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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UEMG
FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FCJ

JÚLIA ANTONELLY LOPES DOS SANTOS


VITÓRIA ELIZIA VIEIRA

ATIVIDADE PONTUADA DE TEORIA GERAL DO DIREITO PRIVADO l

DIAMANTINA
2023
JÚLIA ANTONELLY LOPES DOS SANTOS
VITÓRIA ELIZIA VIEIRA

Atividade pontuada de Teoria Geral do Direito Privado l

Trabalho acadêmico avaliado em 2,0 pontos e


apresentado como requisito de avaliação extra
da disciplina de Teoria Geral do Direito
Privado l, oferecida e ministrada pela
Professora Doutora Lais Godoi Lopes durante o
2º semestre de 2023, na Faculdade de Ciências
Jurídicas da Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG), unidade de Diamantina (MG).

DIAMANTINA
2023

1. Qual a diferença entre direito público e direito privado? Analise criticamente o


tema, abordando os critérios usualmente indicados pra promover tal
diferenciação, bem como categorizando os diversos ramos do direito de acordo
com sua inserção.

O direito público e o direito privado são duas vertentes fundamentais do siste ma


jurídico que se diferenciam em relação às suas estruturas, objetivos e atuação.
Criticamente analisando o tema, é possível perceber que os critérios usualmente
indicados para promover tal diferenciação possuem limitações e não são absolutos.
Além disso, categorizar os diversos ramos do direito de acordo com sua inserção
em apenas uma dessas vertentes pode ser um exercício complexo, uma vez que
muitas áreas têm características mistas.
Segundo o texto Instituições de Direito Civil (2017) o direito público tem por
finalidade regular as relações do Estado com outro Estado ou as do Estado com
seus súditos, quando procede em razão do poder soberano, e atua na tutela do bem
coletivo. Já o direito privado disciplina as relações entre pessoas singulares, nas
quais predomina imediatamente o interesse de ordem particular. O texto também
destaca que não há uma separação total e absoluta entre as normas públicas e
privadas, e que muitas vezes elas se intercomunicam. Primeiramente, há situações
em que é difícil classificar uma determinada área como inteiramente pública ou
privada. Por exemplo, o direito do trabalho, apesar de regular a relação entre
empregados e empregadores, que são partes privadas, também possui uma
dimensão pública, pois busca proteger os direitos trabalhistas e estabelecer
condições mínimas de trabalho. Outro exemplo é o direito ambiental, que envolve
interesses que podem ser considerados tanto públicos (proteção do meio ambiente
como um bem comum) quanto privados (responsabilidade ambiental das
empresas).
Além disso, a categorização dos ramos do direito em apenas uma das vertentes, às
vezes, pode negligenciar a interação entre o direito público e o direito privado, que
muitas vezes caminham juntos em determinadas áreas. O direito penal, por
exemplo, é essencialmente um ramo do direito público, mas está diretamente
relacionado à esfera privada, uma vez que regula as relações entre indivíduos e
estabelece regras para a punição de crimes.

REFERÊNCIA: CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA. Instituicoes de Direito


Civil - Volume 1 - Introducao ao Direito Civil - Teoria Geral de Direito Civil.
30. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1.

2. Escolha um dos princípios do direito civil para desenvolver um curto texto (20
linhas), ressaltando as aplicações vislumbradas no seu cotidiano.

O texto Instituições do Direito Civil (2017) menciona alguns princípios do direito


civil, tais como as regras de hermenêutica (interpretação), o princípio relativo à
prova, a noção dos defeitos dos negócios jurídicos, a organização sistemática da
prescrição, entre outros. Esses princípios são considerados normas gerais que se
projetam a todo o sistema jurídico, e são comuns a todos os ramos do direito.
O princípio relativo à prova é uma premissa fundamental do direito civil, que visa
assegurar a busca pela verdade e a justa solução de litígios. Ele estabelece que a
parte que afirma um fato deve comprová-lo, ou seja, deve apresentar elementos de
prova que sustentem sua alegação.
No cotidiano, esse princípio se aplica em diversas situações. Por exemplo, em um
contrato de compra e venda, é comum que uma das partes acuse a outra de
descumprir suas obrigações. Nesse caso, cabe ao acusador reunir documentos,
testemunhos ou outros tipos de evidências que comprovem a sua versão dos fatos.
Somente com uma prova robusta é possível convencer o juiz de que houve
realmente o descumprimento contratual e, assim, garantir a reparação pretendida.
No entanto, vale ressaltar que o princípio relativo à prova não significa que todas
as alegações precisam ser provadas de forma absoluta. Existem diferentes tipos de
provas admitidas pelo sistema jurídico, e o grau de convencimento exigido pode
variar de acordo com o tipo de processo e o tipo de fato em questão.

CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA. Instituicoes de Direito Civil - Volume 1 -


Introducao ao Direito Civil - Teoria Geral de Direito Civil . 30. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 1.

3. O que é o Corpus Iuris Civilis e qual é sua importância para o Direito Civil
Contemporâneo? Como deu sua incorporação ao direito privado?

