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Centro Universitário do Distrito Federal

RONEY JOSÉ SANCHES SOARES

A relativização da idade do filho quanto ao


direito à pensão alimentícia

Brasília-DF
2008
2

RONEY JOSÉ SANCHES SOARES

A relativização da idade do filho quanto ao


direito à pensão alimentícia

Monografia apresentada à Banca


examinadora da UDF – Centro
Universitário do Distrito Federal, como
exigência parcial para obtenção do grau
de bacharelado em Direito sob a
orientação da Professora Mestre Eleonora
Mosqueira Medeiros Saraiva.

Brasília-DF
2008
3

RONEY JOSÉ SANCHES SOARES

A RELATIVIZAÇÃO DA IDADE DO FILHO QUANTO AO DIREITO À


PENSÃO ALIMENTÍCIA

Monografia apresentada à Banca


examinadora da UDF – Centro
Universitário do Distrito Federal, como
exigência parcial para obtenção do grau
de bacharelado em Direito sob a
orientação da Professora Mestre Eleonora
Mosqueira Medeiros Saraiva.

Aprovado pelos membros da banca examinadora em 07/11/2008, com


menção_____ (_____________).

Banca Examinadora:

______________________________
Presidente: Profª. Mestre Eleonora Mosqueira Medeiros Saraiva
UDF – Centro Universitário do Distrito Federal

______________________________ ______________________________
Integrantes: Prof. Mestre Leonardo Barreto Profª. Mestre Raquel N. de A. Noronha
UDF – Centro Universitário do DF UDF – Centro Universitário do DF
4

Dedico o presente trabalho à esposa,


Alcira, e aos filhos Júlio César e
Juliana, que me ajudaram chegar até
aqui, à minha mãe e também ao meu
saudoso pai, que muito se esforçou
para comprar meus primeiros livros.
5

Agradeço à professora Eleonora


Mosqueira Medeiros Saraiva, pela
paciência com que me orientou, à
professora Liliane dos Santos Vieira,
pelo insubstituível auxílio na
formatação, bem como aos professores
Leonardo Barreto e Raquel Nogueira
de Araújo Noronha, que muito
gentilmente aceitaram fazer parte da
banca avaliadora desta monografia.
6

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comida


A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida


A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...

A gente não quer só comer


A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor...

A gente não quer só dinheiro


A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela
metade...

Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão, balé
Como a vida quer
Desejo, necessidade, vontade
Necessidade, desejo, eh!
Necessidade, vontade, eh!
Necessidade...

(Comida/Titãs)
7

RESUMO

A presente monografia versa sobre a relativização da idade do filho quanto ao direito


à pensão alimentícia. Aborda a questão dos alimentos frente à maioridade,
principalmente em função da edição da Súmula n.° 358/STJ. Esta orientação
jurisprudencial esclarece que a exoneração da prestação alimentícia do filho maior
deve ser decidida pela autoridade judiciária, após o contraditório. A extensão da
prestação alimentícia traz para o filho a oportunidade de concluir os estudos
superiores e possibilita maior qualificação para ingresso no mercado de trabalho. No
entanto, apresenta-se como problema e os estudos sinalizam nesse sentido o fato
de que a continuidade da prestação alimentícia após a maioridade tende a ser
ineficaz em alguns casos, pois pode ter efeito reverso, qual seja, o de alimentar o
conformismo, a acomodação e ócio. Constatou-se a possibilidade de existência de
uma prestação alimentícia que foge da essência e sela o destino de pessoas que
decidiram viver acomodadas, às custas da obrigação do alimentante. Verificou-se
também a possibilidade de o filho maior ser capaz, perante a autoridade judiciária,
de se valer de inverdades em função da necessidade, com o fim exclusivo de
continuar recebendo a pensão alimentícia. Sugeriu, por fim, que os juízes sejam
mais cuidadosos ao analisar pedidos de instituição ou exoneração de pensão
alimentícia envolvendo filho maior, mormente quanto a aspectos acerca das
possibilidades do alimentante e das necessidades do alimentando.

Palavras-chave: pensão alimentícia, maioridade civil, relativização da idade,


continuidade da prestação, conformismo, ociosidade, acomodação.

.
8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABREVIATURAS

amp. por ampliada

Art. por artigo

atual. por atualizada

cap. por capítulo

ed. por edição.

n.º por número

p. por página

rev. por revisada

v. por volume

SIGLAS

STJ – Superior Tribunal de Justiça

CPC – Código de Processo Civil

CC – Código Civil
9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................10

1 O PODER FAMILIAR OBRIGACIONAL............................................................13

1.1 Conceito.......................................................................................................................13

1.2 Natureza jurídica........................................................................................................15

1.3 Alimentos na legislação brasileira.............................................................................19

1.4 Espécies e características dos alimentos...................................................................26

2 O BINÔMIO: NECESSIDADE X POSSIBILIDADE..........................................31

2.1 As necessidades do alimentando................................................................................31

2.2 A possibilidade do alimentante..................................................................................35

2.3 A proporcionalidade da prestação............................................................................37

3 O DIREITO DO FILHO MAIOR À PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA..................44

3.1 A prestação durante e depois da maioridade...........................................................46

3.2 Os benefícios materiais, sociais e culturais...............................................................51

3.3 A pensão como suporte para o trabalho...................................................................55

4 OS MALEFÍCIOS PARA O FILHO MAIOR DA PENSÃO CONTINUADA....58

4.1 A justificativa para a permanência da pensão.........................................................58

4.2 A acomodação resultante da prestação alimentícia continuada.............................65

CONCLUSÃO............................................................................................................74

REFERÊNCIAS........................................................................................................77
10

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como meta tratar da relativização da idade do filho(a)


quanto ao direito à pensão alimentícia, especialmente quanto às implicações
decorrentes a partir da maioridade do beneficiário da prestação.

Ao ouvir a notícia da edição da Súmula n.° 358/STJ, o assunto despertou


atenção, ainda mais pelo fato de que em nossa sociedade os pais estão perdendo o
controle sobre os filhos, situação que se mostra mais acentuada nos inúmeros casos
de separação da vida conjugal que surgem no dia-a-dia, nos quais os filhos muitas
vezes são as vítimas inocentes dessa desagregação familiar.

Por isso, dentre a diversidade de obrigação alimentar, foi escolhida a que


trata dos filhos, haja vista suas peculiaridades, em razão da obrigação alimentar
acompanhá-lo na infância, na chegada da maioridade e, conforme exposição,
perdurar após a maioridade.

Vamos analisar situações em que o filho atingia a maioridade e a partir


desse marco a exoneração da prestação era automática, salvo em raras exceções
em que o alimentando comprovasse estar ainda engajado nos estudos superiores, e
a eles se dedicando com afinco, situação na qual o juiz geralmente prorrogava a
prestação até a conclusão dos estudos ou a idade de 24 anos, como limite temporal.

Estudaremos a influência de o Código Civil ter estipulado a maioridade civil


em 18 anos de idade, em contraposição à maioridade até então vigente, que era de
21 anos de idade, uma idade considerada razoável para a independência.

Em contrapartida, serão mostradas as razões pelas quais os julgados vieram


se firmando, formando a jurisprudência que culminou na Súmula n.° 358/STJ, no
sentido de que a exoneração da prestação alimentícia não deve mais ser
automática, com o advento da maioridade, agora reduzida para 18 anos pelo Código
Civil, devendo nesses casos ser garantido o contraditório perante o juízo nos casos
de exoneração, cabendo a este decidir a permanência ou não da prestação.

A partir desse entendimento, este trabalho pretende mostra que a pensão


alimentícia ao filho maior ganhou suma importância, tendo em vista que a partir
11

dessa nova orientação não haverá mais um limite temporal para o fim da obrigação,
desde que observada a necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante.

Por essa razão, fui impulsionado espontaneamente a estudar os efeitos


dessa relativização da idade do filho, quando ao direito à pensão alimentícia,
focando o trabalho na possível problemática da prestação continuada, em alguns
casos, de ter o efeito reverso, qual seja, de ser um incentivo ao conformismo, à
acomodação e ao ócio.

O presente estudo tem também como meta alertar para o fato de que a
prestação alimentícia não deve gerar enriquecimento ilícito e muito menos favorecer
o parasitismo do alimentando, levando-o a um modo de vida totalmente dependente
dos alimentos.

Para tal proeza, o trabalho utilizará do método dedutivo de abordagem,


fazendo um estudo dos posicionamentos doutrinários, jurisprudenciais e artigos que
versam sobre o assunto, resgatando suas idéias para melhor ilustrar esta
monografia.

Visando à clareza e melhor abordagem do assunto, o estudo será dividido


em quatro capítulos, constando em seus respectivos textos idéias do autor,
posicionamentos fidedignos de outros autores, da jurisprudência pátria, bem como o
uso de grifos (negrito e itálico) nos casos em que se achar por bem destacar
algumas construções.

Num primeiro momento, o estudo contemplará os conceitos, a natureza


jurídica, princípios e espécies de pensão e suas obrigações decorrentes, inclusive
retomando a legislação que trata dos alimentos.

Em seguida, no segundo capítulo procura enfatizar o binômio necessidade-


possibilidade, ou seja, o balanço entre o direito do alimentado frente à possibilidade
do alimentante, para que o valor da pensão seja definido proporcionalmente em face
desses fatores.

No que pertine ao direito à pensão, o terceiro capítulo trabalhará a questão


da maioridade, abordando as conseqüências materiais, sociais e culturais da
12

prestação, sinalizando o estudo que a continuidade da prestação alimentícia é uma


chance inédita de o filho maior ter um suporte para ingresso no mercado de trabalho.

Ao mesmo tempo, no último capítulo, veremos que o filho maior será capaz,
perante a autoridade judiciária, de se esforçar em nome da necessidade, de forma
teatral, com o fim exclusivo de continuar recebendo a pensão alimentícia, para
depois ficar curtindo a vida numa boa, às custas da prestação continuada do
alimentante, numa situação de conformismo, acomodação e ócio.

Por isso, este trabalho tem como escopo chamar à atenção desses
problemas que decorrerão da continuidade da prestação alimentícia ao filho maior,
possibilidade essa que vinha sendo admitida em alguns julgados, mas que agora
ganhou mais força com a Súmula n.° 358, do Superior Tribunal de Justiça – STJ.

Por fim, dada a complexidade do assunto e tendo em vista que a


problemática é muito recente, o estudo, apesar da ambição de esgotar o tema, ao
menos trará satisfação ao autor, na medida em que contribuir para outros estudos
dessa natureza ou servir de parâmetros a outras análises mais aprofundadas.
13

1 O PODER FAMILIAR OBRIGACIONAL

As aves, por exemplo, tem de chocar


os ovos continuadamente, e também
dedicar várias horas do dia à cata de
alimento. Em muitas espécies, é
impossível fazer as duas coisas
simultaneamente, portanto, essencial a
cooperação de macho. Em
conseqüência, quase todas as aves
são modelos de virtude. Entre os seres
humanos, a cooperação do pai é uma
vantagem biológica para os filhos.

(Bertrand Russel)

As relações obrigacionais familiares definem o convívio. Quando ocorre


cisão dessas relações, havendo risco de subsistência para um de seus membros, o
Estado interfere para garantir os alimentos devidos, atendidos os pressupostos
legais. Veremos a importância dessas relações familiares ao estudar cada um dos
tópicos abaixo enumerados.

Para iniciar este estudo, que trata da relativização da idade do filho quanto
ao direito à pensão alimentícia, necessário conceituar os alimentos, levantar sua
natureza jurídica, situá-lo na legislação e por fim analisar suas espécies e suas
características, a partir de posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais, com o fim
de obter um melhor entendimento desse importante instituto presente na vida social
brasileira.

1.1 Conceito

Muito embora amplamente definido pela doutrina e pela jurisprudência


pátria, o conceito de alimentos não é uno, apesar de os doutrinadores apontarem
que o objetivo do termo se direciona ao mesmo fim.

Segundo Pontes de Miranda, quer dizer “tudo aquilo que é necessário à


conservação do ser humano com vida” ou segundo ainda o próprio autor, “o que
serve à subsistência animal". O renomado autor diz também que os alimentos são
14

uma “obrigação que é imposta a alguém, em função de uma causa jurídica prevista
em lei, de prestá-los a quem deles necessite.” 1

Já Estevam de Almeida diz que o conceito é mais amplo. Segundo ele,

Alimentos são, pois, prestações devidas, feitas para que aquele que as
recebe possa subsistir, isto é, manter sua existência, realizar o direito à
vida, tanto física (sustento do corpo) como intelectual e moral (cultivo e
educação do espírito, do ser racional). 2

Venosa traz uma definição voltada para o Direito. Segundo ele, “além de
abranger os alimentos propriamente ditos, deve referir-se também à satisfação de
outras necessidades essenciais da vida em sociedade.” 3

Seguindo o raciocínio, Cahali tece a seguinte colocação sobre o direito do


alimentado, in verbis:

Os alimentos se consubstanciam em um instituto de direito de família que


visa dar suporte material a quem não tem meios de arcar com a própria
subsistência. Relaciona-se não apenas ao direito à vida e à integridade
física da pessoa, mas, principalmente, à realização da Dignidade Humana,
proporcionando ao necessitado condições materiais de manter sua
existência. Seu conteúdo está expressamente atrelado à tutela da pessoa e
à satisfação de suas necessidades fundamentais. 4

Os tribunais pátrios também deram sua contribuição ao tema, conforme


decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, in verbis:

Ação de alimentos - condenação a prestação de alimentos - menor portador


de paralisia cerebral motora por encefalopatia cerebral. necessidade de
cuidados especiais.

A obrigação alimentar decorre da lei, mas é fundada no parentesco. Seus


pressupostos são a necessidade do reclamante, a possibilidade da pessoa
obrigada e a proporcionalidade.

Alimentos são, pois, as prestações devidas, feitas para que quem as


receba possa subsistir, isto é, manter sua existência, realizar o direito
à vida, compreendendo alimentação, moradia, medicamentos,
vestuário, educação, entre outros, variando o percentual a ser pago de
acordo com a análise do caso concreto.

1
MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Tratado de Direito Privado: parte especial, tomo IX.
2. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972, p. 207.
2
ALMEIDA, Estevam de. Direito de Família. Rio de Janeiro: Jacinto Ribeiro dos Santos, 1925, p.
315.
3
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 337.
4
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 1-2. A expressão latina in verbis significa: como
foi escrito; com as mesmas letras.
15

No caso em questão, o percentual de 30% (trinta por cento) não se afigura


excessivo em relação às necessidades do apelado, nem à possibilidade do
apelante uma vez que o desconto do percentual se dará sobre os
rendimentos líquidos do réu e tendo em vista tratar-se de criança que
demanda cuidados especiais tais como acompanhamento médico regular,
fisioterapia e outros tratamentos constantes. Recurso improvido.5

Muito embora haja contribuição de muitos outros autores e da jurisprudência


acerca do conceito, é desnecessário avocá-los, dada a similitude de colocação e a
natureza deste trabalho. O Código Civil o definiu em seu art. 1920, da seguinte
forma: “O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa,
enquanto o legatório viver, além da educação, se ele for menor”. 6

Portanto, meu conceito, é no sentido de que os alimentos devem englobar


todas as necessidades do filho, exceto as supérfluas, levando-se em conta as
possibilidades do alimentante.

1.2 Natureza jurídica

Pode-se inferir, num primeiro momento, que os alimentos deveriam decorrer


de um ato de vontade, de um dever para com os filhos, e assim uma decorrência
natural da situação. No entanto, veremos que nem sempre isso ocorre.

Para Maria Berenice, a natureza jurídica dos alimentos “está ligada à origem
da obrigação”. A natureza jurídica vem desde a concepção em que fica assentado
um vínculo de justiça entre os que geraram e o que foi gerado; assim como os
primeiros devem atribuir a si o nascimento do novo ente, assim também não podem
se esquivar da obrigação de seguir a formação do mesmo ente, até ser completada. 7

Por isso, talvez o mais difícil numa convivência familiar é separar os direitos
dos filhos em face dos conflitos intrínsecos às relações de parentesco, sobretudo
quando se esgota qualquer iniciativa própria de conciliação.

5
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Cível. Apelação Cível n.°
2007.001.47969. Apelante: (Segredo de Justiça). Apelado: (Segredo de Justiça). Relator:
Desembargador Mario Assis Gonçalves, Rio de Janeiro, RJ, 11 de março de 2008. Disponível em:
<http://www.tj.rj.gov.br/>. Acesso em 28 out. 2008. Grifo nosso.
6
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 1-2.
7
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3. ed., rev. atual. e amp. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006, p. 406.
16

Temos de lembrar que a família, a criança e o adolescente, por excelência,


formam a base da sociedade e todos são protegidos, quer pelas disposições da
Constituição Federal, que lhes dedicou um capítulo específico, garantindo-lhes
especial proteção do Estado, quer pelas disposições dos códigos e demais atos
normativos. 8

Corroborando a proteção à família, a Carta Magna, em seu art. 226, § 5º,


dispõe o seguinte: “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. 9

Mesmo diante dessa garantia, fica difícil de entender situações em que fica
para segundo plano um fator de fundamental importância, ou seja, a proteção aos
filhos, incumbência natural da família, cuja missão principal consiste na árdua tarefa
de educá-los para a vida social. Oliveira Filho tece importante consideração a esse
respeito. Segundo ele, “ao necessitado, em cada situação, poderá ser garantido,
além do necessário à sobrevivência do organismo, o atendimento de outras
carências igualmente relevantes, como o lazer, a instrução, etc. 10

Por essa razão é primordial retomar o contexto social, as implicações


intrínsecas e os aspectos normativos dos alimentos, discutindo esses fatores em
razão das obrigações inerentes ao próprio seio familiar. Sobre essa
responsabilidade, assim dispõe os artigos nos 1630 e 1631 do Código Civil Brasileiro,
in verbis:

Art. 1630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores.

Art. 1631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar


aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com
exclusividade. 11
8
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum, obra
coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 68-
69.
9
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum, obra
coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia
Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 68.
O símbolo § quer dizer parágrafo.

10
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade. 3.
ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 28.
11
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 295.
17

Há situações nas quais o convívio familiar harmônico, assim preconizado


nas normas e consolidado pela tradição, sofre avarias que podem colocar em risco a
sobrevivência da relação. Nesse caso, urge a necessidade de o amparo ao filho não
vir a sofrer solução de continuidade. Quanto a esses fatores, merecem destaque as
palavras de Venosa, in verbis: 12

O pátrio poder ou poder familiar decorre da paternidade, da filiação e não do


casamento, tanto que o mais recente Código se reporta também à União
Estável [...] não é afastada a possibilidade de guarda compartilhada, como
vimos, na qual, por períodos definidos ou concomitantes, ambos os
cônjuges a exercem. 13

Não é por outra razão que se deve ter o máximo de precaução quanto à
necessidade de o filho estar isento de conflitos, sobretudo no que se refere a sua
não sujeição aos desgastes da crise matrimonial, crises essas que são reiteradas,
podendo afetar o comportamento do alimentando. Veja-se a decisão do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul, referente a pedido de redução de pensão, in verbis:

Revisão de alimentos. Pedido de redução. Alteração do binômio


possibilidade-necessidade. Nova colocação profissional, com ganhos
inferiores. Nascimento de novo filho.

