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PROCURAÇÃO AD JUDITIA

Leonor, brasileira, casada, cirurgiã-dentista, inscrita no CPF nº


XXX.XXX.XXX-XX, portadora da carteira de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X,
residente e domiciliada na Rua Xxxxx, nº X, pelo presente instrumento particular de
procuração, nomeia e constitui, como seus representantes postulatórios os Advogados
(as), devidamente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo: NOME
OAB/XX XXXXXX, com escritório profissional situado em xxxxxxxxxxxxxxxxxx
especialmente para promover QUEIXA-CRIME em face de Pedro, brasileiro, estado
civil xxxx, profissão xxxx, inscrito no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, portador da carteira
de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, residente e domiciliado na Rua Xxxx, nº X, para
persecução penal pela prática dos crimes de difamação e injúria em concurso formal
de acordo com o previsto nos artigos 70; 139; 140 e 141, III todos do Código Penal.
Pode o constituído praticar qualquer ato capaz de cumprir integralmente com os poderes
outorgados, em qualquer nível de jurisdição, praticando todos os atos necessários em
direito permitidos para o bom e fiel desempenho desse mandato

São Paulo, 30 de agosto de 2022


Assinatura do Advogado
Assinatura do Requerente
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ DE DIREITO DA ___ª
VARA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL CENTRAL DE SÃO PAULO – SP

Leonor, brasileira, casada, cirurgiã-dentista, inscrita no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX,


portadora da carteira de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, residente e domiciliada na
Rua Xxxxx, nº X, vem, por intermédio de seus advogados que esta subscrevem, conforme
poderes específicos outorgados em procuração anexa, com fulcro no artigo 100, § 2ª do
Código Penal e nos artigos 30; 41 e 44 do Código de Processo Penal, perante à Vossa
Excelência, oferecer

QUEIXA-CRIME

contra Pedro, brasileiro, estado civil xxxx, profissão xxxx, inscrito no CPF nº
XXX.XXX.XXX-XX, portador da carteira de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X,
residente e domiciliado na Rua Xxxx, nº X, pela prática dos crimes de difamação e
injúria em concurso formal de acordo com o previsto nos artigos 70; 139; 140 e 141,
III todos do Código Penal.

I – DOS FATOS

Em certo dia, Leonor, ora denominada querelante, decidiu juntamente com seu marido
Patrick e outras duas amigas de faculdade, Nilma e Vania, se encontrarem em um bar
localizado na Vila Madalena para comemoração de uma década de formados.

Ocorre que, durante as comemorações no bar, Pedro, ora denominado querelado, que
também estava no local dirigiu-se à mesa dos mencionados anteriormente e passou a
realizar as seguintes afirmações: “Leonor, sua vadia! Você não vale nada. Já na época da
Faculdade, você se encontrava comigo todas as noites para transarmos, mesmo você
sendo noiva do Patrick”.

Com a referida conduta, o querelado mediante uma única ação causou lesão tanto à honra
objetiva quando a honra subjetiva da querelante, incorrendo nas figuras típicas previstas
nos artigos 139 e 140 do Código Penal.

II- DO DIREITO

II.I – Competência do Juizado Especial – Lei nº 9.099/95

De acordo com o disposto no artigo 61 da Lei nº 9.099/95 “Consideram-se infrações


penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não
com multa”.

Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo querelante tendem a atribuir ao querelado
a ocorrência dos crimes de difamação (art. 139) e de injúria (art. 140). As penas máximas
abstratas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 01(um) ano e (06)
meses. Dessa forma, mesmo que aplicando-se as penas cumulativamente, além da
majoração de 1/3 prevista no inciso III do artigo 140, não fará com que a pena aplicada
ultrapasse o limite de 2 (dois) anos para o processamento do caso perante o rito do Juizado
Especial Criminal desta comarca. Vejamos:

Habeas corpus. Contra decisão de recebimento da queixa-crime. Crimes de


injúria e difamação. Penas máximas em abstrato de detenção que, somadas,
não ultrapassam dois anos. Infrações de menor potencial ofensivo.
Tratando-se de impugnação de decisão prolatada em sede de Juizado Especial
Criminal, o órgão competente para sua revisão é da Turma Recursal e não uma
das Câmaras Criminais desta Corte. Não conhecimento – sem grifo no original
(TJ-SP, Habeas Corpus Criminal nº 2112153-73.2022.8.26.0000, Des. Rel.
Marcos Correa, DJ: 26-05-2022; DJe 26-05-2022

II.II – Da materialidade delitiva da conduta e concurso formal de crimes (artigos


70; 139; 140 e 141, III do Código Penal)

De acordo com o artigo 139 do Código Penal, difamar alguém consiste em imputar-lhe
fato ofensivo à sua reputação e sujeita o agente a uma pena de detenção de três meses a
um ano, além da multa, vejamos:

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena
- detenção, de três meses a um ano, e multa.
Com efeito, constitui o crime de difamação a imputação de um fato que seja ofensivo à
honra objetiva da vítima, ou seja, além do dolo genérico, os crimes contra a honra exigem
o “elemento subjetivo especial do tipo consubstanciado no propósito de ofender a
honra da vítima”. (STJ, AgRg no HC 691.897 – DF, Min Rel. Olindo de Menezes
(Desembargador convocado do TRF 1ª Região), 6ª Turma, DJ 17.05.2022; DJe
26.05.2022).

