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A INSCRIÇÃO DO DEVEDOR DE

ALIMENTOS NOS ÓRGÃOS DE


PROTEÇÃO AO CRÉDITO
ÍNDICE
1. 1. RESUMO
2. 2. INTRODUÇÃO
3. 3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO
1. 3.1 Histórico
2. 3.2 Evolução Histórica do Processo de Execução Brasileiro
3. 3.3 Direito Processual Civil Contemporâneo
4. 3.4 Processo de Execução no Direito Comparado
5. 3.5 Execução de Alimentos e o Pacto de San José da Costa Rica
6. 3.6 Natureza Jurídica da Execução
4. 4. PRINCIPAIS ASPECTOS DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO
1. 4.1 Dos Princípios
2. 4.2 Do Menor Sacrifício do Executado
1. 4.2.1 Da Realidade ou Patrimonialidade
2. 4.2.2 Da Disponibilidade dos Atos da Execução
3. 4.3 Dos Alimentos
1. 4.3.1 Definição de Alimentos
4. 4.4 Alimentos Quanto sua Finalidade:
5. 4.5 Alimentos Quanto a Causa Jurídica
6. 4.6 Classificação dos Alimentos Quanto a Forma de
Pagamento
7. 4.7 Natureza Jurídica
8. 4.8 Características dos Alimentos
1. 4.8.1 Personalíssimo
2. 4.8.2 Irrenunciáveis
3. 4.8.3 Irrepetibilidade
4. 4.8.4 Imprescritibilidade
5. 4.8.5 Impenhorabilidade
6. 4.8.6 Transmissibilidade
5. 5. DA INSCRIÇÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
1. 5.1 Execução pelo Rito da Prisão
2. 5.2 Execução pela Expropriação
3. 5.3 Dos Órgãos de Proteção aos Créditos
4. 5.4 Da Negativação dos Devedores Morosos
5. 5.5 Dos Posicionamentos Contrários
6. 5.6 Dos Posicionamentos Favoráveis
6. 6. TENDÊNCIAS
1. 6.1 Da Aprovação do Projeto de Lei 799/2011
2. 6.2 Outras Medidas Cíveis
1. 6.2.1 Da Penhora do FGTS e do PIS
2. 6.2.2 Desconto em Folha de Pagamento
7. 7. CONCLUSÃO
8. 8. REFERÊNCIAS
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1. RESUMO
O presente trabalho tem o escopo de proporcionar uma reflexão sobre um dos
temas mais polêmicos e relevantes do direito de família, a execução de alimentos.
Fazendo uma análise da evolução do sistema executivo, partindo das civilizações
mais antigas, passando por suas principais transformações até chegar no sistema
executivo moderno, trazendo a tona os problemas encontrados e argumentando
sobre as soluções encontradas pela doutrina e jurisprudência. Conceitua ainda
seus principais aspectos bem como sua natureza jurídica. O objetivo foi apontar
os casos em que a prisão civil não cumpra seu papel de coercibilidade perante os
devedores ou quando os devedores forem insolventes, não possuindo bens aos
quais possam ser objetos de penhora, fazendo se necessário a adoção de medidas
excepcionais, como a penhora do FGTS E PIS e a negativação dos nomes dos
devedores nos órgãos de proteção ao crédito, para que se proteja o direito do
menor aos alimentos. Dessa maneira, deixa claro a necessidade da aprovação do
projeto de lei 799-2011, que prevê a criação do artigo 24-A na Lei de Alimentos,
prevendo a possibilidade de inscrição dos devedores de alimentos nos órgãos de
proteção ao crédito, no caso de inadimplemento da obrigação alimentícia.
Trazendo com isso maior efetividade ao processo de execução. Devido ao fato de
não haver óbice para que se permita tal medida, uma vez os direitos aos
alimentos se sobreporem a eventuais direitos dos devedores, deve o juiz para
evitar prejuízos para os menores deferir tal inscrição. Nesse contexto evidencia
que a jurisprudência é favorável, e a cada dia vem se consolidando mais, bem
como o fato do projeto de lei ora mencionado, já ter parecer favorável da
Comissão de Constituição e Justiça, levando a crer que sua aprovação é coisa
certa.

Palavras-chaves: Devedor. Alimentos. Proteção. Projeto. Lei.


ABSTRACT
This work has the scope to provide a reflection on one of the most controversial
and important issues of family law, the execution of food. Making an analysis of
the evolution of the executive system, starting from the earliest civilizations,
through its major transformations to reach the modern executive system, bringing
out the problems encountered and solutions found arguing over the doctrine and
jurisprudence. Still conceptualizes its key aspects as well as its legal nature. The
goal was to identify the cases in which the civil prison does not fulfill its role as
coercivity or face debtors when debtors are insolvent, having no assets to which
they can be objects of attachment, making it necessary to adopt exceptional
measures as seizure FGTS and PIS and the negativity of the names of the debtors
in the organs of credit protection to protect it from the lower right to food. Thus,
makes clear the need for approval of the law 799-2011 project, which envisages
the creation of Article 24-A in the Food Act, providing for the possibility of entry
of borrowers in food protection agencies credit if breach of the alimony
obligation. Bringing with it greater effectiveness in the enforcement process.
Because there is no obstacle to be allowed such a measure, since the rights to
food outweigh the possible rights of debtors, should the judge to avoid harm to
minors defer such registration. In this context shows that the jurisprudence is
favorable, and every day is consolidating more and the fact of the bill herein
mentioned, have already favorable opinion of the Committee on Constitution and
Justice, leading us to believe that its adoption is right thing.
Keywords: Debtor. Food. Protection. Project. Law.
2. INTRODUÇÃO
O presente trabalho procurar abordar um dos mais atuais tema na seara do direito
de família, especificamente na questão referente a execução de alimentos, qual
seja, inscrição do devedor de alimentos nos órgãos de proteção ao crédito, como
forma de evitar a contumácia dos devedores morosos.

Procurando desenvolver um raciocínio concatenado e trazendo respostas aos


anseios da sociedade, a qual se encontra com uma sensação de insegurança
quando o assunto se refere ao crédito alimentar, situação está que coloca em
oposição duas garantias fundamentais, como o direito aos alimentos do credor e
de outro lado, o direito a privacidade, a liberdade do devedor.

Para solucionar a controvérsia que paira sobre a execução de alimentos, busca-se


nesta obra trazer a possibilidade da inscrição do devedor de alimentos nos órgãos
de proteção ao crédito, como forma de evitar que os devedores insolventes, ou
maliciosos, fiquem sem pagar o crédito alimentar.

Insta observar, que com o passar dos tempos, os meios coercitivos para efetivar
os créditos alimentícios não conseguem satisfazer todos os casos levados ao
judiciário. E com o objetivo de proteger que pleiteia alimentos, que na maioria
das vezes é incapaz, não possuindo meios de se sustentar, sem o auxílio de seus
genitores, tem se buscado novos meios para garantir o recebimento dos
alimentos.

Diante da necessidade de suprir essas lacunas, a doutrina e jurisprudência


procuram resolver esses empasses através dos princípios gerais de direito,
jurisprudência, analogia, até que as alterações legislativas já propostas sejam
aprovadas, passando a trazer novas alternativas ao credor.

Nesse contexto, esta obra, visa trazer as novas possibilidades abordadas pela
doutrina e jurisprudência, sendo algumas até já tratadas em projetos de leis em
trâmite no legislativo, como a inscrição do devedor de alimentos nos órgãos de
proteção crédito.

Para redigir a presente obra, será necessário fazer uso da pesquisa bibliográfica,
através da doutrina mais contemporânea, bem como dos artigos publicados pelos
estudiosos da área, e de revistas jurídicas, verificando a jurisprudência dos
tribunais estaduais e superiores sobre o assunto.

No 1º capítulo, dar-se-á enfoque a evolução histórica do processo de execução,


partindo das civilizações mais remotas, passando pelo direito comparado, até
chegar nos dias atuais, analisando ainda sua natureza jurídica.

No capítulo 2º, abordara-se o conceito de alimentos, suas espécies, natureza


jurídica e caraterísticas, trazendo os principais princípios que regem o processo
de execução, bem como os conceitos correlatos ao tema.

Já no capítulo 3º, ingressará na problemática do tema, trazendo o foco da


pesquisa, pois, a execução funciona perfeitamente, quando o devedor possui bens
para serem penhorados, ou é submetido a pena coercitiva e efetua o pagamento.
O problema surge, caso a situação não se enquadre nestas hipóteses, trazendo
como solução a inscrição do devedor nos órgãos de proteção ao crédito, como
alternativa eficaz a ser aplicada.

Por fim no capítulo 4º, verificar-se-á, que a inscrição do devedor de alimentos


nos sistemas de proteção ao crédito, é medida das mais justas e plausíveis, tanto é
que seria a solução da problemática apresentada, pressupondo ainda que a
aprovação do projeto de lei para inserir tal previsão em nosso ordenamento
jurídico, com certeza, será aprovado.

Ao finalizar, esta obra, espera-se um olhar mais crítico para as pessoas que
militam nesta área, bem como dos nossos legisladores a fim de acompanharem a
evolução da sociedade, abrindo as portas para os novos meios coercitivos
aplicáveis para eventuais casos de inadimplemento da dívida alimentar,
tipificando tais métodos em nossas leis.

3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE


EXECUÇÃO
3.1. HISTÓRICO
Analisando o tema e objetivando descrever sua evolução, iniciemos nossa
caminhada nas civilizações antigas, época em que permitia a realização de
cobrança de dívidas pelo poder da autotutela, através da realização de diversas
atrocidades com os devedores, para assim receberem seus créditos, ou para quer
servissem de exemplos, para os demais.

Para melhor compreensão partimos do direito romano, período em, que inicia
com a autotutela, ou seja, a justiça privada. Justiça esta, que não tinha um
processo executivo que possibilitasse a defesa do devedor, bastava uma prova
literal da dívida para autorizar o credor promover sua própria execução.

Com o passar dos tempos, chega-se, a uma fase que continha a mínima
intervenção do estado, permitindo que o devedor pagasse a dívida, caso
permanecesse inerte, o juiz entregava a pessoa do devedor ao credor como forma
de satisfação do crédito, não existindo possibilidade de a execução recair sobre o
patrimônio do devedor, recaindo apenas sobre a pessoa.

Uma das principais leis que retratavam esse procedimento executório, era a lei
das XII Tábuas, que tinha o seguinte capítulo:

TÁBUA TERCEIRA
Dos direitos de crédito
4. Aquele que confessar dívida perante o magistrado, ou for condenado,
terá 30 dias para pagar.
5. Esgotados os 30 dias e não tendo pago, que seja agarrado e levado à
presença do magistrado.
6. Se não pagar e ninguém se apresentar como fiador, que o devedor seja
levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com
peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quiser o credor.
7. O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor
que o mantém preso dar-Ihe-á por dia uma libra de pão ou mais, a seu
critério.
8. Se não houver conciliação, que o devedor fique preso por 60 dias,
durante os quais será conduzido em três dias de feira ao comitium, onde
se proclamará, em altas vozes, o valor da dívida.
9. Se não muitos os credores, será permitido, depois do terceiro dia de
feira, dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os
credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem
poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre1.
Leciona Leonardo Greco, que:

A execução era privada, por que efetivada pelo próprio credor, e não pelo
juiz. Era penal por que consistia na imposição de castigos físicos e
morais, perda da liberdade, inicialmente temporária, depois definitiva,
exposição no mercado público, perda da vida e esquartejamento do corpo,
que em si, não satisfaziam o crédito do exequente, mas apenas meios
coativos indiretos para romper a resistência do devedor que relutava em
saldar o débito(...)2.
Outra importante norma que descreve bem a realidade da época é o Código de
Hamurábi, que previa em seu texto que, aquele que permanecesse inadimplente,
poderia ser submetido a formas de execuções que recairiam sobre sua pessoa, ou
até mesmo nas pessoas de seus familiares, conforme (§§ 117 do Código de
Hamurábi), “117º – se alguém tem um débito vencido e vende por dinheiro a
mulher, o filho e a filha, ou lhe concedem descontar com trabalho o débito,
aqueles deverão trabalhar 3 anos na casa do comprador ou do senhor, no quarto
ano este deverá libertá-los”3
Com o decorrer dos anos essas medidas executivas foram perdendo força,
passando a vigorar um processo de execução que respeitava o ser humano,
decaindo com isso o modelo romano denominado actio iudicati4, passando a
vigorar a execução jurisdicionada pelo estado, tirando a execução das mãos do
credor.
Para Humberto Theodoro Júnior, “Mas aboliu-se a actio iudicati com novo
procedimento contraditório, para autorizar a execução forçada como uma simples
atividade complementar do juiz da condenação”5
Decaindo o império romano, passa-se a ter um processo de execução baseado no
modelo germânico, contendo resquícios do modelo anterior, pois não aboliu por
completo o sistema de execução pessoal, pois o descumprimento da obrigação,
era tido como um ofensa a pessoa do credor, autorizando este, a agir por meio da
força, obrigando o devedor a adimplir o débito.

