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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Graduação em Direito

Aída Pacheco Flávio

A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO FRENTE À CONCESSÃO DE


CRÉDITO

Arcos
2018
Aída Pacheco Flávio

A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO FRENTE À CONCESSÃO DE


CRÉDITO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da


Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Profa. Priscila Aparecida Borges


Camões

Arcos
2018
Aída Pacheco Flávio

A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO FRENTE À CONCESSÃO DE


CRÉDITO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da


Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Direito.

___________________________________________________
Orientadora

___________________________________________________
Banca Examinadora

___________________________________________________
Banca Examinadora

Arcos, ___ de junho de 2018.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço e louvo a Deus, por ser a razão de toda a minha


vida, por me mover pela fé, pois sem Ele, eu nada seria.
Agradeço aos meus pais, e à toda minha família, pelo amor e zelo com que
me criaram, por me ensinarem que com fé, honestidade e humildade é possível
alcançar nossos objetivos.
Agradeço à minha orientadora, Priscila, por todo carinho e atenção com que
me ajudou a conduzir este trabalho, em momentos tão intensos fora da docência,
sem dúvidas, é para mim, uma fonte de inspiração.
Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a realização do meu
trabalho, pelas dicas e todo incentivo para que eu concluísse esta vitória.
Porque sou eu que conheço os planos que
tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los
prosperar e não de causar dano,
planos de dar a vocês esperança e um futuro.
(Jeremias, 29:11).
RESUMO

Disserta-se sobre a vulnerabilidade dos consumidores, com foco nos idosos


referente da tomada de crédito concedido pelas instituições financeiras, abordando
o histórico dos códigos protetivos a estes sujeitos, bem como os princípios que a
eles possam recair, observando os argumentos e contra-argumentos já expressos
por autores que o estudam.

Palavras-chave: Vulnerabilidade. Consumidores. Idosos. Crédito.


ABSTRACT

It is discussed the vulnerability of consumers, especially the elderly in the context of


credit taking granted by financial institutions, addressing the history of the protective
codes to these subjects as well as the principles that may come to them, observing
the arguments and counter-arguments already expressed by authors who study it.

Keywords: Vulnerability. Consumers. Elderly. Credit.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS ......................................................................... 17


2.1 A evolução dos direitos dos idosos no Brasil ................................................ 17
2.2 Idosos, conceitos e definições ........................................................................ 21

3 DAS RELAÇÕES DE CONSUMO ......................................................................... 23


3.1 A evolução dos direitos dos consumidores no Brasil ................................... 23
3.2 Consumidor, conceitos e definições ............................................................... 24
3.3 Fornecedor, conceitos e definições ................................................................ 27
3.4 Idosos nas relações de consumo .................................................................... 28
3.5 As instituições financeiras como prestadoras de serviço ............................ 28

4 PRINCÍPIOS ........................................................................................................... 31
4.1 Princípio da vulnerabilidade............................................................................. 31
4.2 Princípio da proteção do consumidor ............................................................. 33
4.3 Princípio da hipossuficiência ........................................................................... 33
4.4 Princípio da boa-fé objetiva .............................................................................. 34
4.5 Princípio da dignidade da pessoa humana ..................................................... 35

5 A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO E A TOMADA DE CRÉDITO ..


........................................................................................................................ 37
5.1 A concessão de crédito consignado aos idosos ........................................... 37
5.2 O superendividamento do idoso ...................................................................... 38
5.3 Projeto de Lei nº 283/2012 ................................................................................ 40

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 43

ANEXOS ................................................................................................................ 47
15

1 INTRODUÇÃO

O presente traz luz aos questionamentos que vem sendo observados há


alguns anos quanto aos consumidores idosos, com fulcro em operações de credito.
Com base no que há de normatização existente, pergunta-se, a legislação vigente é
capaz de proteger a vulnerabilidade financeira dos cidadãos idosos?
Sendo assim, explana-se uma busca em princípios e leis para verificar as
frágeis necessidades dos idosos, afim de comprovar a máxima questionada, com o
objetivo de demonstrar a necessidade de um complemento legislativo com âmago
na observância e proteção da vida financeira dos longevos.
Diante disso, o presente estudo, objetiva analisar a relação do Estatuto do
Idosos, combinado com o Código de Defesa do Consumidor para externar o abuso
financeiro por insuficiência normativa, educação financeira e acomodação cultural.
A propósito, o estudo foi desenvolvido pela metodologia de leitura exploratória
para apurar as obras pertinentes ao tema abordado, e de pesquisa bibliográfica com a
leitura das obras selecionadas.
Em um primeiro momento, buscou-se abordar os percursos históricos dos
direitos que norteiam estes sujeitos.
Logo adiante, é conceituado os princípios constitucionais que se apresentam
como normas necessárias a serem observadas para lidar com o público estudado.
E na última abordagem, é feita a análise específica das relações entre os
idosos como contratantes e as instituições financeiras como contratadas, na medida
de sua vulnerabilidade e a carência de legislação em especifica para tratar possíveis
abusos.
Quanto à justificativa, ressalta-se a oportunidade para discutir autores que
enxergam a realidade dos idosos, muitas vezes usados pelas próprias famílias como
meio de credito fácil, buscando concretizar melhorias para uma sociedade no
presente e no futuro, que cresce, uma vez que na contemporaneidade os avanços
médicos e a busca por qualidade de vida estão cada vez mais presentes no dia a dia
do brasileiro.
Soma-se a isso, o fato de que este estudo pode servir de fonte para futuras
pesquisas.
17

