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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO - UNEMAT

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E AGRÁRIAS


CURSO DE DIREITO

ANA BEATRIZ DA SILVA

A MOROSIDADE ADOTIVA BRASILEIRA: UMA ANÁLISEJURÍDICA SOBRES OS


FATORES RESPONSÁVEIS PELASAS CAUSAS JURIDICAS DAS FILAS DE
ADOÇÃO NO BRASILNACIONAIS
1

Alta Floresta – MT
2023
ANA BEATRIZ DA SILVA

A MOROSIDADE ADOTIVA BRASILEIRA: UMA ANÁLISEJURÍDICA SOBRES OS


FATORES RESPONSÁVEIS PELAS DAS FILAS DE ADOÇÃO NACIONAIS
AS CAUSAS JURIDICAS DAS FILAS DE ADOÇÃO NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Banca Examinadora do
Curso de Direito, da Faculdade de
Ciências Biológicas e Agrárias, Campus
Universitário de Alta Floresta, da
Universidade do Estado de Mato Grosso,
como exigência parcial para obtenção do
título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof(a). Esp. Vinícius Eduardo de Jesus Pereira, Ms. (ou Me.), Dr. (ou
Dra.).
3

Alta Floresta - MT
2023
ANA BEATRIZ DA SILVA

AS CAUSAS JURIDICAS DAS FILAS DE ADOÇÃO NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca


Examinadora do Curso de Direito, da Faculdade de
Ciências Biológicas e Agrárias, Campus Universitário
de Alta Floresta, da Universidade do Estado de Mato
Grosso, como exigência parcial para obtenção do título
de Bacharel em Direito, sob orientação do Professor
***.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. (Nome do orientador)
UNEMAT

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Instituição

________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Instituição
5

Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A


ele seja a glória para sempre! Amém. Romanos 11:36
RESUMO
Existem no Brasil uma série procedimentos envolvendo a adoção, nesse sentido o
presente trabalho consiste na análise do instituto da adoção, por seus aspectos
jurídicos e sociais ao longo das evoluções normativas. Nos dias atuais, há em
território nacional milhares de crianças e adolescente institucionalizadas, muitos
esperando um lar definitivo, uma família. Por outro lado, existe um número
expressivamente maior de pessoas habilitadas para adotar. A realidade, no entanto,
não condiz com esses dados, a escolha dos pretendentes por perfis estritos não é
compatível com as características dos infantes que estão à espera de um lar, o
processo é lento e burocrático, contribuindo assim para que leve anos até sua
efetiva conclusão causando cada vez mais filas. A legislação atual tem como
princípio a proteção integral das crianças e adolescentes, visando como prioridade
os interesses dos menores, diferente de como era anteriormente, onde a prioridade
era voltada aos interesses dos adotante, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), promulgado em 1990 deixa isso explicito logo em seu art. 1° que dispõe
sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. A lei 12.010/2009, conhecida
como Lei Nacional da Adoção, no mesmo sentido, vem trazendo contribuições para
o efetivo cumprimento desse princípio, pois foi criada para promover a celeridade
processual e diminuir a permanência das crianças e adolescentes nas casas de
acolhimento enquanto aguardam serem adotadas. Assim, a presente pesquisa
objetiva demostrar as causas que geram as filas de espera no processo de adoção,
através de métodos indutivo e pesquisa quali-quantitativa.

Palavras chave: Menor abandonado. Estatuto da Criança e do Adolescente:.


Processo aAdotivo. Tutela. Acolhimento. Filas de adoção. Preferência de Perfil.
Burocracia Estatal.a. (escolher 3)
ABSTRACT

Keywords:
8

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
1 CONCEITO, NATUREZA JURIDICA E PROCESSO DA ADOÇÃO NO BRASIL...9
1.1 CONCEITO DE ADOÇÃO.................................................................................9
1.2 NATUREZA JURÍDICA DA ADOÇÃO............................................................11
1.2.1 PROCEDIMENTO DE HABILITAÇÃO..........................................................12
1.3 SISTEMA NACIONAL DE ADOÇÃO E ACOLHIMENTO – SNA....................16
2 DISPONIBILIZAÇÃO DO INFANTE PARA A ADOÇÃO................................19
2.1 DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR..........................................................19
2.2 ENTREGA VOLUNTARIA...............................................................................22
3 FATORES RESPONSAVEIS PELAS FILAS DE ADOÇÃO NO BRASIL..............28
3.1 MOROSIDADE DO PROCESSO........................................................................28
3.2 PERFIL ESCOLHIDO PELOS PRETENSOS ADOTANTES..............................30
3.2.1 ESTATÍSTICAS SOBRE AS PREFERÊNCIAS DOS ADOTANTES.................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................35
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 36
9