Nesta fase da evolução histórica, o credor poderia ir atrás dos bens do devedor e
penhorá-los, sem o seu consentimento, só a partir da penhora, que era permitido
ao devedor se defender da invasão patrimonial.
Esse modelo de processo executivo, não aplicava a execução sobre a pessoa para
todos os devedores da época, aplicando apenas para aqueles devedores
fraudadores, os que fugiam para não pagar e aqueles que se desfaziam de seu
patrimônio com intuito fraudulento.

Humberto Theodoro Júnior, retrata em sua obra uma das grandes diferenças entre
os modelos germânicos e romano, respectivamente, que era:

Notava-se, entretanto, uma diferença: na execução promovida com base


em sentença, as possíveis defesas do devedor eram muito reduzidas,
graças a coisa julgada que amparava o pedido do credor. Cogitava-se
apenas da nulidade da sentença e do pagamento posterior a ela. Já na
execução fundada em título negocial assegurava-se ao executado a
possibilidade de se defender-se por todos os meios6
Diante das constantes transformações que o processo executivo passou na idade
média, isso fez com que suas mudanças refletissem nos outros países, como a
Europa, penetrando no direito Português, vindo adentrar no Brasil.

3.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE


EXECUÇÃO BRASILEIRO
O processo de execução chega ao Brasil depois de sofrer várias mutações, que se
iniciaram na idade média, passando pela Europa, emergindo aqui no Brasil no
período colonial, época em que as leis portuguesas eram fruto da influência das
leis romanas, vigorando a priori as Ordenações Afonsinas, que traziam para
época dois tipos de execução.
Assim explana Leonardo Greco: “No início da monarquia portuguesa havia duas
formas de execução: uma patrimonial, movida contra o devedor solvente; outro
pessoal, contra o devedor insolvente, exercida por autoridade privada do credor,
em que o devedor era reduzido a escravidão”7
Decorrido alguns anos, surge outra grande transformação no processo de
execução, implementado pelas Ordenações Filipinas, de 1602, que trazia em seu
livro 3º, título 25, o procedimento da assinação de dez dias “procedimento
análogo ao da atual ação monitória. O réu era citado para em dez dias, pagar,
comprovar que o fez ou oferecer Embargos. Recebido os Embargos, a causa
seguia o rito ordinário. Da sentença cabia apelação, sem efeito suspensivo” 8
Após as Ordenações Filipinas, adveio no ordenamento jurídico brasileiro o
Regulamento 737 que regulamentou o direito comercial, indiretamente atingindo
o direito civil, contribuindo para a evolução das normas brasileiras em relação as
normas europeias.

O regulamento de 737, trouxe o processo de execução que vinculava o juiz da


execução ao juiz que proferiu a sentença, regulando ainda o instituo da fraude
contra credores, dividindo o processo de execução em execução pela
expropriação e execução de sentença sobre direito real.

Desaparece então com o advento do regulamento, os sistemas executórios de


caráter pessoal, passando a vigorar um sistema de execução pautado no princípio
da dignidade da pessoa humana, com diretrizes mais humanísticas e com sanções
de cunho processual e patrimonial.

Apesar de não existir mais castigos corporais para o devedor que se retardasse a
pagar seu débito, ainda tinha resquícios da execução de cunho pessoal, pois quem
ficasse em mora com o seu dever de adimplir o débito, pelo período de três
meses, ou praticasse atos de cunho fraudatório, poderia ser preso.

Devido ao aumento das relações contratuais, surgiram os primeiros códigos


nacionais dos Estados, que vigoraram até 1939, época que surgiu o primeiro
Código Nacional de Processo Civil:

O Código de 1939, que foi o primeiro código nacional de processo civil,


baniu definitivamente a assinação de 10 dias e estabeleceu o
dualismo: ação executiva, ação de conhecimento, como penhora
incidente, contestação, sentença e subsequentes atos executórios, para os
títulos extrajudiciais; processo de execução, para a sentença condenatória,
da competência do juiz da causa.9
Com a entrada em vigor deste código, ficou restringido a possibilidade da prisão
civil, somente para os casos de inadimplemento de dívida alimentícia e para o
caso do depositário infiel. Após 34 (trinta e quatro) anos, tivemos a substituição
do código de 1939, pelo código de 1973, reformulando em vários aspectos o
processo de execução, coibindo as fraudes e criando um rol de títulos
extrajudiciais.
Leonardo Greco assevera que:

O Código de 1973, deu nova configuração ao processo de execução,


eliminando a anacrônica ação executiva, unificando os procedimentos
executórios, independentemente da natureza judicial ou extrajudicial do
título executivo, e retirando do processo de execução a atividade
cognitiva que se concentrou em processo incidente, mas autônomo,
provocado pela ação chamada de Embargos do Devedor.10
Esse novo sistema de execução, procurava garantir a satisfação do processo de
execução através de medidas como a penhora e multas, tentando solucionar os
casos de não efetividade do processo executivo.

3.3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL


CONTEMPORÂNEO
Com o advento do código de 1973, passou-se a dividir a execução em 03 (três),
procedimentos, quais sejam, execução de fazer, execução de não fazer e as
execuções das obrigações de dar, tendo como fundamento ambas, uma sentença
executiva, e o descumprimento da obrigação.

Na década de 90 (noventa), as normas processuais civis, tiveram grandes


mudanças, em relação a execução originada do processo de conhecimento,
conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

a) proclamou-se, enfaticamente, que é direito do credor o acesso à


execução específica, mesmo no caso de obrigação de fazer (art.461);
b) criou-se a antecipação da tutela, no processo de conhecimento, para
evitar o risco do insucesso da futura execução de sentença, e que atua,
praticamente, como antecipada realização, em caráter provisório, de
medidas que na verdade deveriam acontecer como efeito prático de
sentença ainda não proferida (art. 273 e 461, §3);
c) ampliou-se, ao máximo, o conceito de título executivo extrajudicial, de
maneira a configurá-lo em qualquer documento particular firmado pelo
devedor e duas testemunhas no qual se tenha assumido obrigação de
qualquer natureza (CPC, art. 585 II), desde que tal título se revista de
liquidez, certeza e exigibilidade (CPC, art. 586);
d) por outro lado, procurou-se eliminar um dos mais graves entraves e a
eficácia e ao prestígio da execução por quantia certa que eram as
controvérsias em torno de anulações de arrematação por disputas nascidas
de alienação fraudulenta de imóveis penhorados. A medida tomada
consistiu em tornar obrigatória a inscrição do gravame judicial no
Registro de Imóveis (CPC, art. 659, §4)11.
Uma das consequências trazidas pelas alterações, foi tentar combater a fraude a
execução, registrando a penhora do processo de execução no cartório de Registro
de Imóveis, passando a possuir eficácia erga omnes12, sendo assim, qualquer
adquirente de uma propriedade ao realizar o registro no cartório de imóveis,
descobrirá a existência de penhora judicial, tornando o processo de execução
mais seguro.
Humberto Theodoro Júnior ensina que:

Enfim, um processo a serviço de metas não apenas legais, mas também,


sociais e políticas. Um processo que além de legal, seja sobretudo um
instrumento de justiça. Assim o devido processo legal dos tempos de João
Sem Terra tornou-se, em nossa época, o processo justo.13
Para que o processo de execução alcance o objetivo principal, que é a efetividade
de seu título, é necessário eliminar os riscos que o credor suporta em seu direito,
fazendo com que o devedor execute a prestação que lhe é imposta.

Segundo Júnior (2002 p. 40)14, “esse novo processo de execução tinha certos
meios executivos peculiares, sendo um desses meios a coação pessoal, meio este
que não era a execução em sentido literal, mas causava certo temor ao devedor,
através das multas e prisão civil, possuindo ainda como meio executivo a sub-
rogação, meio este que o estado retirava da posse do devedor determinado bem,
entregando ele ao credor ou realizando ato de expropriação para levantar o valor
devido pelo credor”
Atualmente temos um processo executivo, dividido em dois procedimentos, quais
sejam, o processo executivo realizado em uma ação autônoma, a qual tem por
base os títulos executivos extrajudiciais, fase esta que origina uma nova relação
processual, não tendo a priori uma fase conhecimento.
O segundo procedimento se dá por meio cumprimento de sentença, onde o credor
obtém na fase de conhecimento o direito, configurado em uma sentença, ocasião
em que poderá requerer o início do cumprimento de sentença.

Esta modalidade de execução é uma extensão do processo cognitivo, sendo


processada na forma de cumprimento de sentença, tendo continuidade nos
mesmos autos da ação principal, bastando uma mera petição para que se inicie a
fase executória.

Marcello de Amaral Perino e Alessandra Teixeira Miguel Perino, ensina que essa
nova sistemática processual, tem o nome de processo sincrético, que significa:
“Processo sincrético é aquele que possui num mesmo processo a fase de
conhecimento e a fase executiva de satisfação do título judicial, sem a
necessidade de se iniciar processo autônomo de execução para tornar efetiva a
prestação jurisdicional”15
Essa nova sistemática processual proporciona uma maior segurança jurídica,
garantindo ao credor uma maior facilidade no acesso à justiça, criando um
processo mais célere, justo e eficaz.

3.4. PROCESSO DE EXECUÇÃO NO DIREITO


COMPARADO
Até o presente momento concluímos a execução em seu fator histórico, partindo
das primeiras civilizações até adentrar ao direito moderno, para então passar a
estudar o direito executivo de forma comparada com outros países.

O direito Italiano foi pioneiro ao prevê os 3 (três) requisitos imprescindíveis, para


configurar um título, quais sejam, certeza, liquidez e exigibilidade. Começando a
parti daí a discussão doutrinária acerca do que configuraria esses títulos
executivos.

Leonardo Greco citando LIEBMAN, diz que:

[...] a existência de um título como condição necessária e suficiente da


execução, foi princípio que se constituiu no processo comum italiano,
desenvolveu-se ulteriormente na França, encontrando acolhida hoje nas
legislações em vigor em quase todos os países do continente europeu 16
A legislação italiana previa que título executivo era o documento que provava a
existência da dívida, tendo como diferença do título judicial para o extrajudicial o
fato, do título judicial ser emanado de uma resposta jurisdicional, proferida por
um juiz. Uma das falhas desse modelo era o fato do título se tornar uma prova
absoluta, pois um mero título não pode ser suficiente para caracterizar uma
relação jurídica, devendo ser corroborado por maiores elementos, não podendo
ser considerado o rei das provas.

Este modelo, de execução era predominantemente, realizado por sub-rogação de


bens, ou seja, priorizava a penhora dos bens do devedor, sendo permitido a
adjudicação pelo credor no caso de insucesso dos leilões.

Prosseguindo o estudo comparado, nos deparamos com o direito Alemão, que


previa duas modalidades de execução, a execução judicial fundada em uma
sentença e a execução cambiária, originaria dos títulos de créditos, não admitindo
o instituto da reconvenção, restringindo as possibilidades de provas, permitindo
basicamente as documentais e as obtidas através de oitivas.

De acordo com Leonardo Greco, no processo de execução alemão:

O tribunal que expediu a fórmula executória (§732) decidirá as objeções


que possa apresentar o devedor relativamente à procedência da sua
concessão. Antes de decidir, poderá adotar uma medida provisória,
suspendendo a execução com ou sem caução, ou condicionando a caução
o seu prosseguimento.17
Esse processo executivo, se dava por vários atos, onde os serventuários da justiça
adentravam no patrimônio do devedor, realizando buscas e apreensões e penhora.
O direito executivo alemão era divido em dois tribunais, sendo eles, o tribunal de
primeiro grau responsável pelo processo executivo da obrigação de fazer ou de
não fazer, e o tribunal de execução, competente para o processamento das
execuções de sentenças de qualquer juízo.

Possuía como única garantia ao credor, o fato de contra sua pessoa não poder ser
executados medidas que seja contraria as leis e ao princípio da dignidade da
pessoa humana, surgindo com isso as multas coercitivas, para evitarem o
inadimplemento das dívidas. Se por ventura o devedor queda-se inerte com sua
obrigação, aí poderia ser utilizado o juramento de manifestação18, e a prisão civil,
como forma de exceção a execução patrimonial.
Avançando nas legislações estrangeiras sobre o tema, abordara em sequência o
Direito Francês, direito que reafirmava a necessidade da presença dos 3 (três)
requisitos para que o título executivo possa ser levado a execução, quais sejam,
certeza, liquidez e exigibilidade, permitindo então a execução provisória da
sentença desde que, a sua concessão não cause lesão grave ou de difícil reparação
ao credor, sendo imputado ao devedor no caso de descumprimento, as multas.

A criação das astreintes, originada de início da jurisprudência e depois codificada


em lei, proporcionou uma maior segurança ao credor, conforme escreve em sua
obra Leonardo greco, astreintes são:

Criada pela jurisprudência, foi ela legitimada pela lei nº 72-62, de 5 de


julho de 1972, sendo estendida a todas as espécies de obrigação, além de
servir para coibir a negligência do credor de má-fé de qualquer litigante
ou até a inércia ou recusa de terceiro em colaborar com a administração
da Justiça, constituindo nestas últimas hipóteses a chamada astreinte
endoprocessual, ou seja, sanção pelo descumprimento de deveres
processuais.19
Analisando as legislações norte-americanas, no tocante ao processo de execução,
verifica-se, que eram regidas por normas estaduais, e não federais. Uma
peculiaridade do sistema norte-americano era o fato de cada estado ter sua
própria norma executiva.