2 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

2.1 A evolução dos direitos dos idosos no Brasil

O envelhecimento certo traz para o homem experiência, bem como o


degradação de sua saúde física e muitas vezes mental. Para assegurar essa
passagem para a terceira idade tornou-se necessária a criação de legislações que
ofertassem benesses e parâmetros para a qualidade de vida de uma pessoa com
suas capacidades em processo de declínio, devido ao desgaste promovido pelo
passar dos anos.
Ao longo do tempo, ensinava-se em sala de aula conforme argumenta
WHITAKER (2010) que o Brasil era um país predominantemente jovem. Não havia,
nessas aulas, qualquer informação negativa em relação aos idosos, por outro lado,
lastimável é que esses indicadores, ao lado dos índices de analfabetismo e da
incidência de doenças tropicais, colocavam o Brasil entre os países
subdesenvolvidos. Isto porque os índices de mortalidade buscavam muito cedo os
avós e deixavam, em muitas famílias, marcas profundas de perdas de filhos muito
jovens.
Mas, nas palavras da autora, estes não eram conteúdos para o currículo
escolar.
Contemporaneamente, porém, caminhando para ter um volume de 19,49% da
população brasileira idosa em 2030 (IBGE, 2018), a abordagem torna-se mais uma
vez foco de atenção.1
Partindo desse pressuposto é preciso olhar para traz para que de fato se
entenda em que patamar esta as efetivas proteções dessa população. Segundo
BEAUVOIR (1990), até o século XIX, o idoso que trabalhava era demitido e
abandonado à própria sorte, pois não havia amparo para assegurar sua subsistência
nas idades mais avançadas.
Em 1970, conforme argumenta OTTONI (2012), o país atentou-se para tais
necessidades, criando legislações nas décadas seguintes.
É relevante, assim, destacar que em 1974 foi criado o Instituto Nacional de
Assistência Medica da Previdência Social (INAMPS), no regime militar, que tinha o

1A título de ilustração, consta no Anexo A tabela elaborada pelo IBGE com projeções estatísticas do
número populacional, separado por grupos etários.
18

objetivo de prestar atendimento médico aos que contribuíam com a previdência


social, desagregação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), criado em
1966 para tratar das questões previdenciárias no Brasil, que na atualidade é o
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), sendo este último criado em 1988
em funcionamento até o momento para lidar, entre muitos outros aspectos, com as
contribuições dos cidadão para galgar a sonhada aposentadoria.
Assim, a Constituição Cidadã de 1988 mostra-se como uma baliza para as
políticas públicas, já que antecessor a esta, desde a Carta Magna de
1924,1891,1934,1937,1946 e 1967 não se aprofundou sobre o assunto em tela, pois
o que era considerado assistencialismo transforma-se em um direito do cidadão e
responsabilidade do Estado.
Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 são previstos
direitos que fazem referência aos idosos e aos seus direitos, como no artigo 3º,
inciso IV, que prega que o Estado deve promover o bem de todos, sem preconceitos
de idade; o artigo 7, inciso XXX, proíbe diferenças salariais e critérios de admissão
por idade; o artigo 14 declara como facultativo o voto para pessoas maiores de 70
(setenta) anos; o artigo 195 remete ao fato de que a seguridade social terá recursos
provenientes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; o artigo
196 explicita a saúde como direito de todos e dever do Estado, com acesso
universal e igualitário; o artigo 201 reza cobertura previdenciária por invalidez, morte
e idade avançada, estabelecendo aposentadoria ao homem com 65 anos e à mulher
com 60 anos (BRASIL, 1988).

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do


Brasil:
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
19

outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para


sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
(...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos
termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de
contribuição, se mulher:
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade,
se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de
ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o
pescador artesanal. (BRASIL, 1988)

Assim também no artigo 203 diz que a política pública de assistência social a
quem dela necessitar, sem a obrigatoriedade da contribuição, com o objetivo de
proteger entre outros à velhice. No inciso V reafirma um salário mínimo mensal ao
portador de necessidades especiais e ao idoso que não consegue promover sua
subsistência ou que a família não é capaz de provê-la.
O artigo 229 diz que é dever dos filhos maiores ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade.
O artigo 230 explicita que é dever da família, da sociedade e do Estado
amparar os idosos, assegurar a participação desses na sociedade, defender a
dignidade e o bem-estar e garantir o direito à vida. No parágrafo 1º é comentado que
programas de amparo aos idosos deverão ser realizados, de preferência, nos seus
lares; e, no parágrafo 2º, a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos maiores
de 65 anos. Sendo estas as abordagens mais marcantes da carta magna brasileira.

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:
(...)
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a
lei.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
20

§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados


preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos
transportes coletivos urbanos. (BRASIL, 1988)

Nos anos posteriores à Constituição Federal de 1988, é necessário destacar


as legislações que foram surgindo em ordem cronológica. Em 1989 foi criada a
Portaria Federal de nº 810/89 do Ministério da Saúde, que determina a normatização
do funcionamento padronizado de instituições ou estabelecimentos de atendimento
ao idoso. Em 1991 houve a aprovação dos Planos de Custeio e de Benefício da
Previdência Social, estabelecendo novas regras para a manutenção do valor real
dos benefícios.
Mais à frente, em 1993, o Estatuto do Ministério Público da União e a Lei nº.
8.742/93 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) –, reconhecida como política
de seguridade social responsável pela garantia de proteção social à população
socialmente mais exposta a riscos.
Assim, em 1994 criou-se a Política Nacional do Idoso, onde o então
Presidente Fernando Collor, propeliu, segundo demonstra RODRIGUES (2001), o
projeto VIVÊNCIA, que pretendia desenvolver ações nas mais importantes áreas da
vida deste público sendo elas a saúde, educação e assistência social do idoso e
preparação à aposentadoria, sendo a Lei 8842/94, determinada como um conjunto
de procedimentos e normas básicas para as Políticas Sociais voltadas para o idoso
com a seguinte pretensão: “Promover a autonomia, integração e participação efetiva
dos idosos na sociedade, para que sejam co-partícipes da consecução dos objetivos
e princípios fundamentais da Nação”.
Em 1995 houve o Decreto nº. 1.605, de 25/08/1995, que regulamentou o
Fundo Nacional de Assistência Social, dando espaço para que em 1996 o Decreto
nº. 1.948, de 03/07/1996, que regulamentou a Política Nacional do Idoso e criasse o
Conselho Nacional do Idoso. Sucessivamente em 2003 veio o Estatuto do Idoso que
conforme expressa BRAGA (2005) sua maior contribuição é ser o principal promotor
da temática do envelhecimento.
Retilíneo ao exposto em suas normas, o Estatuto do Idoso não inova apenas
ao reunir as normas protetivas da pessoa idosa, mas também cobra da sociedade
seu engajamento para o efetivo funcionamento daquilo que foi previsto na
legislação. Ainda assim não concretiza tudo que se espera, uma vez que conforme
21

