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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ____ VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE VOLTA REDONDA - ESTADO DO RIO DE JANEIRO,

PEDRO ROCHA, brasileiro, professoro, solteiro, portador da


Carteira de Identidade n° 8.888.888, inscrito no CPF sob o nº 888.888.888-88,
residente e domiciliado à Rua Azul, nº 335, bairro da Lua, cidade Volta Redonda /RJ,
CEP 00000-600, por intermédio de seu advogado infra-assinado, habilitado nos
termos do instrumento de procuração acostado (Doc. 01), que tem endereço
profissional na Rua Andrômeda, nº 20, Centro, Campina Grande/PB, vem, perante
Vossa Excelência, com lastro nos artigo 5º, LXV da Constituição Federal, e art. 310,
I, do Código de Processo Penal intentar o presente

RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

1. DOS FATOS

Conforme consta do auto de prisão em flagrante, em anexo, o


requerente foi preso ilegalmente no dia 15 de outubro de 2012, em razão da suposta
prática do crime de roubo tentado. Acontece, douto julgador, que o requerente foi
induzido a prática do crime pelo agente de polícia civil Dio Brando, o qual após
suspeitas de que o requerente estava envolvido em roubos a agências bancárias,
todavia sem encontrar qualquer prova material da autoria por parte do requerente,
conspirou com outros agentes de polícia afim de induzir Carlos à praticar o roubo, o
que factualmente caracteriza um flagrante preparado.
O agente DIO, por semanas, comunicou-se com Pedro,
estabelecendo uma relação de confiança, até chegar ao ponto de induzi-lo e
essencialmente convencê-lo a praticar o roubo na agência. No fatídico dia, após DIO
reiteradamente encasquetar Pedro para que cometesse o crime, ambos se dirigiram
à agência bancária onde já haviam vários policiais aguardando para efetuar a prisão
em “flagrante”.
Estes são os fatos.

2. DO DIREITO

Excelência, não há motivos para a manutenção da prisão do


Requerente.
Com efeito, a prisão em flagrante imposta não atendeu às
exigências legais. Sabe-se que referida modalidade de prisão só pode ser imposta
diante das hipóteses previstas no art. 302 do Código de Processo Penal:

“Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:


I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.”.

Uma vez que haviam vários policiais civis de tocaia na agência


no momento do suposto assalto, trata-se, essencialmente, de crime impossível
conforme Art. 17 do Código Penal:

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por


ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).

Seria totalmente impossível consumar-se o suposto crime de


roubo uma vez que não só haviam policiais na agência já aguardando a ação, bem
como planejada por um próprio agente de polícia, logo, trata-se de flagrante preparado
no qual a tentativa não é punível, de modo que seria factualmente irreal a hipótese do
requerente ser bem sucedido no suposto roubo com 6 policiais na agência, cientes da
ação.
Portanto, esta inicial está em conformidade tanto com o Art. 100,
§ 2º do CP como dos Art. 30, 41 e 44 do CPP, preenchendo todos os requisitos
devidos, bem como o prazo legal para ser interposta.

3. DOS FUNDAMENTOS

Entendeu o Legislador Originário Pátrio, que a honra deveria ser


um bem juridicamente tutelado, em grande parte pela representatividade que o
cidadão possui diante de seus familiares e as pessoas do seu convívio. Portanto, toda
a pessoa é digna de decoro e respeito.
Importante ressaltar que diante deste entendimento, o Código
Penal estabeleceu ainda, exclusivamente, em seu capítulo V, o que o legislador pátrio
denominou de “Crimes Contra a Honra”.
Assim, a honra e a moral assumindo feição de direito
fundamental, a melhor doutrina estabelece que:
“A vida humana não é apenas um conjunto de elementos
materiais. Integram-na, outrossim, valores, imateriais, como os morais. A constituição
Federal empresta muita importância à moral, como valor ético-social da pessoa e da
família, que se impõe ao respeito dos meios de comunicação social (art. 5º, V e X). A
moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputação
que integram a vida humana com dimensão imaterial... Daí porque o respeito à
integridade moral do indivíduo assume feição de direito fundamental. Por isso
é que o Direito Penal tutela a honra contra a calúnia, a difamação e a injúria”[1].
Desta feita, as gratuitas agressões verbais perpetradas pelo
Querelado foram, como se vê, de supina gravidade, porque em indisfarçável
manifestação de menosprezo, feriu ao Querelante com impudica maldade, maculando
a sua imagem.
4. DA INJÚRIA E DA CALÚNIA
O primeiro praticado pelo Querelado foi a Calúnia tipificada no
Art. 138 do CPB, quando acusou injustamente o Querelante de ter ACEITADO
DINHEIRO PARA ADULTERAR DOCUMENTOS PÚBLICOS E ESCONDIDO
PROVAS, imputando falsamente o crime de CORRUPÇÃO PASSIVA ao querelante.