Havia previsão para os casos em que o devedor não tinha bem na juridição
competente para a execução, ocasião em que se permitia o deslocamento do
processo para a comarca onde se situava os referidos bens.

O direito norte-americano, previa como garantia para o devedor o devido


processo legal, nas palavras de Leonardo Greco “Para a imposição de sanção,
deve haver sempre prévio contraditório e audiência”20
Seguindo em análise do direito comparado, adentramos no direito Português, que
se dividia em 02 (duas) ações executivas: “O atual Código de Processo Civil
Português, no artigo 4º, classifica as ações em consoante o seu fim em
declarativas ou executivas aquelas em que o autor requer providências adequadas
a reparação efectiva do direito violado”21.
No Direito Português, não existe diferença entre sentença e despacho, para fim de
configurar um título executivo, podendo ambos serem considerados, desde que
preencham os requisitos da certeza, exigibilidade e liquidez.

Agora já na América Latina, abordaremos o Direito Uruguai, que vigorava


apenas com um sistema processual, ou seja, a execução pela via judicial, exercida
por um juiz. Conforme ensina Leonardo Greco, o primeiro código ibero-
americano surgiu em:

Em 1988, o Uruguai adotou o seu Código General del Processo e em


1990 o Instituto Ibero-Americano concluiu os estudos do Código de
Processo Civil Modelo para, que guardam profundas semelhanças e
representam monumentos que dignificam a ciência processual latino-
americana.22
Código este que permitia a execução provisória, avaliada caso a caso, prevendo
ainda meios coercitivos patrimoniais como as astreintes, e pessoal como a prisão
civil, sendo ambos os institutos utilizados como forma de coação indireta.

Outra medida trazida por este código foi o fato de criar as medidas cautelares,
para garantir a satisfação do direito do devedor, sendo a principal medida, a
penhora, que poderá ser requerida quando determinados bens estão em litígios,
ou pode ser uma penhora genérica para que se evite que o devedor se desfaça de
todo seu patrimônio.

3.5. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E O PACTO DE SAN


JOSÉ DA COSTA RICA
Para finalizar essa parte introdutória sobre a execução, especificamente sobre a
execução de alimentos, temos que analisar as consequências da incorporação do
Pacto de San José da Costa Rica no direito brasileiro, e os reflexos desse diploma
normativo, em relação a execução.

Tendo em vista que o processo de execução é instrumento colocado a disposição


do credor de alimentos, para que possa ser manejado no caso de inadimplemento
do devedor, devendo ser utilizado de acordo com as normas constitucionais e
infraconstitucionais.

Não obstante a Constituição Federal prevê que seria possível a prisão civil em
duas hipóteses, quais seja, a prisão do depositário infiel e a do inadimplemento
voluntário de pensão alimentícia criando um conflito em parte com o Pacto de
San José, no tocante a prisão do depositário infiel, que é vedada pelo tratado.

Apesar do conflito em relação a prisão do depositário infiel, vamos nos ater


apenas a prisão do devedor de alimentos, que se encontra respaldo nas duas
normas jurídicas, frisando a importância da dívida oriunda dos alimentos.

O Pacto de San José da Costa Rica, é uma demonstração de que a prisão civil só
pode ser decretada em caráter excepcional, apenas no caso do devedor de
alimentos. No caso do Pacto de San José, é pacífico que foi incorporado em
nosso ordenamento com status de supralegalidade, ficando acima das leis
infraconstitucionais, abaixo da constituição, em virtude de não ter sido submetido
a nenhum quórum qualificado em sua aprovação.

Resta evidenciado que o direito aos alimentos é de magnitude internacional,


sendo garantido por normas infraconstitucionais, constitucionais e tratados,
diante desta ampla proteção que lhe é dado, se houver violação, deve ser levado
em conta o fato de ser um direito inerente a dignidade da pessoa humana, para
dar uma resposta de forma rápida e eficaz por parte do estado.

Cumpri ressaltar que os tratados de direitos humanos, só terão força de emenda


constitucional se forem aprovados nos moldes do §3º do art. 5º da Constituição
federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais. 23
No entanto, diante de amplo respaldo legal, nas legislações, constituição e
tratados, a execução de alimentos merece ser repensada, no que tange seus meios
executivos, devendo acompanhar a angústia da sociedade, quando os meios
tradicionais não logram êxito no cumprimento da obrigação, buscando inovações
para tutelar esse direito.

3.6. NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO


Para se chegar a natureza da execução, temos que estar ciente que no Direito
Processual moderno, não se admite mais o modelo de justiça privada. Atualmente
há um processo de execução regido pelas normas estatais, emanadas pelo
legislativo, onde o estado aplica a lei ao caso concreto, através da função
jurisdicional, resolvendo os litígios, colocando fim a justiça advinda da
autotutela.

Modernamente, não se pode dizer que a única função do Estado seria dizer o
direito, assim cabe ao estado, perante o processo de execução dispor de todos os
meios para que o credor efetive seu crédito, não deixando que este tenha de se
valer da autotutela para receber seu crédito.

Para Humberto Theodoro Júnior:

Pela jurisdição o Estado, não cria o direito, nem mesmo o completa.


Apenas revela e faz atuar suas normas preexistentes. Com ela o Estado
realiza uma de suas funções fundamentais, substituindo os titulares dos
interesses em conflito, para imparcialmente buscar a atuação da vontade
do direito objetivo substancial, válida para o caso concreto.24
Pode dizer que a natureza jurídica do processo de execução é de coercibilidade,
pois, visa que o devedor cumpra sua obrigação sob pena de sanções de caráter
processual e pessoal. Se diferindo do processo de conhecimento, onde o juiz
exerce função jurisdicional. No processo de execução, o juiz exerce função
jurisdicional executiva.

Araken de Assis, consigna que:

[...] os mecanismos executivos impedem, igualmente, a infração de


direitos absolutos e relativos, e vetam, destarte, a reiteração de lesões. Em
tais casos, impõe-se ao executado facere25 infungível, positivo ou
negativo (infra 19), graças a aplicação do meio executivo pertinente.26
Em relação a execução de alimentos, infere-se que sua natureza é creditória,
patrimonial, pois compõem essa relação os três elementos da relação
obrigacional, sendo uma obrigação que retira de um patrimônio e transfere a
outro, configurando assim, uma relação creditícia.

Araken de Assis, assegura que:

Do ponto de vista patrimonial processual, único que aqui importa, haja


vista o propósito de tratar da realização executiva da obrigação alimentar,
os alimentos constituem crédito, por que participam, nesta qualidade, da
estrutura concebida pelo Código de Processo Civil, ou seja, do processo
executivo27
Leonardo Greco, arremata dizendo que:

Em consequência do aqui exposto, pode se definir a execução como a


modalidade de tutela jurisdicional consistente na prática pelo juiz ou sob
o seu controle de uma série de atos coativos concretos sobre o devedor e
sobre o seu patrimônio, para, à custa dele e com ou sem o concurso da sua
vontade, tornar efetivo o cumprimento de prestação por ele inadimplida,
desde que previamente construída na forma da lei.28
4. PRINCIPAIS ASPECTOS DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO
4.1. DOS PRINCÍPIOS
Mesmo sendo o processo de execução autônomo e com princípios próprios,
submete-se ainda aos princípios constitucionais do processo, quais sejam, a
ampla defesa, contraditório e o devido processo legal e demais princípios
norteadores do processo civil.

Não é tarefa fácil conceituar o que são princípios, mas de modo geral, pode se
dizer que são normas que originam de direitos fundamentais em um ordenamento
jurídico, contribuindo para a integração das normas em possíveis conflitos ou
omissões, sendo pilares de um estado democrático de direito.
Antes de adentrar nos princípios inerentes ao processo de execução, teceremos
algumas ponderações referentes a execução de alimentos frente ao princípio da
dignidade da pessoa humana.

Para Ingo Wolfgang Sarlet, pode se conceituar dignidade da pessoa humana


como:

Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva


de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste
sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram
a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e
desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação
ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em
comunhão com os demais seres humanos.29
Infere-se, que do princípio da dignidade da pessoa humana, decorre o direito aos
alimentos, pois sendo a alimentação um direito social, deixar o menor passando
necessidades, sem as mínimas condições para sobreviver, violaria um dos
fundamentos do estado democrático de direito.

A seguir discorreremos sobre alguns dos princípios específicos mais importantes


do processo executivo.

4.2. DO MENOR SACRIFÍCIO DO EXECUTADO


Este princípio advêm do princípio da dignidade da pessoa humana, onde garante
ao devedor que o processo recaia sobre os meios menos onerosos, fazendo com
que o devedor permaneça com um mínimo necessário para que sobreviva com
dignidade. “Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravosos ao devedor”30.
Pois o objetivo da execução é a satisfação do direito do credor, e não uma forma
de castigo para o devedor, se de um lado o credor tem direito de receber, do
outro, o devedor tem o direito de permanecer com o mínimo para sobreviver.

Apesar da pessoa do devedor merecer proteção, extrai-se, que as vezes os maus


pagadores são beneficiados, pela proteção que ordenamento dá ao devedor, pois
como já visto, no início das civilizações os devedores eram castigados de
maneira cruel e arbitrária por conta de suas dívidas, fato que originou esta
proteção, evitando com isso casos de retrocessos.

Verifica-se que o espírito do legislador ao prevê as garantias no processo de


execução, nada mais é do que evitar que o credor haja com excesso de poder, em
face da pessoa do devedor, evitando com isso uma regressão dos direitos
humanos e das normas jurídicas.

4.2.1. Da Realidade ou Patrimonialidade


Este princípio está pautado na patrimonialidade, ou seja, só se admitirá as
medidas coercitivas de caráter pessoal, só como medida de exceção, tornando o
processo de execução mais humanitário, evitando meios que atentem contra a
dignidade da pessoa humana e a pessoa do devedor.

Este princípio tem fundamento no artigo 591 do CPC, encontrando previsão legal
dentro do Livro II, do Processo de Execução, do Título I, da Execução em Geral,
do Capítulo IV, da Responsabilidade Patrimonial: “Art. 591 - O devedor
responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens
presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.” 31
Não obstante, a prisão civil ser um meio utilizado para efetivar o crédito no
processo de alimentos, não descaracteriza com isso a patrimonialidade do
processo de execução, uma vez que sua função é coercitiva, fazendo com que o
devedor utilize de meios patrimoniais, para saldar suas dívidas.

4.2.2. Da Disponibilidade dos Atos da Execução


Princípio este, que proporciona ao credor o direito de desistir de seu pleito
judicial, não sendo necessário o prévio consentimento do devedor, salvo na
hipótese em que os embargos versarem sobre o mérito, caso este que será
necessária o consentimento do embargado.

Assim, determina o artigo 569 do Código de Processo Civil:

Art. 569 - O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de


apenas algumas medidas executivas.
Parágrafo único - Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do
embargante.32
Sobre a necessidade de devedor anuir com a desistência da execução, está torna-
se dispensável, pois não seria crível que o devedor consentisse com a desistência
do credor uma vez este ser o dono do título objeto da execução. Sendo assim,
salvo os casos previstos no artigo acima pode o credor desistir livremente do
processo executivo, sem a anuência do devedor.

4.3. DOS ALIMENTOS
Para melhor elucidar o tema, tecer-se-á algumas informações sobre o objeto do
processo de execução, qual seja, os alimentos, estudando seus aspectos mais
relevantes, como, características, sujeitos classificações e natureza jurídica.

Na relação alimentícia, temos de um lado aquele que tem o dever de prestar os


alimentos, qual seja, alimentante ou devedor e do outro lado aquele que necessita
receber os alimentos, qual seja, alimentando, alimentado ou credor.

4.3.1. Definição de Alimentos
Evidencia-se, que na doutrina não há um consenso sobre o conceito de alimentos,
pois, sua definição pode englobar vários aspectos, entre eles, materiais,
intelectuais, sociais e psicológicos, de modo que contemplem todos os atributos
inerentes a dignidade da pessoa humana.

Para Sérgio Gischkow Pereira, o conceito de alimentos é:

Portanto, tecnicamente, é amplo o sentido do vocábulo, não se


restringindo ao ângulo fisiológico, ao sustento em sentido estrito.
Percebe-se, facilmente, a importância do assunto, respeitante aos mais
fundamentais dos direitos humanos: o de viver e o de viver com
dignidade.33
Temos ainda a definição do que seriam alimentos, nas palavras de Cristiano
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, conceitua alimentos como

Percebe-se, assim, que, juridicamente, a expressão alimentos tem sentido


evidentemente amplo, abrangendo mais do que a alimentação. Cuida-se
de expressão plurívoca, não unívoca, designando diferentes medidas e
possibilidades. De um lado o vocábulo significa a própria obrigação de
sustento de outra pessoa. A outro giro com a expressão alimentos,
designa-se também o próprio conteúdo da obrigação. Ou seja, sob a
referida expressão estão envolvidos todo e qualquer bem necessário a
preservação da dignidade da pessoa humana, como a habitação, a saúde, a
assistência médica, a educação, a moradia, o vestuário e, é claro também
a cultura e o lazer.34
Depreende-se da análise do direito de família, que, os alimentos possuem uma
concepção muita mais ampla, do que a tradução literal da palavra, pois, diante
das explanações acima, verifica-se que se o direito à vida é um dos direitos mais
importantes previsto em nossas legislações, e os alimentos são substrato que
garante a sobrevivência do alimentando, extrai-se que um direito leva a
sobrevivência do outro, estando interligados.