discorrem CIELO e VAZ (2009) uma lei ao ser aprovada e tornar-se vigente, leva
tempo até atingir suas intenções trazendo as mudanças esperadas, requerendo,
portanto, empenho na divulgação das medidas e empenho na fiscalização de seu
efeito.
Em 2004 a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) foi precursor para
que em 2005 fosse criado o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e
finalmente em 2006 atentando especificamente para a saúde, veio a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e o Pacto pela Saúde, instituído pela Portaria
do Ministério da Saúde nº 399/06, que se constitui em um conjunto de reformas
institucionais do Sistema Único de Saúde – SUS –, compartilhado pela União, pelos
estados e municípios. Estas somam o conjunto de normas que tentam proteger o
idoso, considerado pelo Estatuto, a pessoa física a partir dos 60 anos de idade.
Portanto, ainda que com diversas legislações e tentativas de acerto, o
cidadão idoso enquanto pessoa humana é complexo e abundante em necessidades
e especificidades sujeitas de direitos a serem não somente escritos em letras de leis,
como também posto em pratica através da exigibilidade de seu cumprimento.

2.2 Idosos, conceitos e definições

A fase da vida caracterizada como velhice, compreende os idosos como


pessoas sujeitas ao seu tempo, com especialidades.
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8.742/1993, define em
seu art. 20 a idade de 65 (sessenta e cinco) anos ou mais para a pessoa ser
considerada idosa.

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-


mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria
manutenção nem de tê-la provida por sua família. (BRASIL, 1993)

Neste sentido o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,


em seu artigo 1º, define idoso como pessoas com 60 anos ou mais: “É instituído o
Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.” (BRASIL, 2003)
22

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS-2002) define o idoso a partir da


idade cronológica, portanto, idosa é aquela pessoa com 60 anos ou mais, em países
em desenvolvimento e com 65 anos ou mais em países desenvolvidos.
O envelhecimento acontece como um processo da vida, sendo marcado por
diversas mudanças, relacionadas à passagem do tempo.
No entanto, trata-se de uma variável, podendo ser determinado por diversos
fatores genéticos ou ser influenciado pelo estilo de vida particular, pelas
características do meio ambiente e pela opção nutricional de cada um Ávila, Guerra
& Meneses (2007).
Já para MENDES (2005), envelhecer é um processo natural que caracteriza
uma etapa da vida do homem e dá-se por mudanças físicas, psicológicas e sociais
que acontecem de forma própria cada indivíduo com sobrevida prolongada, assim
esta geração só consegue ser compreendida a partir da relação que se estabelece
entre aspectos distintos, quais sejam: aspectos cronológicos, biológicos e sociais.
Assim, envelhecer, para alguns, não se trata apenas de idade.
Enquanto todos os outros estágios da vida são planejados e construídos
social e culturalmente, a velhice é colocada à margem, SCHNEIDER e IRIGARAY
(2008) afirmam assim pois ao mesmo tempo em que as pessoas querem viver muito,
não querem ficar velhas nem se parecer com tais.
Apesar de parecer fácil uma vez que a legislação definiu no âmbito geral
quem são estes sujeitos através de faixa etária, determinar quem é o idoso se
desdobra ainda em distinguir velhice e terceira idade, sobrepondo as barreiras e
estereótipos criados pela sociedade.
NETO (2002) diferencia afirmando que o envelhecimento é um processo, a
velhice é uma etapa da vida e o idoso é o resultado e sujeito destes.
23

3 DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

3.1 A evolução dos direitos dos consumidores no Brasil

O presente capitulo visa traçar os principais balizamentos do direito do


consumidor, a fim de que se possa realizar a devida interlocução com o direito dos
idosos uma vez que, sendo pessoa de direitos, os idosos estão entre sujeitos
tomadores de produtos e serviços do mercado. Assim sendo, volta-se para a aurora
das normas protetivas dessa outra necessidade dos cidadãos em geral bem como
dos idoso.
Pensado para proteger a parcela mais frágil da economia o Código de Defesa
do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 é na contemporaneidade a
principal fonte normativa buscada quando trata-se de relação de consumo. Na
aurora desses direitos, porém o país precisou construir e subir alguns degraus para
atingir o que hoje popularmente é chamado de CDC.
É certo que os direitos dos consumidores foram normatizados tardiamente, se
comparado com outras nações, todavia no que pensa MATSUMOTO (2011) deste
atraso foi retirada grande bondade uma vez que os responsáveis pela elaboração do
respectivo anteprojeto, puderam aproveitar a bagagem de outros países a fim de
transportar para o ordenamento jurídico nacional institutos e princípios mais
atualizados de proteção ao consumidor.
Assim sendo, os que hoje são chamados de parte hipossuficiente começaram
a ser vistos a partir do Brasil Colônia e durante o Império. Ainda que não existisse,
de acordo com SILVA NETO (2013), regra de proteção exclusiva, havia a
regulamentação das relações de mercado, de consumo, e relativa proteção ao
comprador.
A partir da Independência surgem dispositivos de regulamentação das
relações de mercado, tal como o Código Comercial, trazendo leis, inclusive, sobre
nulidade de contratos comerciais, o dever de qualidade, dentre outros.
Nos próximos anos, NUNES (2009) argumenta que as relações de consumo
no Brasil foram ditadas pelo Código Civil de 1916, de cunho singular, patrimonialista
e inspirado no liberalismo.
Subsequente a isto, é criada a Lei de Usura, prevista no Decreto 22.626, de
07 de Abril de 1933, importante primordialmente em seu art.1º, cuja redação dizia: “É
24

vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas
de juros superiores ao dobro legal, Código Civil, art. 1062”, prática que previa
inclusive repercussões criminais SILVA NETO (2013).
Por fim a defesa do consumidor foi reconhecida no final da década de 1980
quando a Constituição Federal passou a versar sobre os direitos e deveres
individuais e coletivos, colocando o direito do consumidor como garantia
fundamental no seu art. 5º. Posterior a este marco constitucional nasce o atual
supramencionado Código de Defesa do Consumidor. Sobre ele ALMEIDA (2003)
diz:

“Pode-se adiantar que hoje o consumidor brasileiro está legislativamente


bem equipado, mas ainda se ressente de proteção efetiva, por falta de
vontade política e de recursos técnicos e materiais. Mesmo assim, há que
ser festejado o grande avanço experimentado nos últimos anos, que alçou o
País, nessa área, e em termos legislativos pelo menos, ao nível das nações
mais avançadas do Planeta.” (ALMEIDA, 2003)

Neste sentido observa-se que o homem enquanto pessoa física vem


galgando seu espaço na relação de consumo, sendo conforme exposto o segundo
lugar depois dos interesses das empresas e potencias. Assim o que existe de
normativos acerca da proteção e defesa das suas vulnerabilidades teve que ser
compactado em normas para que não tivesse sua vida, como um todo, em prejuízo
em prol do capital. Não que seja o suficiente, uma vez que com os avanços
tecnológicos mais uma vez deve ser revisitado os modelos de contratos e garantias
aos contratantes hipossuficientes.
Assim, é imprescindível mensurar a importância da proteção dos
consumidores idosos, uma vez que são duplamente hipossuficientes, haja vista a
vulnerabilidade ocasionada em razão da idade e a presunção de vulnerabilidade
acarretada pela tensão entre o capital e o consumo.

3.2 Consumidor, conceitos e definições

Para que se estabeleça um entendimento do que vem a ser o consumidor,


este tópico se dedica a apresentar quem é este sujeito de direitos por determinação
legal bem como na visão de determinados autores.
25

A começar, na legislação pode-se observar no o artigo 2º, caput e parágrafo


único, e o artigo 29 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, o que vem a ser o
idoso.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos


consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas
nele previstas. (BRASIL, 1990)

Embora tenha objetivado uma clareza na definição, é possível encontrar


questionamentos doutrinários a respeito, uma vez que o foco principal demostrado
pelo legislador é consumidor é, desde que seja destinatário final, pessoa física ou
jurídica.
A autora MARQUES (2006) diferenciou existência de duas correntes
doutrinárias em relação a essa questão em especifico, que correspondem às teorias
finalista e maximalista.
Segundo MARQUES (2006), os finalistas entendem que apenas merecem
este amparo diferenciado ofertado pelo Código de Defesa do Consumidor aqueles
que sejam parte vulnerável numa relação contratual, sob pena de se ferir o equilíbrio
das relações em que as partes se encontrem em posição equivalente, ou seja, em
que não haja essa vulnerabilidade.
Dessa maneira, a expressão "destinatário final", para essa corrente, deve ser
explanada de maneira limitada, englobando exclusivamente quem seja destinatário
fático e, sobretudo, econômico. Não sendo destinatário econômico a pessoa que
adquirisse um produto para revendê-lo ou como meio para o exercício de sua
profissão, pois a cadeia produtiva não se findaria nessa operação econômica.
Os maximalistas, por outro lado, possuem uma interpretação diferente do
intensão do legislador ao instituir as normas do Código de Defesa do Consumidor.
Entende essa corrente que os direitos do consumidor não têm por finalidade
proteger uma determinada parcela de pessoas, mais vulneráveis perante os
fornecedores, mas sim regular o mercado de consumo de uma maneira mais ampla.
As normas do Código de Defesa do Consumidor seriam voltadas a todos os
agentes econômicos que participam do mercado. Estes agentes vez desenvolveriam
26

a função de fornecedores, vez a de consumidores. A expressão "destinatário final"


presente no art. 2º, portanto, poderia ser interpretada de maneira extensiva, para
incorporar todos aqueles que retirassem um bem do mercado, independente da
finalidade. Portanto, para essa linha doutrinária, se o comprador do bem busca com
ele satisfazer uma necessidade particular ou utilizá-lo no desenvolvimento
profissional, não há diferença.
O Superior Tribunal de Justiça tem adotado a concepção de finalismo
aprofundado, segundo a qual a vulnerabilidade é tão essencial na determinação do
que seja uma relação de consumo que opta por ignorar o fato de o comprador do
bem utiliza-lo no desenvolvimento de sua atividade profissional. Essa
vulnerabilidade, contudo, deve ser comprovada em caso concreto.
Segue trecho de ementa de uma decisão do STJ, que esclarece seu
posicionamento:

4.- A jurisprudência desta Corte, no tocante à matéria relativa ao


consumidor, tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a
incidência do Código de Defesa do Consumidor nas hipóteses em que a
parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja tecnicamente a
destinatária final do produto ou serviço, se apresenta em situação de
vulnerabilidade. (STJ - Agravo em Recurso Especial - 933.469/SP, Relator:
Ministro Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF 5ª região)
DJe: 02/03/2018).

Segundo BENJAMIN, MARQUES e BESSA (2012, p. 30):

Existem três maneiras de introduzir o direito do consumidor. A primeira é


através de sua origem constitucional, que poderíamos chamar de introdução
sistemática, através do sistema de valores (e direitos fundamentais) que a
Constituição Federal de 1988 impôs no Brasil. A segunda é através da
filosofia de proteção dos mais fracos ou do princípio tutelar (favor debilis),
que orienta o direito dogmaticamente, em especial as normas do direito que
se aplicam a esta relação de consumo. Esta segunda maneira de introduzir
o direito do consumidor poderíamos chamar de dogmático-filosófica. A
terceira maneira é através da sociologia do direito, ao estudar as
sociedades de consumo de massa atuais, a visão econômica dos mercados
de produção, de distribuição e de consumo, que destaca a importância do
consumo e de sua regulação especial. Essa terceira maneira poderíamos
denominar de introdução sócio-econômica ao direito do consumidor.

