteira de identidade para estrangeiro, atestado policial de residência
contínua no Brasil, atestado policial de bons antecedentes e folha corrida,
passados pelos serviços competentes dos lugares do Brasil onde o naturalizante
tiver residido, carteira profissional, diplomas, atestados de associações, sindicatos
ou empresas empregadoras; atestado de sanidade física e mental, certidões ou
atestados que provem as condições já citadas anteriormente como essenciais à
naturalização. O requerimento e os documentos que o completam são
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apresentados ao orago competente do Ministério da Justiça, no Distrito Federal,


ou à Prefeitura Municipal da localidade em que residir o requerente. Após o exame
da documentação, realizam-se sindicâncias sobre a vida pregressa do
naturalizando, devendo o processo ultimar-se em cento e vinte dias, contados a
partir do protocolo do requerimento.
- Condição jurídica do estrangeiro: o Estado que acolhe estrangeiros em seu
território deve reconhecer-lhes certos direitos e deve exigir deles certas
obrigações. Exemplo de direito do Estado: o de vigilância e policia sobre o
estrangeiro, embora se deva conduzir tal pratica com a brandura possível. O
Estado deve regular a condição do estrangeiro, protegendo suas pessoas e seus
bens, e reconhecer a todos o menino de direitos admitidos pelo direito
internacional. Os direitos que devem ser reconhecidos aos estrangeiros são: 1) o
direito à liberdade individual e a inviolabilidade da pessoa humana, liberdade de
consciência, de culto, inviolabilidade de domicilio, direito de propriedade; 2)
direitos civis e de família. Os direitos e liberdades supracitados não são absolutos,
pois não impedem que os estrangeiros sejam presos ou punidos com a pena
ultima. É também licito e recomendável que se recuse ao estrangeiro a faculdade
de exercer, país de residência, os direitos políticos que tenham no país de origem.
É importante comentar, sobretudo que traz a Lei de Introdução ao CC os limites à
aplicação do direito estrangeiro, enunciando que as leis, os atos e as sentenças
de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no
Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes. Esses limites são chamados de salvaguarda imunológica. A ordem
pública é o princípio mais usado para limitar a aplicação da lei estrangeira. Ordem
pública é a soma dos valores morais e políticos de um povo. Vê-se que se trata de
um conceito fluido, variável no tempo e no espaço. Um exemplo de aplicação da
ordem pública como fator de limitação à aplicação da legislação estrangeira: uma
sentença argelina condenou uma mulher ao divórcio e à perda da guarda do filho
por não querer acompanhar o marido para fora do país, o que foi tido, na França,
como ofensivo à ordem pública; uma lei tunisina não admite fixação de filiação não
decorrente de casamento (filho natural não pode nem mesmo pedir alimentos);
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mas o mais marcante exemplo temos nos casamentos polígamos dos árabes.
Acima de tudo, é muito importante lembrar que de acordo com a CF, no art. 95, o
estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos
brasileiros, nos termos da Constituição e das leis.

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