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CAMILA CARDOSO DA SILVA

CLÁUSULAS ABUSIVAS E O SUPERENDIVIDAMENTO


CAMILA CARDOSO DA SILVA

CLÁUSULAS ABUSIVAS E O SUPERENDIVIDAMENTO:

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade São Judas Tadeu, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Direito

Orientadora: Adriana Martins Silva

SÃO PAULO
2022
CAMILA CARDOSO
CAMILA CARDOSO DA SILVA

CLÁUSULAS ABUSIVAS E O SUPERENDIVIDAMENTO:

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade São Judas Tadeu, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Direito

BANCA EXAMINADORA

Ana Luiza Chalusnhak

São Paulo, 06 de dezembro de 2022


Dedico este trabalho ao meu namorado,
Felipe de Gouveia, que com paciência
sempre esteve ao meu lado ajudando,
apoiando e acreditando no meu potencial,
bem como a minha mãe, Zélia Cardoso de
Sena, que sempre foi compreensiva nos
meus momentos de estudo e sempre esteve
ao meu lado acreditando em minha
capacidade.
Dedico também a todos os professores do
curso de Direito que sempre estiverem
presentes compartilhando conhecimento e
me motivando cada vez mais a continuar
essa caminhada gigante de preparação.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço imensamente a Deus, que me abençoou e me iluminou


para que eu conseguisse passar por esses cinco anos do curso de Direito de cabeça
erguida, independente das dificuldades que surgiam. Agradeço meu namorado que teve
uma participação significativa neste trabalho, sempre me ajudando e me apoiando,
agradeço a minha mãe, amigos e a todos que de alguma forma colaboraram para
execução e finalização deste trabalho.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo expor as cláusulas abusivas nos contratos, com
ênfase nos contratos de adesão e em como as pessoas ficam superendividadas devido
ao não conhecimento destas cláusulas. O superendividamento está sendo um problema
que alcança uma porcentagem significativa da população, onde a sociedade estimula
os consumidores ao consumo compulsivo através de veículos de informação, como
propagandas na televisão ou publicidades nas redes sociais e isso acaba gerando um
consumo desnecessário que levam as pessoas a inadimplência. O tema abordará as
armadilhas que os consumidores podem encontrar nos contratos de adesão e em como
podem identificá-las e buscar ajuda, tudo isso tendo como base principal o Código de
Defesa do Consumidor e a nova Lei do Superendividamento. Ainda, tendo em vista a
cultura do nosso país com relação ao consumo, abordarei como poderíamos solucionar
este problema desde o princípio, como por exemplo tendo como matéria básica nas
escolas a educação financeira e direito do consumidor.

PALAVRAS-CHAVE: Cláusulas Abusivas; Superendividamento; Vulnerabilidade;


Inadimplência; Educação Financeira.
ABSTRACT

The present work has as its main objective as abusive clauses in contracts, with
emphasis on adhesion contracts and on how people become over-indebted due to the
lack of knowledge of these clauses. Over-indebtedness is being publicized as a problem
that has reached a significant meaning of information to society society stimulates
consumers through the consumption of vehicles, such as advertisements on television
or advertising on the networks and this ends up generating a social consumption of the
population, where they take as people to people defaulting. The theme will address the
pitfalls that consumers can in adhesion contracts and how they can identify and help, all
this based on the Consumer Defense Code and the new Over-indebtedness Law. Still,
taking as an example the culture of our consumption, approaching consumer education,
having as a reference the problem from the example having schools as a financial base
and consumer rights.

Key-words: Abusive Clause; Over-indebtedness; Vulnerability; Default; Financial


education.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Gráfico mostrando a porcentagem de pessoas que guardam dinheiro


pensando na aposentadoria............................................................................................8

Figura 2 – As fases para a liberdade financeira, segundo Thiago Nigro......................17


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de pessoas inadimplentes no Brasil segundo o IPEC...................13

Tabela 2 – Comparação entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, em porcentagem,


das categorias que mais endividam as pessoas no Brasil............................................13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CDC Código de Defesa do Consumidor

SPC Serviço de Proteção ao Crédito

CND Confederação Nacional de Dirigentes

CF Constituição Federal

FGV Fundação Getúlio Vargas

IPC Índice de Preços ao Consumidor

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

PEIC Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor

BNCC Base Nacional Comum Curricular

MEC Ministério da Educação

CVM Comissão de Valores Mobiliários

ACT Acordo de Cooperação Técnica

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. CLÁUSULAS ABUSIVAS....................................................................................... 3

2.1. Relação de Consumo..................................................................................... 3

2.2. Cláusulas em Geral ........................................................................................ 3

2.3. Cláusulas Abusivas na Prática ..................................................................... 3

2.4. Contratos de Adesão ..................................................................................... 4

3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ......................................................................... 8

3.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ................................................ 8

3.2. Princípio da Vulnerabilidade ......................................................................... 9

3.3. Princípio da Boa Fé Objetiva ........................................................................ 9

3.4. Princípio da Isonomia .................................................................................. 10

3.5. Princípio da Informação .............................................................................. 10

4. O SUPERENDIVIDAMENTO ................................................................................ 11

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 21

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 23


1. INTRODUÇÃO

Antes de adentrarmos nas cláusulas abusivas e em como as pessoas ficam


superendividadas por conta delas, vale explicar um pouco sobre a cultura do consumo no
Brasil e sobre a proteção do Código de Defesa do Consumidor com relação a estes
consumidores.
O consumismo é o hábito de adquirir produtos e serviços sem precisar deles, muitas
vezes pelo impulso e ansiedade. Esse impulso é também resultado da influência de
propagandas enganosas, que insistem em relacionar o consumo à felicidade e, muitas
vezes, criam uma falsa impressão de necessidade, mostrando como certos produtos ou
serviços são capazes de tornar a vida das pessoas melhor.
De acordo com um estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da
Confederação Nacional de Dirigentes (CND), cerca de 3 em cada 10 consumidores no
Brasil consideram as compras como o tipo de lazer favorito. Nesse levantamento do SPC
e da CND, foi descoberto que o hábito vem principalmente das mulheres e consumidores
da classe A e B, onde 40% dos entrevistados admitem que estão ou já estiveram com o
nome sujo por não ter limites nas compras compulsivas1. Em um outro estudo, realizado
pelas mesmas instituições, revelou-se que as classes C, D e E são as que mais compram
sem necessidade, motivadas por promoções. Dos resultados apresentados, 33% desses
consumidores concordam que compram sem necessidade, motivado apenas pela ideia de
o valor do item estar mais barato ou por estar em promoção 2.
Ainda citando o consumismo da pesquisa acima, 42% dos consumidores afirmaram
que costumam parcelar suas compras pois, assim conseguem comprar tudo o que querem
e 40% dos entrevistados nem ao menos procuram um meio alternativo para economizar.
São números que deixam claro o quanto o consumismo está presente entre os brasileiros
e que esse comportamento do consumidor ocorre em todas as classes sociais e idades.
Conforme a nossa sociedade foi criando padrões de comportamento que
demonstram o quão bem-sucedido um indivíduo é, padrões esses reforçados pela mídia,
pessoas de todas as classes sociais passaram a ter vontades semelhantes em relação
aos “sonhos de consumo” de outra pessoa, pensando na forma em como será visto nos
círculos em que estão inseridos e de como se relacionam com outras pessoas. Apesar de
termos uma porcentagem expressiva da população endividada, o endividamento no Brasil
ainda é visto como um descontrole individual da vida financeira e até mesmo visto com um