Neste sentido, a premissa que qualquer consumidor é vulnerável e por isto


merecedor da proteção jurídica própria necessita da definição de quem é este
sujeito. O foco principal deste trabalho é o idoso, sendo este pessoa física, aqui
27

determinado consumidor, sem proteção jurídica que o diferencie dos demais, ainda
que este tenha mais especificidades.

3.3 Fornecedor, conceitos e definições

A relação jurídica de consumo é estabelecida pela composição de fornecedor


e consumidor em lados opostos, e tendo como objeto produto ou serviço.
O conceito de fornecedor encontra-se estabelecido no artigo 3º do Código de
Defesa do Consumidor.

Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços. (BRASIL, 1990)

Há ainda, outros termos utilizados para denominá-lo, como industrial,


comerciante, banqueiro, segurador, importador, ou genericamente como empresário.
Através da leitura do artigo, é visível a intenção do legislador que foi a de
conferir a maior amplitude possível ao conceito. Somente faz sentido falar em
consumidor quando ele estiver perante um fornecedor, mesmo que aquele seja
indeterminável.
Sabe-se, como explana BESSA e MOURA (2010), que definir e proteger se
justifica na premissa de que não raras as vezes o consumidor faz escolhas sem ter a
plena consciência do que está fazendo, unido muitas vezes as estratégias de
marketing utilizadas pelos fornecedores, que despertam a necessidades de
consumo que limitam o direito de livre escolha do consumidor.
Neste sentido, BESSA e MOURA (2010) traz luz ao que o Código de Defesa
do Consumidor determina, que também é fornecedor pessoa jurídica pública. Isto
quer dizer que a legislação impõe até mesmo aos prestadores de serviços públicos
(atividades disponibilizadas por órgãos ou entes do Poder Público). Porém, nem
todo serviço público está sujeito ao Código de Defesa do Consumidor.
Assim, fica determinado pela lei e argumentado pelo auto acima referido
quem são os denominados fornecedores, partes das relações jurídicas a que se
debruça este trabalho.
28

3.4 Idosos nas relações de consumo

Como visto, os idosos são uma crescente parcela da sociedade, tanto que o
mercado de consumo e capitais detectaram nestes um público consumidor cada dia
mais significativo e lucrativo.
Se de um lado os idosos recebem proteção integral com toda prioridade, não
se pode esquecer que, copiosamente, atuam como destinatários finais de produtos e
serviços, se encaixando também na definição de consumidores, razão pela qual
estas duas legislações devem ser conjugadas.
O comércio se adaptou aos idosos, facilitando as formas de aquisição de
produtos e contratação de prestação de serviços, com valores diferenciados e
abertura de créditos a serem pagos em prestações numerosas.
WHITAKER (2007) explica longamente como a industrialização e a
urbanização do país alteraram substancialmente a posição do idoso dentro da
família e na sociedade como um todo.
Essa conquista econômica, em relação à concessão de créditos,
desencadeou uma problemática quanto à independência e autonomia financeira
desses idosos, já que muitas dessas pessoas são aposentadas e acabam
comprometendo além da metade da parcela de seus benefícios com dívidas, que
por vezes são desnecessárias e fraudulentas.
Neste sentido, o idoso, arrebatado pela vontade de ajudar economicamente a
sua família ou até aproveitar o seu tempo ocioso, não captura as armadilhas que a
maioria dos contratos apresenta, como juros elevados e valores das parcelas além
dos trinta por cento legais a serem descontados do benefício do INSS ou da conta
bancária, gerando o fenômeno do superendividamento, a ser abordado no capítulo
seguinte, afetando diretamente na subsistência mínima e essencial do consumidor.

3.5 As instituições financeiras como prestadoras de serviço

No tocante ao que se expos até aqui, é necessário classificar a prestadora de


serviço a ser abordada no presente tópico; as instituições financeiras.
Neste sentido, tendo que fornecedor vem a ser aquele que exerce sua
atividade, sendo mentor e executor do fornecimento que chega ao consumidor,
assim, dentro do conceito legal de fornecedor encontram-se as atividades
29

desenvolvidas por estas empresas, quais sejam: comercialização de produtos e


prestação de serviços.
Para LIMA (2005), as atividades financeiras desenvolvidas por qualquer
banco visam lucro, caracterizando-se provento dos serviços bancários. Quando o
índice inflacionário é baixo, todas as instituições financeiras recorrem para a
cobrança de taxas em decorrência dos serviços prestado ao consumido, assim o
dinheiro se revela como um produto, desejado e necessário a todas as atividades
econômicas. Esse produto, por sua vez, também está sujeito ao Código de Defesa
do Consumidor, na proporção em que movimentado pelas relações banco e clientes
necessita de proteção à parte dia hipossuficiente.
A jurisprudência consolidou o entendimento de que as atividades bancárias
demonstram relações de consumo e são abrangidas pelo Código de Defesa do
Consumidor. O Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de manifestar-se
em algumas decisões, vide Súmula 297 do referido tribunal:

“O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.”


“(...) Ação civil pública. Associação de defesa do consumidor. Entidade não
constituída legalmente há mais de um ano. Inexistência, além do mais, de
interesses difusos ou coletivos, nem relações de consumo. Ilegitimidade
ativa ad causam. Extinção do processo (...)”