1. A ação de revisão de alimentos tem por pressuposto a alteração do


binômio possibilidade-necessidade e se destina à redefinição do encargo
alimentar.

2. Os alimentos devem ser fixados de forma a atender as necessidades dos


filhos sem comprometer o sustento do alimentante.

3 Verificando-se alteração na capacidade econômica do alimentante, que


obteve nova colocação no mercado de trabalho, mas com ganhos inferiores
aos que percebia quando do ajuste dos alimentos, e tendo havido ainda o
nascimento de outro filho, é cabível a redefinição do valor da pensão
alimentícia. Inteligência do art. 1.699 do CCB.

4. A fixação dos alimentos em percentual sobre os ganhos do genitor


assegura o equilíbrio no binômio possibilidade-necessidade, garante
reajustes automáticos e evita mais desgastes na relação pessoal entre o
alimentante e o alimentando.14

12
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 289.
13
BRASIL. Lei n.° 11.698, de 13 de junho de 2008, publicada no Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de junho de 2008. Disponível em:
<http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em 20 out. 2008. A guarda compartilha foi
disciplinada pela Lei n.° 11.698, de 13 de junho de 2008, que alterou os arts. 1.583 e 1.584 da Lei n.°
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
14
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Cível. Apelação Cível n.º 70024078917.
Apelante: (segredo de justiça). Apelado: (segredo de justiça). Relator: Desembargador Sérgio
Fernando de Vasconcellos Chaves, Porto Alegre, RS, 13 de agosto de 2008. Disponível em:
<http://www.tjrs.jus.br/site_php/jprud2/ementa.php>. Acesso em: 22 out. 2008. Grifo nosso.
18

Também temos que reconhecer que na maioria dos casos os pais,


espontaneamente, percebem a que ponto a crise conjugal chegou e podem
voluntariamente neutralizar, ou ao menos amenizar as mudanças de convívio, nessa
situação, em relação ao filho. 15

No entanto, ao primeiro sinal de que no âmbito familiar as vias de solução


dos direitos do filho se mostram obstruídas, em face do desgaste das relações, é
necessário recorrer ao Judiciário, para fazer valer os direitos do filho, ainda mais
quando suas necessidades são prementes. O Tribunal de Justiça Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul decidiu nos autos da Apelação Cível n.° 597151489, in verbis:

Alimentos. O pai não pode ser insensível a voz de seu sangue em prestar
alimentos ao filho menor que, em plena adolescência, não só necessita
sobreviver, mas viver com dignidade, não sendo prejudicado em sua
educação, nem em seu lazer, pois tudo faz parte da vida de um jovem, que
antes da separação desfrutava do conforto que a família lhe proporcionava,
em razão do bom nível social de seus pais.

Não se justifica a diminuição dos alimentos prestados, se o ex-marido


socorre a mulher com importância muito superior a obrigação alimentar que
lhe foi imposta em beneficio do filho, ainda mais se aposentada como
professora.

A mãe já faz a sua parte tendo a guarda do filho menor e cumpre um ônus
que não tem preço. O pai não esta em estado de insolvência, somente
enfrenta as dificuldades decorrentes da crise que assola o país, que se
reflete na pessoa de seu filho, que, igualmente, sofre com a política
econômica do governo federal.16

Pode-se dizer então que a natureza jurídica da prestação alimentar também


é, antes de tudo, decorrente das relações familiares como um todo. Segundo Farias,
no tocante à natureza, deve ser ressaltado o seguinte:

Os alimentos se prestam à manutenção digna da pessoa humana, é de se


concluir que sua a sua natureza é de direito de personalidade, pois se
destinam a assegurar a integridade física, psíquica e intelectual de uma
pessoa. 17

Completa o raciocínio no tocante à natureza jurídica a oportuna colocação


de Santos, in verbis: “Sendo a vida o bem maior do homem, sendo o homem social
15
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006, p. 421.
16
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Cível. Apelação Cível n.º 597151489. Apelante:
(segredo de justiça). Apelado: (segredo de justiça). Relator: Desembargador Antônio Carlos Stangler
Pereira, Porto Alegre, RS, 12 de agosto de 1999. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/site_
php/jprud2/resultado.php>. Acesso em: 22 out. 2008.
17
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSEMVALD, Nelson. Direito das Famílias. De acordo com a Lei
n.º 11.340/06 – Lei Maria da Penha e com a Lei n.º 11.441/07 – Lei da Separação, Divórcio e
Inventário Extrajudiciais, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 588.
19

por natureza, temos que os alimentos são de natureza jurídica de bens necessários
à conservação da vida do homem em sociedade.” 18

Portanto, esses fatores por si já justificam sua natureza obrigacional, quer


voluntário, quer por imposição do Judiciário.

1.3 Alimentos na legislação brasileira

Ao lado das normas referidas anteriormente, a legislação brasileira tem se


esforçado e contribuído para melhor abordagem da pensão alimentícia.

Seguindo esse entendimento, os alimentos, no âmbito do direito de família,


foram inseridos pelos profissionais do Direito para propiciar aos desassistidos meios
de arcar com a própria subsistência. Sua disciplina veio com a Lei n.° 5.478, de 25
de julho de 1968, sancionada no momento do recrudescimento do regime militar
iniciado em 1964, que disciplinou a prestação de alimentos, norma que foi acrescida
posteriormente de pouquíssimas modificações pelas Leis n. os 6.014, de 27 de
dezembro de 1973 e 8.971, de 29 de dezembro de 1994.19

Já na chamada Lei do Divórcio, norma que foi uma inovação para a época e
uma necessidade social, consubstanciada na Lei n.° 6.515, de 26 de dezembro de
1977, destacamos, do art. 19 ao art. 23, as situações ensejadoras da
obrigatoriedade da prestação alimentícia, inclusive estendendo esse encargo aos
herdeiros do devedor.20

Em 1988, a denominada constituição cidadã, como ficou conhecida a


Constituição Federal de 1988, elaborada ao final de mais de 20 (vinte) anos de
regime militar, preocupada com a formação da família, elencou o Princípio da

18
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 4.
19
BRASIL. Lei n.° 5.478, de 25 de julho de 1968; Lei n.° 6.014, de 27 de dezembro de 1973; Lei n.°
8.971, de 29 de dezembro de 1994. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/_Lei-Ordinaria.htm>.
Acesso em 20 out. 2008.
20
BRASIL. Lei n.° 6.515, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 de dezembro de 1977. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil/leis/L6515.htm>. Acesso em 20 out. 2008. Eis o que dispõe o artigo 23 da referida Lei n.°
6.515, de 26 de dezembro de 1977, in verbis: “Art. 23. A obrigação de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.796 do Código Civil.”
20

Dignidade da Pessoa Humana como um dos fundamentos da nação brasileira, em


seu art. 1º, inciso III, in verbis:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

[...]

III – a dignidade da pessoa humana;21

Mais adiante, como reforço a essa meta, a Carta Magna trouxe a seguinte
disposição como garantia individual, em seu art. 5°, inciso LXVII, in verbis: “LXVII -
não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.” 22

A preocupação dos constituintes de 1988 não parou por aí. No capítulo VII,
ao normatizar relações da família, da criança, do adolescente e do idoso, o
legislador foi enfático ao definir a responsabilidade estatal para com a família, em
seu art. 226, in verbis: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
do Estado”. Já no art. 229, garantiu o seguinte: “Art. 229. Os pais têm o dever de
assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.23

Seguindo essa vertente, temos no art. 100 da Lei Maior uma proteção
especial aos créditos de natureza alimentícia. O teor deste dispositivo diz, in verbis:

Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos


devidos pela Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, em virtude de
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a
designação da casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.24

21
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum,
obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto,
Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva,
2007, p. 7. A expressão “constituição cidadã” foi designada para cunhar a Constituição da República
Federativa do Brasil tempos depois da aprovação, que ocorreu em 1988, em face dos direitos
individuais e coletivos nela elencados.
22
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum,
obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto,
Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva,
2007, p. 10.
23
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum,
obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto,
Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva,
2007, p. 69.
21

Posteriormente, tal posicionamento foi analisado pela Súmula n.° 655 do


Supremo Tribunal Federal, que decidiu nos seguintes termos:

Súmula n.º 655. A exceção prevista no art. 100, "caput", da constituição, em


favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de
precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica
dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza. 25

Versando sobre a obrigação, também encontramos a Súmula n.º 1, do


Superior Tribunal de Justiça - STJ, que assim foi aprovada: “Súmula n.° 1. O foro do
domicilio ou da residência do alimentando e o competente para a ação de
26
investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.”

Nessa perspectiva e algum tempo depois foi editada a Lei n.° 8.069, de 13
de junho de 1990, que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente, e a Lei n.°
10.741, de 1° de outubro de 2003, que trata do Estatuto do Idoso, sendo ambas
consideradas conquistas sociais muito importantes para a família brasileira, e uma
garantia sem precedentes, principalmente aos desamparados. 27

No Código de Processo Civil é possível elencar as situações nas quais a


prestação alimentícia foi tratada. Já no art. 475-Q foi enfatizado que o juiz poderá
ordenar ao devedor constituição de capital que assegure o valor mensal obrigado,
no caso de alimentos devidos em razão de indenização por ato ilícito. No § 4º do
referido artigo, destacou-se que os alimentos podem ser fixados tomando por base o
salário-mínimo. 28

Também necessário evocar o que dispõe o art. 948 e seu inciso II, do
Código Civil, in verbis:

24
BRASIL. Constituição (1988), Constituição da República Federativa do Brasil. In: Vade Mecum,
obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto,
Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. e atual. amp. São Paulo: Saraiva,
2007. p. 37.
25
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n.° 655. Disponível em: <http://www.stf.gov.br/portal/
cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula&pagina=sumula_601_700>. Acesso em: 20 out.
2008.
26
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 1. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/
Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
27
BRASIL. Lei n.° 8.069, de 13 de junho de 1990; Lei n.° 10.741, de 1° de outubro de 2003. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/_Lei-Ordinaria.htm>. Acesso em 22 out. 2008.
28
BRASIL. Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 17 jan. 1973. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da Editora
Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e
Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 435.
22

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras


reparações:

[...]

II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto devia, levando-


se em conta a duração provável da vida da vítima.29

As súmulas nos 490 e 491, do Supremo Tribunal Federal, consolidam essa


posição, conforme citação a seguir:

Súmula n.° 490. A pensão correspondente à indenização oriunda de


responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo
vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores.

Súmula n.° 491. É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor,
ainda que não exerça trabalho remunerado.30

Ainda no âmbito do referido Tribunal, constata-se a existência das seguintes


súmulas versando sobre a prestação alimentícia, in verbis:

Súmula n.° 226. Na ação de desquite, os alimentos são devidos desde a


inicial e não da data da decisão que os concede.

Súmula n.° 379. No acordo de desquite não se admite renúncia aos


alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os
pressupostos legais. 31

Vale destacar que no Código de Processo Civil, quando se trata de


execução de prestação alimentícia, temos nos artigos 732 e 733 e seus parágrafos
(citados na seqüência) uma demonstração dos instrumentos judiciais contra os
inadimplentes da obrigação.

Foi somente no ano de 2006 que a matéria veiculada nos artigos


supracitados ganhou especial atenção quando o Superior Tribunal de Justiça, por
meio da Súmula n.° 309, conferiu o seguinte teor ao assunto: “Súmula n.° 309. O
débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as

29
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da Editora
Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e
Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 233.
30
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmulas n.os 490 e 491. Disponíveis em:
<http://www.stf.gov.br/portal/cms/verTexto.asp?
servico=jurisprudenciaSumula&pagina=sumula_401_500>. Acesso em: 20 out. 2008.
31
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmulas n.os 226 e 379. Disponíveis em: <http://www.stf.
gov.br/ portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula>. Acesso em: 20 out. 2008.
23

três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso


do processo.” 32

Dessa forma, estabeleceu-se o entendimento nos tribunais de que o art. 733


do CPC, e seu § 1º, tratam das hipóteses de prisão em decorrência de débito
alimentar a partir das 3 (três) últimas prestações anteriores ao ajuizamento da
execução. Eis o teor dos dispositivos do aludido Código, in verbis:

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos


provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o
pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1º Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão


pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.33

Por outro lado, construiu-se ainda o entendimento de que o art. 732 do CPC
abarca as prestações dos últimos 2 (dois) anos até 3 (três) meses anteriores ao
ajuizamento da execução, o qual dispõe, in verbis: “Art. 732. A execução de
sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o
disposto no Capítulo IV deste Título.” 34

Vale ainda consignar a importância de se observar a prescrição bienal


constante do § 2º do art. 206 do Código Civil, in verbis:

Art. 206. Prescreve:

[...]

§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir


da data em que se vencerem.35

Sobre as disposições dos arts. 732 e 733 do CPC, a Terceira Turma do STJ
decidiu, in verbis:

I - Nos termos da jurisprudência que veio a firmar-se nesta Corte, em


princípio apenas na execução de dívida alimentar atual, quando necessária

32
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 309. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/
Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
33
BRASIL. Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos
Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 456-457.
34
BRASIL. Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos
Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 184-185.
35
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da
Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos
Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 233.
24

a preservação da sobrevivência do alimentando, se mostra recomendável a


cominação de pena de prisão ao devedor. Em outras palavras, a dívida
pretérita, sem capacidade de assegurar no presente a subsistência do
alimentando, é insusceptível de embasar decreto de prisão.

II - Em linha de princípio, doutrina e jurisprudência admitem a incidência do


procedimento previsto no art. 733, CPC, quando se trata de execução
referente às últimas três (3) prestações, com cobrança da "dívida pretérita"
pelo rito do art. 732, CPC (execução por quantia certa).

III - Se antes do decreto prisional são feitos os pagamentos das últimas


prestações em atraso, é lícito ao credor pedir que a execução se processe
pelo rito do art. 732 do CPC, o que não causará nenhum gravame ao
devedor, sendo-lhe, ao contrário, mais benéfico.

IV - Recurso Especial parcialmente conhecido e provido.36

Já o art. 852 do CPC veio estabelecer a licitude do pedido de alimentos


provisionais incidentes sobre os seguintes instrumentos: ações de desquite e de
anulação de casamento, na hipótese de os cônjuges encontrarem-se separados;
ação de alimentos a partir do primeiro despacho da autoridade judiciária; e demais
casos previstos em lei. Ficou assentado pela redação do art. 853 que os pedidos
dessa natureza serão processados no primeiro grau de jurisdição. 37

No âmbito do Superior Tribunal de Justiça destacamos também o teor das


Súmulas nos 144 e 336, in verbis:

Súmula n.° 144: “Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência,


desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza
diversa”.

Súmula n.° 336. A mulher que renunciou aos alimentos na separação


judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido,
comprovada a necessidade econômica superveniente. 38

É oportuno também o teor da Súmula n.° 277 do STJ, esclarecendo quanto


ao momento em que é devida a prestação na ação de investigação de paternidade.

36
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.° 175.003/MG
(1998/0037858-8). Recorrente: Maria Anilia Ribeiro Jorge. Recorrido: Geraldo Alisio Machado Lopes.
Relator: Ministro Waldemar Zveiter, Brasília, DF, 4 de maio de 2000. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=175003&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=15>.
Acesso em: 20 out. 2008. Grifo nosso.
37
BRASIL. Lei n.° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 17 jan. 1973. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da Editora
Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e
Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 464-465.
38
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmulas n.os 144 e 336. Disponível em: <http://www.stf.
gov.br/ portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula>. Acesso em: 20 out. 2008.
25

Eis o que dispõe, in verbis: “Súmula n.° 277. Julgada procedente a investigação de
paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação”. 39

Reportando ao Código Civil, os alimentos foram regulamentados entre os


artigos nos 1694 e 1710, ainda que outros dispositivo, que consideramos relevantes
destacar, vieram disciplinar o assunto. Registra-se a proibição de compensação de
dívidas envolvendo alimentos (art. 373, II); a definição de alimentos em se tratando
de legado (art. 1920); a possibilidade de ação regressiva por parte de quem pagou
prestação no lugar do que devia, mesmo que este não ratifique o ato (art. 871), e por
fim a possibilidade de revogar as doações, por ingratidão, se o beneficiário recusar
os alimentos de que necessitava (art. 557, IV), todos do referido ordenamento. 40

No ano de 2007, complementando a vasta legislação existente sobre


alimentos, foi editada a Lei n.° 11.441, de 4 de janeiro de 2007, que trata da
realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por
via administrativa, possibilitando a realização desses instrumentos por via
administrativa. Porém, importante consignar que quando houver filhos menores ou
incapazes, estando em jogo principalmente direitos à pensão alimentícia e bens, fica
excluída a via administrativa, devendo o feito ser conduzido judicialmente. Eis o teor
do art. 3º da referida norma, in verbis:

Art. 3.º A Lei no 5.869, de 1973 – Código de Processo Civil, passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 1.124-A:

“Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não


havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os
requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por
escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à
descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda,
ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à
manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.” 41

Por derradeiro, cumpre assinalar mudança de orientação jurisprudencial, em


2008, envolvendo o direito do filho maior à pensão alimentícia e tem origem na

39
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 277. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/
Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
40
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da Editora
Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e
Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007.
41
BRASIL. Lei n.° 11.441, de 4 de janeiro de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 de janeiro de 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11441.htm>.Acesso em: 20 out. 2008.
Grifo nosso.
26

edição, em 2008, da Súmula n.° 358 do STJ, cujo teor é a seguinte: “Súmula n.° 358.
O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito
à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”. 42

Veremos que a abordagem principal deste trabalho se concentra nos efeitos


dessa nova orientação.