Se para sobreviver os seres humanos precisam se alimentar, ter um bom


tratamento de saúde, uma boa formação, acesso à cultura, divertimento, podemos
dizer que todos esses aspectos podem ser englobados dentro da acepção jurídica
alimentos, indo além do termo, como comida.

Infere-se que o direito aos alimentos, é um direito inerente a personalidade, que


visa garantir aquele que necessita, tenha o necessário para a sua sobrevivência,
tornando está compatível com a dignidade da pessoa humana.

Para melhor esclarecer a leitura, a doutrina classifica os alimentos de acordo com


sua natureza, dividindo eles em naturais ou necessários e civis ou côngruos.
Basílio Oliveira, conceitua que:

Os primeiros referem-se estritamente ao necessário à mantença da vida de


uma pessoa, compreendendo apenas a alimentação, a cura, o vestuário, a
habitação, nos limites do necessarium vitae, ou os meios imprescindíveis
ao exercício da existência. Já os civis abrangem outras necessidades, tais
como: intelectuais e morais, inclusive o lazer do alimentando,
compreendendo destarte, o necessarium personae, e são fixados segundo
a qualidade do beneficiário e os deveres da pessoa obrigada.35
Conclui-se, que aquilo que for necessário para a própria subsistência do
alimentando, é alimento necessário, e aquilo que for para manter o padrão de
vida, indo além do que é estritamente necessário para sobreviver, será
denominado de alimentos civis.

4.4. ALIMENTOS QUANTO SUA FINALIDADE:


Nesta classificação abordara os alimentos em relação a forma que são prestados,
podendo ser de cinco formas: alimentos definitivos, provisórios, provisionais,
gravídicos e transitórios.

Alimentos definitivos são aqueles determinados em sentença pelo juiz, de forma


definitiva, no final de uma lide, ou podem ser os alimentos acordados pelas
partes através de um acordo, possuindo imutabilidade até que outra decisão ou
acordo os modifique.

De acordo com Flávio Tartuce, alimentos definitivos são:

Alimentos definitivos ou regulares: fixados definitivamente por meio de


acordo de vontades ou de sentença judicial já transitada em julgado. A lei
11.441/2007, possibilitou que esses alimentos sejam fixados por escritura
pública, quando da separação ou divórcio extrajudiciais. Apesar da
denominação “definitivos”, podem ser revistos se ocorrer alteração
substancial no binômio ou trinômio alimentar, cabendo majoração,
diminuição ou exoneração do encargo, (artigo36 1699 do CC)37.
Esclarece que os alimentos tratados pela lei 11.441 de 2007, não são os alimentos
devidos pelos pais aos seus filhos, mas sim os alimentos entre os ex-cônjuges,
pois a referida lei só autoriza o divórcio administrativo ou extrajudicial, se não
tiverem filhos menores, por isso não tem como estipular alimentos para filhos
menores na hipótese prevista nesta lei.

Para Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, alimentos provisórios são:

Os alimentos provisórios possuem natureza antecipatória, sendo


concedidos em ações de alimentos (ou em outras ações que tragam o
pedido de alimentos de forma cumulativa), de forma liminar, initio
litis, bastando que se comprove, de forma, de forma pré-constituída, a
existência de obrigação alimentícia, conforme previsão do artigo 4º 38 da
lei 5.478/6839.
Já alimentos provisórios podem ser caracterizados por aqueles determinados no
começo da lide de forma liminar, desde que haja prova carreada que justifiquem
tal medida, seria uma espécie de tutela antecipatória do pedido. Podendo haver
ainda a estipulação de alimentos provisórios, no decorrer do processo, mas
sempre antes da sentença, pois, se não perderia a razão de serem provisório e
seriam definitivos.

Leciona Maria Berenice Dias, sobre a definição de alimentos provisionais:

Já os alimentos provisionais (CPC 852 I) são deferidos em ação cautelar


ou quando da propositura da ação de separação, divórcio, anulação de
casamento, bem como na ação de reconhecimento de união estável, e se
destinam a garantir a manutenção da parte ou a custear a demanda.40
Possuindo uma enorme semelhança com os alimentos provisórios, os alimentos
provisionais são espécies de alimentos antecipatórios, que visam a subsistência
dos credores. Apesar de ser uma medida tipicamente definida como cautelar, no
fundo não possui natureza assecuratória e sim satisfativa, pois visa a mantença da
outra parte.

Uma das dessemelhanças entre os alimentos provisórios e provisionais é a


necessidade de se ter prova pré-constituída nos autos para a sua concessão, sendo
obrigatoriamente o emprego da prova apenas nos alimentos provisórios, podendo
os provisionais serem concedidos mesmo sem a comprovação de prova pré-
constituída.

Ainda dentro da classificação quanto a finalidade dos alimentos, temos que


destacar os alimentos gravídicos, incrementados pela lei 11.804/2008, onde em
seu artigo 2º, prevê sua definição:

Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores


suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e
que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive os referentes
a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de
outras que o juiz considere pertinentes.41
Apesar da letra da lei ser autoexplicativa, far-se-á algumas ponderações, sobre
suas nuanças, pois, a definição de alimentos nesta lei, engloba tudo o que for
necessário para o desenvolvimento de uma gravidez saudável, desde a concepção
até o nascimento, sendo após o nascimento convertido em alimentos definitivos.

Assim, quando a gestante ingressa com ação no judiciário, para pleitear


alimentos gravídicos, mesmo sendo possível a realização de exame de DNA, para
averiguar a paternidade, esse exame não é realizado em virtude de ser prejudicial
para o feto, servindo então o magistrado no caso concreto das outras provas
carreadas aos autos para formar seu convencimento, podendo ser concedidos os
alimentos sem a realização do exame de DNA.

Caso após o parto fique provado que o suposto pai não é o genitor da criança,
forma-se, uma celeuma, pois sendo os alimentos irrepetíveis, só resta a pessoa
lesada, propor ação de indenização para que possa ser reparado eventuais
prejuízos que tenha sofrido.

Apesar de haver entendimento contra, prevalece o entendimento que a pessoa


lesada pode ingressar no judiciário, pois, se tal direito fosse negado, haveria
cerceamento ao direito de petição previsto em nossa constituição.

A última modalidade de finalidade dos alimentos, são os alimentos transitórios,


ou seja, de acordo com Flávio Tartuce são: “Reconhecido pela mais recente
jurisprudência do STJ, são aqueles fixados por determinado período de tempo, a
favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, fixando-se previamente o seu termo
final.”42
Esses alimentos se diferem dos provisionais, pois enquanto os provisionais têm
natureza cautelar, esses possuem natureza satisfativa, pois, são fixados mediante,
termo, com data de duração estipulada, não podendo nesse caso, o seu
inadimplemento gerar a prisão civil do devedor.

Seria uma espécie de alimento destinado apenas para os casos, em que as pessoas
comprovem que de imediato não tem condições de retornarem ao mercado de
trabalho, necessitando que a outra pessoa contribua, até que consiga retornar as
suas atividades laborais e prover o próprio sustento, por isso os nomes
transitórios, uma vez serem destinados para uma fase de transição.

4.5. ALIMENTOS QUANTO A CAUSA JURÍDICA


A doutrina divide os alimentos quanto a causa em três espécies, sendo elas, legal,
convencional ou indenizatórios.

Yussef Said Cahali, explica que alimentos legais ou legítimos são:

Como legítimo, qualificam-se os alimentos devidos em virtude de uma


obrigação legal; no sistema do nosso direito, são aqueles que se devem
por direito de sangue (ex iure sanguinis), por um veículo de parentesco ou
relação de natureza familiar, ou em decorrência do matrimônio; só os
alimentos legítimos, assim chamados por derivarem ex dispositione
iuris, inserem no Direito de Família.43
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, escreve que alimentos
voluntários também denominado de convencionais, são: “De outro turno, são
voluntários quando decorrem de ato espontâneo de quem os presta, seja inter
vivos ou causa mortis.”44
Para finalizar a classificação Flávio Tartuce, traz em sua obra que: “Alimentos
indenizatórios, ressarcitórios ou indenitários: são aqueles devidos em virtude da
prática de uma ato ilícito como, por exemplo, o homicídio, hipótese em que as
pessoas que dependiam do morto podem pleiteá-los (art. 948, II45, do CC)”.46
Nessa perspectiva, temos que alimentos legais ou legítimos são aqueles
decorrentes dos vinculo do direito de família, os alimentos convencionais ou
voluntários, são aqueles que podem decorrer através do evento morte, como no
caso de testamento e legados, podendo advir de atos intervivos, através de ato de
liberalidade do voluntariante.

Por último vimos os alimentos indenizatório ou ressarcitório, que são aqueles


oriundos da responsabilidade civil, onde são determinados através de uma
sentença condenatória, onde fica determinado a reparação de danos com caráter
alimentar.

4.6. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS QUANTO A


FORMA DE PAGAMENTO
Flávio Tartuce em sua obra classifica como:

Alimentos próprios ou in natura: pagos em espécie por meio do


fornecimento de alimentação, sustento e hospedagem, sem prejuízo do
dever de prestar o necessário para a educação dos menores (art. 1701,
caput47 do CC).
Alimentos Impróprios: pagos mediante pensão, o que é mais comum na
prática. Cabe ao juiz da causa, de acordo com as circunstâncias do caso
concreto fixar qual é a melhor forma no caso concreto, qual é a melhor
forma de cumprimento da prestação (Art. 1701, parágrafo único 48, do
CC)49
Resta evidenciado que alimentos próprios são aqueles inerentes ao sustento do
credor, correspondendo a própria prestação, (alimentos, vestuários,
medicamentos), já os impróprios são aqueles prestados mediante prestações
pecuniárias, as permitem a aquisição de alimentos para a sobrevivência.

4.7. NATUREZA JURÍDICA
Dando continuidade aos estudos, verificar-se-á a natureza jurídica dos alimentos
com origem no direito de família. De acordo com Cristiano Chaves de Farias e
Nelson Rosenvald, a natureza jurídica dos alimentos é:

No tocante a natureza jurídica, convém pontuar que, se os alimentos se


prestam a manutenção digna da pessoa humana, é de se concluir que a sua
natureza é de direito da personalidade, pois se destinam a assegurar a
integridade física, psíquica e intelectual de uma pessoa humana50
Devido ser uma questão controversa, há entendimentos diverso que: “De
qualquer forma o tema não é pacífico havendo em sede doutrinária, quem prefira
enxergar neles uma natureza mista, eclética com conteúdo patrimonial e
finalidade pessoal. ”51
Diante das duas correntes, subentende-se que a primeira corrente é pouco, mas
restritiva, entendendo que os alimentos possuem natureza jurídica pessoal, pois
visa a mantença do ser humano, já a segunda corrente, a eclética, é mais branda,
compreendendo que os alimentos possuem natureza patrimonial, pois envolve a
relação de credor e devedor, com uma finalidade estritamente pessoal, qual seja,
a mantença da própria pessoa, inerente da dignidade da pessoa humana.
4.8. CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Os alimentos possuem aspectos muito peculiares, pois são a fonte da
sobrevivência, fugindo das características comuns, entre eles estão os seguintes:

4.8.1. Personalíssimo
Pode se dizer que os direitos aos alimentos são personalíssimos, pois não podem
ser transmitidos a outros, seja através de um negócio jurídico ou outro
acontecimento. Devendo estes serem estipulados levando se em consideração as
pessoas integrantes da relação, considerando o binômio necessidade de quem
pleiteia e possibilidade de quem os suporta, sedimentando ainda mais o sentido
de serem personalíssimo.

4.8.2. Irrenunciáveis
O primeiro aspecto a ser analisado dentro da irrenunciabilidade dos alimentos é
saber quando eles podem ser renunciados e quem podem renunciá-los.

Nesse contexto, resta saber que os alimentos pagos aos ex-cônjuges, advindos da
separação ou divórcio, estes, sim podem haver a renúncia, que, uma vez exercida
não pode mais ser revertida.

Se o credor renúncia seu direito aos alimentos na dissolução da sociedade


conjugal, não pode futuramente ingressar com tal ação, pegando de surpresa o
devedor, sendo vedado esse tipo de comportamento, conforme a máxima venire
contra facto proprium52.
Já em relação aos incapazes, esse entendimento já não se aplica, uma vez que não
podem renunciar seu direito aos alimentos, podendo somente optar por não
exercê-lo naquele momento, mas nunca renunciá-lo, podendo a qualquer tempo
ingressar em juízo para fazer valer seu direito.

