Você está na página 1de 5

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


DE NITERÓI DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

[NOME COMPLETO], [nacionalidade], [estado civil],


[profissão], portador da cédula de identidade de nº. [...] [órgão
expedidor/UF], devidamente registrado sob o nº de CPF [....], residente e
domiciliado na Rua [endereço completo, com CEP, e-mail e telefone], por
seus advogados com procuração com poderes especiais do art. 44 do CPP
(anexa), com endereço profissional na Rua (endereço completo) vem a
presença V. Excia., nos termos art. 41 do CPP OU Art. 100, §2º, do CP OU
o Art. 30, do CPP OU Art. 145 do CP, oferecer a presente:

QUEIXA-CRIME
Contra [NOME COMPLETO], [nacionalidade], [estado
civil], [profissão], portador da cédula de identidade de nº. [...] [órgão
expedido/UF], devidamente registrado sob o nº de CPF [...], residente e
domiciliado na Rua [endereço completo, com CEP e telefone], pela conduta
típica, antijurídica e culpável a seguir descrita:

Dos Fatos
No dia xx de xxxxx de xxxxx, por volta das xxxx, o
querelado, livre e conscientemente, nesta cidade, com animus injuriandi vel
diffamandi, ofendeu a honra e decorro do querelante, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime, ao dizer que: “o réu é fiscal do
Estado, portanto, ocupa um cargo de confiança dentro da Administração
Pública, desta forma, aproveitando-se de sua função, o réu se apropria
indevidamente de documentos públicos, desta forma, existe suspeita que o
réu tenha cometido o delito penal de Corrupção ativa, prevista no art. 333,
do CP, onde possivelmente ofereceu ou prometeu vantagem ilícita a outro
funcionário público, para obter a cópia dos documentos acima citados.”
(fls. xxx/xxx) (grifo nosso).

Ao afirmar o sublinhado acima o querelado, imputou


indevidamente ao querelante fato definido como crime, ofensivo à sua
honra objetiva e subjetiva, decoro e dignidade, fazendo-o ainda de forma
pública, tendo em vista a publicidade do processo, sendo que certo que as
afirmações são inverídicas.

Verdadeiramente as injúrias, calúnias e difamações


perpetradas em juízo contra o querelante têm motivação torpe, pois se
tratam de tentativa de vingança por irresignação decorrente de derrota
judicial do querelado, tendo o mesmo sido condenado a indenizar o
querelante em grande monta de dinheiro.

Assim, verifica-se com clareza a conduta típica, antijurídica e


culpável, capazes de provocar a sanção penal, o que desde já se requer.

Do Prazo Decadencial
O prazo decadencial começa a contar da consumação do fato
criminoso.
Segundo a lição de Fernando Capez, por todos, o momento
consumativo:
“Dá-se quando a falsa imputação torna-se conhecida de outrem,
que não o sujeito passivo. É necessário haver publicidade
(basta que uma pessoa tome conhecimento), pois apenas desse
modo atingir-se-á a honra da pessoa (reputação).” ( in, Curso de
Direito Penal, ed. Saraiva, 2007. p. 249).

No caso em tela, a primeira pessoa a ter conhecimento do fato


criminoso falsamente imputado foi o Exmo. Sr. Juiz de Direito Dr.
xxxxxxxxxxxxxx, por força de conclusão aberta nos autos do processo de
nº. xxxxxxxxxxx, em xxx/xxxx/xxxxx, como se comprova do andamento
da internet, em anexo.
Assim sendo, devidamente dentro do prazo está o
oferecimento da presente peça acusatória.