1.4 Espécies e características dos alimentos

Para melhor clarear os estudos sobre os alimentos, Cahali, referindo-se às


espécies, diz que os doutrinadores costumam classificá-los segundo vários critérios,
a saber: a) quanto à natureza; b) quanto à causa jurídica; c) quanto à finalidade; d)
quanto ao momento da prestação; e) quanto à modalidade da prestação. Dessa
forma, dada sua importância, as características da obrigação, segundo o
43
posicionamento do referido auto, serão expostas a seguir:

a) QUANTO À NATUREZA: alimentos naturais e civis. Estando em jogo


aquilo que é estritamente necessário para manter a vida da pessoa,
compreendendo-se tão somente a alimentação, a cura, o vestuário, a
habitação, nos limites do necessário à vida, estamos falando dos
alimentos naturais; se abrange outras necessidades, intelectuais e
morais, lazer, recreação, segundo a qualidade do alimentando e os
deveres da pessoa obrigada, tratam-se de alimentos civis.

b) QUANTO À CAUSA JURÍDICA: a vontade, a lei, o delito. A primeira é a


obrigação resultante da vontade humana; a segunda refere-se a
obrigação decorrente da lei, ambas visando a resguardar direitos de
quem precisa de alimentos; por último, trata-se de obrigação em razão de
um delito praticado pela pessoa obrigada, como, por exemplo, o caso do
condenado, com trânsito em julgado, em razão de ter assassinado um

42
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 358. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/webstj/
Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
43
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 18. Grifo nosso.
27

pai de família, sendo então agora abrigado a prestar os alimentos em


lugar daquele.

c) DE ACORDO COM A FINALIDADE: provisionais e regulares.


Provisionais ou provisórios são aqueles que precedendo ou sendo
concomitantes à ação de separação judicial, de divórcio, de nulidade ou
anulação do casamento, ou à própria ação de alimentos, visam à
manutenção do suplicante, ou deste e de sua prole, no curso do
processo, inclusive para cobrir gastos com a lide. Diz, porém, ser
regulares ou definitivos os alimentos estabelecidos pelo juiz ou por meio
de acordo entre as partes, com prestações periódicas, de caráter
permanente, mesmo que possa a sofrer revisão de seus valores.

d) QUANTO AO MOMENTO DA PRESTAÇÃO: futura ou pretérita. Futuras


são as prestações estabelecidas por decisão judicial ou mediante acordo,
e a partir desses atos; pretéritas são as que precedem esses momentos,
salientando Cahali que a distinção tem relevância pelo fato de
determinação do termo a partir do qual os alimentos são exigíveis.

e) QUANTO ÀS MODALIDADES: obrigação alimentar própria e


imprópria. Própria quando os alimentos tratam do indispensável para a
manutenção da pessoa; impróprias quando se trata de fornecimentos dos
meios idôneos à aquisição dos bens necessários à subsistência.

Ao lado dos princípios, temos também as características intrínsecas da


obrigação alimentar. Maria Berenice descreve-as com muita precisão, conforme
colocações expostas a seguir, contendo seu posicionamento. 44

a) DIREITO PERSONALISSIMO: o direito a alimentos não pode ser


transferido a outrem, na medida em que visa a preservar a vida e
assegurar a existência do indivíduo que necessita de auxílio para
sobreviver. Dada essa característica, também não comporta cessão ou
compensação, sendo inclusive impenhorável, por garantir a subsistência
do alimentando.

44
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006, p. 406. Grifo nosso.
28

b) RECIPROCIDADE: A obrigação é recíproca entre cônjuges,


companheiros e parentes, sendo mútuo o dever de assistência, a
depender apenas das necessidades de um e das possibilidades do outro.
A reciprocidade tem fundamento no dever de solidariedade. Não há que
se falar nessa característica quanto a alimentos decorrentes do poder
familiar, salvo, no caso de pais e filhos, após a maioridade destes.

c) SOLIDARIEDADE: Segundo a autora, pacificou-se na doutrina e na


jurisprudência que o dever de prestar alimentos não é solidário, porém
subsidiário e de caráter complementar, pois depende das possibilidades
de cada um dos obrigados. No entanto, deve-se enaltecer o disposto no
art. 12 do Estatuto do Idoso (Lei n.° 10.741/2003), in verbis: “Art. 12. A
obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os
prestadores.” Tal disposição também é extensiva aos menores de idade,
sem condições de prover o próprio sustento, e por isso eles são
equiparáveis aos idosos.45

d) INALIENABILIDADE: O direito alimentar não pode ser transacionado, sob


pena de prejudicar a subsistência do credor, sendo permitidas, em se
tratando de alimentos devidos a menor, transações apenas com relação
a alimentos pretéritos, mas nesse caso o acordo precisa ser submetido à
chancela judicial e à prévia manifestação do Ministério Público.

e) IRREPETIBILIDADE: Devido a sua natureza, a prestação alimentícia


mostra-se impossível de ser restituída, quer por se tratar de verba que se
destina a subsistência, e então são consumidos, quer para desestimular
a inadimplência. Excepcionalmente, admite-se, no entanto, nos casos de
má-fé de quem a pleiteia.

f) ALTERNATIVIDADE: Em regra, os alimentos são devidos em dinheiro,


podendo ser alcançados com a concessão de hospedagem e sustento,
sem prejuízo da educação, conforme estipulação do magistrado, em face
das circunstâncias do caso.

45
BRASIL. Lei n.° 10.741, de 1 de outubro de 2003. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 3 de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 21 out. 2008.
29

g) TRANSMISSIBILIDADE: O direito à pensão alimentícia é extensivo aos


herdeiros por força do art. 1.700 do Código Civil, in verbis: “Art. 1700. A
obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor.”
No entanto, cabe ressaltar a limitação imposta no art. 1.792 do mesmo
diploma legal, in verbis: “Art. 1.792. O herdeiro não responde por
encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova
do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o
valor dos bens herdados.” 46

h) IRRENUNCIABILIDADE: O Código Civil consagra a irrenunciabilidade do


direito a alimentos, em seu art. 1.707, in verbis: “Art. 1.707. Pode o
credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos,
sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou
penhora.” 47

Importante acrescentar que o direito a alimentos é imprescritível, uma vez


que a qualquer momento a pessoa pode vir a necessitar da prestação e é
justamente essa necessidade que faz nascer o direito à ação. Contudo, prescrevem
em dois anos as prestações alimentícias não cobradas, por força do art. 206, § 2°,
do Código Civil, in verbis:

Art. 206. Prescreve:

[...]

§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir


da data em que se vencerem.48

Assim, o interessado poderá pleitear alimentos a qualquer tempo, devendo


apenas estar atento às limitações do dispositivo supracitado.

46
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 21 out. 2008.
47
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 21 out. 2008.
48
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de autoria da Editora
Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e
Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 233.
30

2 O BINÔMIO: NECESSIDADE X POSSIBILIDADE

Nada seria mais sem graça do que


comer e beber se Deus não houvesse
feito desses prazeres também uma
necessidade.

(Voltaire)

Seguindo a orientação doutrinária e a jurisprudência, vamos tratar da


obrigação alimentar, especificamente das necessidades do filho frente às
possibilidades dos pais ou familiares, e, levando em consideração esse binômio
(necessidade x possibilidade), analisar a proporcionalidade da pensão.

2.1 As necessidades do alimentando

Vimos antes que a obrigatoriedade de prestar alimentos é uma


conseqüência natural do poder familiar e que, caso não haja o ato voluntário, é
necessário que o Poder Judiciário o faça por intermédio de seus instrumentos
legais.49

Vale evocar o conceito de Pontes de Miranda, que dispõe o seguinte a


respeito das necessidades, in verbis: “As necessidades de cada um são variáveis,
50
em função da idade e dos intuitos (e.g. estudos) do alimentando.”

A prestação alimentícia foi instituída com a função primordial de prestar


socorro aos que necessitam de alimentos, evitando que aqueles incapazes de
prover o próprio sustento possam vir a padecer. Este é o pensamento de Viana, in
verbis:

O Estado toma a si a assistência social, é responsável pelo serviço de


saúde, tarefas que tem cumprido de forma sempre insatisfatória. Cumpre-
lhe velar para que não falte trabalho e meio de vida para todos, mas a
família, nos limites do parentesco que a lei determina, tem papel

49
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALDO, Nelson. Direito de Família. De acordo com a Lei
n.° 11.340/06, Lei Maria da Penha, e com a Lei n.° 11.441/07, Lei da Separação, Divórcio e Inventário
Extrajudiciais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 587.
50
MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Tratado de Direito Privado: parte especial, tomo IX
2. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972, p. 240.
31

preponderante na preservação da vida humana. Esse papel é


desempenhado pelos alimentos.51

Mesmo que em determinadas situações o menor possua rendimentos e


patrimônio (herança, por ex.), os pais continuam com a responsabilidade da
prestação, devendo contribuir com os alimentos, deixando intocável os bens do
jovem, muito embora essa questão encontre controvérsia na doutrina. É o que diz,
por ex., Cunha Gonçalves, expondo seu pensamento a respeito:

Não se pode dizer que é necessitado quem possui importantes valores


improdutivos, cuja alienação lhe pode produzir um capital suficiente para
subsistir por largo tempo, consumindo regradamente ou com o respectivo
valor rendimento, pois necessitado é somente quem não possui recurso
algum para satisfazer às necessidades ou que só os têm os suficientes para
parte delas.52

De um lado é necessário ter como premissa que o valor pago não deve ser
capaz de provocar o enriquecimento do filho, e também não deve ser inferior às
suas potenciais necessidades. É assim que pensa Oliveira Filho, in verbis:

[...] em se tratando do dever de sustento dos pais em relação aos filhos, não
se cogita de forma aprofundada sobre os recursos do alimentante, como
ocorre na hipótese de pedido alimentar baseado unicamente no parentesco,
mas de carência do alimentando. A prestação será conforme a renda,
mesmo que esta se revele diminuta.53

Instaurada a fase litigiosa da demanda, a prestação é fixada pelo juiz a partir


de seu convencimento da real situação das partes envolvidas, já que as demandas
com pedidos de alimentos são questões tratadas com muito zelo, posto que
envolvem muitas vezes interesses escusos à natureza da ação, como, por exemplo,
uma eventual vingança de um cônjuge contra o outro. É o que se percebe no
Acórdão n.° 160946 da Apelação Cível n.° 19990110698326/DF, in verbis:

Ação de prestação de contas - Pensão alimentícia - Inadmissiblidade [Sic]-


desvio de valores - ausência de provas.

1. Não tendo o autor comprovado o desvio de verbas alimentícias


destinadas aos seus filhos menores e administradas pela sua ex-esposa,
não há como acolher o pedido deduzido na ação de prestação de contas,
principalmente se evidenciado nos autos o sentimento de ódio e vingança

51
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade, Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 100.
52
GONÇALVES, Luiz da Cunha. Tratado de Direito Civil, tomo II. 1. ed. São Paulo: Max
Limonad Editor de Livros de Direito, 1955, v. II, p-440.
53
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade.
3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 39.
32

da parte que exige a prestação de contas daquela que administra bens


alheios.54

Por outro lado, a prestação tem que ser suficiente não só para a
subsistência, como também para cobrir outros gastos que são comuns com o filho.
Levada em conta a necessidade do filho, a prestação não pode causar impacto
significativo na capacidade de quem a presta, bem como ser ínfima frente a uma
situação deplorável de quem a necessita. Oliveira Filho diz o seguinte a respeito
dessa equivalência: “[...] a fixação de alimentos sujeita-se às necessidades do
alimentando e à capacidade do alimentante.” 55

Importante salientar que é de tal magnitude a importância do direito dos


menores, ainda incapazes, que o Estatuto da Criança e do Adolescente legitimou o
Ministério Público, que agirá em substituição processual quanto estiver em jogo o
direito dos filhos, com respaldo no art. 201, inciso III, do Estatuto da Criança e do
Adolescente, que traz o seguinte teor:

Art. 201. Compete ao Ministério Público:

[...]

III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de


suspensão e destituição do pátrio poder, nomeação e remoção de tutores,
curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais
procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; 56

Por isso, quando se trata de análise de prestação alimentícia, especialmente


os pedidos de exoneração, deve-se atentar para os riscos da decisão, inclusive
quanto à questão da inaptidão para o trabalho e impossibilidade da pessoa de
prover o próprio sustento, conforme alerta Farias, in verbis:

É certo, porém, que os alimentos podem ser fixados em relações de


casamento, união estável e parentesco, sempre decorrendo da
comprovação efetiva da necessidade de sustento. E mais, que, em qualquer
hipótese, somente através de decisão judicial, preferida após um mínimo de
cognição (contato do juiz com a prova), em sede de ação exoneratória de
alimentos (com procedimento comum ordinário), assegurado ao credor-
54
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Cível. Acórdão n.° 160946 na
Apelação Cível n.° 19990110698326/DF. Apelante: A. B. B. e outro rep. por S. A. B. Apelado: P. S. B.
Relatora: Desembargadora Adelith de Carvalho Lopes, Brasília, DF, 20 de junho de 2002. Disponível
em:<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=1&PGATU=1&l=20&ID=61291,49041,13836&
MGWLPN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 22 out. 2008.
55
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade.
3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 103.
56
BRASIL. Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de julho de 1990. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 22 out. 2008.
33

alimentando o devido processo legal, com ampla defesa e contraditório (CF,


art. 5º, LV), será possível extinguir a obrigação alimentícia. Sem dúvida, não
se pode tolerar a suspensão automática do pagamento da pensão, em face
da possibilidade de impor ao credor, parte mais frágil da relação, graves
prejuízos na sua diuturna mantença.57

É primordial considerar a posição social da família, a formação social do filho


e a profissão a que se capacitou; do contrário, uma exoneração da prestação será
desastrosa para o alimentado na medida em que só fará agravar as pressões em
busca de uma colocação profissional. Veja-se a esse respeito o que decidiu o
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, nos autos da Apelação Cível n.°
2001.001.10858, in verbis:

Ação de Alimentos. Obrigação de prestar alimentos. Filha menor. Mulher


que trabalha. Valor da pensão. Elevado padrão de vida anterior. Referencia
a ser considerada.

É legal a obrigação do pai em prestar alimentos à filha menor, devendo-se


observar na fixação do valor da pensão o padrão de vida e a elevada
capacidade financeira do alimentante.

O só fato de a mulher trabalhar fora e se mostrar intelectualmente bem


equipada para retornar ao mercado de trabalho, não é capaz de elidir a
obrigação do marido em lhe prestar alimentos se ela também foi por ele
habituada a um padrão de vida luxuoso, ao que se acrescenta o tempo que
ficou afastada desse mercado, sabidamente exigente e competitivo ao
extremo.

Assim, o retorno às atividades plenas, ou ao menos mais compatíveis com


os seus atributos e suas qualificações, demandará certo tempo, devendo
ser reconhecida nessas circunstancias a obrigação alimentar do marido, ao
menos por algum período, como alias proposto por ela própria.58

Nesse sentido, abarcando as posições doutrinárias e jurisprudenciais, o


Código Civil menciona o seguinte, em seu art. 1.695, in verbis:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.59

57
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALDO, Nelson. Direito de Família. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2008, p. 606.
58
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Cível. Apelação Cível n.°
2001.001.10858. Apelante: Aderito de Jesus Lobo da Costa Apelado: Lidia Maria Pereira Afonso.
Relator: Desembargador Ricardo Bustamante, Rio de Janeiro, RJ, 29 de maio de 2001. Disponível
em: <http://www.tj.rj.gov.br/>. Acesso em: 22 out. 2008.
59
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 301.
34

Berenice Dias tem o mesmo entendimento. Segundo ela, “persistindo a


necessidade após o implemento da maioridade, a prole continua a fazer jus a
alimentos, em face da permanência do vínculo paterno filial. 60

Essa necessidade pode ter outras causas, conforme exemplifica Cahali, in


verbis:

A impossibilidade de prover, o alimentando, à própria mantença pode advir


da incapacidade física ou mental para o trabalho; doença, inadaptação ou
imaturidade para o exercício de qualquer atividade laborativa, idade
avançada; calamidade pública ou crise econômica de que resulte absoluta
falta de trabalho.61

Assim, além desses fatores, a necessidade deve ser considerada em função


de cada situação específica, podendo ser necessidade educacional, cultural, sem
deixar de considerar o nível social das pessoas envolvidas. 62

2.2 A possibilidade do alimentante

Tendo como pressuposto o art. n.° 1.695 do Código Civil, citado


anteriormente, percebemos a razão pela qual não pode o filho ficar a mercê da
vontade do genitor ou genitora, quando se trata de alimentos para sua formação,
sobretudo quando há evidências de que a prestação alimentícia vem sendo
subestimada ou de valor variável, ou mesmo faltar pontualidade no dever de prestá-
la. Sobre essas circunstâncias, eis o que afirma Oliveira:

No outro lado da equação estão as possibilidades do obrigado. Ora,


justamente, e porque há uma certa medida na prestação de alimentos, as
condições econômicas do obrigado são um fator determinante. Na fixação
do quantitativo dos alimentos são apreciados os recursos do devedor, tendo
em conta o conjunto de suas rendas de capital e os proventos de seu
trabalho e também suas despesas. (necessidades próprias e dos membros
de sua família) [...] Sendo assim as coisas, as suas necessidades são
apreciadas segundo particulares circunstâncias: idade, saúde, situação de
sua família e sua condição social. 63

60
DIAS, Berenice Maria. Manual de Direito das Famílias, 4. ed. rev. atual. e amp. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 481.
61
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 511.
62
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 360.
63
OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa de; MUNIZ, Francisco José Ferreira. Curso de Direito de
Família, 4. ed., Curitiba: Juruá, 2006, p. 65.
35

De outra forma, é preciso se atentar para que o fato de que uma prestação
alimentar injusta frente à possibilidade do prestador, ou seja, com valor além ou
aquém de sua capacidade de suportar o encargo, tal medida pode causar um
acirramento ainda maior entre as partes envolvidas. A despeito da prestação, é
bastante esclarecedora a colocação de Lopes de Oliveira, in verbis:

Na análise do binômio possibilidade-necessidade (art. 400, CC) devemos


estar sempre limitados às possibilidades do alimentante. Com isso,
queremos dizer que as necessidades são muitas, quase infinitas, enquanto
as possibilidades são na grande maioria das vezes limitadas. Verificamos
esse fenômeno na nossa vida cotidiana. Sentimos necessidade de ter o
carro do ano, uma casa de campo, etc., mas nossas possibilidades para
adquirir essas coisas são sempre limitadas, com o que temos necessidades
não satisfeitas.64

Oliveira Filho menciona a limitação do obrigado. Segundo ele, in verbis: “[...]


na fixação da prestação alimentícia deve-se atentar para o binômio
possibilidade/necessidade, o que significa que a manutenção do alimentado não
pode converter-se em gravame insuportável ao alimentante.” 65

Venosa alerta sobre a importância de preservação dos bens do alimentante.


Segundo ele, in verbis:

Não há uma norma jurídica que imponha um valor ou padrão ao magistrado.