Devido a previsão normativa do artigo 1. 707, do Codex: “Art. 1.707. Pode o


credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o
respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. ” 53, surge os
vários questionamentos sobre a possibilidade de renúncia, sendo pacífico na
doutrina e na jurisprudência a possibilidade de renúncia só em relação aqueles
destinados a pessoas capazes, conforme ensina Cristiano Chaves de Faria e
Nelson Rosenvald:
Dessa maneira, apesar da redação do art. 1707 do Codex, é possível
concluir que o entendimento prevalecente é no sentido de que os
alimentos são irrenunciáveis, apenas quando fixados em favor de
incapazes, como no exemplo dos alimentos devidos entre parentes. Entre
pessoas capazes, admite-se a renúncia, sendo vedada a cobrança posterior
do pensamento.54
4.8.3. Irrepetibilidade
Flávio Tartuce em sua obra, escreve que: “[...] Assim, não cabe ação de repetição
de indébito, para reaver o que já foi pago (actio in reverso). ” 55 Significa dizer
que uma vez pago os alimentos ao credor, não pode o devedor requerer a
devolução daquilo que já foi pago, salvo no caso em que ficar demonstrado má-fé
de quem se beneficiou.
Situação está trazida pela doutrina como relativização da irrepetibilidade,
conforme defende Maria Berenice Dias: “Admite-se a devolução exclusivamente
quando comprovado que houve má-fé ou postura maliciosa do credor.”56
Assim sendo, a regra é que os alimentos são irrepetíveis, sendo uma vez pagos,
os devedores não podem exigi-los de volta, mesmo que se verifique que a causa
ensejadora deles era nula ou viera a deixar de existir. Admitindo-se como
exceção e por minoria da doutrina a repetição do indébito somente no caso de
má-fé do credor, ou o manejo da ação de reparação de danos, alegando dolo da
parte contrária.

4.8.4. Imprescritibilidade
Significa dizer que poderá o credor a qualquer tempo ingressar em juízo para
pleitear alimentos, não se sujeitando esse direito a nenhum prazo de prescrição,
conforme os ensinamentos de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “
[…] O direito de obter em juízo a fixação de uma pensão alimentícia pode ser
exercido a qualquer tempo, presentes os requisitos exigidos por lei, não havendo
nenhum prazo prescricional.”57
4.8.5. Impenhorabilidade
Essa característica deriva do fato de serem os alimentos, personalíssimos e
inalienáveis, pois, sendo tal verba destinada ao sustento da pessoa, seria
contraditório deixar que se penhorasse esse crédito, contrapondo a sua finalidade.

Impecavelmente Yussef Said Cahali é ao dizer que:


Trata-se de um direito personalíssimo, destinado o respectivo crédito a
subsistência da pessoa alimentanda, que não dispõe de recursos para
viver, nem pode prover às suas necessidades pelo próprio trabalho, não se
compreende possam ser as prestações alimentícias penhoradas;
inadmissível, assim que qualquer credor do alimentando possa privá-lo do
que é estritamente necessário à sua subsistência.58
4.8.6. Transmissibilidade
Diante da previsão legal do artigo 1700 do Código Civil temos que: “Art. 1.700.
A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma
do art. 1.694. ”59
Sendo muito debatido na doutrina se o direito de prestar
alimentos termina com a morte. Vem o STJ através de suas decisões
solucionando as dúvidas, conforme escreve Flávio Tartuce: “Por fim anote-se
que o STJ entendeu que para que o espólio tenha responsabilidade pelos
alimentos há a necessidade de condenação prévia do devedor falecido” 60
5. DA INSCRIÇÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS NOS
ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
Inicia-se neste capítulo, um estudo sobre calcanhar de Aquiles do processo
executivo, pois, corre a mil maravilhas a execução quando o devedor possui
bens, patrimônio ou emprego, aos quais possam recair a execução. Diante das
hipóteses abordadas a seguir, constata-se que, sempre iremos nos deparar com
casos em que o credor tem um título em mãos e não consegue obter êxito em
determinada demanda executiva.

Situação está que enseja a aplicação de medidas como a negativação do devedor


de alimentos nos órgãos de proteção ao crédito, e até outras medidas que o
magistrado entender necessária dentro de um poder de cautela, que lhe é
conferido.

5.1. EXECUÇÃO PELO RITO DA PRISÃO


Adentrando nas modalidades de execução, começaremos tratando da execução
dos 03 (três) últimos meses, modalidade esta que traz como medida coercitiva
pelo seu inadimplemento a única hipótese aplicável de prisão civil em nossa
Constituição Federal. “Art. 5º. LXVII. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a
do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel”61.
A execução pelo rito da prisão é o método mais competente previsto em nosso
ordenamento pátrio, uma vez causar um temor aos maus pagadores de irem para
a prisão, mesmo que seja por pouco tempo.

Como toda regra tem exceção, aqui não é diferente, pois existem aqueles
devedores que nem mesmo à hipótese de serem presos, não é suficiente para
fazer com que eles cumpram com sua obrigação, sendo necessário adotar novas
medidas para que se evite o inadimplemento em massa.

Após essa breve consideração propedêutica sobre o tema, notamos que o


problema ocorre quando os maus pagadores, mesmo após serem preso, não
efetuam o adimplemento do débito, permanecendo preso até findar a pena. Após
cumprirem a pena que lhes são impostas, são postos em liberdade, passando a
responder pela dívida com seu patrimônio como veremos a seguir.

5.2. EXECUÇÃO PELA EXPROPRIAÇÃO


Esta segunda modalidade de execução, consiste na execução das parcelas
pretéritas, onde o devedor é citado para pagar o débito, caso não efetue o
pagamento nem justifique, ocorrera a penhora de bens e contas bancárias, com o
objetivo de serem expropriados, para serem convertidos em dinheiro para o
credor.

Em relação a este procedimento, fica a crítica, pois se o devedor de alimentos não


tiver bens para que se realize a penhora, o processo de execução se torna
frustrado, pois, não há uma solução jurídica, prevista na nossa legislação para os
casos de execução em face de devedor insolvente.

Diante do fato da grande maioria dos devedores de alimentos, não possuírem


bens em nome próprio, nem veículos ou dinheiro em contas bancárias, não resta
alternativa ao credor, à não ser, recorrer ao judiciário para ver seu direito aos
alimentos resguardado, evitando uma sensação de impunidade.

Em virtude, desta lacuna é que a doutrina traz a baila, novos métodos de


execução como, a penhora do FGTS, do PIS e a inscrição do devedor de
alimentos nos órgãos de proteção ao crédito, como forma de satisfazer o direito
do credor aos alimentos, inovações estas que serão abordadas a seguir.
5.3. DOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AOS CRÉDITOS
É notório que os sistemas de proteção ao crédito previsto no artigo 43 62 da lei
8078/9063, se referem a entidade de caráter público, que disciplinam as
informações sobre os devedores, mantendo seus nomes em um cadastro de
devedores inadimplentes, com o escopo de manter informado os fornecedores.
Tais serviços se encontram pelo Brasil afora, através dos “SPCs 64”, que
geralmente estão ligados ao comércio, e do SERASA 65, que geralmente está
ligado ao ramo privado, especificamente ao setor bancário.
Efing diz que não há:

[...] dúvida de que o papel a que se prestam os arquivos de consumo nas


relações comerciais é de cunho positivo, notadamente no tocante à
celerização das concessões creditícias em benefício do consumidor e ao
auxílio de interesses dos fornecedores para a caracterização da vida
pregressa do pretendente ao crédito.66
Os nomes com restrições ficam impedidos de realizarem compras a prazo, de
exercerem a condição de avalista, de conseguir financiamento, de obter a
renovação do cartão de crédito, de abrir empresa, ficando negativados por um
período de no máximo 5 (cinco) anos, sendo retirado do cadastro após o
pagamento ou após a prescrição.

Sobre o serviço de proteção ao crédito leciona Celso Marcelo de Oliveira:

Criado em São Paulo em 1955, tem a finalidade de dar segurança ao


sistema de créditos ao consumidor. É o mais tradicional banco sobre
crediário do Brasil para pessoas físicas, reconhecido como termômetro
das vendas a prazo para o comércio da capital67.
5.4. DA NEGATIVAÇÃO DOS DEVEDORES MOROSOS
Essa medida excepcional, que já vem sendo aplicada por vários tribunais,
inclusive já sendo possível encontrar julgados favoráveis, que entendem ser
plenamente possível realizar a inscrição dos devedores de alimentos nos referidos
órgãos, para suprir os casos de ineficiência das formas executivas previstas em
nossa legislação.

Para aqueles que militam na seara do direito de família, sabe bem como é
trabalhoso para o credor efetivar seu crédito. Para melhor entender vamos buscar
a origem do problema, desde o primeiro pedido de provimento jurisdicional para
decretar os alimentos até a execução destes, no caso de inadimplemento do
devedor.

Geralmente o credor, que é incapaz, ingressa no judiciário representado ou


assistido pelo seu representante legal, a fim de ver seu direito aos alimentos
assegurado através de uma sentença, a qual, condena o devedor ao pagamento de
uma determinada quantia mensal, ou através de um acordo, onde fica estipulado a
obrigação alimentar.

Após a obtenção deste título, o que era para ser o fim de um problema para o
credor, as vezes, no caso dos maus pagadores, inicia uma série de problemas,
quando a obrigação não é cumprida. Devido a esse descumprimento, faz-se
necessário que o credor ingresse novamente no judiciário, para cobrar a dívida.

Assim que o credor ingressa no judiciário com o processo de execução, é


necessário a citação do devedor para que ele tome ciência do processo e tenha a
oportunidade de pagar ou se defender, completando a relação processual. Citação
esta que as vezes é dificultada, pelo devedor que se utiliza de várias artimanhas,
para não ser encontrado.

Postura essa que leva a morosidade do pleito jurisdicional, ocasionando um


prejuízo para o credor, que geralmente necessita dos alimentos para a
sobrevivência. Superado a faz de citação, abre-se prazo para que o devedor efetue
o pagamento de forma espontânea ou se defenda e caso, permaneça inerte surgi
outros desdobramentos.

No caso de execução de alimentos através da coerção pessoal, poderá ser


decretada a prisão civil do devedor de alimentos pelo prazo de até 60 (sessenta)
dias, como forma de coagi-lo a efetuar o pagamento. Se decretada a prisão surge
mais uma caminhada tormentosa para que se concretize a prisão do devedor, que
por muitas vezes se oculta, dificultando-a.

Mesmo preso em alguns casos a prisão civil não cumpre seu papel de
coercibilidade perante o devedor, circunstâncias essa que leva uma sensação de
decrescença com os débitos alimentares. Caso o devedor seja solto sem adimplir
seu débito, ocorrera a conversão do rito do processo, para que passe a tramitar
pelo procedimento da expropriação, ou penhora.

Nessa etapa, surgi a possibilidade de penhora de bens ou penhora de contas do


executado (penhora online), para que esses bens possam ser adjudicados ou
penhorados, para que assim, possam ser convertidos em dinheiro para pagar os
alimentos ao credor, fase esta que serve tanto para esses casos de conversão de
rito, bem como para os casos de execução pelo rito da expropriação.

Sendo os alimentos, ingrediente substancial para a sobrevivência de quem


necessita, não poderia o seu recebimento se condicionar a todas essas fases
morosas do processo, nem as artimanhas dos devedores.

O problema surge quando o devedor é pessoa insolvente, não possui emprego,


nem bens que possam ser objeto de penhora, já foi submetido ao procedimento da
prisão civil e nem mesmo assim cumpriu com o seu dever alimentar, não
restando alternativa à não ser a tomada de medidas ainda não tipificadas em lei,
para solucionar o problema.

A doutrina traz a possibilidade da inscrição do devedor de alimentos nos órgãos


de proteção ao crédito, como forma subsidiárias de coerção, para que o devedor
efetue o pagamento, medida essa que vem trazendo grandes resultados práticos
no âmbito da execução de alimentos, conforme verifica-se na jurisprudência.

Providência esta, que encontra respaldo no artigo 461 §5º 68 do Código de
Processo Civil, o qual, permite o juiz no caso concreto, utilizar medidas não
tipificadas em lei, mas que possam resultar na efetividade do processo de
execução.
Rolf Madaleno, citando Marcelo Lima Guerra:

A nova regra inserta no § 5 do art. 461 do CPC confere ao juiz poderes


para, em caráter subsidiário e complementar à lei, fixar os meios
executivos mais adequados aos direitos a serem tutelados em execução,
dado que dita norma põe nas mãos do juiz os meios sub-rogatórios mais
adequados para realizar a execução, sempre que verificar a insuficiência
dos meios executivos predispostos no CPC.69
Devido à morosidade de nossa sistemática processual, muitos credores de
alimentos vêm desacreditando do seu próprio crédito, levando com isso, que os
operadores do direito, busquem inovações para resguardar o direito do credor.
Não se apegando de forma exacerbada a premissa do meio menos gravoso ao
executado, e sim do meio mais eficaz para o credor, que necessita do
cumprimento da prestação para ver provida suas necessidades.