1 Disponível em: https://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2016/01/36-dos-consumidores-fazem-


compras-para-aliviar-o-estresse.html Acesso em: 15/08/2022

2 Disponível em: https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/pesquisa/2687 Acesso em: 20/08/2022


problema social “das minorias”.
O fato de as pessoas quererem descontroladamente gastarem, faz com que
aceitem cláusulas excessivamente onerosas sem perceber e com isso, acabem ficando
superendividadas. Pensando nisso, tivemos a implementação da defesa do consumidor
na Constituição Federal (CF) de 1988, em seu artigo 5°, inciso XXXII, que diz que “o Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”, no Código de Defesa do Consumidor
(CDC), através da Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 e com entrada em vigor da lei
n° 14.181, de 1° de julho de 2021. Com isso, será, então, que existem maneiras para frear
o consumismo?
2. CLÁUSULAS ABUSIVAS

2.1. Relação de Consumo

Primeiramente, para que uma relação de consumo seja caracterizada, precisamos


ter de um lado a figura do consumidor e do outro a figura do fornecedor, os artigos 2° e
3° do Código de Defesa do Consumidor, conceituam bem o significado de ambos, onde
consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final e já o fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

2.2. Cláusulas em Geral

Antes de adentrarmos nas cláusulas abusivas e em como elas podem ser


prejudiciais ao consumidor, vale explicar sobre o conceito geral dessas cláusulas.
As cláusulas, nada mais são do que jeitos de beneficiar ambas as partes presentes
em um contrato ou tornar aquele contrato menos prejudicial, trazendo uma segurança e
estabelecendo direitos e deveres. Ainda, um contrato para ser completo precisa conter
partes, objeto, valores, condições, prazos, multas contratuais, responsabilidades e foro
competente. Um contrato que não comtempla todos estes tópicos citados, ou seja, mal
redigido, pode acabar o tornando muito mais oneroso do que realmente seria necessário,
por este motivo, é fundamental que um contrato seja analisado com cautela ou com a
ajuda de um especialista para que nenhuma parte seja lesada.

2.3. Cláusulas Abusivas na Prática

Tendo como premissa básica a proteção aos direitos do consumidor, temos, no


Código de Defesa do consumidor, o artigo 6°, inciso IV, que consagra à proteção contra
essas cláusulas abusivas e evidenciando que isso se trata de um direito fundamental e
básico.
Posto isto, cláusulas abusivas são aquelas presentes na maioria das vezes em
contratos de adesão, colocando o consumidor em riscos excessivos e em desvantagens,
fazendo com que assim, o fornecedor fique exonerado de suas obrigações legais.
Contudo, por conta da proteção do Código de Defesa do Consumidor (CDC), partindo da
premissa de que o consumidor é vulnerável, sendo essa, uma cláusula abusiva, o contrato
torna-se nulo. Ainda, salientando o exposto acima, o doutrinador GALDINO (2001, P.12),
apresenta que: “cláusulas abusivas são aquelas que constituem obrigações injustas,
colocando o consumidor em desvantagem excessiva, causando uma desarmonia
contratual entre as partes, ferindo a boa-fé e a equidade” 3
A partir disso, temos que a doutrina separa a vulnerabilidade do consumidor em três
tipos: “jurídica ou contábil, fática ou socioeconômica e técnica” (MORAES, 2006, p.323) 4
A vulnerabilidade jurídica ou contábil é aquela que falta estudo da relevância e do
amplo conceito jurídico que se encontra em um contrato, por exemplo a inviabilidade de
perícia pelo consumidor. Já a vulnerabilidade fática ou sócio econômica, é aquela onde o
fornecedor passa sua hierarquia para todos que contratam com ele. Por último, a
vulnerabilidade técnica é a falta de estudo pelo consumidor para entender melhor o
produto e saber identificar os ricos que isso pode causar, temos como exemplo a compra
de um notebook por uma pessoa de idade que não sabe ligar ou mexer no mesmo.
No artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, temos elencado diversas
situações que são tidas como abusivas e que não estão em consonância com a boa-fé,
onde novamente o fornecedor tenta obter vantagem indevida, explorando a
vulnerabilidade do consumidor e por esse motivo, o contrato de adesão é o mais propício
para o surgimento de cláusulas abusivas.

2.4. Contratos de Adesão

O contrato de adesão, contrato esse mais utilizado nas relações de consumo, é


aquele elaborado unilateralmente pelo fornecedor, onde o consumidor não consegue
discutir o conteúdo e disposições das cláusulas, ficando assim, condicionado a aceitá-las
ou não. Por conta desta imposição por parte dos fornecedores, os consumidores acabam
aceitando, não procurando outros contratos mais benéficos, e isso representa um perigo
eminente para os mesmos.
Em razão da superioridade que o fornecedor possui em relação ao consumidor,
Josimar Rosa ressalta que:

a postura assumida pelo predisponente é de modo resoluto, não restando ao


aderente a indagação sobre o conteúdo contratual, mas independente ao processo
do dirigismo contratual em que deverá manifestar-se ou não, na condição do
contratante 5

Temos, ainda, previsto no Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 54, uma
seção específica para tratar dos contratos de adesão.

3 GALDINO. V.S. Cláusulas Abusivas no direito brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2001
4 MORAES. Maria Celina Bodin de (coord.) Princípios do Direito Civil Contemporâneo. Rio de Janeiro:
Renovar, 2006
5 ROSA. Josimar Santos. Contrato de Adesão. São Paulo: Atlas, 1994
O disposto no artigo 54, estabelece algumas regras e obrigações que o fornecedor
precisa obedecer no momento da elaboração de um contrato de adesão, fazendo com que
esse contrato fique claro e objetivo para compreensão de um consumidor vulnerável.
Muitos podem pensar que se um fornecedor elabora um contrato de adesão, por exemplo,
de uma maneira objetiva, o consumidor não poderia vir a reclamar posteriormente de seus
direitos, contudo, no momento em que uma cláusula abusiva é identificada em um contrato
ela se torna obrigatoriamente nula, conforme disposição do artigo 51, inciso IV, do Código
de Defesa do Consumidor:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas
ao fornecimento de produtos e serviços que:
[…]
IV - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou
a equidade.