Portanto, observou-se que instituições financeiras são definitivamente


destacadas como prestadoras de serviços, cabendo a elas a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, fazendo parte da relação de consumo na medida em que
prestam seus serviços, dentre estes serviços tem-se as linhas de credito especificas
para idosos, além de outras linhas que também os possam abranger como os
créditos consignados vinculados aos benefícios prestados pelo INSS.
31

4 PRINCÍPIOS

Para discutir o que se propõe o presente, é necessário a compreensão de que


determinados princípios com respaldo doutrinário.
Para tanto, deve-se significar o que vem a ser princípios, uma vez que pode
ser utilizado em vários contextos e com diversos significados.
No âmbito jurídico, a definição proposta por MELLO (2000) diz o seguinte:

“Princípio [...] é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,


verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre
diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
sentido harmônico.” (MELLO, 2000)

Já CARRAZA (2002) define princípios jurídicos como enunciado lógico


generalizado, de posição destacada nos vastos quadrantes do direito e, capaz de
vincular, o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se
conectam. Assim, os princípios refletem os valores de uma sociedade, sendo que
um princípio jurídico- pode ser comparado a uma “norma jurídica qualificada”.
Assim, o presente capítulo versa os princípios que norteiam as relações de
consumo propostas, quais sejam: princípio da vulnerabilidade, princípio da
hipossuficiência, princípio da proteção ao consumidor, princípio da transparência,
princípio da boa-fé e da dignidade da pessoa humana.

4.1 Princípio da vulnerabilidade

Conforme descrito no art. 4º, inciso I, da lei 8.078/90, a vulnerabilidade é um


dos pressupostos necessários para caracterizar uma pessoa como consumidora, em
virtude da fragilidade do consumidor diante do fornecedor nas relações de consumo.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo; (BRASIL, 1990)
32

Faz-se vulnerável em aspectos: técnicos e informacionais – uma vez que o


fornecedor possui o controle das informações relacionadas aos produtos ou serviços
que dispõe no mercado.
Se diferindo do princípio da hipossuficiência que, como será discutido, se
relaciona principalmente com poderio econômico do que o fornecedor.
ALMEIDA (2003), sugere que os consumidores somente poderão chegar à
igualdade real se tratados de forma desigual pelo Código de Defesa do Consumidor
e pela legislação em geral.
Neste sentido, é notável que vulnerabilidade discutida se alimenta da
isonomia constitucional, quando ordena que se deve tratar os desiguais na medida
de suas desigualdades.
MORAES (2009) define, porém, que o princípio da vulnerabilidade é, sob o
enfoque jurídico, o princípio pelo qual o sistema jurídico brasileiro reconhece a
condição daquelas pessoas consideradas mais fracas na relação de consumo, haja
vista a possibilidade de que venha a ser lesado, por parte do sujeito mais potente da
mesma relação.
Nas palavras de LIMA (2006), o princípio da vulnerabilidade expõe o poder
da informação sobre os produtos e serviços estarem cumulados nas mãos do
fornecedor e, por consequência, produz desequilíbrio na relação estabelecida com o
consumidor que busca por esses serviços e produtos, ainda mais ao adquiri-lo, em
que a vulnerabilidade tende a se agravar, já que, se de um lado há oferta, por outro
as características de distanciamento econômico e de conhecimento, presentes no
mundo real, são acompanhadas das tecnológicas.
Assim, PINHEIRO e DETROZ (2012) afirmam:

“Considerando a busca de princípios que possam servir de fundamento às


decisões judiciais em que se promove a efetivação das necessidades
humanas fundamentais, justificadas na valorização da pessoa e
manutenção da dignidade humana, procura-se oferecer como solução a
tutela da pessoa no contrato em face do mínimo existencial.” (PINHEIRO;
DETROZ, 2012)

Portanto, há um convencimento de que o consumidor é a parte mais frágil da


relação jurídica e, neste caso, merece receber um tratamento diferente o suficiente
para equilibrar essa desvantagem.
33

4.2 Princípio da proteção do consumidor

O princípio da proteção do consumidor está descrito no art. 1º da Lei


8.078/1990:

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do


consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°,
inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas
Disposições Transitórias. (BRASIL, 1990)

O referido artigo demonstra o protecionismo e interesse social, justificando a


existência do Código de Defesa do Consumidor quanto à intervenção do Estado no
nascedouro da necessidade de proteger o consumidor em relação à aquisição de
produtos e serviços.
Assim, as normas do Código de Defesa do Consumidor deverão ser aplicadas
para alinhar as relações de consumo entre o fornecedor e consumidor.

4.3 Princípio da hipossuficiência

O Código de Defesa do Consumidor dispõe acerca da hipossuficiência do


consumidor em seu artigo 6º:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou
nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;
34

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências;
(...) (BRASIL, 1990)

Trata-se de um princípio direcionado a pessoas em situação de carência,


desprovido, total ou parcialmente, de algo que lhe é fundamental. O consumidor
hipossuficiente é o impotente na relação de consumo, por encontrar-se em
desvantagem, e não ter condições para produzir provas em seu favor ou comprovar
que os fatos que formaram seu direito são verdadeiros.
Neste sentido TARTUCE (2014) argumenta que todo consumidor é
vulnerável, porém nem todo consumidor é hipossuficiente, ou seja, juridicamente o
consumidor pode ou não portar meios de obtenção de provas no que diz respeito a
responsabilizar o fornecedor pelo dano observado do produto ou do serviço.
Deve-se atentar para isto, uma vez que a hipossuficiência remete à ênfase no
Código de Defesa do Consumidor para o caso específico da inversão do ônus da
prova.
Sendo assim hipossuficiente é a pessoa que, no caso concreto, demonstra
estar em situação inferior, sendo resguardado pela legislação que oferta os
benefícios como a justiça gratuita e/ou inversão do ônus da prova.
Para tanto a lei é que define quem é hipossuficiente. E é no caso concreto
que é apurada a existência da hipossuficiência.

4.4 Princípio da boa-fé objetiva

O Código de Defesa do Consumidor expõe a observância da boa-fé em dois


momentos: no art. 4º, inciso III, e no art. 51, inciso IV:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
(...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade
de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica.
35

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
V - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem
o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a eqüidade; (BRASIL, 1990)

O princípio proposto, é definido por PEDROSO (2014) como uma regra de


conduta com ideais de lealdade e honestidade, exercendo as partes um modelo de
postura social, e respeitando os interesses e a confiança da parte contrária, com a
finalidade de se ponderar toda a sociedade.
Sendo denominada objetiva uma vez que não se relaciona com o sujeito, faz
o confronto entre uma dada situação e um ideal a ser atingido. Apresenta-se como
peça para viabilizar a compatibilização e o equilíbrio contratual, devendo ser
presente implicitamente em todos os contratos de consumo.
Em suma, a boa-fé prescreve coordenadas a serem seguidas em respeito ao
sistema jurídico.