No mesmo dia o Querelado chamou o Querelante de


“CORRUPTO, LADRÃO SAFADO, BANDIDO, PORCO SAFADO, VIADO FEMINAZI”
ofendendo lhe a dignidade e a honra.

O Terceiro crime praticado pelo Querelado foi a Injuria tipificada


no Art. 140 do CPB, quando os injuriou com palavras depreciativas, agressivas,
ofendendo gravemente a dignidade do Querelante.

Cabe ressaltar que, as ofensas não foram proferidas pelo


Querelado em retorsão a outras, até porque em momento algum houve qualquer
espécie de destempero ou provocação por parte do Querelante, haja vista o respeito
que os Querelante impuseram mesmo sendo humilhados e agredidos verbalmente
injustamente.
Ademais, a maneira obstinada com que o Querelado instilou seu
ódio, demonstra que procedeu com dolo direto, isto é, determinação e vontade de
causar dano moral ao Querelante, tratando-o como alguém indigno de qualquer
reconhecimento ou respeito. O animus injuriandi configura-se quando o autor
manifesta opinião ofensiva contra a vítima, em evidente intenção de macular sua
honra (Hipotese dos autos).

Assim, presentes estão todos os elementos objetivo (ofensa à


dignidade e decoro), e subjetivo do tipo (propósito de ofender, o dolo).

Os delitos de calúnia e injúria, insculpido nos artigos 138 e 140


do Estatuto Repressivo, bem como a ameaça Artigo 147 do mesmo códex, está
perfeita e cristalinamente materializado, in casu, pelo gratuito dardejo ao Querelante
de expressões transbordantes de conceitos de menoscabo e ultraje, bem como a
ameaça de morte.
Ademais, vale frisar que no momento em que desferiu as
agressões verbais a rua estava movimentada, com altíssima circulação de pessoas,
além do fato de que o próprio querelado afirmou que tinha dito “a todo mundo” que o
querelante é corrupto, fato esse público que deve ser aplicado a causa de aumento
tipificada no Art. 141, inciso III do CPB, pois foi na presença de várias pessoas,
facilitando a divulgação da calúnia e da injúria praticadas.
5. DA AMEAÇA

O outro crime praticado pelo Querelado foi a Ameaça tipificada


no Art. 147 do CPB, quando, por palavras ameaçou “encher o buxo do querelado de
faca”.
Do relato circunstanciado dos fatos, e da forma como agiu o
Querelado, claro e patente o cometimento por parte do Querelado dos crimes de
calúnia, injuria e ameaça, havendo portanto, concurso material de crimes conforme
dispõe o Art. 69 do CPB, “que quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (...)”.

6. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, REQUER:

 O recebimento da presente QUEIXA-CRIME;


 Que seja o Querelado ANTÔNIO MEFISTOFELES LEVIATHAN, inscrito no
CPF n° 666.666.666-66, residente e domiciliado à Rua Azul, nº 367, bairro da
Lua, cidade Via Láctea /PB, CEP 00000-600, citado para apresentar a defesa,
sob pena de revelia;;
 que seja dada vista ao Representante do Ministério Público;
 Seja o Querelado devidamente processado e ao final condenado nos termos
dos artigos 138, 140 c/c 141 III, e 147 na forma do artigo 69 ambos
do Código Penal Brasileiro;
 Que seja arbitrado por Vossa Excelência o valor dos danos causados pelos
crimes a título do Art. 387, IV do CPP;
 O Querelante adianta não terem interesse em conceder ao Querelado o
Benefício da suspensão condicional do processo, por entenderem que tal
medida não será suficiente para impedir que ele repita a conduta delitiva em
outras oportunidades;
 Por ser oportuno, oferta o rol de testemunhas, as quais se revestem de caráter
de imprescindibilidade e irrenunciabilidade, sem prejuízo de produzir outras
provas durante o deambular da instrução processual.
 Ademais, requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita nos termos da
Lei 1.060/50, com redação introduzida pela Lei 7.510/86 e consoante
art. 5º, LXXIV da Constituição Federal, bem como nos termos do
Art. 98 do CPC.

ROL DE TESTEMUNHAS

TESTEMUNHA 1
TESTEMUNHA 2
TESTEMUNHA 3

Nestes termos, pede deferimento.

Campina Grande-PB, XX de maio de 2018.

Eder Andrade Rodrigues


OAB/PB 1565416

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