Vale ressaltar que, o contrato como um todo pode não ser invalidado ao
encontrarmos uma cláusula abusiva, e isso se dá por conta do exposto no parágrafo 2° do
artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe que uma cláusula abusiva não
invalida o contrato, por exceção de quando sua ausência, haver ônus excessivo para
qualquer das partes. Para completar o entendimento do inciso IV, o parágrafo 1° deste
mesmo artigo explica que “presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
afronta os princípios basilares do sistema jurídico a que dizer respeito, restringem direitos
ou obrigações fundamentais efetivas a natureza do contrato e se mostra abusivamente
onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias estranhos ao caso.” Segundo Nelson Nery:

O instituto das cláusulas abusivas não se confunde com o do abuso de direito, que
se encontra no Art. 160 do Código Civil, as cláusulas abusivas são consideradas
opressivas, cláusulas vexatórias, cláusulas onerosas ou, ainda, cláusulas
excessivas. Portanto, cláusulas abusivas são aquelas que possam causar lesão
contratual ao contratante, o livrando do seu direito, fazendo que de alguma maneira
o consumidor possa ser atingido. 6

Tendo isso em mente, temos que essa nulidade deve ser reconhecida
judicialmente, por meio de ofício pelo juiz, ação direta ou reconvenção, mesmo sem o
requerimento da parte. A nulidade das cláusulas abusivas não atinge a preclusão, de modo
que poderia ser informada no processo em qualquer tempo ou grau de jurisdição, tendo o
juiz o deve de se pronunciar. Ainda, temos como abusiva toda cláusula que exclui a
responsabilidade do fornecedor por algum fato de produto ou serviço, a título de exemplo,

6 Nery Nelson Junior, (1999). Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. 6ª edição.


quando um produto está com algum vício ou defeito e o fornecedor se eximi de reparar o
dano causado, consertar o produto ou fornecedor um novo.
Outrossim, o Código Civil, no artigo 424 dispõe sobre pontos importantes acerca
destes mesmos contratos, onde temos que “nos contratos de adesão, são nulas as
cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente resultante da natureza do
negócio”. Em tempo, Custódio Miranda conceitua como:

aquela forma de ajustar em que, enunciada pelo predisponente uma afirmação


regida ao público, contendo uma promessa irrevogável para esse fim, mediante
cláusulas uniformes, formuladas unilateralmente, o contrato (individual, singular)
se forma, com o conteúdo assim prefixado, no momento em que uma pessoa,
aceitando essas cláusulas na sua totalidade, ainda que com eventuais
aditamentos, adere a tal conteúdo 7

Ainda com relação ao contrato de adesão, temos que as condições previstas no


contrato podem surgir do poder para regulamentar do Estado, da atividade de terceiros e
da vontade das partes, contudo, podemos ter essas mesmas implicações sem que
necessariamente exista um contrato de adesão. Este tipo de contrato também promove
uma agilidade nas negociações visto que as cláusulas já estão prontas e isso impede uma
análise e discussão, economizando tempo. Para Orlando Gomes:
a crítica doutrina, funda-se na opinião de que a denominação contrato de adesão
seria limitada aqueles casos de incoerência de rejeitarem-se as cláusulas
uniformes preestabelecidas, o que se dá normalmente, com as estipulações
unilaterais do Poder Público. Sugeriu ele o nome de contrato de adesão para
expressar as demais estipulações unilaterais, cujas cláusulas não sejam
irrecusáveis pelo futuro aderente. 8

Por fim, os contratos de adesão possuem seus pontos positivos e negativos. Os


pontos positivos são que, este tipo de contrato diminui os custos e promove agilidade nas
negociações, como já colocado, e os pontos negativos são que, um contrato padronizado,
que é o caso do contrato de adesão, transfere um risco por parte do elaborador e não
prevê a possibilidade de modificação das cláusulas, apenas aceitação.
Neste sentido, para Paulo Lôbo:
Diante dessa enorme desvantagem, é necessário a presença do Estado para que
possa intervir e impedir o abuso no estabelecimento do conteúdo dos contratos,
principalmente por parte dos fornecedores, o objetivo é impedir que o aderente
seja prejudicado, tais mecanismos não são em prática muito eficientes, pois ainda
existem cláusulas abusivas inseridas nos contratos de adesão. 9

Com a nova Lei do Superendividamento, é possível que o consumidor recorra aos

7 MIRANDA, Custódio da Piedade Ubaldino. Contrato de adesão. São Paulo: Atlas. 2002
8 GOMES. Orlando. Contrato de Adesão. São Paulo: RT, 1972
9 Lôbo, P. L. N. (1991). Condições gerais dos contratos e cláusulas abusivas. Saraiva.
órgãos de defesa para anular as cláusulas que lesem seus direitos. Se o consumidor
identificar a cláusula e comunicar a empresa, essa não poderá impedir ou obstaculizar o
bloqueio e anulação instantânea do pagamento, assim como não poderá realizar futuras
cobranças.
Não podemos negar que os consumidores possuem muitos meios de proteção nos
dias de hoje, mas que mesmo assim acabam caindo em ciladas. Hoje, com a cultura do
consumismo no Brasil, mesmo com todas as informações disponíveis nos meios de
comunicação, os consumidores, por impulso, acabam aceitando as cláusulas abusivas e
se superendividado. Podemos dizer que o superendividamento acontece no momento em
que uma pessoa com boa fé se encontra sem recursos para pagar suas dívidas levando
em consideração sua renda e isso acarreta problemáticas, como não ter dinheiro para
comprar alimentos, pagar despesas básicas de casa podendo acarretar ainda em
problemas psicológicos. Além de uma pessoa ficar superendividada por compras
compulsivas, temos também aqueles que ficam desempregados, aqueles que perdem um
membro da família, ou até mesmo que ficam doentes e acabam precisando gastar muito
mais do que o esperado.
Para que uma pessoa não fique superendividada, é necessário que haja um
planejamento, um estudo estratégico (educação financeira) e relacionada à educação
financeira que saibam ter uma reserva para emergências, onde tenham um valor guardado
que possa cobrir todas as suas despesas fixas por pelo menos seis meses, não deixando
levar-se pelas propagandas que muitas vezes ativam o lado compulsivo do consumidor,
pelos contratos com cláusulas abusivas e buscando ajuda de um especialista em análise
de contratos.
3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Vale ressaltar os princípios constitucionais que norteiam o código de defesa do


consumidor e suas implicações. Logo no primeiro artigo do Código de Defesa do
Consumidor (CDC), temos que este é uma lei de interesse social e ordem pública, sendo
assim, essencial para convivência da sociedade e concluindo que sua inexistência
inviabilizaria a saudável convivência entre os indivíduos na sociedade, ferindo também a
proteção ao direito do consumidor. Lincando o Código de Defesa do Consumidor com a
Constituição Federal (CF), temos em seu inciso XXXII, artigo 5°, o direito e defesa dos
consumidores como um direito fundamental, além disso, ainda na CF, temos no artigo 170,
caput, que além do direito ao consumidor ser um direito fundamental, a defesa desses
direitos é também um princípio da dignidade da pessoa humana e justiça social, pois visa
uma condição igualitária em uma convivência de desigualdade, proporcionando mais
liberdade aos consumidores.
Dentre os princípios que norteiam o Código de Defesa do Consumidor (CDC),
temos: Princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da vulnerabilidade, princípio
da boa-fé objetiva, princípio da isonomia e princípio da informação.
Antes de adentrarmos nos princípios, precisamos entender o conceito, sendo
assim, para Mauricio Delgado, princípio é:

Noção de proposições fundamentais que se formam na consciência das pessoas


e grupos sociais, a partir de certa realidade, e que, após formadas, direcionam-se
à compreensão, reprodução ou recriação dessa realidade. 10

3.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

Além de ser o primeiro fundamento da carta magna, o princípio da dignidade da


pessoa humana está entre um dos principais, por ser a garantia principal de todo indivíduo
em uma sociedade, garantindo necessidades essenciais. Como não temos previsto no
ordenamento jurídico uma definição exata para o significado deste princípio, em sua obra
sobre o Direito Constitucional, André Ramos Tavares explica que não é simples definir um
significado e, neste sentido, conceitua conforme palavras de Werner Maihofer,
jurista e filósofo jurídico:

A dignidade humana consiste não apenas na garantia negativa de que a pessoa


não será alvo de ofensas ou humilhações, mas também agrega a afirmação
positiva do pleno desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo. O pleno
desenvolvimento da personalidade pressupõe, por sua vez, de um lado, o
reconhecimento da total auto disponibilidade, sem interferências ou impedimentos

10 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. – 10 ed. São Paulo: 2011
externos, das possíveis atuações próprias de cada homem; de outro, a
autodeterminação que surge da livre projeção histórica da razão humana, antes
que de uma predeterminação dada pela natureza 11

3.2. Princípio da Vulnerabilidade

A Constituição Federal (CF), em seu artigo 5°, inciso XXXIII, nos mostra que a
defesa do consumidor é um direito e garantia fundamental, sendo assim, ela reconhece
que o consumidor é um indivíduo vulnerável, que precisa dessa proteção especial. A
vulnerabilidade é a base que norteia todo Código de Defesa do Consumidor (CDC), tendo
em vista que busca proteger o mais frágil em uma relação de consumo, com o intuito de
promulgar o equilíbrio no contrato e não deixar que o fornecedor se aproveite dessa
vulnerabilidade. Essa vulnerabilidade mencionada, do consumidor é presumida mas já a
vulnerabilidade da pessoa jurídica deve ser verificada caso a caso. Além disso, através da
fixação da Política Nacional das Relações de Consumo, em seu artigo 4°, inciso I, o CDC
buscou resguardar direitos necessários que atenderiam todas as necessidades dos
consumidores, reconhecendo o consumidor como vulnerável no mercado de consumo.
Para Paulo Moraes:
Vulnerabilidade, sob o enfoque jurídico, é, então, o princípio pelo qual o sistema
jurídico positivado brasileiro reconhece a qualidade ou condição daqueles sujeitos
mais fracos na relação de consumo, tendo em vista a possibilidade de que venham
a ser ofendidos ou feridos na sua incolumidade física ou psíquica, bem como no
âmbito econômico, por parte dos sujeitos mais potentes da mesma relação 12

3.3. Princípio da Boa Fé Objetiva

O princípio da boa-fé objetiva se mostra presente na conduta do fornecedor nas


relações de consumo, e temos que a boa-fé objetiva surge do princípio da igualdade, onde
se estamos diante de uma relação contratual e uma das partes age de forma
desrespeitosa, com o intuito de se beneficiar, abusando do direito, este negócio jurídico
estaria em discordância com o princípio da igualdade. Tendo isso em vista, este princípio
prima pelo respeito, ética e transparência, conforme frisa o artigo 4°, inciso III, do Código
de Defesa do Consumidor. O princípio da boa-fé objetiva tem três funções importantes,
sendo elas: função integrativa, função de controle e função interpretativa. A função
integrativa está relacionada com as obrigações principais previstas em um determinado
contrato e com os deveres laterais ou anexos; A função de controle como o próprio nome
diz, controla e limita os contratos para que não aconteça abuso de direito; e por fim, a

11TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 18ª ed. São Paulo. Saraiva, 2020
12MORAES, Paulo Valério dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da vulnerabilidade no
contrato, na publicidade e nas demais práticas comerciais: Livraria do Advogado, 2009, p.125
função interpretativa visa buscar a intenção das partes no momento da celebração do
contrato.
Conforme conceitua Judith Martins Costa:
A noção de boa-fé no Direito provém do mundo romano, registrando já a Lei das
Doze Tábuas a norma segundo a qual patronus si clienti fraudem fecerit, sacer
esto. Contudo, os historiadores indicam a sua ainda maior ancianidade, uma vez
que a ideia expressa na palavra fides estaria ligada, segundo a tradição recolhida
por Dionísio de Halicarnasso, à própria fundação de Roma, equivalendo-se dizer
que é tão antiga quanto a instituição da clientela, embora aí esteja registrada pelo
seu valor antinômico – fraus, e não fides 13

3.4. Princípio da Isonomia

Este princípio, está disposto no artigo 5°, caput, da Constituição Federal (CF), que diz que
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Nos mostrando que não pode haver
hierarquia entre as partes e que todos são iguais, devendo ambas as partes tratarem com
harmonia as relações de consumo.

3.5. Princípio da Informação

O princípio da informação é extremamente importante pois é um direito básico do


consumidor e possui extrema importância nas relações de consumo, sendo o ponto inicial
da relação de consumo. Além de estar previsto em vários artigos do Código de Defesa do
Consumidor, por exemplo, artigo 4º, inciso IV; artigo 6º, inciso III, artigo 31, artigo 36,
parágrafo único e artigo 44, temos que para Alexandre de Moraes, a informação:

É um direito de liberdade e caracteriza-se essencialmente por estar dirigido a todos


os cidadãos, independente de raça, credo ou convicção político-filosófica, com a
finalidade de fornecimento de subsídios para a formação de convicções relativas
a assuntos públicos. 14

13 COSTA, Martins Judith. A Boa-fé no Direito Privado, critérios pra a sua aplicação. Marcial Pons, 2015.
14 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003
4. O SUPERENDIVIDAMENTO