Quando se trata de pessoa assalariada regularmente, os tribunais têm
fixado a pensão em torno de um terço dos vencimentos, mormente quando
trata de alimentos pedidos pela mulher do marido.66

Acerca dessas possibilidades, o assunto já foi analisado no STJ, como


podemos verificar na decisão proferida nos termos, in verbis:

Direito civil. Família. Ação revisional de Alimentos, Percentual sobre


rendimentos do alimentante. Pagamento dos estudos dos alimentandos e do
aluguel do imóvel por eles ocupado. Julgamento diverso do pedido. Não-
ocorrência. Modificação da verba alimentar. Observância do binômio
necessidade/possibilidade. Reexame de provas.

Não há julgamento diverso do pedido, quando da causa de pedir – na


hipótese, modificação do binômio necessidade/possibilidade -, decorre o
pedido – modificação do valor dos alimentos - , o qual restou fixado pelo
Tribunal de origem em estrita interpretação dos pleitos formulados pelas
partes, em nada inovando.

64
OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Alimentos e sucessão no casamento e na união estável. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 4. ed. 1999, p. 16. O art. 400 referido na citação corresponde ao atual § 1º
do art. 1.694 do Código Civil - Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
65
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade.
3 ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 75.
66
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 360.
36

Na via especial não se reexamina o conteúdo probatório do processo,


notadamente quando o Tribunal de origem bem analisou, quanto aos
alimentos fixados, as necessidades dos reclamantes e os recursos da
pessoa obrigada, nos termos do art. 1.694, § 1º, do CC/2002.

Recurso especial não conhecido. 67

Dessa forma, as possibilidades do alimentante são limitadas, devendo ser


consideradas essas limitações no estabelecimento da prestação.

2.3 A proporcionalidade da prestação

Não há na legislação brasileira uma definição do quantitativo devido em face


da renda de cada obrigado, visto que seria inócua essa medida em razão de não
considerar as peculiaridades das situações, raramente idênticas, visto que a fixação
do quantitativo deve observar as necessidades do alimentando e as possibilidades
do alimentante.68

O cerne da questão é como dosar essas medidas na fixação dos valores.


Ora, qualquer providência a ser tomada inexoravelmente passa pelo binômio
necessidade x possibilidade, que é de vital importância, a fim de estabelecer a
proporcionalidade da prestação. Berenice Dias disserta nessa linha, afirmando que:
“Inexiste distinção de critérios para a fixação do valor da pensão em decorrência da
natureza do vínculo obrigacional”. 69

O valor da pensão, na via contenciosa, é incumbência da autoridade


judiciária, cuja decisão será precedida da análise dos fatos e da prova documental
acostada nos autos, além de outros fatores, visto que a legislação deixou de
estabelecer o montante devido. É assim o posicionamento de Oliveira Filho, in

67
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Cível. Acórdão no Recurso Especial n.° 866.230/RS
(2006/0068095-8). Recorrente: M. D. de A. P. e outro. Recorrido: P. F. R. N. Relator: Ministra Nancy
Andrighi, Brasília, DF, 14 de junho de 2007. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/
jurisprudencia/doc.jsp?processo=866230&&b=AC OR&p=true&t=&l=10&i=2>. Acesso em: 23 out.
2008. Grifo nosso.
68
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade.
3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 103.
69
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3. ed. rev. atual. e amp. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006, p. 432.
37

verbis: “Com reconhecido acerto, preferiu o legislador omitir-se na demarcação do


quantum, conferindo ao juiz a chance de fixação em cada caso.70

Venosa foi enfático ao livrar os bens do alimentante da obrigação, in verbis:

Por outro lado, os alimentos devem ser fixados com base nos rendimentos
do alimentante, e não com fundamento em seu patrimônio. O sujeito pode
ter bens que não produzem renda. Não há mínima condição de forçá-lo,
direta ou indiretamente, a vender seus bens para suportar o pagamento.71

Seu raciocínio é corroborado por Viana, in verbis: “Os alimentos são


proporcionais aos rendimentos do devedor, e não ao seu patrimônio. Ele não será
compelido a dispor de seus bens para socorrer o credor.72

O juiz tem a missão de observar criteriosamente as possibilidades do


alimentante, fazendo uma incessante busca das rendas de quem tem o dever de
prestar alimentos, para que seja justo o valor da pensão a ser fixada. É o que se
constata no julgado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que
decidiu o seguinte:

Agravo de instrumento. Ação de alimentos. Antecipação de tutela.


Concessão. Inobservância do binômio necessidade/possibilidade na fixação
da verba alimentar provisória. Recurso provido.

I – Na determinação do quantum relativo à verba alimentar, a regra a ser


observada é do artigo 1.694, § 1º, do código civil, que se reporta, de um
lado, à necessidade do alimentando e, de outro, à capacidade do
alimentante. Saliente-se que a agravante é estudante universitária, tem 21
anos e não tem outra fonte de renda. por seu turno, a agravada é servidora
da câmara dos deputados, percebendo proventos mensais por volta de R$
7.000,00 (sete mil reais).

II - Recurso provido. Unânime. 73

O Código Civil foi taxativo ao definir o mecanismo da proporção como critério


de definição do quantum da obrigação, em seu art. 1.994, § 1º, com o seguinte teor:

70
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e maternidade.
3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 103.
71
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 360.
72
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade. Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 110.
73
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Cível. Acórdão n.° 191.530 do Agravo
de Instrumento n.° 20040020000037/DF. Agravante: M. M. G. Agravado: M. A. M. Relator:
Desembargador José Divino de Oliveira, Brasília, DF, 29 de março de 2004. Disponível em:
<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=20&PGATU=1&l=20&ID=61291,53017,13995&MGW
LPN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 22 out. 2008. A
palavra quantum quer dizer quantitativo, valor. Grifo nosso.
38

“§ 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do


reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.” 74

Além disso, a definição do valor deve observar as condições sociais da


pessoa que tem direito a alimentos, inclusive a sua idade, saúde e outras
circunstâncias particulares, como tempo, lugar custo de vida, que influem na
decisão. No Tribunal de justiça de Minas Gerais, veja-se a decisão, in verbis:

Revisional de alimentos - modificação na situação financeira do alimentante


- ausência de prova - art. 333, I, do CPC - princípio da paternidade
responsável - quantum mantido.

É pacífico o entendimento de que, para se proceda à redução ou


exoneração do encargo alimentício, é mister a prova de modificação nas
condições econômicas do alimentante ou do alimentando, e a prova dessa
modificação das condições econômicas cabe ao postulante, nos termos do
artigo 333, I, do CPC.

Não merece provimento o recurso que busca a revisão do valor dos


alimentos, sem trazer aos autos prova da real extensão do binômio
possibilidade/necessidade. ""Ausência de provas que possa guardar
correspondência com a real alteração do binômio necessidade-
possibilidade. É impossível acolher-se o pedido inicial da ação revisional de
alimentos quando não está demonstrada a alteração do binômio
necessidade-possibilidade que conduziu a fixação da pensão alimentícia.""
75

Também no âmbito desse Egrégio Tribunal decidiu-se a respeito da fixação


dos critérios para fixação do valor da pensão alimentícia, in verbis:

Direito de família. Separação judicial. Alimentos conferidos à filha menor do


casal. Critério de fixação do quantum. Requisito para a reforma da decisão
que fixa os alimentos provisórios. O critério de fixação do quantum da
pensão alimentícia é a conjugação proporcional dos elementos:
possibilidade econômica do alimentante e necessidade do alimentado, nos
termos do art. 400 do CC. Configura-se requisito para a reforma de decisão
que fixa alimentos provisórios initio litis a prova quanto à inobservância do
critério de fixação do quantum da pensão alimentícia expresso no art. 400
do CC, cujo ônus incumbe ao alimentante.76

74
BRASIL. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 22 out. 2008.
75
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Cível. processo n.° 1.0035.03.024327-9/001(1).
Agravante: (segredo justiça). Agravado: (segredo justiça). Relator: Desembargador Gouvêa Rios,
Belo Horizonte, MG, 8 de novembro de 2005. Disponível em: <http://www.tjmg.gov.br/juridico/
jt_/inteiro_teor.jsp?
tipoTribunal=1&comrCodigo=35&ano=3&txt_processo=24327&complemento=1&sequencial=0&palavr
asConsulta=pens%E3o%20alimenticia%20e%20condi%E7%F5es%20do
%20alimentando&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical=>. Acesso em: 22 out. 2008.
76
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Cível. Agravo de Instrumento n.° 000.222.145-5/00.
Agravante: Rogério Ferreira Alves. Agravado: Laura Cristina Alves Barbosa. Relator: Desembargador
Célio César Paduani, Belo Horizonte, MG, 4 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.tjmg.
jus.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?
39

O importante é saber que os alimentos devem permitir a mantença do


mesmo padrão de vida de que desfrutava o alimentando antes da imposição do
encargo, a não ser que decorra de postura culposa do alimentando, sendo o valor,
nesse caso, capaz de prover o suficiente para a subsistência, tal qual estabelece o §
2º do art. 1.694 do Código Civil. Este é o caso, por ex., do ex-cônjuge, considerado
“culpado”, conforme define o Parágrafo único do art. 1.704 do Código Civil, in verbis:

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de


alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão
para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz
o valor indispensável à sobrevivência.77

Quanto ao cônjuge considerado “inocente” na separação litigiosa, eis o que


dispõe os arts. nos 1.702 e 1.704 do Código precitado, in verbis:

Art. 1702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocentes


e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o
juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694. 78

Art. 1704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de


alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada
pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação
judicial.79

Como se vê, o Código Civil destaca nos dispositivos a questão da inocência


ou culpabilidade do cônjuge, em face do direito à prestação alimentícia.

Importante destacar que o Código Civil foi bem taxativo quanto à


incumbência de ambos os pais no que se refere à prestação alimentícia aos filhos,
definida no art. 1.703, que traz a seguinte redação: “Art. 1.703. Para manutenção
dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus
recursos.” 80

tipoTribunal=1&comrCodigo=0&ano=0&txt_processo=222145&complemento=0&sequencial=0&palavr
asConsulta=000.222.145-5/00&todas=&expressao=&qualquer=&sem =&radical= >. Acesso em: 29
out. 2008. O artigo referido é do Código Civil de 1916, revogado pelo atual Código Civil.
77
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 301.
78
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 301.
79
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 301.
80
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 301.
40

Com esse dispositivo, a proporcionalidade da contribuição passou a ser em


função da renda de ambos os cônjuges, deixando de onerar apenas um deles,
dando mais segurança material ao direito a alimentos. Berenice Dias chama a
atenção para esse critério, bastante vago, de fixação da pensão alimentícia, o qual
possibilita ao juiz um extenso campo de ação a fim de enquadrar as especialidades
de cada pedido. Para a autora, há que se atentar para o princípio da
proporcionalidade, posto que é, in verbis:

[...] vetor para a fixação de alimentos. Tradicionalmente, invoca-se o


binômio necessidade-possibilidade, ou seja, perquirem-se as necessidades
do alimentando e as possibilidades do alimentante para estabelecer o valor
da pensão. No entanto, essa mensuração é feita para que se respeite a
diretriz da proporcionalidade. Por isso se começa a falar, com mais
propriedade, em trinômio: proporcionalidade-possibilidade-necessidade.81

A referida autora enfatiza que o critério mais seguro para a definição do


encargo é o da vinculação aos rendimentos do alimentante, porque dessa forma,
segundo ela, ocorre o seguinte:

Fica garantido o reajuste dos alimentos no mesmo percentual dos ganhos


do devedor, afastando-se discussões acerca da defasagem dos valores da
pensão. Dita modalidade, além de guardar relação com a capacidade
econômica do alimentante, assegura o proporcional e automático reajuste
do encargo.82

Ressalta-se que as prestações alimentícias, quaisquer que sejam a


natureza, sobre elas terão incidência a correção, segundo índice oficial, nos termos
do art. 1.710 do Código supracitado. Essa medida legal visa à manutenção do poder
aquisitivo da prestação, frente às variações econômicas que causam desvalorização
da moeda, ainda que gradativamente, como é o caso da inflação. 83

Entretanto, tamanha é a dificuldade de estabelecimento do quantum da


prestação nas circunstâncias em que o obrigado é profissional liberal, autônomo ou
empresário, em razão da renda variável e muitas vezes não ostentação devida de
seus ganhos, fazendo, ao contrário, de tudo para ocultá-los. Berenice Dias informa
que nesses casos, para embasar a decisão, é possível não apenas a quebra de
sigilo bancário do alimentante como também seu sigilo fiscal, e até mesmo a
81
DIAS, Berenice Maria. Manual de Direito das Famílias. 4. ed. rev. atual. e amp. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 482.
82
DIAS, Berenice Maria. Manual de Direito das Famílias, 4. ed. rev. atual. e amp. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 482.
83
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 301.
41

despersonalização da pessoa jurídica, que permite desvendar entes societários para


descobrir a real participação de determinado sócio. Para a autora, “essas
possibilidades investigatórias não se confrontam com os princípios constitucionais
da privacidade e da intimidade do alimentante, pois se sobreleva o direito à vida do
alimentando.” 84

No entanto, em que pese essa uniformização legal que vimos anteriormente,


a jurisprudência já havia consolidado uma distinção quanto à natureza do vínculo
obrigacional, merecendo destaque a situação dos descendentes. Segundo Berenice
Dias, essa distinção é da seguinte ordem, in verbis:

Aos descendentes, a pensão deve ser fixada de forma proporcional aos


rendimentos do alimentante. Chega-se a definir o filho como “sócio do pai”,
pois tem ele direito de manter o mesmo padrão de vida ostentado pelo
genitor. Portanto, em se tratando de alimentos devidos em razão do poder
familiar, o balizador para a sua fixação, mais que a necessidade do filho, é a
possibilidade do pai: quanto mais ganha este, mais paga àquele.
Melhorando a condição econômica do pai, possível é o pedido revisional
para majorar a pensão e adequá-la ao critério da proporcionalidade.85

Portanto, a condição econômica dos pais é o fator primordial e balizador da


solicitação do filho, que têm direito ao mesmo padrão de vida de quem os colocou
no mundo.

84
DIAS, Berenice Maria. Manual de Direito das Famílias, 4. ed. rev. atual. e amp. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 483.
85
DIAS, Berenice Maria. Manual de Direito das Famílias, 4. ed. rev. atual. e amp, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2007, p. 481.
42

3 O DIREITO DO FILHO MAIOR À PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA

Para quem tem uma boa posição


social, falar de comida é coisa baixa. É
compreensível: eles já comeram.

(Bertolt Brecht)

Nesse capítulo vamos abordar o direito do filho maior à prestação


alimentícia, elaborando-se uma análise dos benefícios que ela acarreta para o
alimentando, de ordem material, social, cultural e também de ordem econômica.
Farias esmiúça esses benefícios da pensão, em que estão envolvidos, in verbis:

Todo e qualquer bem necessário à preservação da dignidade humana,


como a habitação, a saúde, a assistência médica, a educação, a moradia, o
vestuário e, é claro, também a cultura e o lazer.86

Para que o filho possa continuar os estudos, há diversos julgados


estendendo-lhe o direito à pensão. No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
encontramos, por exemplo, a decisão, in verbis:

Alimentos - Maioridade - Exoneração Indeferimento - Inconformismo -


Desacolhimento - Filho maior que continua estudando - Situação que se
mantém, a contar do julgamento da apelação que deliberou a respeito -
Observado que a obrigação tem sustentação no poder de família e que
deverá cessar com a conclusão do bacharelado - Decisão confirmada -
Recurso desprovido, com observação.87

Lembremos que o Brasil é um país de tradições. Não é por outra razão que
aqueles que têm o dever de prestar alimentos talvez se deixam influenciar pela
tradição arraigada no contexto social, mais especificamente no seio popular, na qual
a maioridade põe fim ao direito à pensão alimentícia. Veja-se o que diz Porto sobre
essa influência, in verbis: “Comumente ouve-se a afirmação de que a maioridade
dos filhos desobriga os pais da prestação de alimentos.88

Ocorre que antes de adentrar no mérito da questão, é necessário retomar


alguns pontos de vista de Cahali, ao distinguir “duas modalidades de encargos
86
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALDO, Nelson. Direito de Família. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2008, p. 606.
87
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Cível. Acórdão em Agravo de Instrumento n.°
5493314900. Agravante: P. S. D. Agravado: S. L. R. e outro. Relator: Desembargador Grava Brazil,
São Paulo, SP, 3 de junho de 2008. Disponível em: <http://cjo.tj.sp.gov.br/esaj/jurisprudencia/consulta
Simples.do>. Acesso em: 23 out. 2008.
88
PORTO, Sérgio Gilberto. Doutrina e prática dos alimentos. 2. ed. Rio de Janeiro: AIDE, 1991, p.
34.
43

legais a que se sujeitam os genitores em relação aos filhos: dever de sustento e


obrigação alimentar.” 89

O primeiro deles, dever de sustento, em relação ao filho menor, vincula-se


ao poder familiar (pátrio poder), tendo suporte nos arts. 1.566, IV, e 1.568 do Código
Civil, nele englobando o dever de educação. O renomado autor diz que o dever de
sustento é, in verbis: “unilateral e se exaure na relação paterno-filial.” 90

A despeito da obrigação alimentar, ela nasce, conforme sustenta o referido


autor, quando cessa o poder familiar, pela maioridade ou emancipação do filho. Tem
vínculo com a relação de parentesco (ascendente-descendente) e caracteriza-se por
ser uma obrigação mais ampla e com fundamento no art. 1.696 do Código Civil, que
assim estabelece: “Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre
pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros”. 91

Cahali também tece o seguinte comentário sobre a obrigação alimentar, in


verbis:

A obrigação alimentar é recíproca, nasce depois de cessada a menoridade


e, com isto, o poder familiar, não mais encontrando limitação temporal,
sujeita-se, contudo, aos pressupostos da necessidade do alimentando e das
possibilidades do alimentante (CC, ART. 1.695), exaurindo-se o seu
adimplemento numa obrigação de dar, representada pela prestação
periódica de uma quantia fixada segundo aquelas condições; em tese, não
compreende, necessariamente, as despesas com a educação.92

Viana pensa nessa mesma linha, in verbis:

Cessando o pátrio poder com o advento da maioridade, os alimentos


passam a ser devidos em decorrência da obrigação alimentícia, e não mais
como conseqüência do dever. Este está vinculado ao pátrio poder. Cessa o
dever familiar e nasce a obrigação alimentar.93

89
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 454.
90
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 454.
91
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 301.
92
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp., São Paulo: Saraiva, 2007, p. 455.
93
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade, Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 144.
44

Tendo em vista essas definições, a proposta a seguir é de trabalhar o direito


do alimentante durante e depois da maioridade.

