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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DE


XXXX

Processo criminal nº

MATEUS, já qualificado nos autos do processo em epígrafe por seu advogado regularmente
constituído, conforme procuração em anexo, vem respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, no prazo legal apresentar

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

Com fundamento no art. 396-A CPP e art. 5º, LV, CRFB/88, pelos fatos e fundamentos a
seguir aduzidos.

I - DOS FATOS

Mateus, de 26 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas
previstas no art. 217-A, §1º, c/c art.234-A, III, todos do Código Penal, por crime praticado
contra Maísa, de 19 anos de idade.
Alega o Ministério Público que no mês de agosto de 2016, em dia não determinado, Mateus
dirigiu-se à residência de Maísa, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol e
aproveitando-se do fato de estar a só com Maísa, mantiveram conjunção carnal. Fato atestado
em laudo de exame de corpo de delito.
Afirma também que Maísa possui deficiência mental, porém nos autos, havia somente a peça
inicial acusatória, o laudo comprobatório da ocorrência de relação sexual entre Mateus e
Maísa, os depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do
acusado.
Entretanto Mateus declarou não saber que Maísa, ora vítima, possuía deficiência mental e que
já a namorava havia algum tempo, e que sua avó materna, Olinda, e sua mãe, Alda, que
moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram
consentidas.
Nem a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o promotor,
segundo o réu, agido por conta própria.
Por fim, Mateus informou que não havia qualquer prova da debilidade mental da vítima.

II – DO DIREITO

Preliminarmente, verifica-se que o MP não comprovou a alegada deficiência mental da


suposta vítima, desta forma, foi imputada ao réu eventual prática de crime de estupro, a ação
penal cabível seria pública condicionada a representação da ofendida, nos termos do art. 225,
Caput do CP.

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Neste sentido, como a representação não foi acostada aos autos, a inicial acusatória sequer
deveria ter sido ajuizada e, se o fosse, deveria ter sido rejeitada liminarmente consoante a
disposição do art. 395, II do CPP.
Pelo exposto, verifica-se, uma causa de nulidade prevista no art. 564, III, alínea a, do CPP,
ante a ausência da condição específica supramencionada, o que ensejaria a extinção do
presente processo.
Subsidiariamente, em relação ao mérito, cabe destacar novamente a ausência de comprovação
da suposta deficiência mental da apontada vítima, que a tornaria vulnerável para fins de
caracterização do crime do art. 217-A, §1º do CP, não sendo possível que esta seja presumida.
As relações sexuais foram mantidas entre maiores de idade, consensualmente, já que o próprio
MP narrou que não houve violência ou grave ameaça à suposta vítima, o que será corroborado
pelas declarações de Maísa, pelo depoimento das testemunhas abaixo arroladas e pelo
interrogatório do réu, uma vez que ambos mantinham um relacionamento amoroso de
conhecimento da família do réu.
Em consequência a conduta é atípica, impondo-se a absolvição sumária do acusado com base
no art. 397, III do CPP.
Caso Vossa Excelência não entenda desta forma deve ser realizado exame pericial para aferir
a higidez mental da suposta vítima.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer, preliminarmente, a Vossa Excelência o reconhecimento da nulidade


prevista no art. 564, III, A do CPP, em razão da ausência de condição de procedibilidade da
ação penal cabível, que enseja a rejeição liminar da denúncia com fundamento no art. 395, II
do CPP.
Subsidiariamente, requer a absolvição sumária do réu, com fulcro no art. 397, III do CPP,
uma vez que a conduta é atípica.
Caso Vossa Excelência não entenda desta forma, requer que seja determinada a realização de
perícia médica para verificação da higidez mental da vítima e a oitiva da eventual ofendida e
das testemunhas abaixo arroladas.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local, 28/11/2016

Advogado
OAB

Rol de testemunhas

Alda, (qualificação completa)


Olinda, (qualificação completa)

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