De forma esplêndida Rolf Madaleno narra a sensação dos credores de alimentos,


em relação ao processo executivo atual:

Meios executivos estéreis têm levado credores ao calvário, ao inenarrável


sentimento de impotência que amargam ao constatar que sua digna
existência já não encontra caminho eficaz na busca executiva de seus
alimentos. Enfrentam o martírio que tem sido encontrar fórmulas
processuais capaz de aproximar no tempo certo, prestação jurisdicional
efetiva em execução célere e eficaz, pronta e pontual e,
consequentemente, permitir suprir a fome sem mais sequelas de um
tormentoso e angustiante processo judicial.70
Há uma falsa sensação de que a execução de alimentos é célere, o que não ocorre
na realidade. Apesar de o credor ter a sua disposição mais de uma hipótese de
execução em face do devedor de alimentos, muitas das vezes se esbarra com
empecilhos formais que o impedem de logra êxito em seu crédito, pois aquele
que necessita comer não pode esperar por um longo tempo para se alimentar.

Deste modo, sempre estará diante da colisão de princípios, de um lado, eventuais


princípios que protegem o devedor, que é a pessoa menos vulnerável na relação e
do outro lado o direito aos alimentos, a sobrevivência do alimentado, pois
geralmente por ser incapaz é a parte mais vulnerável, e quem mais precisaria de
proteção em nosso ordenamento jurídico.

Como diria (MADALENO, 2000. p. 66) “no processo de execução, onde seu
objetivo era fazer com que aquele que está sem receber pensão, efetive seu
crédito, cria-se uma angústia, uma caminhada tormentosa e cheia de espinho,
privilegiando o devedor, que cada vez mais perde o medo ser punido, por dívida
alimentar”71
Verifica-se que a jurisprudência não é uníssona, sobre a solução para os casos em
que os devedores não efetuam o pagamento da dívida e os métodos comuns não
tornem efetivo o crédito, fazendo com que cresça a sensação de insegurança
jurídica para a sociedade, bem como a sensação de impunidade pelo
descumprimento da obrigação alimentícia de forma total ou parcial.

Ante a busca do cumprimento da obrigação alimentar, se torna injusto que toda


vez que o credor de alimentos necessite comer, seja necessário que ele percorra
toda essa caminhada no judiciário para que o responsável cumpra ou não com a
obrigação, já que os alimentos é um dever inerente a personalidade da pessoa,
sendo o substrato intelectual, material e social para a formação da personalidade
do alimentando.

Para os casos dos devedores contumazes, o ordenamento jurídico prevê que o


magistrado diante do seu poder cautela, adotem medidas atípicas que assegurem
ao alimentando, a sobrevivência com o mínimo de dignidade. Sendo ainda na
maioria das vezes, medidas menos gravosas, do que as tipificadas em lei.

Sendo a dívida alimentar, uma das mais nobres e relevantes dívidas, diante da
ineficácia das demais formas executivas, a saída encontrada pela doutrina e
jurisprudência é a inscrição do devedor de alimentos nos órgãos de proteção ao
crédito, como forma de compeli-lo a efetuar o pagamento e diminuir quantidade
de devedores inadimplentes, estreitando a relação entre o credor e os alimentos.

Visando ainda, proteger a coletividade dos maus pagadores, a referida inscrição


tem o condão de informar para os setores do comércio, quem são os maus
pagadores pois, quem não efetua o pagamento de alimentos para o próprio filho,
quem dirá o pagamento no comércio em geral. Dessa forma a respectiva
inscrição é uma forma plausível a ser aplicada, devido a natureza do crédito
alimentício ser essencial a sobrevivência de quem necessita.

Partindo do pressuposto que a negativação do devedor é medida mais branda do


que outras formas existentes na processualística atual, devido ainda, ao fato de
não haver impedimento legal, e se enquadrar dentro do jargão jurídico, de onde
cabe mais, cabe menos, seria perfeitamente possível deferir tal requerimento,
pois se amostra bem menos severo do que a prisão civil por exemplo.
Importante frisar que tal medida, antes de ser decretada pelo magistrado, deverá
ser feita uma análise detida do caso, pois somente seria razoável seu deferimento
se ficasse comprovado a contumácia do devedor, há inexistência de bens ou
dinheiro os quais possam recair a execução, indícios de ocultação e até mesmo
circunstâncias que indicasse abandono com a prole.

Sobre o tema em debate nota-se, que caso o credor não consiga receber os
alimentos que lhe são devidos indeferir a negativação pode causar graves
prejuízos de cunho, material, moral, psíquico e social, pois se existe uma
determinação judicial para terceiro prestar a obrigação, significa que quem
pleiteia não consegue por contra própria prover o próprio sustento.

Diante de uma interpretação literal do CDC, não se encontra empecilhos para que
se proceda a inscrição nos órgãos de proteção ao crédito. Basta que a dívida seja
certa, liquida e exigível. Como o foco deste trabalho é a dívida alimentar, basta
que ela se apurado em processo judicial, e não quitada integralmente.

Com isso, prescinde apenas de requerimento do credor ao juiz da execução para


que se expeça ofícios aos órgãos de proteção a crédito para promover a
negativação do devedor, coagindo-o, a adimplir o débito.

Merece ainda argumentar, que nenhuma tese contraria deve prosperar, pois se
fosse analisar em nossa legislação os vários direitos existentes, não há que se
falar em direitos absolutos, devendo em caso de colisão serem mitigados com
base em um sistema de ponderação.

Nesse diapasão o Estatuto da Criança e Adolescente é categórico ao dizer que:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do


poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.72
Não bastando a proteção dada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente ao
tema, a nossa constituição após a alteração trazida pela emenda 64 (sessenta e
quatro), fez questão de inserir o direito a alimentação como um direito social:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de
2010).73
Luiz Guilherme Marinoni, escreve que: “se as tutelas tradicionais não são
capazes de garantir de forma adequada os direitos, é preciso pensar,
urgentemente, em uma nova forma de tutela jurisdicional. ”74
Para solucionar esses casos onde as tutelas convencionais não atingem seu
objetivo, é que a doutrina traz a baila a possibilidade da inscrição dos maus
pagadores nos órgãos de proteção ao crédito. Rolf Madaleno, diz em sua obra
que:

Pode ser acrescentado a exemplo do Serviço de Proteção ao Crédito, que


enquanto figurasse no registro nacional como devedor de alimentos, não
seria recomendado ao comércio em geral, conceder qualquer linha de
crédito, para as compras a prazo em favor do devedor de alimentos.75
Esta hipótese, é vista como uma possível solução desembaraçosa, opcional e
eficaz para a cobrança do débito alimentar, configurando uma forma de execução
indireta. Colacionando esse mesmo entendimento, segue a juíza do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal, Ana Maria Gonçalves Louzada:

[…] entendemos como salutar a medida tomada na Provincía de Buenos


Aires (através da lei n. 13.074), onde funcionava um Registro de
Devedores Morosos, cuja a finalidade é inscrever por ordem judicial, o
nome dos devedores de alimentos (cinco pensões alternadas ou três
sucessivas). As consequências derivadas da referia inscrição são:
impossibilidade de abrir contas correntes e obter cartões de créditos;
impossibilidade de obter licença, permissão, concessão de habilitações
que dependam do Governo, (por exemplo, não poderá obter ou renovar a
licença para conduzir veículos ou alvará para abrir um comércio);
impossibilidade de exercer cargos eletivos [...]76
Ainda afirma Ana Maria Gonçalves Louzada, que tal medida deve ser aplicada
em nossos tribunais:
Ratificamos que a inserção do nome do devedor no Registro somente é
possível por meio de ordem judicial. Além de ser uma ferramenta criada
para proteger o alimentando, também tem a função de expedir certificado
de inexistência de dívida, a requerimento de qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada[...]77.
Extrai-se que a referida inscrição é uma forma a mais de temor, que pode coagir
os devedores a não ficarem inadimplentes, pelo fato de terem seu direito ao
crédito negado, caso se torne maus pagadores, fazendo com que eventuais
direitos dos alimentados se sobreponha a eventuais direitos dos devedores.

Contudo, apesar de não haver lei específica em nosso ordenamento jurídico, essa
medida já vem sendo aplicada, conforme já exposto. Para solucionar a ausência
de legislação sobre o tema, foi proposto um projeto de lei para acrescentar tal
modalidade na lei de alimentos conforme veremos no capítulo a segui.

5.5. DOS POSICIONAMENTOS CONTRÁRIOS


Em sentido contrário, temos os argumentos da jurisprudência que defendem não
ser possível a inscrição do devedor de alimentos nos órgãos de proteção ao
crédito, devido ao fato de não haver previsão legal, indo contra a premissa, que
só será obrigado a fazer ou deixar de fazer em virtude de lei.

Por conseguinte, segue fundamentando, que os órgãos de proteção ao crédito têm


o objetivo de inscrever os devedores do comércio em geral e não as dívidas
oriundas dos seios familiares, afirmando que a inscrição visa proteger o comércio
em geral e fomentar a economia e não as dívidas de alimentos.

Argumentando ainda que a referida inscrição poderia ocasionar um efeito em


ricochete no próprio credor, pois, se o devedor ficasse sem crédito, poderia não
conseguir adimplir com a dívida e com as demais parcelas vincendas.

Defende ainda que, com a inscrição os magistrados causariam grandes prejuízos


e constrangimentos aos devedores, no caso de solicitação do crédito, aberturas de
contas, obtenção de emprego, levando, por conseguinte a violação do segredo de
justiça que comporta os alimentos, já que a referida inscrição tornaria pública a
inscrição do devedor.
Aduz ainda, que se alguém não paga é porque não possui condições, a
negativação só contribuiria para o inadimplemento de outras dívidas e que não há
prova que a negativação do nome do devedor, teria eficácia perante os devedores
de alimentos, por isso, não seria plausível permitir a inscrição com base em um
juízo de incerteza.

5.6. DOS POSICIONAMENTOS FAVORÁVEIS


Noutro giro, não merece prosperar os argumentos acima citados, uma vez serem
frágeis para justificarem a não concessão da medida. Apesar de não haver
previsão legal expressa, o artigo 461 do CPC, traz a possibilidade de o juiz
utilizar de meios atípicos que garantam a satisfação do crédito, podendo entender
plenamente cabível tal aplicação, no caso em tela.

Em virtude de não haver impedimento legal para tal ato, infere-se que não é
vedado tacitamente a referida inscrição, já que em nosso ordenamento jurídico
não existe direito absoluto, verifica-se que o direito a intimidade do devedor, ou
mesmo o segredo de justiça dos processos alimentares, não podem se sobreporem
aos direitos dos alimentandos aos alimentos.

Para rebater a corrente contrária, que referida inscrição causa prejuízos ao


devedor, devido ao fato de dificultar a aquisição de empréstimos, a obtenção de
emprego, não merece ser acolhida, pois se o devedor não honra seu compromisso
com os próprios filhos, quem dirá suas outras dívidas em geral.

Em relação ao mercado de trabalho é notório que, o fato do devedor ter seu nome
negativado, não atrapalha sua contratação, pois o requisito mais buscado pelas
empresas é qualificação profissional e não se o devedor é ou não bom pagador.

Abstrai que essa medida é bem menos gravosa do que a prisão civil do
executado, pois enquanto a prisão civil do executado restringe o direito de ir e vir
da pessoa, a negativação apenas informa que o devedor se encontra inadimplente
com a mais nobre das dívidas.

Seria crível acreditar que o temor causado, pelo fato de terem seu crédito negado,
seria um meio a mais para coagir o devedor a cumprir com o seu papel material,
moral e social com as proles, já que o temor pelo inadimplemento da pensão
alimentícia está desaparecendo do nosso ordenamento jurídico.
Contradizendo o argumento que os prejuízos causados ao devedor possam
alcançar os credores, não seria justo que o credor não tentasse de todas as formas
recebe seu crédito alimentar, se submetendo a provações, sob o temor de mais
prejuízos, fazendo com o devedor beneficie da própria torpeza.

Como prova que a referida inscrição é um meio a mais para auxiliar os credores
de alimentos na busca de seu crédito, tem-se, conforme citado acima na obra da
professora Ana Maria Louzada, que esta hipótese já se encontra sendo aplicada
nas legislações alienígenas, bem como em nossos tribunais.

Nesse sentido caminha a jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,


no ano de 2013:

EMENTA: EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. CADASTROS DOS


ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - INCLUSÃO DO NOME
DO EXECUTADO - IMPOSSIBILIDADE - SENTENÇA
DESCONSTITUÍDA - PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO.
1. Os órgãos de proteção ao crédito, tais como SPC e SERASA se
destinam a débitos oriundos de relações de consumo, e não a débitos
oriundos de execução de alimentos.
V.v.p. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS. INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. A inscrição do nome do devedor nos cadastros de restrição ao crédito
constitui forma legítima de coagi-lo a efetuar o pagamento da dívida
alimentar, sendo certo que não há óbice legal à sua efetivação. 78
Julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo, em 2012, sobre o tema:

Ementa: Agravo de Instrumento - Execução de alimentos pelo art. 732


do CPC - Indeferimento
da inscrição do nome do devedor de alimentos nos órgãos de cadastros de
inadimplentes - Decisão que deve ser revogada -Tentativas de penhora
online e busca de bens penhoráveis infrutíferas -Razoabilidade do pedido,
pois é uma medida coercitiva para evitar a inadimplência Necessária
efetividade da prestação jurisdicional - Expedição de ofícios pela primeira
instância - Recurso provido, por maioria (Voto 23314) 79
Colacionando a ideia de que a inscrição dos devedores no cadastro de maus
pagadores, é medida adequada para suprir eventuais casos de execuções
infrutíferas e pelo fato de recuperar o temor pelo descumprimento da dívida
alimentar, os tribunais de Minas Gerais e São Paulo, são pioneiros e inovadores
ao aplicar tal medida conforme retratado nas ementas supratranscritas.