3.1 A prestação durante e depois da maioridade

Por muito tempo a pensão alimentícia teve como limite temporal a


maioridade do alimentando, decisão que encontrava alicerce não só na tradição,
como vimos, mas apoiada em parte da doutrina e na jurisprudência de alguns
tribunais. Welter diz que os pais são obrigados a prestar alimentos aos filhos
maiores em três hipóteses, in verbis:

Aos filhos maiores e incapazes;

Aos filhos maiores e capazes que estão em formação escolar


profissionalizante ou em faculdade;

Aos filhos maiores e capazes, porém em situação de indigência não


proposital.94

Pontes de Miranda adota o posicionamento, in verbis:

Em qualquer tempo, o filho menor ou maior, que não tem recursos e meios
para prover à própria subsistência, pode pedir ao pai e à mãe que os
supram. Tal obrigação só termina com a morte, ou se não os podem prestar
o pai ou a mãe. Quando o filho está sob o pátrio poder, o titular desse poder
é obrigado pelo sustento do filho, e a obrigação do outro genitor é apenas
subsidiária. Se o filho não está sob o pátrio poder, a obrigação compreende
a ambos os pais, qualquer que seja o regime dos bens, na proporção das
necessidades do filho e dos recursos dos genitores.95

Assim também se posicionamento de Afonso Tavares, em seu artigo a


respeito da pensão alimentícia em face da maioridade, in verbis:

À guisa de conclusão, é lícito afirmar que o advento da maioridade do filho


não implica na interrupção do pagamento da pensão alimentícia, a qual
apenas deixa de ter como causa o pátrio poder (poder familiar) e passar a
subsistir com fundamento no princípio da solidariedade entre os parentes. 96

94
WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos no Código Civil. 2. ed. São Paulo: Thomson/IOB, 2004, p.
107. Grifo nosso.
95
MIRANDA, Francisco Cavalcante Pontes de. Tratado de Direito Privado: parte especial, tomo IX,
2. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972, p. 230-231.
96
DANTAS NETO, Afonso Tavares. Pensão alimentícia e maioridade. Jus Navigandi, Teresina, ano
8, n. 238, 2 mar. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/ texto.asp?id=4891>. Acesso
em: 26 out. 2008.
45

Não raro, cancelava-se automaticamente o desconto da pensão alimentícia


quando o filho atingia 21 (vinte e um) anos de idade, segundo a maioridade definida
no Código Civil de 1916, antes de sua alteração pela Lei n.° 10.404, de 10 de janeiro
de 2002. 97

O entendimento era no sentido de que o filho, com a chegada da


maioridade, era capaz de prover seu próprio sustento, ou seja, de caminhar sozinho
em busca dos meios de sobrevivência. Assim pensa Viana, favorável à corrente na
qual os alimentos decorrem do pátrio poder e a chegada da maioridade faz encerrar
a causa jurídica da obrigação de sustento, o que acarreta, conseqüentemente, a
exoneração, independente de demanda para esse fim.98

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, verifica-se esse


posicionamento nos autos da Apelação com Revisão n.° 5788214200, in verbis:

Ação de exoneração de pensão alimentícia. Alimentada que atingiu a


maioridade civil. Novo Código Civil. Aplicabilidade imediata da legislação
alimentar. Cessação do poder familiar, com término do dever de sustento
por parte do pai. Alimentada, ademais, apta ao trabalho, sem comprovação
de ingresso e curso superior. Sentença mantida. Recurso improvido.99

Mas havia exceções a essa limitação do direito à prestação em face da


maioridade da época (21 anos), sobretudo quando havia comprovação de que o filho
era estudante, e o juiz, excepcionalmente, nesse caso, estendia o benefício até os
24 ou 25 anos de idade. Wald compartilha dessa tese, embora a limitou ao término
dos estudos, ou seja, por mais de quatro anos. Suas afirmações são no sentido de
que, in verbis:

O dever alimentar cessa para os pais com a maioridade dos filhos. Mas
caso estejam este freqüentando curso universitário, a jurisprudência tem
estendido tal obrigação até o término do curso ou até que completem os
alimentandos 25 anos (RT 724/323, 725:227, 733:296).100

97
BRASIL. Código Civil. Lei n.° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. In: Vade Mecum, obra coletiva de
autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz
dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007.
98
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade, Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 137.
99
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Cível. Acórdão em Apelação com Revisão n.°
5788214200. Apelante: A. C. B. C. Apelado: A. D. C. Relator: Desembargador Donegá Morandini, São
Paulo, SP, 16 de setembro de 2008. Disponível em: <http://cjo.tj.sp.gov.br/esaj/jurisprudencia/
consultaSimples.do>. Acesso em: 23 out. 2008.
100
WALD, Arnold. O Novo Direito de Família, 14. ed. rev. e amp. pelo autor, de acordo com a
jurisprudência e com o novo código civil. (Lei n.° 10.406, de 10/01/2002), com a colaboração do Des.
Luiz Murillo Fábregas e da Prof.ª Priscila M. P. Corrêa da Fonseca. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 45.
46

A estipulação de uma idade limite de 24 (vinte e quatro) anos pra


recebimento da pensão alimentícia foi adotada em função do entendimento até
então existente acerca da idade limite fiscal quanto dependência para o imposto de
renda. É o que diz Venosa, in verbis:

Nesse sentido, o art 1.694 do presente Código sublinha que os alimentos


devem atender, inclusive, às necessidades de educação. Tem-se entendido
que, por aplicação do entendimento fiscal quando à dependência para o
Imposto de Renda, que o pensionamento deva ir até os 24 anos de idade.
Outras situações excepcionais, como condição de saúde, poderão fazer
com que os alimentos possam ir além da maioridade, o que deverá ser
examinado no caso concreto.101

No STJ, o raciocínio não era diferente. Veja-se os termos da decisão, in


verbis:

Civil e processual. Pensão alimentícia paga a filho então menor por força de
acordo em separação consensual. Maioridade. Pedido de cancelamento da
pensão feito nos próprios autos. Processamento com contraditório. Exame
do mérito. Manutenção dos alimentos. Recurso especial. Princípio da
economia processual. Matéria de fato. Reexame. Impossibilidade. Súmula
n.° 7-STJ.

I. Se ao pedido de cancelamento da pensão, formulado pelo pai alimentante


no bojo dos autos do processo de separação consensual, em face da
maioridade do filho, foi dado processamento litigioso, com observância de
contraditório e colheita de provas, não há efeito prático, senão propósito
procrastinatório, em perquirir, a tal altura, depois de apreciada
profundamente a controvérsia, qual a ação cabível e a quem pertencia a sua
iniciativa, se ao filho maior em ajuizá-la para postular a manutenção, ou ao
genitor alimentante em pedir a exoneração.

II. Decidido pelo Tribunal estadual, soberano na interpretação da


prova, sobre a necessidade do filho maior estudante, a ser provida
com pensão alimentícia pelo pai (arts. 396 e 397 do CC), o reexame da
questão encontra, em sede especial, o óbice da Súmula n.° 7 do STJ.

III. Recurso especial não conhecido.102

Ocorre que alguns juízes, com o advento da redução da maioridade civil


para 18 anos, a partir das novas disposições do Código Civil, começaram a repensar
a aplicabilidade literal da maioridade como limite e exoneração da prestação dos
alimentos. Retomando as palavras de Venosa, verifica-se que assim era seu
posicionamento. Segundo ele, in verbis:

101
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 351.
102
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.°
306.791/SP (2001/0023817-3). Recorrente: Inaja Guedes Barros. Recorrido: Luiz Fernando Bravo de
Barros. Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior, Brasília, DF, 21 de maio de 2002. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudência>. Acesso em: 20 out. 2008. Grifo nosso.
47

Com relação aos filhos que atingem a maioridade, a idéia que deve
preponderar é que os alimentos cessam com ela. Entende-se, porém, que a
pensão poderá distender-se por mais algum tempo, até que o filho complete
os estudos superiores ou profissionalizantes, com idade razoável, e possa
prover a própria subsistência.103

De fato, encontramos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios


julgados nesse sentido, conforme se vê na decisão, in verbis:

Alimentante: médico, servidor público, professor universitário e sócio de


renomadas clínicas particulares, situação financeira estabilizada.

Alimentandos: mulher quarentona, com dedicação exclusiva ao lar, sem


emprego e sem qualificação profissional, com três filhos adolescentes.
Razoabilidade da fixação de 25 (vinte e cinco salários mínimos). Limites do
pensionamento.

A maioridade dos filhos nem sempre acarreta o fim da obrigação


alimentar, quando fato relevante impõe sua continuidade.

Em relação à consorte cessará quando desaparecer a necessidade da


alimentanda ou a capacidade do alimentante, quando sobrevier a morte de
um ou de outro ou, ainda, faltando à mulher a condição de honestidade.
Recurso conhecido e desprovido.104

No Tribunal de justiça de Minas Gerais também há julgados que


acompanham esse entendimento, conforme citação a seguir:

Filho - maioridade - CC de 2002 - 18 anos - pensão - caso concreto que não


a recomenda.

A redução legislativa da menoridade para os 18 (dezoito) anos considerou


as circunstâncias da evolução da era moderna, cujos costumes hoje
outorgam ao jovem um amadurecimento mais cedo e, em conseqüência,
condições para o trabalho e para todos os atos da vida civil.

Há que se ver, porém, as condições pessoais do beneficiário da


pensão alimentícia, pois para que possa se moldar para uma vida
profissional melhor, há que se submeter ao estudo superior, em regra,
sem o qual não poderá concorrer de forma adequada ao mercado de
trabalho - e o pagamento de seus estudos constitui prática decorrente
do pátrio poder.

Assim, enquanto necessitar do pensionamento para acabar os seus


estudos, desde que esteja a eles fazendo jus, a pensão deve continuar
a lhe ser concedida, se a sua falta puder prejudicá-los. Demonstrando o

103
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 351.
104
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Cível. Acórdão n.° 129.502 (Apelação
Cível 19980710070358-DF). Apelante: J. B. S. Apelado: M. A. S. S., F. W. S., F. S. S. e F. S. S.
Relator: Desembargador George Lopes Leite, Brasília, DF, 14 de agosto de 2000. Disponível em:
<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=1&PGATU=1&l=20&ID=61292,74141,21610&MGWL
PN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 23 out. 2008. Grifo
nosso.
48

caso concreto que o pensionando não se dedica aos estudos, a maioridade


faz presumir condições de auto manutenção.105

Somados a esses fatores, havia também a questão do custo de vida, dos


gastos com habitação, lazer, locomoção, educação, alimentação, saúde, entre
outros, todos suficientes para onerar ainda mais a situação do filho. A doutrina
convergia nesse sentido, como se vê no posicionamento de Venosa. Segundo ele, in
verbis: “Com relação ao direito de os filhos maiores pedirem alimentos aos pais, não
é o pátrio poder que determina, mas a relação de parentesco, que predomina e
acarreta a responsabilidade alimentícia.” 106

Nesse novo cenário social os eméritos julgadores dos tribunais pátrios


começaram a modificar o entendimento até então dominante acerca do assunto,
emitindo julgados divergentes da jurisprudência então dominante, principalmente no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça, estendendo a prestação alimentícia ao filho
maior enquanto ele mostrar dependente dela. No Recurso Especial n.° 4347/CE, a
Terceira Turma do STJ proferiu a seguinte decisão, in verbis:

Ação de separação judicial.

Considerando não provados os fatos alegados na inicial, não e possível


julgar-se procedente ação, levando em conta o procedimento do próprio
autor, que teria desatendido aos deveres do casamento. Ausência de
reconvenção da mulher que, ao contrario, opõe-se a separação

Alimentos - filhos.

O fato da maioridade nem sempre significa não sejam devidos


alimentos. Hipótese em que o acordo que estabeleceu a pensão foi
concluído quando os filhos já eram maiores.107

O Egrégio Tribunal decidiu, em Recurso Especial, in verbis:

105
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Cível. Processo n.° 1.0701.03.051584-8/001(1).
Agravante: (segredo justiça). Agravado: (segredo justiça). Relatora: Desembargadora Vanessa
Verdolim Hudson Andrade, Belo Horizonte, MG, 9 de novembro de 2004. Disponível em:
<http://www.tjmg.jus.br/juridico/jt_/juris_resultado.jsptipoTribunal=1&comrCodigo=&ano=&txt_process
o=&dv=&complemento=&acordaoEmenta=acordao&palavrasConsulta=enquanto+necessitar+do+pens
ionamento+para+acabar+os+seus+estudos%2C+desde+que+esteja+a+eles+fazendo+jus
%2C+a+pens
%E3o+deve+&tipoFiltro=and&orderByData=0&relator=&dataInicial=&dataFinal=29%2F10%2F2008&r
esultPagina=10&dataAcordaoInicial=&dataAcordaoFinal=&pesquisar=Pesquisar >. Acesso em: 22
out. 2008. Grifo nosso.
106
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 351.
107
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.° 4347/CE
(1990/0007451-7). Recorrente: Maria Leonia Silveira Cavalcante. Recorrido: Francisco Deusemar
Lins Cavalcante. Relator: Ministro Eduardo Ribeiro, Brasília, DF, 10 de dezembro de 1990. Disponível
em: <http://www.stj.jus.br/SCON/ jurisprudência>. Acesso em: 20 out. 2008. Grifo nosso.
49

Pensão alimentícia. Filho Maior. Exoneração. Ação própria. Necessidade.

Com a maioridade cessa o pátrio-poder, mas não termina,


automaticamente, o dever de prestar alimentos. A exoneração da pensão
alimentar depende de ação própria na qual seja dado ao alimentado a
oportunidade de se manifestar, comprovando, se for o caso, a
impossibilidade de prover a própria subsistência.

Recurso especial conhecido e provido.108

Essa visão levava em conta não só as necessidades do filho, mas,


principalmente, a existência, no caso brasileiro, de um mercado de trabalho
saturado, incapaz de absorver a juventude ociosa.

3.2 Os benefícios materiais, sociais e culturais

Falar dos benefícios da pensão alimentícia é uma tarefa que envolve os


interesses dos que fazem parte do processo: de um lado as intenções de quem tem
o dever de prestar alimentos, em oposição com as de quem deles necessitam,
sendo ambas quase sempre divergentes, conforme veremos a seguir.

De ponto de vista de quem recebe a prestação e vive dos dividendos da


prestação, dela se torna bastante dependente, na medida em que seu valor muitas
vezes é bem limitado, mas permite obter aquisições de ordem material, projeção
social e sobretudo proveito cultural. Por isso que Cahali ressalta a necessidade de
análise da situação de cada alimentando, in verbis:

O máximo segundo o qual aquele que pode trabalhar não tem direito a
alimentos deve ser entendida em termos; se as necessidades representam
um fato relativo, o mesmo acontece com o trabalho; é necessário considerar
a posição social da família, a formação dada ao filho, a profissão que está
seguindo o alimentando.109

Porto segue na mesma linha, sendo favorável a continuidade da pensão


para proteção do alimentando, in verbis:

108
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.°
442.502/SP (2002/0071283-0). Recorrente: Stella Isolla Cristofani da Costa Lopes e outro. Recorrido:
Irineu Roberto da Costa Lopes. Relator: Ministro Castro Filho, Brasília, DF, 6 de dezembro de 2004.
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=RESUMO&proce
sso=442502&b=ACOR>.Acesso em: 25 out. 2008.
109
CAHALI, Francisco José; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coordenadores). Alimentos no Código
Civil. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 511.
50

Assim, se é certo que com a maioridade ou emancipação cessa o pátrio


poder também é certo que tão-somente com o implemento de tal fato não
cessará o dever alimentar, merecendo que se analise, caso a caso, o
binômio necessidade-possibilidade.110

Ora, o aspecto material, embora insignificante aos olhos de quem deve


alimentos, ao lado de outros fatores, é de suma importância, pois engloba desde as
necessidades mais elementares até as mais importantes na conjuntura, como por
exemplo, destaca-se a alimentação, o transporte, a moradia, a saúde, entre outros.
Seguindo essa linha, decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, in
verbis:

Civil - ex-convivente - alimentos - quando são devidos. Alimentos - filhos


menores - critérios para fixação.

1. Nos termos das Leis n.os 8.971, de 29 de dezembro de 1.994, e 9.278, de


10 de maio de 1.996, não basta à mulher apenas ostentar a condição de
companheira e/ou convinte para fazer jus à verba alimentícia. Bem ao
contrário, é mister que faça a prova de sua necessidade e da possibilidade
do companheiro e/ou convinte de provê-la. Na hipótese, os alimentos não
são devidos, seja porque a ex-convinte aufere ganhos de pensão que lhe
sobrou em decorrência da morte de seu pai, seja porque o ex-convinte já é
caso, havendo, no caso, obstáculo legal intransponível (Lei n.° 8.971, art.
1º).