Já o artigo 140 do Código Penal, define que injuriar alguém consiste em


ofenderlhe a dignidade ou o decoro, vejamos:

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Neste tipo penal, diferentemente do que ocorre nos outros delitos contra à honra, aqui
não ocorre a imputação de um fato desonroso à vítima, mas sim, a sua dignidade é
ofendida no momento em que se atacam as qualidades morais da pessoa1. De acordo
com Cleber Masson “basta a atribuição de qualidade negativa, prescindindo-se da
imputação de fato determinado”2.

Por fim, cabe conceituar a definição de concurso formal de crimes que é muito bem
explicitada pelo nosso diploma punitivo (art. 70) em que o agente estará sujeito a um
aumento de pena de 1/6 a 1/2 quando mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não (concurso formal próprio ou perfeito). Porém, aplicar-seão
as penas de maneira cumulativa se a ação ou omissão for dolosa e os crimes concorrentes
resultarem de desígnios autônomos, que basicamente consiste na vontade do agente em
realizar mais de um crime (concurso formal impróprio ou imperfeito).

Desse modo, diante daquilo apresentado na narrativa fática do caso, o querelado no


momento em que imputa à querelante um fato ofensivo à sua honra dizendo perante
suas colegas e seu marido que saía com a vítima todas as noites para terem relações
sexuais, mesmo a querelante já estando em noivado, além de lhe xingar de “vadia”,
pratica mediante uma única ação os crimes difamação e injúria.

Na hipótese do caso resta evidente a caracterização do concurso formal impróprio,


pois “ambos os delitos exigem o elemento subjetivo do tipo específico para

1
MASSON, Cleber. Direito Penal – Parte Especial, vol. 2. 11ª ed – Rio de Janeiro : Forense, São Paulo,
2018, p. 216. 2 Idem.
a sua caracterização, ou seja, o chamado dolo específico, não se podendo, por isso, negar
que tenham ocorrido desígnios autônomos”2. Com isso, tratando-se de concurso formal
imperfeito, dever-se-á aplicar-se cumulativamente as penas dos delitos, nos termos da
segunda parte do caput do art. 70 do CP.

Ressalte-se que, além do aumento de pena decorrente da caracterização do concurso


formal impróprio de crimes, a pena aplicada ao querelado deverá ainda ser majorada
em 1/3 conforme disposição do artigo 141, III do CP, que determina o referido aumento
nos casos em que a ofensa for realizada “na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria”. Pois bem, como a referida
conduta realizada pelo querelado foi feita em um local público e na presença do marido e
das colegas de faculdade da querelante também resta evidente a caracterização da
mencionada causa de aumento de pena.

III – DOS PEDIDOS

Ante ao exposto, requer que:

a) Seja noticiado o Ministério Público para fins do artigo 45 do CPP;


b) Seja recebida e processada a presente queixa-crime oferecida contra o querelante,
para que, sendo este citado e apresentado resposta à acusação, possa ser
condenado, ao final, pela prática dos crimes de difamação e injúria
majorados em concurso formal conforme previsão dos artigos 70; 139; 140 e
141, III todos do Código Penal;
c) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a oitiva das
testemunhas abaixo arroladas;
d) A fixação de valor mínimo a título de danos morais sofridos pela querelante,
nos termos do artigo 387, IV do CPP, a ser quantificado à cargo de Vossa
Excelência, bem como a condenação do querelado ao pagamento das custas e
demais despesas processuais;

2
TJ-MG, Apelação Criminal nº 0125561-25.2002.8.13.0261, Des. Rel. Walter Pinto da Rocha, 4ª Câmara
Criminal, DJ 20.09.2006; DJe 03.10.2006.
Nestes termos,
Pede deferimento

São Paulo, 30 de agosto de 2022

NOME
OAB/XX XXXXXX

ROL DE TESTEMUNHAS:
1. Nilma, residida e domiciliada na Rua xxx, nº X, portadadora da Cédula de
Identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrita no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX,
endereço eletrônico nilma@hotmail.com;
2. Vânia residida e domiciliada na Rua xxx, nº X, portadadora da Cédula de
Identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrita no CPF nº XXX.XXX.XXX-XX,
endereço eletrônico vania@hotmail.com ;

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