Apesar de ser uma solução não convencional, não há por que não tentá-la,
devendo nessas situações prevalecer o direito do incapaz aos alimentos. Tendo
em vista que a negativação do devedor é medida drástica, mais drástico ainda é a
fome do alimentando, que necessita ser provida para garantir sua sobrevivência.

6. TENDÊNCIAS
6.1. DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LEI 799/2011
Como resposta aos anseios da sociedade foi proposto um projeto de lei com o
escopo de modificar a Lei de Alimentos e o Código de Processo Civil, com o fito
de promover a inscrição do devedor de alimentos nos órgãos de proteção ao
crédito, sendo mais uma forma de resolver o calvário que se tornou a execução
de alimentos e a celeuma da falta de previsão legal para tal medida.

Já que vivemos em um estado democrático de direito, onde o poder emana do


povo, nesse caso através de nossos representantes políticos, a sua aprovação
suprirá a lacuna encontrada para os casos de ineficácia dos métodos executivos
comuns, dando maior proteção ao alimentando, demonstrando de forma
inequívoca qual é a vontade da sociedade sobre o tema.

O projeto de lei veio para consolidar a jurisprudência que cada vez mais cresce
nos tribunais, evidenciado a urgência e importância do projeto, uma vez ser uma
das soluções mais benevolentes para o calvário encontrado na execução de
alimentos em face dos maus pagadores.

O projeto introduz as seguintes alterações na lei de alimentos:

Art. 2.º. A Lei n.º 5.478, de 25 de julho de 1968, passa a vigorar acrescida
do seguinte art. 24-A: “Art. 24-A. Na execução de sentença ou de decisão
que fixar os alimentos, se o devedor deixar de efetuar o pagamento ou
não justificar a impossibilidade de fazê-lo,o juiz determinará a inclusão
de seu nome nos serviços de proteção ao crédito, devendo em tais
permanecer até a quitação total do débito.80
Refletindo essas alterações no Código de Processo Civil:

Art. 3.º. O art. 733, §1.º, da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa
a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 733. ...............................................................
§1.º Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão
pelo prazo de 1 (um)a 3 (três) meses, e determinará a inclusão de seu
nome nos serviços de proteção ao crédito, devendo em tais permanecer
até a quitação total do débito.” (NR)81
Esse projeto de lei vem como reflexo da atual situação de insegurança que vive
os credores de alimentos, possuindo como principal objetivo, aliviar o sofrimento
do credor, bem como, fazer com que diminua o número de inadimplentes com o
implemento dessa nova modalidade de coação em nossas legislações.

Corroborando a ideia de que o projeto merece ser aprovado, já se tem alguns


estudiosos do direito que abraçam e defendem a ideia, no mesmo sentido a
jurisprudência gradativamente vem adotando tal medida como forma de compelir
o devedor ao pagamento.

Como primeira análise do projeto, extrai do parecer da Comissão de Constituição


e Justiça e de Cidadania, que foi favorável tanto em relação a sua
constitucionalidade bem como pela plausibilidade da matéria.

Ressalta-se o seguinte trecho do voto do relator Deputado Antônio Bulhões


CCJCD:

No mérito, as proposições são louváveis e, portanto, merecem prosperar


[...]
[…] Ocorre, porém, que tais formas de pressão sobre o devedor
inadimplente, por vezes, mostram-se ineficazes. Destarte, toda e qualquer
facilidade no que respeita à cobrança de alimentos é bem-vinda. É por
isso que julgamos de bom alvitre a inclusão, em Serviços de Proteção ao
Crédito, daquele que deixar, sem justo motivo, de pagar a pensão
alimentícia judicialmente fixada82
Já que o espírito da norma é proteger o incapaz, que não pode por si só prover o
próprio sustento, e visando evitar maiores consequências oriundas do
inadimplemento, a inscrição nos serviços de proteção ao crédito, se torna meio
menos agressivo para ambas as partes, evitando com isso maiores dissabores.

Diante da resistência de alguns magistrados com a ideia de negativação do nome


dos devedores de alimentos, afigura-se, a importância da mudança em nossas
leis, abarcando essa nova possibilidade dentro do processo de execução,
resolvendo de uma vez por todas, a falta previsão legal.

É importante salutar a repercussão positiva da inscrição dos devedores de


alimentos nos cadastros de devedores morosos, acabando com a deturpação que
paira sobre a execução de alimentos, findando com a impunidade dos maus
pagadores.

É curial ainda destacar que chega a hora de sair das formas executivas obsoletas,
que no momento mais frustram os interesses legítimos dos credores, do que
solucionam as lides, abrindo porta para formas inovadoras que solucionam os
processos judiciais de maneira justa e desburocrática.

6.2. OUTRAS MEDIDAS CÍVEIS


Em busca de solucionar o calvário da execução de alimentos, acompanhado da
inscrição do devedor no cadastro de maus pagadores a jurisprudência traz a baila,
novas possibilidades como, a penhora do FGTS83 e PIS84, como forma de
satisfazer o direito do credor aos alimentos.
6.2.1. Da Penhora do FGTS e do PIS
Apesar de não haver previsão legal, para tal modalidade de penhora, o recente
entendimento dos tribunais, já cede a tal forma, pois, diante da dificuldade do
credor de alimentos, em ver suas necessidades providas, é medida justa e eficaz a
ser deferida.

Pela urgência em questão, tal medida se torna muito eficaz e rápida, pois muitas
das vezes o valor depositado na conta de FGTS, fica por período indeterminado
sem ser utilizado, enquanto o alimentando fica enfrentando dificuldade para ter
uma alimentação adequada, em virtude do inadimplemento do seu genitor.
Não obstantes existirem um rol para eventual levantamento dos valores retidos a
título de FGTS e PIS, previsto na legislação vigente, verifica-se que trata-se de
um rol exemplificativo e não taxativo, devendo ser analisado de acordo com o
princípio da dignidade da pessoa humana, e com o direito a vida, pois diante da
plausibilidade das hipóteses de levantamento dos valores, quer hipóteses mas
digna do que os alimentos devido a prole.

Pois, diante de dois interesses antagônicos, de um lado a preservação do


patrimônio do devedor, e do outro, o direito do credor aos alimentos, deve se
permitir a penhoras do FGTS e PIS, devido fato de serem destinados a
sobrevivência do menor, pois se negasse tal possibilidade agiria com falta de
consenso, induzindo, que os alimentos são menos importantes, que o saldo
existentes a título de FGTS e que não são fundamentais a sobrevivência.

Assim, diante dos argumentos lançados acima, tem se que a impenhorabilidade


da conta do FGTS e PIS, deve ser mitigada, em nome do princípio da dignidade
da pessoa humana e do direito a vida, uma vez ser necessário, que inexista bens
do executado passíveis de penhora, sendo aplicado somente de maneira residual.

Nas questões que tangencia o direito a penhora do FTGS, urge recorrer a


jurisprudência do STJ85 pois, como este superior tribunal de justiça incumbe a
uniformização da interpretação das leis federais, trazer-se a baila o seu
posicionamento, sobre o tema:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. VIOLAÇÃO AO
ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS. PENHORA DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO
DE SERVIÇO - FGTS. POSSIBILIDADE.
1. Não há que se falar em violação ao art. 535, II do CPC quando a
matéria impugnada em embargos de declaração foi devidamente
analisada pelo Tribunal de origem, que emitiu pronunciamento de forma
fundamentada, ainda que em sentido contrário à pretensão do recorrente.
2. Este Tribunal preconiza a possibilidade de penhora de conta vinculada
do FGTS e PIS em se tratando de ação de execução de alimentos, por
envolver a própria subsistência do alimentado e a dignidade da pessoa
humana.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1427836/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 24/04/2014, DJe 29/04/2014)86.
Não resta dúvida que ao sopesar o princípio da impenhorabilidade do FGTS e
PIS, em relação ao princípio da dignidade da pessoa humana, diante de suas
cargas axiológicas, evidencia-se que o princípio da dignidade da pessoa humana
possui maior peso, pois visa resguardar a sobrevivência dos infantes.

Ainda cotejando os efeitos de se autorizar tal penhora, extrai-se que seria uma
medida menos drástica do que a prisão civil, autorizada em nossa Carta Magna,
pois enquanto esta recai sobre a pessoa, a penhora do saldo incorre no
patrimônio, sendo menos gravosa a pessoa executada.

Ressalvando ainda que tal medida deve ser deferida pelo magistrado somente
quando ficar evidenciados nos autos que não há outros bens do executado, que
podem ser objetos de penhora, sendo uma medida alternativa, em relação a
ineficácia da prisão civil e nos casos de devedores insolventes, desprovidos de
patrimônios, que possam ser constritos.

Fica claro que o entendimento jurisprudencial, tanto dos tribunais, como do


Superior Tribunal de Justiça, que a lei 8036 de 1990 ao prevê as possibilidades
de efetuar o saque da referida conta, faz uso de um rol exemplificativo, pois não
seria possível a legislação regente do tema contemplar todas as situações da vida
que merecessem a devida tipificação, se tornando irretorquível o entendimento
retromencionado, sendo ferramenta cada vez mais comum a ser utilizada pelos
operadores do direito que militam na área.

6.2.2. Desconto em Folha de Pagamento


Tendo em vista que o desconto em folha de pagamento está contemplado no
artigo 73487 do Código de Processo Civil, compreendendo apenas as parcelas
vincendas, pois as parcelas vencidas atuais (três últimas) devem ser cobrada pelo
rito da constrição pessoal e as parcelas pretéritas podem ser cobradas pelo
procedimento da penhora de bens.
Assim sendo, leciona Luiz Rodrigues Wambier: “Todavia somente é admissível
para as prestações futuras. Os alimentos pretéritos, não executados, submetem-se,
as regras as execuções por quantia certa contra devedor solvente, e não podem
ser cobrados através do desconto, ainda que materialmente viável”88.
Sendo esta matéria muito controvertida o Superior Tribunal de Justiça, já julgou
matéria relacionado ao tema, se posicionado no sentido de ser plenamente
possível a execução de parcelas já vencidas, promovendo o desconto na folha de
pagamento do devedor, desde que seja descontado um valor razoável, pois além
de ter outras despesas o devedor tem que continuar arcando a pensão mensal.

Privilegiando a aludida hipótese, tem-se o seguinte julgado:

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL. DÉBITO


VENCIDO NO CURSO DA AÇÃO DE ALIMENTOS. VERBA QUE
MANTÉM O CARÁTER ALIMENTAR. DESCONTO EM FOLHA.
POSSIBILIDADE.
1. Os alimentos decorrem da solidariedade que deve haver entre os
membros da família ou parentes, visando garantir a subsistência do
alimentando, observadas sua necessidade e a possibilidade do
alimentante. Desse modo, a obrigação alimentar tem a finalidade de
preservar a vida humana, provendo-a dos meios materiais necessários à
sua digna manutenção, ressaindo nítido o evidente interesse público no
seu regular adimplemento.
2. Por um lado, a Súmula 309/STJ, ao orientar que "o débito alimentar
que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três
prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem
no curso do processo", deixa límpido que os alimentos vencidos no curso
da ação de alimentos ostentam também a natureza de crédito alimentar.
3. Por outro lado, os artigos 16 da Lei 5.478/1968 e 734 do Código de
Processo Civil prevêem, preferencialmente, o desconto em folha para
satisfação do crédito alimentar. Destarte, não havendo ressalva quanto ao
tempo em que perdura o débito para a efetivação da medida, não é
razoável restringir-se o alcance dos comandos normativos para conferir
proteção ao devedor de alimentos.
Precedente do STJ.
4. É possível, portanto, o desconto em folha de pagamento do devedor de
alimentos, inclusive quanto a débito pretérito, contanto que o seja em
montante razoável e que não impeça sua própria subsistência.
5. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 997.515/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011)89
Extrai-se que se a lei não fez distinção sobre quais as parcelas seriam objetos
desta modalidade de execução, não cabendo no caso concreto o interprete efetuar
qualquer distinção, entre as modalidades, podendo ser objeto desta modalidade
tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas, defende a doutrina minoritária

Pois, essa modalidade de desconto só teria a trazer benefícios a ambas as partes e


ao judiciário, pois como se nota, no caso em que o devedor não possua bens para
penhora e se recuse a pagar o débito, essa modalidade se torna a mais célere e
eficaz para proporcionar o credor, geralmente incapaz, o seu sustento, sem falar,
que diminuiria a quantidade de processo, tramitando pelo rito da penhora,
trazendo com isso, menos despachos, citações, proporcionado para aqueles que
procuram o judiciário com certeza maior agilidade em seus pleitos.