2. Na fixação dos alimentos não se leva em conta apenas o necessário


também para prover o lazer, vestuário, necessidades eventuais e a
mantença de um padrão de vida conforme as possibilidades do
alimentante. Seria antimonia execrável que o pai bem situado
economicamente propiciasse ao filho unicamente o necessário à
subsistência (precedentes da C. Corte APC n.° 29. 243, DJ de 11.05.94, P.
5.141). 111

Sob o foco da retórica, a menção às reais necessidades materiais dos filhos


muitas vezes não aparece ou simplesmente não chama à atenção como deveria,
como bem destaca Oliveira Filho, ao falar das condições do alimentando, in verbis:

É preciso observar que, em razão do pátrio poder, a obrigação alimentar


independe da habilidade do filho a prover a própria manutenção, eis que
aos genitores compete a consecução dos recursos tendentes à
proteção material daquele.112

110
PORTO, Sérgio Gilberto. Doutrina e Prática dos alimentos. 2. ed. Rio de Janeiro: AIDE, 1991, p.
34.
111
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Cível. Acórdão n.° 166.550 (Apelação
Cível n.° 4103596/DF). Apelante: R. S. B. representado por sua mãe S. S. B., assistida por sua mãe
S. R. A. S. Apelado: J. R. B. Relator: Desembargador Adelith de Carvalho Lopes, Brasília, DF, 9 de
dezembro de 1996. Disponível em: <http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=1&PGATU=
1&l=20&ID=61295,50324,6665&MGWLPN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTE
R>. Acesso em: 25 out. 2008. Grifo nosso.
112
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e
maternidade. 3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 38. Grifo nosso.
51

Sabemos, mas não temos a exata compreensão, como é importante na


formação da pessoa o provimento material de suas necessidades. É preciso frisar
que vivemos no sistema econômico capitalista, no qual as aquisições materiais
dependem do poder econômico da pessoa obrigada, algumas vezes omissa quanto
ao recursos de que dispõe. Em relação a esses fatos, veja-se o pronunciamento de
Venosa, in verbis:

Não tem o alimentante, por seu lado, obrigação de dividir sua fortuna com o
necessitado. O espírito dos alimentos não é esse. O pagamento é periódico,
tendo em vista a natureza dessa obrigação. Nessa fixação reside a maior
responsabilidade do juiz nessas ações. Nem sempre será fácil aquilatar as
condições de fortuna do indigitado alimentante: é freqüente, por exemplo,
que o marido ou pai, sabedor que poderá se envolver nessa situação,
simule seu patrimônio, esconda bens e se apresente a juízo como um pobre
eremita. Desse modo, a prova dos ganhos do alimentante é fundamental.113

Ao lado do aspecto material, o fator social também merece relevo. A


inserção social do filho maior deve ser serena, mansa e pacífica, para que ele possa
dar os primeiros passos, sozinho, rumo à independência nesses momentos em que
se deixa para trás a calorosa proteção do lar paterno para alçar vôos mais longos,
em busca de colocação profissional. Oliveira Filho coloca o seguinte, in verbis:

A despeito da capacidade laborativa e maioridade, pode acontecer, por


motivos relevantes, de o filho maior necessitar da assistência dos pais. O
exemplo comumente observado é o de freqüência a cursos que reclamam
dedicação exclusiva, onde as chances de obtenção de emprego são
reduzidas.114

Por essa razão, o valor da prestação deve ser suficiente não apenas para as
necessidades mais imediatas, mas também para contribuir no que for necessário
para que o jovem integre o meio social de forma satisfatória e assim possa ter uma
formação educacional plena. Importante, para reforçar a idéia, resgatar o ponto de
vista de Viana, sobre a extensão da pensão ao filho maior, estudante, in verbis:

Se o filho maior pede alimentos ao argumento de que estuda e não tem


condições de trabalhar, o pedido merece acolhida. Não se deve tomar esse
entendimento como regra. O exame se fará para cada caso concreto.
Entendemos que o autor deverá provar que há incompatibilidade entre o
curso que freqüenta e o trabalho, ou que, na classe social em que vive os
filhos, mesmo maiores, enquanto estudam em curso superior, em regra não
trabalham. O princípio a orientar a espécie é que o maior e capaz deve

113
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 360.
114
OLIVEIRA FILHO, Bertoldo Mateus de. Alimentos e investigação de paternidade e
maternidade. 3. ed. rev. e amp. Belo Horizonte: Del Rey, 1998, p. 77.
52

trabalhar e obter meios de subsistência, vindo os alimentos como


exceção.115

Também temos que admitir que a questão cultural e suas matizes têm
influência na formação do alimentando. A cultura aqui referida não é apenas o
simples ato de estar presente a eventos; mais do que isso, envolve toda a educação
escolar como um fator intrínseco ao ser humano, sem a qual as relações sociais
sofrem demasiadamente. Venosa coloca a seguinte sobre a responsabilidade dos
pais nesse processo, in verbis: “Os pais são responsáveis pelo sustento, guarda e
educação dos filhos, que lhes é imposto como dever [...].116

Reforça esse aspecto a colocação de Paula Neto, in verbis: “O dever de


educar implica no atendimento das necessidades intelectuais e morais do menor,
propiciando-lhe a oportunidade de se desenvolver nesses níveis.” 117

Tem-se, pois, como primordial que o valor da prestação alimentícia seja


capaz de abarcar a fome de cultura do alimentante, evitando que venha sofrer
influência de grupos sociais radicalmente avessos à formação social ideal. Niess
ressalta a importância de disponibilizar o acesso do alimentante aos eventos
culturais, in verbis:

O dispêndio com cultura, que guarda íntima relação com a educação, faz
parte dos alimentos, na sua acepção jurídica, na medida em que deve ser
incentivada a valorização e a difusão das manifestações culturais de toda
ordem [...].118

Não é por outra razão que os alimentos são de extrema importância para a
vida do alimentando.

3.3 A pensão como suporte para o trabalho

Vimos que a pensão alimentícia deve atender às necessidades do


alimentando, tais como alimentação, saúde, moradia, locomoção e educação, esta

115
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade. Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 144.
116
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 103.
117
PAULA NETO, José Antônio de. Do pátrio poder. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, p. 108.
118
NIESS, Andréa Patrícia Toledo Tavola; NIESS, Pedro Henrique Tavora Niess. Alimentos: o dever
dos genitores de prestá-los aos filhos menores. RCS Editora, 2004, p. 113.
53

sendo muito importante do ponto vista de quem busca uma colocação ou vaga no
mercado de trabalho. Nessa posição, é bastante oportuna a manifestação de
Santos, sinalizando que este é o objetivo da prestação alimentícia ao filho maior, in
verbis:

O critério de cessação do dever de prestar alimentos pela idade do


alimentando tem suas raízes na avaliação de sua habilitação para a prática
dos atos da vida civil nos termos do art. 9º, caput, do Código Civil, o que
leva a afirmar, se emancipado for o alimentando – seja pela concessão dos
pais; pelo casamento da união estável; pelo exercício de emprego público;
pela colação de grau científico em curso de ensino superior; ou pelo
estabelecimento civil ou comercial, com economia própria, presume-se
também cessado o dever de alimentar por parte do pai.119

Para tanto, o importante é que cada jovem, sem desprezar outros fatores,
tenha a necessária perseverança, empenho e aproveitamento nos estudos para que
haja a possibilidade de sucesso profissional.

É comum o alimentando chegar à fase adulta ainda trazendo consigo


inúmeras dúvidas acerca de seu futuro profissional, apesar de uma grande maioria
seguir engajada desde cedo numa profissão ou mesmo nos estudos, nesse caso em
busca de uma vertente profissional, como um curso superior, por exemplo, voltado a
uma das áreas de conhecimento, fatores esses sobre os quais Mujjali enfatiza, in
verbis: “Tanto a doutrina quanto a jurisprudência vêm concedendo alimentos
enquanto estudante, ao descendente, mormente em curso superior regular.” 120

Temos que admitir o fato de que muitas vezes as incertezas que pairam na
mente do jovem em busca de uma profissão são tantas que só faz torná-lo ainda
mais confuso. Com isso, ora ele inicia um curso para aprimorar os estudos; ora
ingressa numa faculdade e logo depois suspende a matrícula; muda de área de
estudo, ou mesmo abandona os livros por falta de afinidade, entre outras
possibilidades. Não raras vezes, continua incessantemente nesse processo
nebuloso de incertezas sem encontrar um caminho mais seguro para seguir. 121

Em tais casos, apesar da instabilidade característica até mesmo em função


da idade, a prestação alimentícia será sempre bem vinda para dar suporte financeiro
119
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.
55.
120
MUJJALI, Walter Brasil. Alimentos: doutrina, legislação, prática e jurisprudência. Campinas:
ME edit. e distr., 2001, p. 39.
121
NIESS, Andréa Patrícia Toledo Tavola; NIESS, Pedro Henrique Tavora Niess. Alimentos: o dever
dos genitores de prestá-los aos filhos menores. RCS Editora, 2004, p. 113.
54

às suas pretensões, inclusive à mensalidade escolar, embora constitua exceção


admitir pedido de pensão para esse fim concomitante com a atividade laboral do
alimentando, ainda mais que a renda desta se mostra suficiente para arcar com os
estudos, conforme decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, nos autos da
Apelação Cível n.° 70017081613, in verbis:

Alimentos. Maioridade.

Sendo a autora pessoa maior, com 22 anos de idade, necessária prova da


sua necessidade, pois a obrigação do genitor, em razão da maioridade,
ampara-se na obrigação existente entre parentes (art. 1.694 e seguintes do
CCB), e não mais do dever de sustento dos pais para com os filhos
menores (art. 1.566, inc. IV, do CCB), em que as necessidades são
presumidas.

Possuindo a autora experiência profissional e estando a exercer


atividade laboral remunerada, cujos ganhos lhe propiciam o
pagamento da mensalidade da faculdade, não faz jus a alimentos.

Ademais, se a autora tomou a extremada atitude de sair da casa paterna em


razão de desentendimento pelo fato de ter que dividir seu quarto com a filha
da companheira de seu genitor, deve arcar com as conseqüências de seus
atos, e não gerar mais despesas para o genitor, pessoa de parcas posses.
122

Por isso, dada sua primazia nesse contexto, a obrigação não pode sofrer
solução de continuidade, pois dela depende o futuro do filho maior, não apenas
profissional como também pessoal, pois um descuido nessas horas pode fazer com
que apareça e se torne mais vantajosa para o jovem uma proposta nada salutar e
muito menos desejada pelos familiares, como um vício, uma gravidez, ou o ócio em
si e suas mais diversas mazelas.123

Desponta também a situação dos jovens alimentandos que não acreditam na


afirmação do estudo como alavanca para o sucesso profissional. Cheios de
incertezas do futuro, crêem que podem conseguir colocação no mercado de trabalho
independente de conclusão dos estudos para esse fim. Essa minoria, muitas vezes
pré-determinada, prefere abraçar aquilo que é novo no mercado, nem que para isso
tenham que esgotar cursos profissionalizantes, como os de informática, por
exemplo, voltando-se para um campo do mercado ainda pouco explorado,

122
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Cível. Apelação Cível n.° 70017081613.
Apelante: I. W. P. Apelado: A. O. P.. Relator: Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, Porto Alegre,
RS, 29 de novembro de 2006. Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/site_php/jprud2/ resultado.php>.
Acesso em: 22 out. 2008. Grifo nosso.
123
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.
57.
55

esperançosos de um bom retorno financeiro. Santos diz que para esses casos, in
verbis: “A solução é o estímulo ao trabalho, que deve começar, aliás, desde cedo. A
ociosidade indeferida faz mal ao corpo e à mente.124

Conclui-se, portanto, que nos casos assinalados, a prestação alimentícia


vem dar suporte aos jovens segundo a meta de cada um. É a prestação alimentícia
tão importante nesse processo que caberá a autoridade judiciária analisar e decidir
sua permanência para custear o filho, a partir da análise da conjuntura de cada
caso, segundo a jurisprudência que resultou na Súmula n.° 358, do Superior Tribunal
de Justiça, já citada. De qualquer forma, essa normatização renova as esperanças
dos jovens que vêem nela a esperança de uma inserção mais firme no disputado
mercado de trabalho.125

124
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.
57.
125
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 358. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/webstj/Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
56

4 OS MALEFÍCIOS PARA O FILHO MAIOR DA PENSÃO


CONTINUADA

Não está ocioso apenas aquele que


não faz nada, mas também aquele que
poderia fazer algo melhor.

(Sócrates)

Neste último capítulo serão abordados aspectos da obrigação alimentícia,


como a justificativa para a permanência da prestação após a maioridade, bem como
a acomodação que essa continuidade pode acarretar na vida dos jovens que
querem permanecer na dependência do alimentante.

Como se trata de uma problemática nova, salvo alguns julgados dos


tribunais pátrios, vamos nos deparar com quase total ausência de fonte e com
poucos estudos sobre o assunto.

4.1 A justificativa para a permanência da pensão

Foi-se a época em que os jovens ficavam alheios à informação. A


globalização e junto a era da informática fizeram com que as notícias corressem o
mundo com a maior facilidade, fator sem precedentes na história do homem. Hoje, o
simples acionamento de uma tecla do computador traz até você uma leva de
informação do jeito que você desejar. 126

Viver avesso a essa tecnologia é até admissível já que, não raro, sabemos
que há aqueles que ostentam ojeriza a tudo que é novo, ou preferem viver no
anonimato, alijados daquilo que acontece a sua volta.

Entretanto, a juventude está hoje interligada, trocando informação, e no


nosso caso específico, é essa juventude o fio condutor, por assim dizer, de novas
notícias, veiculando-as nos bate-papos do dia-a-dia, nos botecos, nos bares, nos
clubes, nas mensagens de correio eletrônico (via computador), entre outros, bem

126
KLAES, Marianna Izabel Medeiros. O fenômeno da globalização e seus reflexos no campo jurídico.
Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 968, 25 fev. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/
doutrina/texto.asp?id=8005>. Acesso em: 28 out. 2008.
57

como é essa juventude que de alguma forma já vinha sabendo da inclinação da


jurisprudência do STJ no sentido da não exoneração automática da pensão
alimentícia do filho que chega à maioridade, in verbis:

Habeas corpus. Prisão civil. Alimentos.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de


que a maioridade dos filhos não acarreta a exoneração automática da
obrigação de prestar alimentos. Ordem denegada.127

No âmbito desse Egrégio Tribunal ocorreram diversas outras decisões nesse


sentido. Veja-se, por exemplo, a decisão, in verbis:

Civil. Execução de alimentos. Prisão. Débito que se estende ao longo do


tempo. Constrição que se limita ao adimplemento das prestações mais
recentes. Súmula n. 309/STJ. Maioridade superveniente do alimentando.

I. "O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que


compreende as três prestações anteriores à citação e as que vencerem no
curso do processo" (Súmula n. 309/STJ).

II. A maioridade do alimentando não constitui critério para a


exoneração do alimentante, devendo ser aferida a necessidade do
pensionamento nas instâncias ordinárias.

III. Recurso ordinário desprovido. 128

Esses julgados acabaram culminando na Súmula n.° 358 do STJ, citada a


seguir, aprovada em meados de 2008, veio ao encontro dos anseios de muitos
jovens que recebem pensão alimentícia, responsáveis pela disseminação dessa
129
nova orientação de boca em boca e que atravessa as regiões mais inóspitas.

Conforme já mencionamos, existem os filhos que de fato necessitam da


prestação alimentícia e fazem dela um suporte para o progresso material e pessoal.
Para essa turma, a possibilidade de continuar com a pensão é o que há de mais
nobre nessas horas, e a Súmula n.° 358/STJ é uma medida que fortalece e

127
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Habeas Corpus n.° 55065/SP
(2006/0037123-0). Impetrante: Ronaldo Nilander. Paciente: A. R. de S. Relator: Ministro Ari
Pargendler, Brasília, DF, 10 de outubro de 2006. Disponível em: <http://www.stj.
jus.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?processo=55065&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=1>. Acesso em:
26 out. 2008.
128
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Recurso Ordinário em Habeas Corpus n.°
19389/PR (2006/0079943-7). Recorrente: C. de L. Recorrido: Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná. Relator: Ministro Aldir Passarinho Junior, Brasília, DF, 6 de junho de 2006. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=(('RHC'.clap.+ou+'RHC'.clas.)
+e+@num='19389')+ou+('RHC'+adj+'19389'.suce.) >. Acesso em: 26 out. 2008.. Grifo nosso.
129
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 358. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br/webstj/ Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
58

consolida o espírito de luta de cada um. Eis o inteiro teor da referida Súmula:
“Súmula n.° 358. O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos
próprios autos”. 130

Em momento anterior a essa orientação, no caso de filhos maiores que


ainda não pleitearam a prestação, necessário citar as palavras de Maria Berenice
Dias, informando-nos acerca do descabimento de alimentos provisórios no caso de
filho maior. Segundo ela, in verbis:

Em se tratando de alimentos buscados por filhos maiores, cônjuges,


companheiros, netos, este claro dispositivo legal é olvidado. Para a
concessão de alimentos provisórios, a jurisprudência vem exigindo a prova
da necessidade do autor e da possibilidade do réu. Somente em se tratando
de alimentos buscados por filhos menores é que são deferidos alimentos
provisórios, ainda assim em valores cada vez mais acanhados, sob a
justificativa de não se saber quais são os ganhos e encargos do genitor,
para que ele não corra o risco de acabar na cadeia. 131

A referida autora enfatiza que nesses casos o descabimento da prestação se


pauta na comprovação da necessidade, conforme assinala:

Afastado o encargo da órbita do poder familiar e identificado como dever


decorrente da solidariedade familiar, é imposto ao autor o ônus de provar
suas necessidades, o que inibe a concessão de alimentos provisórios. 132

Outra questão se refere aos alimentandos que vêem na possibilidade de


continuação da obrigação a chance de obter uma dependência continuada, sem
qualquer contrapartida, e a partir dessa conquista viver na acomodação facultada
pelo valor da pensão, muito embora mal sabem que a prestação, nesses casos, é
excepcional, conforme alerta Mujjali, in verbis:

“Sucede nesse caso, a cessação do que era obrigação alimentar absoluta,


arbitrada por presunção natural de necessidade, pra [sic] dar lugar
excepcional, ao dever de alimentos, conquanto que o filho já maior,
demonstre seu estado de miserabilidade. 133
130
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 358. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/
webstj/Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008. Sem dúvida, a
aprovação desta Súmula é uma notícia de agrado de todos aqueles interessados numa medida
judicial que reforce os pedidos de continuidade da prestação alimentícia.
131
DIAS, Maria Berenice. Alimentos e presunção da necessidade. Jus Navigandi, Teresina, ano 10,
n. 1.069, 5 jun. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8465>. Acesso em:
26 out. 2008.
132
DIAS, Maria Berenice. Alimentos e presunção da necessidade. Jus Navigandi, Teresina, ano 10,
n. 1.069, 5 jun. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8465>. Acesso em:
26 out. 2008.
133
MUJJALI, Walter Brasil. Alimentos: doutrina, legislação, prática e jurisprudência. Campinas:
ME ed. e distr. 2001, p. 39.
59

Em um passado não muito distante o simples aniversário de 21 anos do


alimentando era motivo para a exoneração automática da pensão, já que em raras
situações se permitia a continuidade da dependência. No âmbito do STJ, verificamos
a reforma de uma decisão proferida no juízo monocrático, nesse sentido, quando se
decidiu, in verbis:

Agravo em medida cautelar. Hipótese em que o Tribunal a quo exonerou


o pai da obrigação à prestação de alimentos unicamente com
fundamento em que os filhos atingiram a maioridade, sem apreciar as
alegações de que permanecia a necessidade do recebimento da
referida verba. Liminar deferida no STJ para o fim de manter a
obrigação de prestação alimentícia até o julgamento do recurso
especial. Agravo interposto pelo pai, com fundamento em alegada
inexistência de fumus boni iuris e de periculum in mora. Manutenção da
decisão recorrida.

- Estando, a decisão impugnada por recurso especial a que se conecta a


medida cautelar, em contrariedade à posição do Superior Tribunal de
Justiça quanto à matéria, resta presente o fumus boni iuris necessário ao
deferimento da medida liminar.

- O recebimento da prestação alimentícia configura direito fundamental de


grau máximo para o alimentário, de modo que não se pode dizer que sua
irrepetibilidade consubstancie periculum in mora inverso para o alimentante.

Agravo a que se nega provimento. 134

Posteriormente, o STJ veio posicionando-se favoravelmente a obrigação


alimentar após a maioridade. É o que consta no Acórdão no Agravo Regimental no
Agravo de Instrumento n.° 655.104/SP (2005/0013277-4), in verbis:

Agravo regimental. Civil. Família. Exoneração de alimentos. Maioridade.


Universitário. Extinção Automática. Impossibilidade. Julgamento Extra
Petita. Ausência de Prequestionamento [sic]. Incidência da Súmula 7.