4.5 Princípio da dignidade da pessoa humana

Previsto na Constituição Federal de 1988, discriminado no art. 5º, da CR/88. É


o centro da titularidade dos direitos dos cidadãos.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...) (BRASIL, 1988)

Por ser tão amplo e atender tantas esferas dos direitos brasileiro, é de suma
importância que se destaque o pertinente a corrente discussão acerca das relações
de consumo.
Está previsto no texto constitucional, especificamente no inciso XXXII, do art.
supramencionado, quando o legislador dita que:

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou


reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei
fixar; (BRASIL, 1988)
36

A dignidade da pessoa humana vai de encontro à proteção máxima e


ancorada a mecanismos legais com fulcro à igualdade jurídica entre o fornecedor e
consumidor, envolvidos na esfera do Código de Defesa do Consumidor com o dever
de regular as relações de consumo com suas ordenanças de ordem pública e
interesse social, voltadas a proporcionar uma sociedade saudável.
37

5 A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR IDOSO E A TOMADA DE CRÉDITO

Consoante ao exposto, é notória a tentativa normativa de equilibrar o déficit


entre consumidor e fornecedor. Neste texto, agrava-se tal relação ao tratar de um
consumidor vulnerável, na medida em que pode-se afirmar que, a fragilidade
psíquica dos idosos cumula-se em uma vulnerabilidade para lidar com
circunstancias que, quando mais jovens, eram classificadas como ordinárias, e que
na idade avançada tem uma dimensão alargada, gerando uma vulnerabilidade mais
acentuada.
Nas palavras de PINHEIRO e DETROZ (2012), a vulnerabilidade preconiza-
se como um critério jurídico que deve ser observado no exame das relações de
consumo dos idosos, em face do princípio da dignidade da pessoa humana.
Imprescindível é a criação de uma nova consciência, que transpasse a
dogmática e informe a atividade jurisdicional, resultando em uma legislação positiva
e capaz de viabilizar a instauração de um regime jurídico diferenciado.
Assim, pretende-se descriminar como, na contemporaneidade, é tratada a
concessão de credito ao sujeito em tela afim de que se possa definir se a tentativa
supramencionada tem encontrado seu objetivo.

5.1 A concessão de crédito consignado aos idosos

A aposentadoria é a forma principal de garantir uma renda para pessoas


idosas, ainda que nem todos estejam incluídos no sistema de aposentadoria, é
sobre estes e a renda que auferem através de seus benefícios concedidos juntos à
Previdência Social que vem a ser foco do exposto a seguir.
Perpassando pela Lei 10.820, de dezembro de 2003, é lícito às instituições
financeiras o desconto em folha de pagamento, conforme determina o art. 1º desta
Lei:

Art. 1º. Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho -


CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão
autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o desconto em folha de
pagamento ou na sua remuneração disponível dos valores referentes ao
pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações
de arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e
sociedades de arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos
contratos. (BRASIL, 2003)
38

Posterior a esta, no ano de 2004, o Governo Lula abordou em caráter inicial a


contratação de credito consignado aos idosos beneficiários da Previdência Social,
através da Lei 10.953/2004:

“Art. 1º. O art. 6º da Lei no 10.820, de 17 de dezembro de 2003, passa a


vigorar com a seguinte redação:

Art. 6º. Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do


Regime Geral de Previdência Social poderão autorizar o Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS a proceder aos descontos referidos no art. 1o
desta Lei, bem como autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que a
instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha, para fins de
amortização, valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos,
financiamentos e operações de arrendamento mercantil por ela concedidos,
quando previstos em contrato, nas condições estabelecidas em
regulamento, observadas as normas editadas pelo INSS.” (BRASIL, 2004)

Em 2015, a nova Lei nº 13.172/2015 altera as anteriores, estabelecendo, no


art. 2º, § 2º, inciso I:

I - a soma dos descontos referidos no art. 1o não poderá exceder a 35%


(trinta e cinco por cento) da remuneração disponível, conforme definido em
regulamento, sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente para:
a) a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
b) a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito;
(BRASIL, 2015)

Neste sentido, visando impor limites à concessão de credito que trata este
tópico, o Instituto Nacional de Seguridade Social atualizou através da Portaria 1.959,
de 8 de novembro de 2017 as taxas máximas para concessão de credito, sendo
2,08%.
Em linhas gerais, quando ao que se pretende discutir, limita-se aos referidos
percentuais o que existe para proteger a vulnerabilidade financeira dos idosos
quanto à tomada de credito.

5.2 O superendividamento do idoso

A descoberta das pessoas idosas como consumidores relaciona-se


diretamente com o interesse dos bancos em diversificar, mitigando o risco, de todo o
sistema de crédito.
39

Sendo o endividamento condição exclusiva de pessoas físicas, aqui


enquadra-se o sujeito em questão, descrito como vulnerável, suscetível ao
endividamento que se discute.
Neste sentido, SASSE (2013) afirma que a facilidade com que se contrata
uma operação de credito consignado é grande causadora de tal situação econômica,
posto que os idosos, por vezes, acabam cedendo a pressões de seus familiares e
das mídias orquestradas pelas instituições financeiras, induzidos pela oportunidade
de contratar o crédito fácil, acabam por não verificar as taxas de juros e as cláusulas
contratuais.
Na medida em que preconiza-se fazer certas restrições para contrair um
crédito, quando esta economia atinge necessidades essenciais como alimentação
ou saúde, isso se torna problemático pois se for necessário tomar um outro crédito
para pagar um já existente, o caminho para um superendividamento é quase certo.
Preocupante, uma vez que, com a agilidade em tomar uma operação desta
natureza, por vezes o idoso deixa de observar a necessidade de planejamento
financeiro. Diante desta má administração das finanças pessoais, contrai-se o
máximo permitido de credito, que conforme disposto no site do INSS, pode durar até
72 meses para chegar ao fim. Assim na tentativa de realizar novas compras ou
contratar novos serviços, aquele consumidor vê-se preso uma responsabilidade de
longa duração, resultando na falta de credito disponível, o que resulta em seu
isolamento econômico.
Há ainda, os casos em que os idosos suportam uma operação, para benefício
de seus entres queridos, com a promessa de pagamento por estes, e que termina
por nunca ocorrer, conforme visto em pesquisa sobre o impacto do crédito
consignado a pessoas idosas em São Paulo e Porto Alegre apresentada por DOLL e
CAVALLAZZI (2016).
Assim, é perceptível a vulnerabilidade em que se encontram os idosos no
Brasil, na medida em que são postos no mercado de consumo como pessoas de
fácil persuasão, dignas de verem seus direitos e limitações cuidados pela lei e pela
sociedade, que os colocam à margem, em situação de hipossuficiência, deixando
muitas vezes de aplicar a boa-fé ao contratar com estes.
40

