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JUSTIÇA E PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

RESUMO

Inicialmente, pode-se afirma que a população mundial está cada vez mais envolvida
pela ideia de globalização, o que causa uma interdependência entre os países, em
que até as medidas econômicas de um Estado soberano têm de ser feitas em
estreita combinação com a administração de outros Estados, sob pena do insucesso
ou consequências desastrosas.

Vivemos, assim, numa sociedade internacional, composta por indivíduos das mais
diferentes nacionalidades e por interesses privados das mais diversas ordens.
Diante dessa realidade, faz-se necessária a existência de uma disciplina que regule
a relação entre seus membros. Esta disciplina é o Direito Internacional Privado.

Assim, o Direito Internacional Privado concebe o desenvolvimento tomando por base


as relações de ordem privada entre os diferentes povos, além das várias legislações
que surgem para atender às necessidades internacionais da circulação de pessoas,
gerando o conflito de leis, afinal, para cada caso concreto é preciso analisar a lei a
ser aplicada àquele caso.
INTRODUÇÃO

O este trabalho aborda assunto referente ao tema Justiça e princípios do Direito


Internacional Privado. Portanto, o direito internacional privado pode ser comparado a
um jogo de xadrez, de natureza peculiar eis que as peças brancas e pretas não são
movimentadas por dois jogadores, em posições opostas, mas por um só. Há, de
início um ligeiro embate, mas a final, as peças se harmonizam.

As pedras brancas representam as regras de conexão que nos indicam a lei


aplicável em todo tipo de situação ou relação jurídica transnacional: a lei do foro, a
lei da nacionalidade, do domicílio ou da residência habitual da pessoa, a lei do local
da celebração do casamento, da assinatura do contrato, a lei do local do
cumprimento da obrigação, a lei escolhida pelas partes, a lei da situação do bem, a
lei da residência habitual do pai ou a do filho, a lei da residência habitual do adotante
e/ou do adotado, a lei do local do primeiro domicílio conjugal, a lei do domicílio do
falecido, a lei do domicílio dos herdeiros, a lei em que foi firmado o contrato de
trabalho ou a lei do local do desempenho das tarefas do empregado, a lei do local
onde o ilícito civil foi cometido (ou quiçá onde o dano da vítima se manifestou), a lei
do local onde a sociedade jurídica foi constituída, ou a lei do local onde ela opera, a
lei da moeda expressa no contrato, a lei fiscal da sede da empresa ou a do país em
que ela auferiu lucro, ou de ambas, os regulamentos cambiais do país da exportação
da mercadoria e da transferência de fundos, a lei do país da emissão da cambial ou
a do país em que deve ser paga.

Assim, atravessando o grande oceano do direito privado e muitos mares do direito


público, vamos sendo guiados por estas regras, criadas pelos códigos e leis internas
e, modernamente, cada vez mais, pelas convenções, que criam o direito
internacional privado uniformizado. Todas estas regras de conexão são pedras
brancas que ajudam os tribunais a escolher aquilo que concebemos como o direito
mais apropriado para cada situação jurídica.

E as pedras pretas são os grandes princípios do direito internacional privado, o


reenvio, a ordem pública, a qualificação, a fraude à lei, a instituição desconhecida, a
questão prévia, os direitos adquiridos, que operam como freio neutralizador, como
retrocesso dos objectivos das regras de conexão, desempenhando um poder
moderador, que impede a solução do conflito das leis pela escolha de uma lei
inadequada, inapropriada, incabível, a que, às vezes, nos conduzem as pedras
brancas.

OBJETIVOS

Geral

O objetivo do estudo é conhecer os precedentes históricos de Justiça e princípio do


Direito Internacional Privado.

Específicos

 Entender a importância do Direito Internacional Privado, seu conceito, as


fontes e a aplicação destas no ordenamento jurídico angola.
 Esta primeira unidade é uma espécie de introdução ao assunto, e muitos de
seus pontos serão abordados de forma mais específica nas outras unidades
do livro-texto.

JUSTIFICATIVA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Definição de Direito Internacional Privado

O Direito Internacional Privado é resultante da pluralidade de Estados e por


conseguinte, de legislações (aspecto jurídico); e da movimentação de pessoas, bens
e serviços (aspecto fático).

O DIPr não existiria se os ordenamentos jurídicos fossem todos iguais ou se os


Estados (países) vivessem de forma isolada.

Diante disso, percebemos que não existe um Direito superior a todos os demais,
capaz de resolver esses conflitos. O Direito Internacional Privado supre esta
ausência, determinando qual ordenamento jurídico que deve ser aplicado a cada
situação concreta, que permita (em razão de elementos de conexão) a aplicabilidade
de mais de um ordenamento jurídico.

Princípio do Direito Internacional Privado

Objeto do Direito Internacional Privado

No entendimento de Del’Olmo (2010), o objeto central do DIPr consiste no Conflito


de Leis no Espaço, definido este espaço como o de ordenamentos jurídicos
diversos, ou seja, de cada Estado. Nestas leis estão incluídos temas das mais
diversas áreas do Direito Privado, ou seja, das relações entre os particulares.