O texto Instituições do Direito Civil (2017) menciona que o Corpus Iuris Civilis é
uma obra monumental do século VI, compilação ordenada pelo Imperador
Justiniano, que a posteridade haveria de sempre reverenciar por isto,
compreendendo as Institutas, o Digesto ou Pandectas, o Código e as Novas
Constituições do próprio Justiniano. Essa obra é considerada largamente
sistemática e vinculou e ordenou o sentido científico do direito ocidental até os
nossos dias.
É composto por quatro partes: o Codex Justinianus, as Institutiones, as Digesta e as
Novellae.
O Codex Justinianus é uma coleção de leis imperiais, enquanto as Institutiones são
um manual introdutório ao estudo do direito. As Digesta, também conhecidas
como Pandectae, são uma compilação de jurisprudência e opiniões de juristas
romanos, que se tornaram a principal fonte do direito civil posterior. Por fim, as
Novellae são um conjunto de novas leis promulgadas por Justiniano após a
conclusão das demais partes do Corpus.
A importância do Corpus Iuris Civilis para o Direito Civil contemporâneo é
imensa. Ele constitui a base do direito civil ocidental, influenciando principalmente
os sistemas jurídicos do continente europeu. Sua elaboração foi um marco na
história do direito, pois consolidou e sistematizou os princípios e regras do direito
romano. A incorporação do Corpus ao direito privado ocorreu de forma gradual ao
longo dos séculos, à medida que os países europeus adotavam e adaptavam os
princípios jurídicos romanos para suas próprias legislações. Muitos conceitos e
institutos do direito civil atual têm suas raízes no direito romano codificado no
Corpus Iuris Civilis.
Sendo uma fonte essencial de referência e estudo, o Corpus Iuris Civilis é
frequentemente consultado pelos juristas e acadêmicos para compreender as
origens e evolução do direito civil, bem como para fundamentar argumentos
jurídicos na resolução de casos complexos.
REFERÊNCIA: CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA. Instituicoes de Direito
Civil - Volume 1 - Introducao ao Direito Civil - Teoria Geral de Direito Civil.
30. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1.

4. O que foi o movimento de Codificações? Qual sua correlação com os ideais de


liberalismo iluminista e quais os impactos de tal movimento no Direito atual?

O movimento de codificações refere-se a um período histórico em que muitos


países promulgaram códigos legais abrangentes e sistematizados com o objetivo de
unificar e organizar suas leis civis, penais e comerciais. Esse movimento ocorreu
principalmente nos séculos XVIII e XIX e foi influenciado por ideias iluministas
que buscavam criar sistemas legais mais racionais, previsíveis e justos.
No Brasil, o movimento de codificações teve sua origem no período pós-
independência e se estendeu ao longo do século XIX e início do século XX. Após a
independência do Brasil em 1822, o país estava em busca de uma identidade
nacional e de uma organização jurídica própria. A influência de ideias liberais e
iluministas desempenhou um papel importante nesse processo. Um dos primeiros
marcos do movimento de codificações no Brasil foi a promulgação do Código
Criminal de 1830. Esse código estabeleceu normas para o sistema penal brasileiro
e foi influenciado por ideias liberais da época.
O movimento das codificações teve várias motivações e impactos, incluindo sua
relação com os ideais do liberalismo iluminista.Em síntese, o movimento das
codificações foi uma resposta ao liberalismo iluminista e à necessidade de reformar
e unificar os sistemas legais. Seus impactos no direito atual incluem a promoção de
princípios de igualdade, previsibilidade e proteção dos direitos individuais, embora
também tenham gerado desafios contínuos relacionados à adaptação às mudanças
sociais e tecnológicas.

REFERÊNCIA: WIEACKER, Franz. História do Direito Privado Moderno.Trad.


A. M. Hespanha.2. ed. Lisboa: Fundação calouste Gulbenkian, 1967

5. Descreva a incorporação do Direito Romano no Direito Civil Português.

A incorporação do Direito Romano no Direito Civil Português é um processo histórico que


teve um impacto significativo na formação do sistema jurídico português. Durante séculos, o
Direito Romano exerceu uma influência duradoura e profunda sobre o direito em Portugal.
Esse processo envolveu:

A Romanização da Península Ibérica: Durante a conquista romana, as leis, instituições e


práticas romanas foram introduzidas na Península Ibérica, incluindo a região que é hoje
Portugal.
Legado Visigótico: Após a queda do Império Romano, os visigodos governaram a Península
Ibérica, mantendo influências romanas em seu sistema legal.
Forais e Ordenações: Os forais concedidos pelos monarcas e as Ordenações compiladas
durante a Idade Média frequentemente incorporavam princípios do Direito Romano em
áreas como propriedade e contratos.
Codificação Moderna: Os códigos civis posteriores, como o Código Civil Português de 1867 e
1966, refletiram a influência do Direito Romano, especialmente em questões de propriedade
e contratos.
Essa incorporação do Direito Romano no Direito Civil Português é um processo que se
estendeu por séculos e moldou a evolução do sistema jurídico do país. Esse legado é
evidente em muitos aspectos do direito português, refletindo a importância duradoura da
tradição jurídica romana.

REFERÊNCIA: ALBUQUERQUE Ruy, História do Direito Português, Editora


Verbo, 2014

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