5.3 Projeto de Lei nº 283/2012

Frente ao exposto, na busca pelo tratamento com igualdade, a vulnerabilidade


física, psíquica e social, resultam em uma vulnerabilidade jurídica. Quando existe
desigualdade comprovada, as normas jurídicas não devem ser iguais para todos.
Partindo desse pressuposto, o projeto de lei nº 283/2013 trata do crédito ao
consumidor e previne o superendividamento.
Nas palavras de SANTIAGO (2015):

“Se aprovado o PLS nº283/2012 passa a vigorar em seu Art.4º, inciso IX


com ações no sentido de estimular o Estado e a sociedade a promover a
educação financeira dos consumidores, devendo o tema ser, inclusive,
inserido em currículos escolares. Com a educação financeira, será conferido
ao consumidor meios para se utilizar o crédito de forma consciente e
responsável, evitando assim o superendividamento.” (SANTIAGO, 2015)

Em seu todo, conforme se lê em anexo, o projeto de lei tem por finalidade a


prevenção do superendividamento, a promoção do crédito responsável e à
educação financeira, conduzido pelos princípios da boa-fé, da função social do
crédito e ainda o respeito à dignidade da pessoa humana.
Objetivando um resultado em gerações futuras a educação financeira no
diploma escolar vem a ser um remédio para a mazela da atualidade, haja vista que
educação financeira é fundamental para qualquer indivíduo, principalmente para o
idoso, já que engloba o comportamento deste enquanto consumidor.
O idoso consciente de suas finanças será capaz de fazer uso responsável da
modalidade de credito tratada, tornando-se capaz de realizar planejamento
financeiro, pois, sempre que possível, o recomendado é acumular recursos e pagar
à vista qualquer que seja o produto ou serviço, para evitar juros ou encargos.
Sendo assim, a legislação proposta afetaria de forma gradativa as
consequência negativas advindas da inserção do idoso no mercado de consumo de
credito, proporcionando a estes o conhecimento necessário para que possam, caso
queiram, ingressar na justiça, de maneira pontual, quando se depararem com
possíveis abusos de seus direitos, perpassando pelo abuso de taxas,
descumprimento dos princípios ora mencionados, e alertando-os quanto ao
planejamento dos recursos próprios e a oferta demasiada e fácil de se endividar.
41

6 CONCLUSÃO

Os idosos, indivíduos de fundamental construção das características de uma


sociedade, de fato, conforme visto por diversos doutrinadores ao longo deste
trabalho, são vulnereis em vários aspectos, inclusive no que aqui importou-se em
tratar. Diante dessa vulnerabilidade e hipossuficiência, o Código de Defesa do
Consumidor e o Estatuto do Idoso que em conjunto devem ser analisados para que
o idoso não seja lesionado ao contratar serviços ou adquirir produtos.
Posto que, a priori, o grande risco é que após a concessão do credito,
momento em que o tomador sente-se poderoso e realizado ao ver-se com o capital
em mãos, chega a cobrança da dívida descontando do seu meio de subsistência,
com tributos e taxas.
O estudo proporcionou confirmar que o risco do superendividamento é
agravado, em face da vulnerabilidade dos idosos em torno da relação de consumidor
e do fornecedor do crédito.
Restou concluso que, não somente os Códigos vistos são necessários para
auxiliar estes indivíduos, como é preciso uma normativa que venha inovar a forma
de tratar dos idosos, criando medidas que ajudam resolver problemas existentes, e
medidas educacionais, confirmando a hipótese proposta. Levando aos idosos
informações precisas quanto ao crédito consignado, do montante a ser pago afim de
inibir práticas abusivas e publicidade enganosa, para que as instituições financeiras,
vistas popularmente como a prestadora de serviços que mais onera os sujeitos em
tela.
Assim, pretende-se, com esta pesquisa, proporcionar melhoria social na
medida em que a educação financeira, não somente para os idosos, que deixariam
de ser vítimas do seu próprio consumismo, como para todos os indivíduos dessa
mesma sociedade. Uma vez que com o Projeto de Lei n.º 283/2013 a expectativa é
de um país responsável e consciente no futuro.
43

REFERÊNCIAS

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São Paulo: Saraiva, 2003.

ALMEIDA, João Batista de. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Saraiva,
2003.

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Manual de direito do consumidor. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2012.

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consumidor. 3. ed. Brasilia, DF: Secretaria Nacional do Consumidor, 2010.

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idoso. São Paulo: Quartier Latin, 2005.

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da União, Brasília, 05 out. 1988.

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1933.

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do Brasil. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 5 jan. 1916.

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da


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BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do


Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 3 out. 2003.

BRASIL. Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a autorização


para desconto de prestações em folha de pagamento, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 18 dez. 2003.

BRASIL. Lei nº 10.953, de 27 de setembro de 2004. Altera o art. 6º da Lei no


10.820, de 17 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a autorização para desconto
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44

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Tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
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ANEXO A – Estatísticas do IBGE (2018)

Fonte: IBGE, adaptado, 2018


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Anexo B – Projeto de Lei n.º 283/2012 (Original)


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