Podemos pontuar diversas formas que levam as pessoas a se endividarem e além


da aceitação das cláusulas abusivas, a mais comum é a falta de educação financeira.
Dados mostram que o Brasil é o 74º (septuagésimo quarto) colocado do ranking mundial
em educação financeira, uma pesquisa na qual aborda perguntas básicas sobre o tema,
como por exemplo diversificação de riscos, inflação, juros e juros compostos. Países mais
desenvolvidos estão ocupando as primeiras posições desse ranking, como por exemplo,
Noruega, Dinamarca e Suíça com 71% da sua população bem educada financeiramente.15
Nesta pesquisa, aproximadamente 35% dos brasileiros conseguiram responder com
clareza as perguntas dos temas listados acima, o que em uma amostragem mostra que
apenas 1/3 da população tem conhecimento financeiro, de como gerir o seu próprio
dinheiro e onde guardá-lo para não se afundar em dívidas.
De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Mundial em 2014, compilada por
José Roberto Rodrigues Afonso, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas
3,6% dos brasileiros acima de quinze anos economizam pensando na velhice. 16
Figura 1 – Gráfico mostrando a porcentagem de pessoas que guardam dinheiro
pensando na aposentadoria:

17

15 Pesquisa disponível em: https://gflec.org/wp-content/uploads/2015/11/3313-Finlit_Report_FINAL-


5.11.16.pdf?x59497 p.23 Acessado em: 26/08/2022
16 NIGRO, Thiago. Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho. p.25 Rio de Janeiro: 2021
17 NIGRO, Thiago. Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho. p.26 Rio de Janeiro: 2021
A educação financeira é, com certeza, um dos fatores principais para ajudar o
consumidor a não ficar superendividado. Isso envolve ter um conhecimento básico de
como gerenciar o seu dinheiro e não se deixar levar por falsas promessas de felicidade.
Temos exemplos de pessoas que não tem um capital sólido e ao ganharem um
volume alto de dinheiro, tendem a ruir e ficarem ainda mais pobres do que eram antes,
como por exemplo, o caso do Goiano Antônio Domingos, que ganhou na década de 90
uma quantia de 60 Milhões de Cruzeiros18 (equivalente a 30 Milhões de reais) na Loto
(Atual Mega-sena). Quando ele ganhou essa quantia, tinha apenas 19 anos, sem
educação financeira e ainda com pouca maturidade. Com isso, torrou esse dinheiro
descontroladamente com festas de luxo, mulheres, bebidas e esbanjando com carros zero
quilômetro, chegou a falar inclusive que, ao acabar a gasolina de um de seus carros,
decidiu simplesmente abandoná-lo e comprar um outro, pois já vinha com gasolina. Em
suas aventuras de gastos desnecessários, podemos listar que ele começou a viver uma
vida que nunca teve, cercado de pessoas que nunca falaram com ele (as chamadas
pessoas interesseiras), adquiria carros zero quilômetro somente pelo fato de achar que
precisava. Ele abandonou a casa na qual morava com a sua mãe para viver em um hotel,
mais precisamente em uma suíte presidencial de luxo em sua cidade com diárias de
aproximadamente R$3000,00 (três mil reais), pessoas próximas a ele relataram que o
simples fato de repetir uma roupa o incomodava, que ao terminar o dia com uma roupa,
ele as jogava fora e no dia seguinte, comprava mais. Sobre a sua estadia no Hotel o
mesmo citou em uma entrevista o que o motivou a morar lá: “Na época, eu passeava por
lá e o segurança sempre me dizia para não passar por ali. Então quando eu ganhei o
dinheiro, decidi que iria morar lá, por vingança.” Atualmente, Antônio Domingos, vive como
flanelinha, com um quarto no fundo do quintal de sua mãe e em diversas entrevistas o
arrependimento dele é notável. A história do Antônio Domingos se repete por diversas
vezes com ganhadores de altas quantias de forma repentina, como o caso do herdeiro
Jorginho Guinle, que veio de uma família multimilionária e ao acabar falindo, aos 85 anos
precisou trabalhar como guia turístico para não passar fome, podemos listar também os
casos de Evelyn Adams 19 e Michael Carrol20.
Por este motivo é que se entende por consumidor superendividado aquele isolado
da sociedade, pelo fato de não conseguir pagar e assumir dívidas, de não conseguir viver
sociavelmente em atividades que exijam dinheiro, além do peso que carregam com o

18 Disponível em: https://recordtv.r7.com/balanco-geral-manha/videos/homem-que-ganhou-r-30-milhoes-


na-loteria-sobrevive-como-flanelinha-13082021 Acessado em 26/08/2022
19 Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Evelyn_Adams_(lottery_winner) Acessado em: 27/08/2022
20 Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/page-not-found/vinte-anos-apos-ganhar-58-milhoes-em-

loteria-ingles-perde-tudo-volta-trabalhar-como-entregador-de-carvao-25566430.html Acessado em:


10/09/2022
sentimento de impotência e derrota. Sendo assim, temos que o superendividamento
impacta diretamente as relações sociais. Para Cláudia Lima Marques:

O superendividamento é uma crise de solvência e de liquidez do consumidor (com


reflexos em todo o seu grupo familiar), crise que facilmente resulta em sua
exclusão total do mercado de consumo, comparável a uma nova espécie de “morte
civile”: a “morte do homo economicus”. Prevenir tal efeito negativo da sociedade
de consumo atual e do acesso ao crédito é o melhor dos caminhos (MARQUES,
2010, p.25)

Podemos observar que os casos listados acima mostram que as pessoas só


conseguem se dar bem com a quantia de dinheiro que estão preparadas para administrar
e que o melhor caminho para isso é ser educado financeiramente, principalmente tornando
isso um ensinamento básico das escolas. Temos que esse agora é um dos princípios
básicos estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor com a entrada em vigor da
Lei do Superendividamento:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:
IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos
consumidores;

Ainda, de acordo com Zygmunt Bauman, o consumo pela sociedade alavancou as


desigualdades, tendo em vista que condena a todos a uma vida de escolhas. Ele entende
que a faculdade de consumir é um dos fatores que levam aos critérios de exclusão e
inclusão da sociedade, onde os consumidores são julgados e avaliados por sua
capacidade de gerir seus consumos. Essa premissa de exclusão se dá exatamente pelo
fato de as pessoas comprarem produtos e serviços como jeito de exprimirem suas
vontades, estilos de vida e distinções socioeconômicas.