Da tipicidade da Conduta do querelado


Inicialmente há que se afirmar que o querelado, por meio de
seu advogado, praticou o crime, sendo autor intelectual da ação, além de
manter o domínio final do fato, pois poderia pedir ao seu patrono que não
caluniasse o querelante.
Ainda citando o Professor Capez, merece colação a seguinte
lição:
“Em se tratando de crie de injúria e difamação, o art. 142, I do
CP e o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil afirmam
expressamente não ser punível ‘a ofensa irrogada em juízo,
na discussão da causa, pela parte ou seu procurador’. Trata-
se de hipótese de imunidade judiciária. O STF e o STJ têm
entendido que essa imunidade não alcança a calúnia, mas
tão-somente a injúria e difamação, e, mesmo assim, quando
irrogadas em juízo, aplicando-se o disposto no art. 142, I, do
Código Penal.” (in, Idem, p. 248)
Assim sendo, a condita narrada não está amparada pelo art.
142, I, do CP, notadamente por se tratar de imputação de fato crimoso, de
modo que deve o querelado ser exemplarmente punido, o que desde já se
requer.
Da Competência
Tendo em vista a nova redação do art. 60, da Lei 9099/95,
sedimentou-se o entendimento de que os Juizados Especiais Criminais são
competentes para o processo e julgamento dos crimes contra a honra.

CRIME CONTRA A HONRA. MENOR POTENCIAL OFENSIVO.


COMPETENCIA. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. Conflito de
Jurisdição. Crime contra a honra. Procedimento especial. Ampliação
do conceito de menor potencial ofensivo pela Lei 10.259/01.
Derrogação do art. 61 da Lei 9.099/95. Entendimento jurisprudencial
que se consolidou com a edição da Lei 11.313/06. A Lei dos
Juizados Especiais Criminais Federais, além de ampliar o conceito
de menor potencial ofensivo, não fez qualquer ressalva quanto à
exclusão de tal procedimento quando o crime contar com
procedimento especial. Portanto, não cabe ao intérprete fazê-lo.
Ademais, com a edição da Lei n. 11.313/06 que, de forma expressa,
não ressalvou os crimes processados de forma especial, consolidou-
se o entendimento jurisprudencial anterior no sentido de se ver
processado e julgado pelos Juizados Especiais quaisquer crimes
com pena máxima inferior a 2 anos, independentemente de
procedimento especial, devendo este ser usado de forma subsidiária
nos casos em que a própria lei determina. Conflito que se resolve
para determinar o processo e julgamento pelo Juízo de Direito do I
Juizado Especial Criminal de Duque de Caxias. (TJRJ. CONFLITO
DE COMPETÊNCIA - 2006.055.00079. JULGADO EM 14/11/2006.
SEXTA CAMARA CRIMINAL - Unanime. RELATORA:
DESEMBARGADORA CARMINE A SAVINO FILHO)

Não estão mais excluídos da definição de infração de menor


potencial ofensivo os crimes para os quais a lei preveja
procedimento especial, facultado que é ao Juiz agir de acordo com
os arts. 77, § 2º e 66, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95. A V I S O
nº 02/2002. COMISSÃO ESTADUAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
CÍVEIS E CRIMINAIS. Publicado no Diário Oficial em 02/2002

Assim sendo, fixa-se a competência do Juizado Especial


Criminal para o processo e julgamento dos crimes contra honra.
Dos Pedidos
Por todo o exposto, requer-se:
1. A designação de audiência de preliminar;
2. A citação do querelado;
3. A condenação do querelado como incurso nas penas do art. 138, 139
e 140, com a agravante do art. 61, II, a, na forma do art. 70, todos do
Código Penal;
4. A fixação de quantia reparatória pelo dano na forma do art. 387, IV,
CPP.
Requer-se, por fim, a intimação do Ministério Público, para velar
pelos princípios processuais pertinentes, a juntada da CAC e da FAC do
querelado e a intimação da testemunha abaixo arrolada, a produção de todas
as provas em direito admitidas, especialmente a documental superveniente.

Rol de Testemunhas:
1. Nome, qualificação e endereço;
2. Nome, qualificação e endereço;
3. Nome, qualificação e endereço;
4. Nome, qualificação e endereço; e
5. Nome, qualificação e endereço.

Nestes termos, espera deferimento.

Local e data.

Cliente

Nome Completo
ADVOGADO
OAB/RJ XXXXXXX

Você também pode gostar