Assim, temos como objeto do DIPr resolver conflitos de leis no espaço. Podemos
observar que quando aplicamos uma lei estrangeira em razão das determinações de
uma lei local, não estamos tratando de conflitos, mas tão-somente do
reconhecimento de um direito adquirido no exterior. Quem vai nos dizer se iremos
aplicar a lei nacional ou estrangeira é a nossa própria lei, normalmente a atual Lei de
Introdução, a LINDB.
Temos ainda como objeto do DIPr: indicar direito competente para o fato
interjurisdicional; indicar direito aplicável ou adequado a esse fato; determinar a
jurisdição competente em matéria de Direito Processual; resolver conflito de leis
escolhendo a lei aplicável ao fato interjurisdicional.

Alguns doutrinadores trazem ainda outros problemas relevantes à matéria, como a


questão da nacionalidade na solução dos conflitos entre pessoas. Nesse caso um
Estado não pode impor suas normas aos demais, valendo a norma interna de casa
país (leia-se também Estado) para a solução. Quanto ao assunto, ver o artigo 12,
incisos e parágrafos da Constituição Federal.

Importante também é determinar a condição jurídica do estrangeiro, ou seja, o


conjunto de direitos internos de cada país aplicáveis ao estrangeiro.

Fontes do Direito Internacional Privado

Inicialmente podemos afirmar que fonte é o modo pelo qual o Direito se manifesta.
Assim, de acordo com Del’Olmo (2010), as fontes do Direito podem ser materiais
(representadas pelos fatores sociológicos, econômicos e culturais, entre outros, que
conduzem à instituição da norma jurídica), e formais (regras jurídicas elaboradas por
processo legislativo, os costumes, a analogia e os princípios gerais do Direito). As
primeiras são fontes de inspiração e as segundas, de vigência do Direito. Na nossa
disciplina interessa-nos referir acerca das fontes formais do Direito Internacional
Privado, que não se afastam substancialmente dos demais ramos das Ciências
Jurídicas.

Muitos doutrinadores divergem quanto às fontes, mas em essência as classificam


em fontes internas as leis de cada país e fontes externas os tratados. Nos dois
polos, entretanto, tanto nas internas quanto nas externas, encontramos a lei, os
costumes, a doutrina e a jurisprudência.

Apresentamos a seguir, de forma esquematizada, algumas das fontes internas do


DIPr que servirão de base para nosso estudos e também para questões de revisão
que serão aplicadas no final da unidade.

Estas são algumas das leis internas que regulam o Direito Internacional Privado.
Existem outras, como na área penal ou tributária, mas que não serão tratadas nesta
matéria, além dos costumes, dos princípios e da jurisprudência.
Para Amorim (2008), o Direito é como a vida, nasce, cresce e renasce, mas sempre
com o propósito de contribuir para a realização dos seus elevados fins, salientando
que a fonte primária do Direito é a lei, sendo o costume a secundária, seguida pelos
princípios.

Em nosso sistema jurídico quando a lei não disciplina o fato, supre-a o costume, na
falta deste, os princípios gerais do Direito.

Cabe lembrar aqui o que foi estudado em Direito Internacional Público, ou seja, que
o Estatuto da Corte Internacional de Haia, de 26 de junho de 1945, enumera no seu
artigo 38 como fontes de Direito Internacional Público os tratados, o Direito
costumeiro internacional e os princípios gerais de Direito reconhecidos pelas nações
civilizadas. O mesmo artigo do Estatuto qualifica a doutrina e a jurisprudência como
meio de auxílio na aplicação do Direito Internacional Público. Tais fontes fazem parte
também do DIPr além da lei que faz parte das fontes da disciplina ora estudada.

Na ordem jurídica angolana

Na ordem jurídica angolana, as situações internacionais são, em princípio, reguladas


pelo processo conflitual. Estamos a referir-nos ao DIPr enquanto conjunto de normas
jurídicas que regulam as situações jurídico-privadas pluri-localizadas, isto é, aquelas
relações que, ab initio, ou a posteriori entram em conexão com mais de um
ordenamento jurídico, cabendo às normas de conflitos apontar para o ordenamento
jurídico competente para regular o facto.

É a estas regras de conflitos que cabe a tarefa de coordenar essas diferentes ordens
jurídicas na sua aplicação, de modo que cada aspecto ou efeito da relação jurídica
concreta só por uma dessas ordens ou leis venha a ser regida.

Desde esta perspectiva e com base nos ensinamentos do professor Ferrer Correia,
o DIPr passa a ser um ramo da ciência jurídica que formula os princípios e regras
conducentes à determinação da lei ou leis aplicáveis a situações emergentes das
relações privadas internacionais e assegura o reconhecimento, no Estado do foro,
das relações jurídico-privadas constituídas à luz de um ordenamento jurídico
estrangeiro.

O DIPr, apesar de cuidar fundamentalmente das soluções adequadas para os


problemas emergentes das relações privadas de carácter internacional (relações
jurídico-privadas absolutamente internacionais), dá igualmente relevância aos
direitos adquiridos no âmbito da eficácia de uma lei estrangeira.

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