Todo mundo pode ser lançado na moda do consumo; todo mundo pode desejar
ser um consumidor e aproveitar as oportunidades que esse modo de vida oferece.
Mas nem todo mundo pode ser um consumidor. Desejar não basta; para tornar o
desejo realmente desejável e assim extrair prazer do desejo, deve-se ter uma
esperança racional de chegar mais perto do objeto desejado. Essa esperança,
racionalmente alimentada por alguns, é fútil para muitos outros. Todos nós
estamos condenados à vida de opções, mas nem todos temos os meios de ser
optantes. 21

Nos últimos anos, com a pandemia surpreendendo a todos, tivemos uma alta na
taxa de desemprego, com o aumento repentino do Índice de Preços ao Consumidor (IPC),
índice esse que regula o preço médio dos produtos, com isso, a inflação aumentou de
maneira desenfreada, deixando o poder de compra da população cada vez menor. Nos
últimos 12 meses, a média do índice alcançou 10,5%, podendo ser cada vez mais

21 BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Conceito de exclusão social pela

impossibilidade de consumo. Tradução: Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999
agravado, se colocarmos de maneira isolada os itens básicos de consumo, com o exemplo
da carne e do arroz, que chegaram a 24,8% e 11,3% respectivamente e o gás de cozinha
chegou a 34,6%, com regiões do Brasil tendo que regredir para o fogo à lenha para
conseguir cozinhar o pouco alimento que conseguiram adquirir. 22
Com a alta da inflação dos itens de necessidade básica, como por exemplo
alimentos, moradia e contas de consumo em geral, acabou sendo fatal para as populações
menos privilegiadas financeiramente, que já estavam com algumas dívidas no nome. O
que acabou ocorrendo foi que, com a soma do desemprego e a alta dos preços de maneira
repentina, virou uma bola de neve de dívidas, ou seja, as famílias estavam a cada mês se
endividando mais, mesmo com projetos de leis criados durante a pandemia para ajudar os
consumidores, tivemos muitos casos de pessoas se endividando mais ainda para pagar o
que já estava em contrato, tendo que, algumas vezes, recorrer ao cartão de crédito para
fazer a compra dos alimentos e em alguns casos tendo que pegar empréstimos bancários
para não perderem os seus bens que adquiriram e ainda estão pagando, como por
exemplo financiamento de casa e carro.
Temos o exemplo do Projeto de Lei 2513/20, criado durante a pandemia com
propósito de ajudar as pessoas inadimplentes com seu contrato com o banco ou
financiadora. Neste projeto, o tema abordado é que, durante o estado de calamidade
pública da pandemia de COVID-19, não seriam aceitos pedidos de busca e apreensão
para casos em que os credores já tivessem pagado 50% ou mais do valor negociado em
contrato, podendo quitar as prestações em atraso em até 12 meses. O autor do projeto,
Deputado João H. Campos menciona:

“Diante do agravamento da crise econômica provocada pelo novo coronavírus,


estamos vendo um aumento preocupante da inadimplência. Temos hoje cerca de
450.000 pessoas afetadas diretamente por ações de busca e apreensão em todo
Brasil”

O mesmo citou dados da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e


acrescentou: “Existem mais de 642mil veículos financiados no Brasil, dos quais 40% foram
adquiridos por pessoas com renda de até 3 salários mínimos” 23
O que nos cabe refletir, quantas dessas pessoas leram e entenderam claramente
os contratos que assinaram? Essa faixa de renda salarial é considerada a classe de baixa
renda da população brasileira (Classe C) e consequentemente, como citado anteriormente
a classe mais atingida pelo endividamento.

22 Disponível em: https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2021/09/02/familias-recorrem-a-fogao-a-lenha-


apos-aumento-no-preco-do-gas-de-cozinha-tenho-que-escolher-entre-o-gas-e-o-alimento.ghtml Acessado
em: 27/08/2022
23 Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/660977-projeto-impede-durante-a-pandemia-

apreensao-de-bem-financiado-por-atraso-no-pagamento/ Acessado em: 28/08/2022


A Lei 14.181/21, de 11 de julho de 2021, nova Lei do Superendividamento, traz
alterações no Código de Defesa do Consumidor e traz uma maneira de negociar os
débitos. Levando em consideração que o consumidor superendividado precisa de uma
proteção mais especial, a nova lei visa assegurar novas ferramentas para renegociar as
dívidas através de meios de pagamentos seguros, que sejam benéficos ao credor e
também ao devedor. O principal foco da nova lei foi conceder crédito e também facilitar a
possibilidade de negociar em coletividade os débitos em aberto daquele credor, tendo
como alternativa, uma possibilidade de conciliação coletiva entre o credor e os devedores.
Ainda, a Lei aponta que todas as tentativas para sanar uma dívida devem levar em conta
o mínimo existencial, que seria o pagamento de alimento, luz, água e moradia, conforme
estabelece o artigo 54-A, parágrafo 1°:

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da


pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do
consumidor.
§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o
consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de
consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos
termos da regulamentação.

A referida Lei, foi bem direcionada com relação ao tipo de dívida que pode se
adequar nos tipos de negociações nas audiências de conciliação, temos como exemplo
compras parceladas, contas de consumo básico bem como, operações de crédito. Está de
fora das negociações o financiamento de imóveis, compras de itens de luxo e empréstimos
com garantia real.
Pensando em uma estratégia, podemos dizer que uma das soluções para o
superendividamento seria a implementação da educação financeira e do direito do
consumidor como matérias básicas e essenciais, melhorando assim a compreensão dos
produtos e entendendo os riscos. Uma aula voltada para educação financeira ensinaria os
alunos sobre poupança, juros, investimos e muito mais, fazendo com que assim, tenham
interesse em poupar seu dinheiro gastando conscientemente, pois muitas pessoas
adquirem dívidas ainda jovens por conseguirem por exemplo um cartão de crédito e
acharem que é só parcelar que está tudo certo. A Pesquisa Nacional de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (PEIC), que mede o percentual de famílias endividadas
(com dívidas em atraso ou não) no Brasil bateu um recorde no final do ano passado,
chegando a 74,5%. 24

24 Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/pesquisas/indice/peic Acessado em: 08/10/2022


Tabela 1 – Número de pessoas inadimplentes no Brasil segundo o IPEC

25

E como citado anteriormente, cerca de 87% dos entrevistados estão com dívidas
relacionadas ao cartão de crédito e com relação a janeiro de 2021 para o mesmo mês do
ano de 2022 os índices de inadimplência aumentaram significativamente, para os mesmos
tipos de dívidas já pesquisadas e citadas anteriormente.
Tabela 2 – Comparação entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, em porcentagem,
das categorias que mais endividam as pessoas no Brasil

26

Ainda, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 27 informou que o estudo de


conceitos simples de finanças e economia é uma das características das aulas de
matemática para o ensino fundamental. Posto isso, algumas das perspectivas tem como
base aplicações financeiras, taxas de juros, inflação, impostos, e que isso pode acontecer
como uma matéria extracurricular. Essa perspectiva é inclusive, a proposta do Programa
Nacional de Educação Financeira nas Escolas 28, uma união entre o Ministério da
Educação (MEC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme previsto no
Acordo de Cooperação Técnica (ACT), instituída com o intuito de propagar este tema entre
jovens e crianças do Brasil através da formação dos professores por meio de plataforma
EAD específica. Essa iniciativa busca adequar mais de 500 mil professores ao longo de 3
anos, com o objetivo de alcançar mais de 25 milhões de estudantes da educação básica.
O escopo da proposta contém ações como uma plataforma com materiais para os