- No caso de rejeição de embargos de declaração sem o saneamento de


omissão ou contradição apontada, cabe ao recorrente alegar ofensa ao Art.
535 do CPC, pedindo a anulação do julgado e o exame da questão
necessária ao deslinde da controvérsia.

- O STJ já proclamou que o advento da maioridade extingue o pátrio


poder, mas não revoga, automaticamente, o dever de prestar
alimentos, que passam a ser devidos por efeito da relação de
parentesco.

134
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Agravo Regimental em Medida Cautelar n.°
12032/DF (2006/0208375-3). Agravante: V. S. N. de A. Agravado: W. S. A., W. S. A. e W. S. A. A.
Relator: Ministra Nancy Andrighi, Brasília, DF, 6 de fevereiro de 2007. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br/SCON/jurisprudência>. Acesso em: 20 out. 2008>. As expressões latinas fumus boni iuris e
de periculum in mora significam, respectivamente, fumaça do bom direito e perigo da demora, e a
expressão a quo quer dizer do qual, utilizada para se referir ao juiz ou tribunal que proferiu a decisão
recorrida, e de onde provém o processo Grifo nosso.
60

- A teor dessa orientação, antes de extinguir o encargo de alimentar,


deve-se possibilitar ao alimentado demonstrar, nos mesmos autos,
que continua a necessitar de alimentos.

- A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.135

Com o novo ordenamento (Súmula 358/STJ), a situação mudou para


resguardar a formação do filho. Agora, pedidos de exoneração de pensão
alimentícia em face da maioridade dependem de apreciação judicial, respeitado o
princípio do contraditório. Então, pode-se deduzir que a demanda vai permitir ao filho
uma oportunidade ímpar de continuar na dependência financeira do pai, embora os
efeitos dessa continuidade vão depender das reais necessidades de quem a postula,
conforme informa Viana, in verbis:

O filho maior poderá demandar alimentos, mas deverá provar a


concorrência dos pressupostos da obrigação alimentar. O socorro somente
virá se os pais dispuserem de condições econômico-financeiras pra arcar
com o ônus, provado o estado de miserabilidade do credor, que é um dos
pressupostos da obrigação.136

Em que pese sua mais nobre virtude, reconhecemos que a referida Súmula
trouxe responsabilidade ímpar para o juiz: decidir se é caso de exoneração ou não e
decidir a demanda. A autoridade judiciária deverá se valer do princípio do
contraditório, no qual ambas as partes terão oportunidades de levar seus
argumentos ao judiciário e contradizer a parte contrária. Essa contenda será de
suma importância na medida em que o Juiz colherá dados que irão subsidiar sua
decisão, nos termos da jurisprudência do STJ já citada, bem como a que se segue,
in verbis:

Direito civil. Família. Alimentos. Exoneração automática com a maioridade


do alimentando. Impossibilidade. Precedentes.

1. Com a maioridade cessa o poder familiar, mas não se extingue, ipso


facto, o dever de prestar alimentos, que passam a ser devidos por força da
relação de parentesco. Precedentes.

2. Antes da extinção do encargo, mister se faz propiciar ao alimentando


oportunidade para comprovar se continua necessitando dos alimentos.

3. Recurso especial não conhecido.137

135
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Agravo Regimental no Agravo de
Instrumento n.° 655.104/SP (2005/0013277-4). Agravante: O. C. F. Agravado: L. G. P. C. Relator:
Ministro Humberto Gomes de Barros, Brasília, DF, 28 de junho de 2005. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br/SCON/ jurisprudência. Acesso em: 20 out. 2008>. Grifo nosso.
136
VIANA, Marco Aurélio. S. Alimentos: ação de investigação de paternidade e maternidade. Belo
Horizonte: Del Rey, 1998, p. 144.
61

As provas carreadas nos autos, incluídas as oitivas, formarão o conjunto


probatório com os elementos suficientes para o julgado, devendo a autoridade
decidir o quanto antes a demanda, uma vez que o feito requer solução imediata, por
envolver verbas de caráter alimentar.

Nosso entendimento é que os pedidos de exoneração de pensão devem ser


decididos pelo juízo a partir das alegações do alimentando e as refutações ou
rejeição do alimentante, levando-se em conta, na análise dos casos, a sua
individualização. A despeito da obrigação familiar e do Judiciário, Venosa diz o
seguinte, in verbis:

Toda vez que os laços de família não forem suficientes para assegurar a
cada pessoa humana as condições necessárias para uma vida digna, o
sistema jurídico obriga os componentes deste grupo familiar a prestar os
meios imperiosos à sua sobrevivência digna, por meio do instituto dos
alimentos, materializando a solidariedade constitucional.138

A nosso ver, caso haja necessidade, e aí reside um fato de extrema


importância, o caso deve ser acompanhado pela assistência social, a fim não só de
comprovar a veracidade das alegações, como também ajudar a autoridade judiciária,
a partir de pesquisa de campo, proferir a decisão, levando-se em conta as
necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante.

É que o filho pode tentar fazer de tudo, perante o juízo, para continuar na
dependência do obrigado, inclusive fazê-lo crer que a prestação alimentícia é
imprescindível. É possível que se argumente falsamente a necessidade de alimentos
em razão de gastos com educação, lar, moradia, transporte, cursos, entre outros,
especialmente se for instruído dessa forma, a fim de atender aos requisitos legais,
conforme decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, nos termos
seguintes:

Civil - família - exoneração de prestação de alimentos - maioridade


alcançada - revelia - inércia do alimentante - não comprovação da
necessidade alimentar.

137
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.°
688.902/DF (2004/0131794-1). Recorrente: J. A. M. S. Recorrido: V. M. S. Relator: Ministro
Fernando Gonçalves, Brasília, DF, 16 de agosto de 2007. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=RESUMO&processo=688902&b=ACOR>.
Acesso em: 26 out. 2008.
138
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 587.
62

O dever de sustento, decorrente do poder familiar, cessa com a maioridade


civil alcançada pelo alimentando. Porém, persiste a obrigação do pai,
fundada no vínculo de parentesco, se necessária para atender às
necessidades da educação do filho.

Se alcançada a maioridade, o alimentando não consegue comprovar sua


real necessidade em continuar a receber a pensão alimentícia, mantendo-se
inerte às intimações processuais, defere-se o pedido de exoneração de
alimentos.139

É exatamente esse o ponto central para a permanência da pensão:


desvendar as necessidades reais do alimentando para que se seja justa a decisão
do juiz. Santos elenca os seguintes requisitos para que decisão não venha a
distorcer o sentido da prestação provisória e que entendemos devem ser
considerados nos pedidos de exoneração da prestação, in verbis:

O alimentando, ao requerer os alimentos, deverá levar ao conhecimento do


julgador subsídios necessários à fixação dos alimentos provisórios,
constantes dos elementos abaixo relacionados: a) gastos com alimentos[...];
gastos com educação; gastos com diversão; gastos com vestuário; gastos
com saúde; contribuição do outro cônjuge.140

Por isso, a justificativa para a permanência da prestação talvez seja o ponto


sobre o qual recairão estudos mais aprofundados dos doutrinadores, da própria
jurisprudência, dos aplicadores do Direito e dos estudiosos em geral, a partir da
Súmula n.° 358/STJ, e desde já chamo a atenção para sua importância no que tange
à obrigação alimentar.

4.2 A acomodação resultante da prestação alimentícia continuada

Como vimos, a partir de agora a exoneração da prestação depende das


alegações do alimentante sobre suas necessidades, e também da manifestação do
alimentante quanto às possibilidades em vista da obrigação.

Alessandra Cury informa que o dever de alimentos não cessa nunca, in


verbis:

139
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Estado de São Paulo. Cível. Acórdão
em Apelação Cível n.° 20060710040412/DF. Apelante: F. R. D. S. Apelado: M. P. S. N. Relator:
Desembargador Sérgio Bittencourt, Brasília, DF, 7 de fevereiro de 2008. Disponível em:
<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=1&PGATU=1&l=20&ID=61302,48829,22052&MGWL
PN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 2 nov. 2008.
140
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.
55.
63

Enfim, como na maioria das vezes o filho continua dependendo do pai em


razão do estudo, trabalho ou doença, a justiça pode determinar que seja
obrigatório o pagamento da pensão, pois pode-se entender que o dever de
alimentar não cessa nunca, apenas se transforma com o tempo, e cabe ao
responsável pelo pagamento da pensão provar as condições ou capacidade
para solicitar a cessação do encargo.141

A despeito dessa e de outros posicionamentos vistos anteriormente, poderá


ser muito comum o surgimento de casos em que por trás da forte argumentação do
alimentando haver a pretensão de se acomodar, ou seja, o desejo de viver pura e
simplesmente às custas do obrigado ao pagamento, inclusive simulando estar
estudando, conforme relata Marmitt, in verbis:

Entretanto, sujeita-se à cassação o direito de perceber alimentos, do


universitário que sem razão tranca a matrícula numa faculdade para
ingressar em outra, ou que abandona bom emprego, ou que cria outros
obstáculos com o intuito único de prorrogar o período de suposta
necessidade.142

Estamos então diante de um problema: a pensão alimentícia, ao passo que


impulsiona a formação do filho, sendo por isso uma medida salutar, pode também
ter o efeito reverso, qual seja, de ser um incentivo ao conformismo, à acomodação e
ao ócio. É por isso que Santos, contrário a permanência da prestação na
maioridade, informa o seguinte, in verbis:

Uma pessoa de 18 (dezoito) anos de idade não pode permanecer na


ociosidade, porque recebe do pai 5% ou 10% de seus ganhos líquidos, a
títulos de alimentos, geralmente fixados pelo juiz, quando não menos às
vezes, descontados do mísero salário-mínimo.143

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios também decidiu


que a pensão não deve alimentar o ócio, in verbis:

Alimentos - apelação - pedido de efeito suspensivo - impossibilidade -


cônjuge mulher que, no momento do acordo de separação consensual, os
dispensou - alegação de necessidade, aliada à possibilidade do ex-marido -
impossibilidade - necessidade de demonstração de ocorrência de vício de
vontade (dolo, fraude ou coação) no acordo efetivado, de modo a viabilizar o
pedido - improcedência do pedido mantida.

01. Quanto ao pedido de aplicar-se o efeito suspensivo na apelação, não há


o que prover, eis que o recurso próprio para desconstituir decisões
interlocutórias, à luz do preceito contido no artigo 522 do Código de
Processo Civil, é o agravo de instrumento. Não aviando a Apelante o
recurso próprio e cabível, preclusa restou a questão.
141
MARTINS, Alessandra Cury. Reflexões sobre o pagamento da pensão alimentícia na maioridade.
Jus Brasil. 8 set. 2008. Disponível em: http://www.lfg.com.br. Acesso em: 26 out. 2008.
142
MARMITT, Arnaldo. Pensão Alimentícia. Rio de Janeiro: AIDE, 1999, p. 55-56.
143
SANTOS, Nilton Ramos Dantas. Alimentos: técnica e teoria. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.
55. Grifo nosso.
64

02. A legislação civil não prevê o direito a alimentos para estimular o


ócio ou uma dependência financeira, que não se justifica dentro do
quadro social atual e da própria história de vida da sociedade conjugal,
mantida pelas partes por tempo inferior a um ano.

03. Imprescindível que demonstre, a postulante, a necessidade,


consubstanciada na sua impossibilidade de trabalhar, para o deferimento da
pensão requerida, haja vista que, sendo maior e capaz, não são presumidas
as suas necessidades, como ocorre com os filhos menores. 144

Encontramos posicionamentos nesse sentido no Tribunal de Justiça de


Goiás, conforme esclarece a seguinte decisão:

Apelação cível. agravo retido. alimentos provisionais. redução. binômio


necessidade/possibilidade.

I - Não são os alimentos concedidos ad utilitatem, ou ad voluptatem, mas ad


necessitatem.

II - Os alimentos destinam-se a prover o sustento daquele que não tem


condições de se manter por si próprio. Até mesmo porque admitir o
contrário seria fomentar a ociosidade ou favorecer o parasitismo, já
que o instituto dos alimentos foi criado para socorrer somente os
necessitados.

III - O instituto dos alimentos visa garantir a subsistência do


alimentando, e não forma de enriquecimento, prêmio ou indenização
pelo fato de o alimentante auferir renda considerável, ante a profissão
de possui, não tendo a obrigação de dividir seus rendimentos, mas
tão-somente de manter a subsistência da pessoa necessitada, dentro
das particularidades que o caso requer.

IV - Mostra-se correta a decisão que fixou os alimentos provisórios em 30


salários-mínimos, posto que de acordo com o binômio necessidade e
possibilidade, demonstrados no contexto dos autos.

V - Merece reforma a sentença que fixou os alimentos em 50 salários-


mínimos a fim de reduzi-los para 30 salários-mínimos, diante do conjunto
probatório dos autos e da particularidades que o caso requer. Agravo retido
conhecido e improvido. Apelação conhecida e parcialmente provida.145

É bom esclarecer que a maioridade atingida aos 18 anos de idade não é


exatamente um marco definitivo entre a adolescência e a vida adulta. Nessa idade,
há um jovem ainda na balança entre as façanhas da adolescência e o fato de ter que

144
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Cível. Acórdão n.° 289.496
(Apelação Cível n.° 20060110335307/DF). Apelante: C. C. M. P. Apelado: B. B. F. Relator:
Desembargador Romeu Gonzaga Neiva, Brasília, DF, 8 de novembro de 2007. Disponível em:
<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=1&PGATU=1&l=20&ID=61295,49090,2925&MGWL
PN=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 26 out. 2008. Grifo
nosso.
145
BRASIL. Tribunal de Justiça de Goiás. Cível. Acórdão no processo n.° 200703625785 (Apelação
Cível n.° 115883-3/188). Apelante: (segredo de justiça) Apelado: (segredo de justiça):
Desembargador Amaral Wilson de Oliveira, Goiânia, GO, 5 de agosto de 2008. Disponível em:
<http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/juris.php?acao=query&tipo=P&posicao=>. Acesso em: 2 nov.
2008. Grifo nosso.
65

encarar, às duras penas, os desafios da vida adulta. Diante desse imbróglio,


existirão aqueles que permanecerão saudosos das peripécias da juventude e
omissos quanto ao futuro profissional. Além de nos alertar sobre esses aspectos,
Venosa também faz a seguinte colocação, in verbis: “O estabelecimento da pensão
alimentícia não pode, em hipótese alguma, ser incentivo ao ócio”. 146

Nesse novo cenário que se avizinha, pós-maioridade, uma parcela


considerável dos alimentandos crê na possibilidade de continuar no ritmo de vida de
até então, sem muitas mudanças e sem mais preocupações com o próprio futuro.
Esse grupo está agora calçado na Súmula n.° 358/STJ, já referida, com respaldo
mais firme para continuidade da prestação alimentícia, cuja permanência será capaz
de permitir uma existência sem muitos privilégios, porém suficiente para a
manutenção de seu modo de vida atual. Eis o inteiro teor da referida Súmula n.°
358/STJ: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade
está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
147

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais já decidiu quanto aos riscos, em


alguns casos, da permanência da prestação alimentícia ao alimentando maior de
idade, in verbis:

Apelação cível - família - exoneração de alimentos - filhos maiores e


capazes - possibilidade - recurso - tempestividade - sentença mantida.

O que marca a tempestividade ou não do recurso é o de seu oportuno


protocolo, sendo irrelevante, para esse fim, a data da devolução dos autos a
cartório. A regra é a desoneração do alimentante, tão logo o credor atinja a
maioridade civil, como ocorrido na espécie, indicando os requeridos
contarem com 28 e 25 anos de idade. Embora a natureza da obrigação
alimentícia transmude com o advento da maioridade e passe a existir
em decorrência do parentesco, impõe-se, nessa circunstância, a
comprovação da real necessidade de percebê-la, sob pena de servir
apenas como prêmio à ociosidade.148

146
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 (coleção
direito civil), v.6, p. 361.
147
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n.° 358. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/we
bstj/Processo/Jurisp/Download/verbetes_asc.txt>. Acesso em: 20 out. 2008.
148
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Cível. Apelação Cível n.° 1.0024.06.063137-
1/001(1). Apelante: A. M. F. C. e outros. Apelado: A. M. C. Relator: Desembargador Mauro Soares de
Freitas, Belo Horizonte, MG, 14 de fevereiro de 2008. Disponível em: <http://www.tjmg.
gov.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?
tipoTribunal=1&comrCodigo=24&ano=6&txt_processo=63137&complemento=1&sequencial=0&palavr
asConsulta=da%20maioridade%20e%20passe%20a
%20existir&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical=>. Acesso em: 26 out. 2008. Grifo nosso.
66

Com efeito, essa forma de pensar e de agir reduzirá alguns indivíduos à


acomodação, ao conformismo e ao ócio porque, certamente, a garantia da prestação
congelará as pretensões mais nobres de busca do próprio sustento. 149

Descaradamente, o alimentando não consegue dissimular seu desinteresse


de mudar a atual conjuntura, no afã de manter a dependência ao obrigado. Essa
dissimulação fica mais bem entendida na medida em que o jovem será capaz de
apenas demonstrar para a sociedade que se esforça para mudar de vida, ao passo
que, na verdade, seu intento é deixar a vida no mesmo ritmo de antes. É o que se
constata na decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, in verbis: “Filhos
maiores e capazes, totalmente independizados do pai, não mais necessitam de
150
alimentos, até mesmo para que não haja estímulo ao ócio.”

Essa prática também reside no fato de que assumir um novo ofício quando
se atinge 18 anos de idade é uma tarefa árdua para alguém que nunca trabalhou na
vida, em nada atraente para o jovem, ao passo que a adesão a esse encargo trará
para ele um efeito devastador: a possibilidade de o alimentante solicitar e ser
acatada a exoneração da pensão, muito embora o Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, a respeito de pedido de exoneração de alimentos de filho maior,
decidiu, in verbis:

Alimentos. Exoneração. Maioridade.

O só fato de ter a alimentanda atingido a maioridade e estar trabalhando,


com modesta remuneração, desserve para exonerar o genitor do
pagamento de pensão alimentícia. Não evidenciada a impossibilidade
econômica do alimentante, é incontroversa a necessidade da filha que está
estudando em universidade particular.151

A problemática reside ainda no conformismo e negação às mudanças. Uma


pessoa que chega à maioridade não se sente madura suficiente de imediato e
muitas vezes nem deseja encarar a realidade perversa que a espera lá fora. Para

149
Sustento é referido aqui não apenas do sentido literal do termo, no caso alimentação, vai além, no
sentido de prover as necessidades mais amplas, como educação, moradia, transporte, saúde, lazer,
bem-estar, entre outros.
150
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Cível. Apelação Cível n.° 594069726.
Apelante: A. R. D. Apelado: E. J. M. D. Relator: Desembargador Antônio Carlos Stangler Pereira,
Porto Alegre, RS, 25 de agosto de 1994. Disponível em: <http://www.tj.rs.gov.br/site_php/jprud2/
resultado.php>. Acesso em: 27 out. 2008. Grifo nosso.
151
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Cível. Apelação Cível n.° 70006296966.
Apelante: N. M. R. Apelada: F. B. R. Relatora: Desembargadora Maria Berenice Dias, Porto Alegre,
RS, 4 de junho de 2003. Disponível em: <http://www.tjrs. jus.br/site_php/jprud2/ementa.php>. Acesso
em: 22 out. 2008. Grifo nosso.
67

ela, esse desafio deve ser deixado para depois, a exemplo do que fizeram seus
colegas e amigos, muito embora a dependência aos pais se mostra diferenciada em
cada caso.

