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QUEIXA-CRIME
O Querelante é pessoa idônea, além de muito bem-quisto sua profissão, de
professor de artes marciais.
DOS FUNDAMENTOS
Competência
Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo Querelante tendem a atribuir
ao Querelado a concorrência para crime de injúria (CP, art. 140) e o crime de ameaça
(CP, art. 147). As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem,
respectivamente, a 01(um) ano e (06) meses.
Se as penas fossem somadas, a querelada poderia ser condenada em até
01(um) ano e 06(seis) meses de detenção. Isso, por si só, por conta do concurso de
crimes (CP, art. 69), já excluiria do rol das chamadas “infrações de menor potencial
ofensivo”, acarretando, assim, na competência dos Juizados Especiais.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Nesse sentido:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE
DANO QUALIFICADO CUJA PENA ULTRAPASSA O
DETERMINADO NO ARTIGO 61 DA LEI Nº 9099/95. DECLÍNIO
DE COMPETÊNCIA PARA VARA CRIMINAL.
Procedência do conflito. Querelada, ex-mulher do
falecido marido da querelante, ora suscitante, que teria
adentrado na empresa da qual a querelante é administradora e
destruído uma fotografia desta com seu marido. Ministério
público, com atuação no âmbito dos juizados especiais
criminais, que reconhecendo a incidência da qualificadora
relativa ao motivo egoístico, se manifestou favoravelmente ao
declínio de competência em favor da justiça comum, sendo a
promoção acolhida pela magistrada de piso. Juízo da 32ª Vara
Criminal da capital que entendendo tratar-se de competência
do juizado criminal, devolveu os autos. Questão acerca da
pertinência ou não da qualificadora em testilha que é
atribuição do juízo de piso, o qual analisará o mérito quando
da colheita de provas feita durante a instrução criminal. Se a
queixa-crime dá conta que a querelada responde pela prática
do crime tipificado no artigo 163, parágrafo único, IV do Código
Penal, cuja pena máxima cominada é de 3 anos, indubitável a
competência da 32ª Vara Criminal da capital para julgar o feito.
Conflito que se conhece e no mérito dá-se procedência ao
pedido, declarando a competência da 32ªvara criminal da
capital para julgar o feito [ ... ]
Por conta disso, prevalece a regra do domicílio ou residência do
Querelado/Réu. (CPP, art. 72, caput).
Convém ressaltar o magistério de Edilson Mougenot Bonfim:
Quando desconhecido o lugar da infração, a competência será determinada
pelo locado do domicílio ou residência do réu (art. 72, caput, do Código de Processo
Penal). Adotou, assim, o legislador o local do domicílio do réu como subsidiário ou
supletivo, para as hipóteses em que houver impossibilidade de determinar o lugar da
infração do crime.”...
MATERIALIDADE
DO DIREITO
Art. 107 – Extingue-se a punibilidade:
(..)
IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
Nesse contexto, este é o pensamento de Norberto Avena:
“Como regra geral, o direito de queixa deverá ser exercido no prazo de seis
meses, contados do dia em que o ofendido, seu representante legal ou cada uma das
pessoas do art. 31 do CPP (no caso de morte da vítima ou de sua ausência) vierem a
saber quem foi o autor do crime, conforme reza o art. 38 do CPP...
No particular, emerge da jurisprudência o seguinte
aresto:
PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. 1.
IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. 2. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DECADÊNCIA
DO DIREITO DE QUEIXA. ART. 38 DO CPP. PRAZO PENAL.
DISCIPLINA DO ART. 10 DO CP. 3. PRORROGAÇÃO DO TERMO
FINAL. APLICAÇÃO DO ART. 798, § 3º, DO CPP.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 4. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas
corpus, passaram a restringir sua admissibilidade quando o ato
ilegal for passível de impugnação pela via recursal própria, sem
olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos
casos de flagrante ilegalidade. 2. Consta dos autos que foi
apresentada queixa-crime contra a paciente em 17/9/2018.
Contudo, o impetrante afirma que a querelante tomou
conhecimento da suposta ofensa e da sua autoria em
17/3/2018, motivo pelo qual o prazo decadencial de 6 meses,
previsto no art. 38 do Código de Processo Penal, se esgotou em
16/9/2018, conforme contagem disciplinada pelo art. 10 do
Código Penal. 3. As instâncias ordinárias, com fundamento no
art. 798, § 3º, do Código de Processo Penal, consideraram
possível a prorrogação do termo final da decadência para o
primeiro dia útil, motivo pelo qual não reconheceram a
decadência do direito de queixa. No entanto, conforme
explicitado na decisão que deferiu o pedido liminar, a norma
do art. 798, § 3º, do Código de Processo Penal foi utilizada de
forma equivocada, uma vez que é norma de direito processual,
e o prazo decadencial é penal. Dessa forma, não há se falar em
prorrogação do termo final do prazo decadencial,
encontrando-se, portanto, extinta a punibilidade da paciente.
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício,
para reconhecer a extinção da punibilidade da paciente com
relação à Ação Penal n. 0001989-10.2018.8.21.0112 [ ... ]
DOS CRIMES
AMEAÇA
INJÚRIA
DO CONCURSO MATERIAL
No caso em tela, o QUERELADO mediante pluralidade de conduta, praticou
uma pluralidade de crimes: a) ameaça e b) injúria.
É cediço que os dois crimes, ora analisados, não são da mesma espécie. Assim,
ocorrerá a incidência do concurso material prevista no art. 69 do CP, que estabelece
que os delitos praticados devem ser somados:
DOS PEDIDOS
a) Que a cabível ação penal seja instaurada e o réu seja enquadrado nas penas
dispostas no artigo 147 e 140 da Legislação Substantiva Penal, tendo em vista as
injustas e descabidas ameaças e injúrias, que reiteradamente vem fazendo ao
querelante, roubando-lhe a paz de espírito e a tranquilidade;
Termos em que,
P. E. Deferimento
OAB/RJ 169.984
OAB/RJ 210.242
Roll de Testemunhas:
Rua General Canabarro, 55, Apto 404, Bairro Maracanã, Rio de Janeiro – RJ