25 Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/file/2022/10/14/peic_link_download_202209.xlsx


Acessado em: 08/10/2022
26 Disponível em: https://www.fecomercio.com.br/upload/file/2022/10/14/peic_link_download_202209.xlsx

Acessado em: 08/10/2022


27 Disponível em:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
p. 268 Acessado em 08/10/202
28 Disponível em: https://www.edufinanceiranaescola.gov.br/o-que-e-o-programa-educacao-financeira-nas-

escolas-2/ Acessado em: 08/10/2022


docentes, e-learning com cursos online desenvolvidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), rede de excelência formada por um grupo de
especialistas, prêmios e certificados, rede social para fomentar a interação das
informações, dentre outras. As principais responsabilidades da CVM (Comissão de
Valores Mobiliário) neste Acordo Cooperação Técnica será coordenar o programa,
principalmente em busca de patrocinadores, elaborar e desenvolver o material para a
plataforma digital e avaliar o impacto e divulgação dos resultados. Já as responsabilidades
do MEC (Ministério da Educação) no Acordo será articular junto aos munícios para
implementação do programa nas escolas, ajudar no engajamento dos professores e
também divulgar a plataforma e os eventos.
Além disso, o estudo nas escolas poderia oferecer uma visão que engloba não
apenas o nível de educação financeira dos alunos do ensino médio, mas também agrega
características individuais, demográficas e de socialização como determinantes da
formação de indivíduos financeiramente conscientes. O estudo explora os aspectos
individuais, demográficos e de socialização dos jovens no que diz respeito à educação
financeira, direcionando tais atributos para a relevância social, sob o argumento de que a
gestão inadequada das finanças pessoais, dependente das características dos jovens,
expõe a população a riscos econômicos e sociais, desemprego, inadimplência e falta de
recursos suficientes para a aposentadoria por exemplo.
Um termo referente ao processo de educação financeira é a socialização
econômica, que trata do estudo de como as crianças constroem conceitos econômicos e
em quais estágios de desenvolvimento eles são concebidos. A socialização econômica diz
respeito ao processo de aprendizagem financeira de jovens adultos para lidar com
dinheiro, interação social, interação com os pais e a escola e os aspectos demográficos
da educação financeira. Além do ensino nas escolas, uma premissa básica é que os pais
também precisam conscientizar seus filhos desde cedo sobre o conceito de dinheiro, a
importância que ele possui e os danos que pode causar, um exemplo simples de como
começar a incentivar e ensinar em casa seria presenteando a criança com um cofre para
guardar dinheiro e explicando que eles só terão o que querem se pouparem o dinheiro que
receberem, assim, instiga a criança a pensar que pra conseguir aquele brinquedo legal,
precisarão guardar dinheiro
Consumidores com maior conhecimento financeiro têm a capacidade de fazer seus
orçamentos pessoais, caderneta de poupança e planejamento financeiro futuro, criando
oportunidades para aumentar os recursos, que serão então utilizados para a educação
dos filhos, planos de saúde, entre outros diversos investimentos, que podem oferecer um
futuro confortável. Em particular, indivíduos com educação financeira cometem menos
erros e estão expostos a investimentos dinâmicos, flexíveis e rentáveis.
Diante do cenário apresentado, é possível perceber a importância da educação
financeira na dimensão econômica, social e pessoal. Além disso, é perceptível através de
estudos anteriores o crescente interesse social e acadêmico pelo tema, e com o aumento
das variáveis individuais, demográficas e de socialização sobre a educação financeira,
pode oferecer importantes contribuições para as reformas políticas, econômicas e
governamentais que estão sendo discutidas no congresso nacional.
Com relação a matéria de direito do consumidor nas escolas, essa implementação
poderia ajudar a conscientizar os alunos sobre a história do consumo no Brasil, informando
sobre as propagandas enganosas, entre outras informações relevantes, fazendo com que
eles fiquem mais preparados diante de uma oferta. Como já bem colocado, um consumidor
sem conhecimento fica suscetível a golpes, contratos abusivos e diversos outros riscos e
diante deste fato, temos que seria inevitável inserir no sistema educacional o direito do
consumidor como matéria base, além de assegurar que os Direitos Humanos previstos na
Constituição Federal serão respeitados.
Salientando o exposto acima, seria importante inserir a educação financeira e o
direito do consumidor nas escolas, principalmente em escolas públicas, para que os jovens
e crianças saibam que não precisam ter o que o colega ao lado tem para serem populares,
pois sim, esse é um fato que acontece muito nas escolas e no dia a dia, onde as pessoas
sentem uma vontade incontrolável de mostrar que são melhores que as outras através de
bens materiais, roupas, sapatos, acessórios, entre outros e com a educação financeira, ao
invés de continuarem tentando buscar algo que não podem, essas crianças e jovens
poderiam aprender a poupar seu dinheiro para o futuro e até mesmo não cair em falsas
ofertas.
No Brasil, além da educação financeira ainda não fazer parte do ambiente escolar,
não faz parte do universo educacional familiar. Portanto, a criança não aprende a lidar com
dinheiro em casa, muito menos na escola. Isso pode levar a consequências de flutuações
econômicas na idade adulta com sérias repercussões para os membros da família e para
o país. As consequências negativas do comportamento financeiro imprudente de jovens
adultos podem representar grande dificuldade em seu desempenho escolar e
comprometer sua saúde física e mental, bem como sua satisfação com a vida.
De fato, a importância da educação financeira precisa ser considerada, dada a
constante evolução e facilidade de crédito, que favorece o aumento do consumo, que
quando aliado à ausência de educação financeira efetiva, favorece o endividamento
familiar. A questão financeira está presente em todo o cotidiano do ser humano e as
finanças pessoais têm impacto básico na economia de qualquer país. Portanto, este tópico
é de extrema importância para determinar o nível de educação financeira com propostas
que estimulem a sociedade, o governo, as instituições não governamentais e sem fins
lucrativos a implementar ações conjuntas que mudem a visão atual da educação básica e
agregando outros fatores comportamentais, sociais e demográficos.
Tal medida exposta, se justifica não só por proteger o consumidor, mas também se
justifica pelo equilíbrio econômico em nosso país, tendo em vista que a inadimplência e a
insolvência possuem, como já identificado, consequências que excedem a vida íntima do
consumidor endividado e também de sua família, sendo esse um interesse da sociedade
como um todo. Para aqueles que já estão na vida adulta e que não tiveram a oportunidade
de aprender sobre vida financeira nas escolas e dentro de casa, atualmente temos
diversos sites, livros e canais de Youtube, que nos ajudam a entender melhor estes
conceitos. A título de exemplo, tempos o canal da Nathalia Arcuri, chamado “Me Poupe”
que traz diversas formas de economizar, temos também o canal do Thiago Nigro, chamado
“O Primo Rico” e ambos mencionados não só possuem canal no Youtube, como possuem
livros e sites a respeito de investimentos, de como sair de dívidas e muito mais.
Um dos livros usados como referência para esse trabalho, já citado anteriormente,
foi o “Do Mil ao Milhão sem Cortar o Cafezinho” de autoria do Thiago Nigro, onde ele
aborda de maneira facilitada o assunto “Independência Financeira”, o mesmo cita nesse
livro que:
vale lembrar que trilhar esse caminho rumo à independência financeira não se trata
apenas de ganância ou amor excessivo ao dinheiro, como muitos gostam de
pregar. Ao contrário, pode ser essencial para encontrar equilíbrio emocional nos
mais diversos aspectos da vida. Estar de bem com o dinheiro nos permite usufruir
bens e coisas que vão além do essencial para sobreviver, tornam nossa rotina
muito mais prazerosa e abrem caminhos para que exploremos mais lugares,
hobbies e experiências. É poder ter um conforto extra em casa, alimentar-se bem
todos os dias, ter a possibilidade de planejar uma viagem diferente em família. Em
um grau avançado, permite que a pessoa não dependa de emprego algum para o
próprio sustento. Por conta de tudo isso, é errado entender que buscar a liberdade
financeira se trata apenas de acúmulo de capital. Essa liberdade é uma meta que
deveria ser traçada em paralelo à da felicidade e faz parte da realização plena de
toda pessoa. As pessoas que defendem que dinheiro não faz parte disso
geralmente são as que não têm dinheiro. 29