INTRODUÇÃO
[Um parágrafo, com suas palavras, destacando a importância da família para
a sociedade e para o direito, sobretudo o direito civil]
A Constituição Federal de 1988, traz, reconhecidamente, ao termo “família”
uma ampliação de significado no ordenamento jurídico ao termo “família”, pois,que
anteriormente abarcava somente o conceito de família trazido era dea entidade
regida pelo poder patriarcal, onde o marido era considerado o “chefe da família” e
provedor.
, e nNa atual constituição carta magna a conceito de família se tornou mais
amplo, tornando a entidade mais democrática, além de proteger e tornar sujeitos de
direitos as crianças e adolescentes, com fim de protege-los e assegurar o direito a
afetividade, dignidade e igualdade.
Essa proteção foi posteriormente fortalecida pelo Estatuto da Criança e do
adolescente (ECA), trazendo o vínculo afetivo como sendo mais relevante que o
meramente biológico, fazendo com que houvesse equiparação, sem admitir qualquer
tipo de distinção de direitos e deveres entre filhos biológicos e adotados.
No Brasil, o sistema de adoção é regido nos termos dispostos no estatuto da
criança e do adolescente lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e pela lei nº 12.010,
de 3 de agosto de 2009, que trata da adoção.
O interesse pelo tema apresentado surgiu da vontade de identificar quais
fatores são responsáveis pela discrepância tão grande entre o número de pretensos
adotantes em comparação a quantia de crianças e adolescentes já disponíveis para
ir para um lar substituto, gerando assim filas extensas de adoção.
Essa realidade revela que O o estudo acerca das hipóteses de colocação de
uma criança ou adolescente em família substituta é de grande relevância social, pois
são várias as situações em pode ocorrer essa necessidade no cotidiano jurídico.
Essas hipóteses derivam dos direitos da criança e do adolescente, pois a adoção é
um meio de assegurar as garantias constitucionais a estes indivíduos como o direito
à saúde, à educação, ao lazer, à dignidade e a convivência familiar, além de
promover proteção contra a violência, exploração e qualquer outro tipo de
negligência. Ademais vale ressaltar que é também por meio da adoção que se torna
possível para muitas pessoas a constituição de uma tão sonhada família.
10

Destaca-se que no Brasil, o sistema de adoção é regido nos termos dispostos


no estatuto da criança e do adolescente lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e pela
lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009, que trata da adoção.
A partir disso, o interesse pelo tema apresentado surgiu da vontade de
identificar quais fatores são responsáveis pela discrepância tão grande entre o
número de pretensos adotantes em comparação a quantia de crianças e
adolescentes já disponíveis para ir para um lar substituto, gerando assim filas
extensas de adoção.

O presente trabalho examinará o processo adotivo utilizado no Brasil,


identificando quais fatores são responsáveis por causar as filas de adoção
abordando a distorção entre o número de menores disponíveis para a adoção e o
número de candidatos habilitados a espera de um filho para adotar, distorção essa
que baseia em algumas causas que serão abordas, sobretudo na seletividade da
escolha e na burocracia e morosidade processual.
Além disso Segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento
(SNA), em outubro de 2023 haviam mais de 32 mil menores institucionalizados, dos
quais apenas 4.488 disponíveis para a adoção, em contrapartida o número de
candidatos era de 35.845, sendo notável a distorção numérica.
Para compreensão, serão desses dados serão analisados dados sobre o
regime, requisitos, processos, procedimentos e princípios que norteiam a filiação
socioafetiva, principalmente condensados pelo Sistema Nacional de Adoção e
Acolhimento (SNA).
Para atingir esse objetivo, oO trabalho foi é dividido em três capítulos.
Inicialmente, Oo primeiro capítulo irá abordará o conceito e o regime jurídico da
adoção no brasil, buscando demonstrar os conceitos trazidos pela doutrina a cerca
do tema e explanar o conjunto de preceitos legais que regulam a adoção.
No segundo capítulo, o intuito é apresentar de forma minuciosa como
funciona a destituição do poder familiar, a entrega voluntaria e a disponibilização das
crianças e adolescentes para a adoção de acordo com o estatuto da criança e o
adolescente.
Por fim, o terceiro e último capitulo traz algumas das causas jurídicas que
resultam as filas na adoção, os obstáculos causados pela demora do judiciário, a
burocracia no sistema jurídico brasileiro, a fase da habilitação onde é definido o perfil
11

do menor desejado os preconceitos e mitos que a cercam, calçado principalmente


em análises estatísticas..

1 CONCEITO, NATUREZA JURIDICA E PROCESSO DA ADOÇÃO NO BRASIL


A adoção é derivada de um ato jurídico solene, que ne onde é estabelece
estabelecido, independente de vinculo consanguíneo, uma relação legal de filiação,
formando-se assim uma ligação de parentesco civil. O instituto existe, em outros
moldes desde a antiguidade, e foi evoluindo com o decorrer do tempo, deixando de
ter caráter contratualista e passando a ser ação de estado (Venosa, 2017).