7. CONCLUSÃO
Em pleno século XXI, é abominável que os filhos tenham que recorrer ao
judiciário para compelir seus genitores a arcarem com os seus deveres de
sustento, mas infelizmente, existe alguns genitores que não tem a consciência, de
que, aquele que coloca o filho no mundo possui a obrigação de ampará-lo
materialmente, socialmente, amorosamente e emocionalmente.

Apesar de ser tormentoso, para o alimentando recorrer ao judiciário para ver


resguardado seu direito, mesmo sabendo que os meios executivos comuns deixar
a desejar, tornando árdua e limitada a caminhada do credor para conseguir lograr
êxito em receber seus alimentos

Não obstante, a resistência de alguns em aderir a ideia, que chegou a hora de


evoluir conjuntamente com as mudanças sociais, necessitando que nossas leis e
conceitos, evoluam também, pois, não se pode ficar apegado ao exacerbismo da
lei, deixando de lado valores sociais e morais, que requerem melhor apreciação e
ponderação pelos interpretes e aplicadores do direito.
Entretanto, visando combater a realidade que se nota nos tribunais, novos
métodos vêm sendo empregados pelos tribunais, apontados pela doutrina, como
novas modalidades de meios executivos a serem empregados, na seara da
execução de alimentos. Visando amparar aqueles que buscam alimentos, no
judiciário, tendo em vista não serem capazes de prover seu próprio sustento.

Sem falar que cada vez mais cresce o índice de inadimplentes, que não mais
temem os meios executivos existentes, como a penhora de bens e prisão civil,
suplantando a ideia que a inscrição nos órgãos de proteção ao crédito não é
apenas um meio a mais para coagir o devedor a adimplir o débito, sendo uma
espécie de mal necessário a ser aplicado na seara dos alimentos.

A referida inscrição não demonstrou pontos negativos que justifiquem a sua não
concessão, pois diante de princípios que protegem o devedor, sobressai os
princípios inerentes a pessoa do alimentante. Ainda a medida ora mencionada é
plenamente compatível com a sociedade atual e com o ordenamento jurídico,
pois o fato terem seus nomes negativados, podem ter mais peso que qualquer
outro método executivo convencional, já que vivemos em uma sociedade
capitalista.

Várias decisões respaldam a aplicação da negativação do nome do devedor de


alimentos, tanto que, a propositura do projeto de lei foi para apenas regular uma
situação de fato que cada vez mais estava presente na porta do judiciário,
clamando por soluções mais benevolentes do que as atuais.

Resta evidenciado, que não basta apenas a previsão legal de determinada, forma
executiva, é necessário que ela surta efeitos em seus destinatários, e possa servir
para o credor ver respeitado seu direito.

Nesse diapasão é necessário que o projeto de lei seja aprovado para respaldar
futuras decisões sobre o assunto, bem como, outras medidas benevolentes sejam
levadas ao legislativo, para que possam ser transformadas em lei, evitando que
eventuais direitos dos alimentandos, sejam violados.

Finalizando, não pode aceitar que em pleno século XXI, deixe o credor de
alimentos, pessoa que não pode prover seu sustento, a mercê de métodos
executivos defasados, sendo vítima da morosidade da justiça, bem como do
inadimplemento dos devedores, por isso faz necessário que cada vez mais todos
nós façamos nossa parte, para que possa ser modificado esse cenário de calvário
que se tornou a execução de alimentos.

8. REFERÊNCIAS
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1MEIRA, Danilo Cristhiano Antunes. Lei da XII Tábuas. Disponível em: http: //www. Jurisciencia. Com /

vademecum/tratados-pactos-acordos/lei-das-doze-tabuas-lei-das-12-tabuas-lei-das-xii-tabuas/210/. Acesso em

06.05.2014.

2GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 13.

3Roberto Serra da Silva, Prisão civil do devedor de alimentos – abolição. São Paulo: Ltr. 2013. p. 14.

4Trata-se da ação de coisa julgada, por meio da qual o vencedor podia exigir o cumprimento da sentença que lhe era

favorável.

5THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução. 21ª. ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Livraria e

Editora Universitária do Direito. 2002. p. 34.

6LIEBMAN, Enrico Túlio. Processo de Execução. São Paulo, 1968 apud THEODORO JÚNIOR,

Humberto. Processo de Execução. 21ª. ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Livraria e Editora Universitária do

Direito. 2002. p. 35.

7GRECO, Leonardo, O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 13.

8FREITAS, Augusto Teixeira. Primeiras linhas sobre o Processo Civil, acomodadas ao Foro do Brasil, por Teixeira

de Freitas. Rio de Janeiro, 1880, tomo IV. p.17 - 22 apud GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Rio de

Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 33 - 34.

9GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 45-46.

10GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 47.

11THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução. 21ª. ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Livraria e

Editora Universitária do Direito. 2002. p. 38-39.

12Erga Omnes, significa eficácia contra todos, oponibilidade em face de terceiros.

13THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução. 21ª. ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Livraria e

Editora Universitária do Direito. 2002. p. 39.

14Ibidem. p. 40.

15PERINO, Marcello do Amaral, PERINO, Alessandra Teixeira Miguel. Direito Processual Civil, Execução e

Cautelar. 2ª ed. Editora Rideel. 2008. p. 20.


16LIEBMAN. Enrico Túlio. Embargos do Executado, trad. de J. Guimarães Menegale. 2ª ed. Saraiva, São Paulo,

1968. p. 85 apud GRECO, Leonardo, O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p 52.

17GRECO, Leonardo. O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p.74.

18Juramento de manifestação se destina a atestar a veracidade do inventário dos bens apresentados pelo devedor.

19GRECO, Leonardo, O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 88.

20Ibdidem. p. 99.

21GRECO, Leonardo, O Processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 115.

22Ibidem. p. 132.

23BRASIL, Constituição Federal. 16ª. ed. atual. rev., e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2014. p. 474.

24THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de Execução. 21ª. ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Livraria e

Editora Universitária do Direito. 2002. p. 42.

25Facere significa obrigação.

26ASSIS. Arakem. Manual da Execução. 12ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revistas dos

Tribunais. 2009. p. 120.

27______. Da Execução de Alimentos e Prisão do Devedor. 5ª ed. Revista e Atualizada. São Paulo: Editora

Revistas dos Tribunais. 2001. p. 89.

28GRECO, Leonardo. O processo de Execução. Rio de Janeiro: Editora Renovar. 1999. p. 164.

29SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de

1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 62.

30PERINO, Marcello do Amaral, PERINO, Alessandra Teixeira Miguel. Direito Processual Civil, Execução e

Cautelar. 2ªed. Editora Rideel. 2008. p. 22.

31BRASIL, Código de Processo Civil. 16. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva. 2013. p. 417.

32______. p. 417.

33Pereira, Sérgio Gischkow. Ação de Alimentos. 4ª. ed. Revista, Atualizada e Ampliada. Porto Alegra: Livraria do

Advogado Editora. 2007. p. 18.

34FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 588.

35OLIVEIRA, Basílio. Alimentos: Revisão e Exoneração. 3ª. ed. Revista e ampliada. São Paulo: Editora Aide.

1994. p. 27.

36BRASIL. Código Civil. 16ª. ed. atual. rev., e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2014. p. 474.

37TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1244.

38Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se

o credor expressamente declarar que deles não necessita.


39FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 639.

40DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo:

Editora Revistas dos Tribunais. 2007. p. 488.

41BRASIL. Lei de Alimentos Gravídicos. 16ª. ed. atual. rev., e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2014. p.

1696.

42TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1245.

43CAHALI. Yussef Said. Dos Alimentos. 5ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revistas dos

Tribunais. 2006. p. 21.

44FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 637.

45Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida

da vítima.

46TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1242.

47Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e

sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor

48Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.

49TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1244-1245.

50DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo:

Editora Revistas dos Tribunais. 2007. p. 450 apud FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das

Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris. 2008. p. 588.

51FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 588-589.

52nemo venire contra facto proprium significa a vedação de comportamento contraditório.

53BRASIL. Código Civil. 16ª. ed. atual. rev., e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2014. p. 474 - 475.

54FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 591.

55TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1240.

56DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 4ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo:

Editora Revistas dos Tribunais. 2007. p. 456.

57FARIAS, Cristiano Chaves, ROSENVALD, Nelson. Direitos das Famílias. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

2008. p. 593.
58CAHALI. Yussef Said. Dos Alimentos. 5ª. ed. Revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revistas dos

Tribunais. 2006. p. 84-85.

59BRASIL, Código Civil. 16ª. ed. atual. rev., e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2014. p. 474.

60TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Método, 2013. p. 1242.

61BRASIL. Constituição Federal. 16ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais. 2014. p.31.

62Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros,

fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

63BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. 16ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais. 2014.

p. 1244.

64Serviço de Proteção ao Crédito.

65È uma empresa criada pelos bancos para centralizar os serviços de informações de pessoas para apoiar as decisões

de créditos.

66EFING, Antonio Carlos. Bancos de dados e cadastro de consumidores. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

p.36.

67OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Cadastro de Restrições de Crédito e Código de Defesa do Consumidor.

Campinas: LNZ, 2001. p.71.

68Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a

requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e

apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com

requisição de força policial

69GUERRA. Marcelo Lima. Execução Indireta. São Paulo: Editora Revistas dos Tribunais. 1998. p.

61 apud MADALENO, Rolf. Novas Perspectivas no Direito de Famílias. Porto Alegre: Editora Livraria do

Advogado. 2000. p. 76.

70MADALENO, Rolf. Novas Perspectivas no Direito de Famílias. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado.

2000. p. 64.

71MADALENO, Rolf. Novas Perspectivas no Direito de Famílias. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado.

2000. p. 66.

72BRASIL. Estatuto da Criança e Adolescente. 16ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais.

2014. p. 1170.

73BRASIL. Constituição Federal. 16ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revistas dos Tribunais. 2014. p. 32.

74MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória. São Paulo: Editora Revistas dos Tribunais, 1998. p. 22.
75MADALENO, Rolf. Novas Perspectivas no Direito de Famílias. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado.

2000. p. 66.

76LOUZADA, Ana Maria Gonçalves. Alimentos Doutrina e Jurisprudência. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p.

181-182.

77Ibidem. p. 182.

78MARCONDES, Bitencourt. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. CADASTROS DOS ÓRGÃOS DE

PROTEÇÃO AO CRÉDITO. Apelação Cível 1.0479.10.016497-5/001 164975-74.2010.8.13.0479

(1.http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaPalavrasEspelhoAcordao.do?Numero Registro =

5&totalLinhas=15&paginaNumero=5&linhasPorPagina=1&palavras=inscri%E7%E3o%20devedor

20alimentos20serasa&pesquisarPor=ementa&pesquisaTesauro=true&orderByData=1&referenciaLegislativa=Clique

%20na%20lupa%20para%20pesquisar%20as%20refer%EAncias20 cadastradas ...&pesquisaPalavras =Pesquisar&.

Acessado em 16.10.2014.

79SILVA, Ribeiro da. Execução de Alimentos pelo Rito 732. Indeferimento da Inscrição do Devedor no

SPC. Agravo de Instrumento 0226743-83.2011.8.26.0000. 18/04/2012. http://esaj. tjsp.

jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do. Acessado em 16.10.2014.

80ABI-ACKEL, Paulo. Projeto de lei 799 de 2011. Disponível em: http ://www.camara.

gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=891633&filename=PRL+1+CCJC+%3D%3E +PL+799/2011.

Acesso em 16.09.2014.

81 ABI-ACKEL, Paulo. Projeto de lei 799 de 2011. Disponível em: http ://www.camara.

gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=891633&filename =PRL+1+CC JC+%3D%3E+PL+799/2011.

Acesso em 16.09.2014.

82Bulhões, Antonio. Voto do Relator no Projeto de Lei 911 de 2011. Disponível

em:http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=891633&filename=P R L+1+CCJC+

%3D%3E+PL+799/2011. Acesso em 16.09.2014.

83Fundo de garantia por tempo de serviço

84Programa de integração social

85Superior Tribunal de Justiça

86SALOMÃO, Luís Felipe. Execução de Alimentos, Penhora do Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço. AgRg no REsp 1427836 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2013/0421689-

0,24/04/2014 .http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp tipo_visualizacao= null&livre= penhora+

do+FGTS&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO#DOC1. Acessado em 22.09.2014.

87Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado

sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação

alimentícia.
88WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. 10ª. ed. V.2, Revista, Atualizada e Ampliada.

São Paulo: Editora Revistas dos Tribunais. 2008. p. 481.

89SALOMÃO, Luís Felipe. Execução de Alimentos e desconto em folha de pagamento. REsp 997.515/RJ

2007/0243749-3 26/10/2011.http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsptipo_visualizacao=null&livre=execu

%E7%E3o+de+alimentos+desconto+em+folha+de+pagamento&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO#DOC10.

Acessado em 07.09.2014.

Publicado por: RICARDO ALVES DE OLIVEIRA

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