Tendo em vista o acima exposto pelo autor do livro, muitas vezes pensamos que o
dinheiro seria apenas ganância, como bem colocado, mas, em se tratando da vida futura
esse é o melhor caminho, independência financeira, coisa que muitos demoram a vida
toda para conquistar e outros com pouca idade já alcançam. A diferença entre a pessoa
que consegue e a que não consegue é o estudo realizado, o investimento realizado
durante muitos anos e também a paciência que é uma aliada importante neste momento,
pois, para quem investe, sabe que se você investe ou poupa um dinheiro, no dia seguinte

29 NIGRO, Thiago. Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho. p.27. Rio de Janeiro: 2021
ele não vai te deixar mais rico, isso pode levar até anos dependendo da quantidade
investida.
Ainda levando em consideração os pensamentos listados acima, o autor “divide” as
fases da vida em 4 etapas, sendo elas as que estão na imagem abaixo:
Figura 2 – As fases para a liberdade financeira, segundo Thiago Nigro

30

Conclui-se que uma pessoa só consegue deixar de ser superendividada se investir


e poupar seu dinheiro, bem como pensar a longo prazo, evitando compras desnecessárias
e não caindo nas armadilhas do consumo, com isso em mente, a liberdade financeira
poderá ser alcançada quando menos se esperar.

30 NIGRO, Thiago. Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho. p.41. Rio de Janeiro: 2021
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base em todo o exposto acima, podemos concluir que o Código de Defesa do
Consumidor sempre teve como objetivo principal proteger integralmente o consumidor
contra o fornecedor e essa proteção se originou em busca da igualdade entre as partes,
independentemente da hierarquia que poderia existir entre elas. Em busca desta
igualdade, o Código de Defesa do Consumidor nos traz diversos artigos indicando as
cláusulas abusivas presentes nos contratos, principalmente os contratos de adesão e
sempre protegendo o consumidor contra abusos.
Apesar de as cláusulas abusivas não estarem presentes apenas nos contratos de
adesão, vale reforçar que esses são os contratos onde mais se encontram essas cláusulas
pelo fato do consumidor não conseguir se manifestar, apenas aceitar, dando margem para
que o fornecedor, em um grau de superioridade, busque proteger apenas seus direitos.
Contudo, temos a proteção do Código de Defesa do Consumidor que diz que toda cláusula
abusiva será nula, não deixando que a vulnerabilidade do consumidor o prejudique.
Como os consumidores são vulneráveis, eles acabam não lendo essas cláusulas e
podendo ficar superendividados, problema esse que pode partir tanto da necessidade por
comprar e também muitas vezes por necessidades básicas. Contudo, temos que com a
entrada em vigor da Lei do Superendividamento (14.871/2021), aqueles que já se
encontram em uma situação financeira abalada, possam passar por esse momento sem
que sejam muito prejudicados.
Ainda, como bem colocado, entende-se que a maneira mais eficaz de garantir um
melhor futuro para todos os indivíduos, seria incluindo as matérias de educação financeira
e direito básico do consumidor como matéria primordial nas escolas, principalmente nas
escolas públicas que possuem uma maior quantidade de pessoas de baixa renda, fazendo
com que assim, todas as crianças e jovens cresçam conscientes do real significado do
dinheiro. Vale ressaltar que a importância da conscientização sobre os direitos do
consumidor e sobre educação financeira precisam partir antes de mais nada dos pais, que
podem ensinar seus filhos desde pequenos a poupar e não gastar sem que exista uma
necessidade real.
Deseja-se que o presente trabalho possa direcionar e orientar os consumidores com
relação aos seus direitos para que sempre estejam alertas a possíveis cláusulas abusivas,
buscando sempre entender melhor um determinado contrato, seja ele de adesão ou não,
antes de aceitá-lo, podendo também contar com a ajuda de um especialista no assunto.
O presente trabalho visa ainda alertar os consumidores sobre gastos excessivos e em
como poupar e investir seu dinheiro da melhor maneira, evitando assim o
superendividamento.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MORAES. Maria Celina Bodin de (coord.) Princípios do Direito Civil Contemporâneo. Rio
de Janeiro: Renovar, 2006

ROSA. Josimar Santos. Contrato de Adesão. São Paulo: Atlas, 1994

Nery Nelson Junior, (1999). Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. 6ª edição

MIRANDA, Custódio da Piedade Ubaldino. Contrato de adesão. São Paulo: Atlas. 2002

GOMES. Orlando. Contrato de Adesão. São Paulo: RT, 1972

Lôbo, P. L. N. (1991). Condições gerais dos contratos e cláusulas abusivas. Saraiva.

NIGRO, Thiago. Do Mil ao Milhão Sem Cortar o Cafezinho. Rio de Janeiro: 2021

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Conceito de exclusão


social pela impossibilidade de consumo. Tradução: Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1999

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. – 10 ed. São Paulo: 2011

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 18ª ed. São Paulo. Saraiva,
2020

MORAES, Paulo Valério dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da


vulnerabilidade no contrato, na publicidade e nas demais práticas comerciais: Livraria do
Advogado, 2009, p.125

COSTA, Martins Judith. A Boa-fé no Direito Privado, critérios pra a sua aplicação. Marcial
Pons, 2015

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2003

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