Para completar, reside a problemática no fato de que há uma juventude que


opta mesmo pela ociosidade, não erguendo o mínimo esforço para mudar a
situação, nos momentos em que atingiu a maioridade. Estão seus integrantes mais
voltados para a diversão, namoro, lazer, viagens, festas, embora essa turma de
alimentandos tenha interesse em continuar o quanto puder na dependência do
obrigado. Contrário a essas tendências, veja-se o julgado do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios, in verbis:

Civil - apelação cível - exoneração do dever de alimentos - agravo retido -


sigilo bancário - medida excepcional - maioridade - relação de parentesco -
redução - possibilidade - litigância de má-fé - não configurada.1. A quebra
de sigilo bancário é uma medida extrema, uma vez que vulnera o direito à
inviolabilidade dos dados pessoais, devendo ser deferida apenas quando se
mostrar imprescindível. 2. A superveniência da capacidade civil plena,
por si só, não representa a independência econômica do recorrido, a
ensejar a exoneração dos alimentos. 3. Demonstrando o alimentado
que não possui condições de prover o próprio sustento, por não ter
concluído os estudos e estar se preparando para o mercado de
trabalho, os alimentos permanecem devidos, sendo, a partir de então,
fundados na relação de parentesco. 4. Os alimentos não podem se
constituir em estímulo ao ócio do alimentando, que, a partir da
maioridade, deve ser encorajado a buscar, progressivamente, sua
independência financeira. 5. A jurisprudência já firmou entendimento no
sentido de que não incorre em julgamento extra petita a sentença que
procede a redução de alimentos em demanda de exoneração, prevalecendo
a idéia de que o pedido menor está contido no mais abrangente.6. Não
restando caracterizada a ocorrência de qualquer das hipóteses previstas,
exaustivamente, no artigo 17, incisos I a VII do Código de Processo Civil,
não há que se falar em litigância de má-fé. 152

É por isso que em tais casos, quando os alimentandos formularem pedidos


para manter a prestação ou exoneração dessas pensões haverá sempre uma tarefa
bem difícil para o juiz, qual seja desvendar a verdade para decidir os pedidos,
conforme interpretamos as palavras de Farias, in verbis:

Caberá ao juiz, na ação de exoneração alimentar proposta pelo alimentante,


averiguar, com cuidado, a necessidade de quem os recebe, obstando que o

152
BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Cível. Acórdão n.° 277.573
(Apelação Cível n.° 20060110366827/DF). Apelante: F. J. V. R. Apelado: J. P. N. R. Relator:
Desembargador Mário-Zam Belmiro Rosa, Brasília, DF, 16 de maio de 2007. Disponível em:
<http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?DOCNUM=2&PGATU=1&l=20&ID=61295,50092,6049&MGWLP
N=SERVIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER>. Acesso em: 26 out. 2008. A
expressão extra petita quer dizer decisão fora do que foi pedido. Grifo nosso.
68

filho maior e capaz, com aptidão plena ao trabalhão e em perfeita condição


física e psíquica, seja indevidamente beneficiado.153

Talvez seja necessário exigir mais do alimentando maior, tais como


comprovantes de cursos profissionais, estágios, boletins escolares, tudo para que a
obrigação alimentar não tenha a destinação inversa quanto a sua natureza, de
acordo com a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, in verbis:

- Em regra, atingindo o alimentado a maioridade civil, cessa para o


alimentante o dever de pensioná-lo, somente persistindo caso aquele
demonstre a real necessidade de continuar a receber a pensão e a efetiva
possibilidade do alimentante em ainda prestá-la.

- Entretanto, os alimentos não devem servir como prêmio à ociosidade,


já que o trabalho é uma obrigação de todo e qualquer cidadão, e em
sendo válida a pessoa, deve ela, se não se manter plenamente, no
mínimo concorrer com as despesas de sua subsistência com o
produto de seu esforço.

- Não há na lei um critério rígido para a fixação dos alimentos, cabendo


ao magistrado, nesta ocasião, levar em consideração o binômio
necessidade/possibilidade previsto no art. 1694, § 1º, CC. - De acordo
com o previsto no art. 13, § 2º, da Lei 5.478/68, nas ações de revisão, os
alimentos retroagem à data da citação.154

No entanto, o peso dessas preocupações pode ser inútil, uma vez que na
sociedade se encontra pessoas para tudo, inclusive jovens capazes de uma atuação
teatral perante o juízo, com direito a choro, encenação e tudo, só para convencê-lo
da falta necessidade da prestação pós-maioridade, muito embora essa tarefa nem
sempre é bem sucedida, conforme se verifica na decisão do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, in verbis:

Ação de exoneração de alimentos - superveniência da maioridade civil -


extinção do poder familiar - obrigação advinda do parentesco -
improcedência do pedido - insurgimento - filho com 20 anos de idade, não
estudante e apto ao trabalho - maioridade como termo inicial da cessação
da obrigação alimentar - ausência de provas da impossibilidade de assumir
seu próprio sustento - aplicabilidade do art. 1.694, § 1º, do Código Civil.
Recurso Provido.

153
FARIAS, Cristiano Chaves; ROSEMVALD, Nelson. Direito das Famílias. De acordo com a Lei n.°
11.340/06, Lei Maria da Penha, e com a Lei n.° 11.441/07, Lei da Separação, Divórcio e Inventário
Extrajudiciais. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 624.
154
BRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Cível. Apelação Cível n.° 1.0024.06.197021-
6/001(1). Apelante: J. A. J. Apelado: K. G. A. B. Relator: Desembargador Edivaldo George dos
Santos, Belo Horizonte, MG, 26 de agosto de 2008. Disponível em: <http://www.tjmg.
gov.br/juridico/jt_/inteiro_teor.jsp?
tipoTribunal=1&comrCodigo=24&ano=6&txt_processo=197021&complemento=1&sequencial=0&palav
rasConsulta=da%20maioridade%20e%20passe%20a
%20existir&todas=&expressao=&qualquer=&sem=&radical=. Acesso em: 26 out. 2008>. Grifo nosso.
69

Extinguindo-se o poder familiar pela maioridade, cessa também, a


obrigação de sustento dos filhos, entretanto, a obrigação pode
persistir, em razão do parentesco, com fundamento na Lei Civil. "O
direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros." (art. 1.696 do CC)

Embora essa obrigação não encontre seu limite temporal estabelecido


em lei, ainda assim, o direito de seguir sendo pensionado, após
atingida a maioridade civil, se sujeita à observância dos critérios de
necessidade do alimentando e da possibilidade do alimentante. (Art.
1.694, § 1º do CC).

A pretensão alimentar comum, decorrente do parentesco, pode


encontrar obstáculo ante a ausência da prova da necessidade do
alimentando, que não o fazendo, não poderá ser beneficiado com
verba alimentícia.155

Pelo visto, a decisão do STJ já mencionada abre um precedente sem igual


quanto à pensão alimentícia, pois podemos nos deparar amanhã ou depois com
marmanjos curtindo a vida desenfreadamente, sem qualquer responsabilidade
social, às custas da obrigação alimentar. No entanto, convém assinalar que a
Súmula n.° 358 é o resultado final de julgados nesse sentido que vinham ocorrendo
naquele Egrégio Tribunal e em outros Tribunais pátrios, como a que ocorreu, em
2005, cuja decisão, in verbis:

Pensão alimentícia. Filho Maior. Exoneração. Ação própria. Necessidade.

Com a maioridade cessa o pátrio-poder, mas não termina,


automaticamente, o dever de prestar alimentos. A exoneração da pensão
alimentar depende de ação própria na qual seja dado ao alimentado a
oportunidade de se manifestar, comprovando, se for o caso, a
impossibilidade de prover a própria subsistência.

Recurso especial conhecido e provido. 156

Pelo nosso entendimento, a extensão do direito à pensão alimentícia ao filho


maior, sem estipular critérios rígidos para sua instituição, bem como um
acompanhamento social dos casos, especialmente a partir de pesquisa de campo, a
cargo de um corpo de assistência social, pode gerar distorções sem igual para o
futuro do filho, na medida em que inverterá os efeitos desejados.

155
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Cível. Apelação cível 2004.021089-2.
Apelante: O. R. C. Apelado: T. R. C. Relator: Desembargador Dionízio Jenczak, Florianópolis, SC, 28
de junho de 2005. Disponível em: <http:// tjsc6.tj.sc.gov.br/ jurisprudencia/VerIntegraAvancada.do>.
Acesso em: 28 out. 2008>. Grifo nosso.
156
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial n.° 442502/SP
(2002/0071283-0). Recorrente: Stella Isolla Cristofani da Costa Lopes e outro. Recorrido: Irineu
Roberto da Costa Lopes. Relator: Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, Brasília, DF, 6 de dezembro de
2004. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudência>. Acesso em: 20 out. 2008.
70

Enquanto esperamos que nossos alimentandos sejam estudiosos, bem


encaminhados socialmente, empregados, sadios, responsáveis, pode ocorrer que
esses efeitos desejados não sejam alcançados e até invertidos por uma prestação
alimentícia que fugiu de sua essência, levando ao ócio continuado o destino de
pessoas que ainda prematuras decidiram viver acomodadas, às custas da
obrigação.

Por isso, este estudo procurou chamar a atenção para o problema da


continuidade da prestação nessas circunstâncias, ressaltando que em hipótese
alguma deve a obrigação ser destinada a alimentar o vício e o ócio, gerando, por
conseqüência, uma acomodação em face da prestação recebida, que pode perdurar
por muitos anos além da maioridade.

Muito menos a prestação deve gerar enriquecimento ilícito ou mesmo


favorecer o parasitismo do alimentando, acostumando-o a um modo de vida
totalmente dependente da obrigação alimentar.

Portanto, não se espante se encontrar se um dia encontrar um adulto


descansado, com sua rede estendida, à sombra, apreciando a suave brisa, dizendo
a você que vive da prestação alimentícia continuada. Para seu espanto, outras
milhares de pessoas podem estar nessa mesma situação, acomodadas, de papo
para o ar, sem as preocupações normais do cotidiano.
71

CONCLUSÃO

Estudar a relativização da idade do filho quanto ao direito à prestação


alimentícia pareceu em um primeiro momento ser uma tarefa árdua, mas que
ganhou corpo e foi fluindo naturalmente, deixando seu autor cada dia mais
empolgado, apesar da escassez de tempo.

Embora a primeira vista a pensão alimentícia ao filho maior não aparenta


maiores dificuldades, constatou-se que o assunto denota certa complexidade, por
ser difícil de constatar as reais necessidades do alimentando as limitações do
alimentante.

Verificou-se que a pensão alimentícia sempre foi devida até a maioridade do


alimentando, em função do pátrio poder, e após atingida esse limite temporal,
ocorria a automática exoneração da prestação.

No entanto, ficou claro que alguns juízes passaram a excepcionar casos em


que o filho maior precisava de apoio para continuar os estudos, especialmente
quando se tratava de conclusão de curso superior, considerados pela autoridade
judiciária um requisito essencial.

Em seguida, vimos que os julgados dos tribunais pátrios começaram a


admitir a prorrogação da pensão alimentícia ao filho maior não mais em função do
pátrio-poder, mas em razão dos laços de parentesco, desde que atendidos os
seguintes pressupostos: possibilidade do alimentante e necessidade do
alimentando.

Talvez tenha exercido influência o fato, não comprovado, de o Código Civil


ter estipulado a maioridade civil em 18 anos de idade, em contraposição à
maioridade anterior, que era de 21 anos de idade, uma idade considerada razoável
para a independência.

As reiteradas decisões proferidas pelos tribunais pátrios nesse sentido


redundaram na Súmula n.° 358/STJ, orientando que os casos de exoneração de
pensão alimentícia do filho maior estão sujeitos à decisão judicial, mediante
72

contraditório, no qual entendemos que o alimentando terá oportunidade ímpar de


alegar dependência perante o juízo, a fim de manter a pensão alimentícia
continuada.

A princípio, verificou-se que a medida, além de ser muito bem-vinda para os


que de fato precisam dessa prestação, pois visa a garantir o sustento em geral, tem
ainda o condão de dar suporte aos primeiros passos do filho rumo à independência
dos pais, mostrando que continuidade da prestação alimentícia é uma chance
inédita de o filho maior ter um suporte para ingresso no fechado mercado de
trabalho.

Porém, os estudos sinalizaram que uma parte da juventude não deseja


erguer o mínimo esforço para mudar a situação de antes da maioridade, estando,
talvez em razão da idade, mais voltados para a diversão, namoro, festas e para os
vícios em geral, pouco importando com as obrigações de um adulto, mas
demonstrando pleno interesse em continuar, o quanto puder, dependente da
obrigação.

Levantou-se, mas é uma hipótese não comprovada, que o filho maior será
capaz, perante a autoridade judiciária, de se valer de todo um teatro em nome da
necessidade, com o fim exclusivo de continuar recebendo a pensão alimentícia.

Por isso, dada a especificidade de cada caso, percebemos situações que


fogem a realidade e por isso o trabalho foi focado na possível problemática na qual
uma parcela da juventude vê na continuidade da prestação alimentícia o seu efeito
reverso, qual seja, de ser um incentivo e alimentar o conformismo, a acomodação, o
ócio.

Esses jovens ainda devem ser alertados para o fato de que a prestação
alimentícia não deve gerar enriquecimento ilícito e muito menos favorecer o
parasitismo do alimentando, acostumando-o a um modo de vida totalmente
dependente da obrigação alimentar.

Assim, nesses casos, apesar de o assunto ser tratado como segredo de


Justiça, não há como negar os efeitos invertidos de uma prestação alimentícia que
fugiu de sua essência, selando o destino de pessoas que ainda prematuras
decidiram viver acomodadas, à custa da obrigação do alimentante.
73

Por essa razão, a conseqüência é que todo pedido de instituição ou


exoneração de pensão alimentícia ao filho maior passa a ser uma decisão muito
difícil para o juiz, pois terá que desvendar os reais interesses que estão em jogo,
necessitando, a nosso ver, do apoio da assistência social em cada caso específico
de instituição ou exoneração de pensão alimentícia envolvendo filho maior, a fim de
obter mais respaldo às suas decisões acerca das possibilidades do alimentante e
das necessidades do alimentando.

Por fim, como o assunto não foi esgotado, recomendo estudos mais
aprofundados sobre a problemática levantada neste trabalho monográfico, com
sugestão de análise dos novos julgados que virão em seguida à edição da Súmula
n.° 358/STJ.
74

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Estevam de. Direito de Família. Rio de Janeiro: Jacinto Ribeiro dos
Santos, 1925.
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Mecum, obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio
Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed.
atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 2007.
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Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia
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1973; Lei n.° 8.971, de 29 de dezembro de 1994. Diário Oficial [da] República
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Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 4. ed. atual. e amp. São
Paulo: Saraiva, 2007.
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Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de julho de 1990. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 22 out. 2008.
75

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Agravo


Regimental no Agravo de Instrumento n.° 655.104/SP (2005/0013277-4). Agravante:
O. C. F. Agravado: L. G. P. C. Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros, Brasília,
DF, 28 de junho de 2005. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/
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n.° 175.003/MG (1998/0037858-8). Recorrente: Maria Anilia Ribeiro Jorge.
Recorrido: Geraldo Alisio Machado Lopes. Relator: Ministro Waldemar Zveiter,
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial
n.° 4347/CE (1990/0007451-7). Recorrente: Maria Leonia Silveira Cavalcante.
Recorrido: Francisco Deusemar Lins Cavalcante. Relator: Ministro Eduardo Ribeiro,
Brasília, DF, 10 de dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Acórdão no Recurso Especial
n.° 442.502/SP (2002/0071283-0). Recorrente: Stella Isolla Cristofani da Costa
Lopes e outro. Recorrido: Irineu Roberto da Costa Lopes. Relator: Ministro Castro
Filho, Brasília, DF, 6 de dezembro de 2004. Disponível em:
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n.° 442502/SP (2002/0071283-0). Recorrente: Stella Isolla Cristofani da Costa Lopes
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Pádua Ribeiro, Brasília, DF, 6 de dezembro de 2004. Disponível em:
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n.° 688.902/DF (2004/0131794-1). Recorrente: J. A. M. S. Recorrido: V. M. S.
Relator: Ministro Fernando Gonçalves, Brasília, DF, 16 de agosto de 2007.
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Cautelar n.° 12032/DF (2006/0208375-3). Agravante: V. S. N. de A. Agravado: W. S.
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fevereiro de 2007. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudência>.
Acesso em: 20 out. 2008>.
76

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Administrativo. Habeas Corpus n.° 55065/SP


(2006/0037123-0). Impetrante: Ronaldo Nilander. Paciente: A. R. de S. Relator:
Ministro Ari Pargendler, Brasília, DF, 10 de outubro de 2006. Disponível em:
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BRASIL. Tribunal de Justiça de Goiás. Cível. Acórdão no processo n.°
200703625785 (Apelação Cível n.° 115883-3/188). Apelante: (segredo de justiça)
77

Apelado: (segredo de justiça): Desembargador Amaral Wilson de Oliveira, Goiânia,


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82

RONEY JOSÉ SANCHES SOARES

Esta é a capa prevista pela ABNT

A relativização da idade do filho quanto ao


direito à pensão alimentícia

Brasília-DF
2008
83

verso da 2ª fl.

SOARES, RONEY JOSÉ SANCHES.


A RELATIVIZAÇÃO DA IDADE DO FILHO QUANTO AO DIREITO À
PENSÃO ALIMENTÍCIA / RONEY JOSÉ SANCHES SOARES. –
BRASÍLIA-DF, 2008.
82 FL.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - CENTRO UNIVERSITÁRIO
DO DISTRITO FEDERAL - UDF.
CURSO DE DIREITO
1. PENSÃO ALIMENTÍCIA. 2. MAIORIDADE. I. A RELATIVIZAÇÃO DA
IDADE DO FILHO QUANTO AO DIREITO À PENSÃO ALIMENTÍCIA.

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