1.1 CONCEITO DE ADOÇÃOA CONCEITUAÇÃO DA ADOÇÃO


O instituto da adoção, durante toda sua evolução apresenta diversos
conceitos, aspectos, efeitos e características, determinadas evolutivamente
construtivamente pelos costumes e pelas leis que o disciplinam.
A legislação em si não costuma definir o termo adoção, ficando essa
conceituação a cargo da doutrina e da jurisprudência, que o fazem de acordo com
as leis, características gerais do sistema a época em que for conceituado, por estas
razões há de se encontrar inúmeros conceitos sobre a adoção.
Pontes de Miranda (2001) conceitua adoção como o ato solene pelo qual se
cria entre o adotante e o adotado relação de paternidade e filiação. Segundo o autor
(2001)ele a adoção é um ato jurídico marcado pela solenidade, onde o adotando e o
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adotante criam laços, da mesma forma que teriam na filiação biológica


consanguínea, cabendo a estes os mesmo direitos e deveres.
Já Maria Helena Diniz diz que:

A adoção ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais,


alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco
consanguíneo ou afim, vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família,
na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. Da origem,
portanto, a uma relação jurídica de parentesco cível entre adotantes e
adotados. É uma ficção legal que possibilita que se constitua entre o
adotante e o adotado um laço de parentesco em 1° grau em linha reta.
A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta,
estabelecendo entre adotante, ou adotantes, e o adotado, um liame legal de
paternidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável,
para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer
vínculo com os pais de sangue. (DinizINIZ, 2010, p. 522-523).

Neste sentido para a autora, a adoção corresponde a uma vontade de se


trazer para o vínculo familiar uma outra pessoa que não pertencia a ele, com o
vínculo da filiação, originando a partir daí um grau de parentesco direto irrevogável
(Diniz, 2010).
Para Maria Berenice Dias (2016), “a adoção cria um vínculo fictício de
paternidade-maternidade-filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta
da filiação biológica”. Como esclarece a autoraQuer dizer, a adoção decorre de um
ato de vontade e o filho vindo através do processo de adoção goza dos mesmos
direitos dos filhos naturais, como continua a autora (2016).
Logo, a adoção pode ser conceituada como um instituto de formação familiar
constituído por meios civis, uma modalidade artificial de filiação que busca imitar a
filiação natural (Venosa, 2017). D, diante desse pressupostodisso, é passa a ser
reconhecida como filiação civil, pois, não provem de uma relação biológica e sim de
uma vontade da parte em adotar e a busca pelo melhor interesse do infante.
Insta salientar que, adoção é o ato tanto afetivo quanto legal, onde, passa a
existir uma relação de paternidade e filiação entre duas pessoas,
independentemente de vinculo consanguíneo, adotar é tornar filho uma criança ou
adolescente que foi destituído ou entregue de sua família biológica.
A adoção não visa apenas a proporcionar uma família ao ser carente, mas a
inseri-lo em um ambiente onde possa desenvolver toda a sua potencialidade para o
bem. (Nader, 2016). A adoção decorre da ação do homem, pois, embora as causas
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sejam diferentes, não é possível distinguir os laços que se criam entre filhos criados
por pais adotivos e filhos criados pelos pais de sangue (Silva Filho, 2009).
AntigamenteHistoricamente, em decorrência de grande peso religioso da
época, a adoção era vista como a consideração do adotado como filho, no entanto,
não havia de fato a transformação de alguém alheio em descendente. Ela serviu, em
outros tempos para transferência de patrimônio e para manter culto domésticos,
ficando claro assim, que a primazia de adoção voltava a proteção para o adotante e
seus interesses e não a proteção do adotado.
No entanto, no decorrer histórico, com o surgimento das codificações e da
evolução social as normas começaram a buscar a proteção da figura do infante.
O instituto jurídico da adoção passou a ser ato jurídico complexo que
estabelece o vinculo de filiação, por que há incialmente a vontade autônoma das
pessoas envolvidas, mais deve ficar esclarecido que os efeitos jurídicos nem sempre
decorreram dessa vontade, pois nem sempre as vontades são convergentes,
devendo sempre ser levado em consideração a resistência da família biológica e do
Ministério Público, pois trata-se de ato complexo, e precisa do concursos de diversas
vontades a fim de que, o processo resulte na sentença constitutiva de vinculovínculo
de filiação definitivo.
Outro ponto, é que a colocação em família substituta deve sempre seguir o
princípio da proteção integral e melhor interesse do menor, e ainda, nos casos em
que for possível a opinião da criança e do adolescente objetivando a “relação de
afinidade ou afetividade” (Brasil, 1990).
Ademais, de acordo com o art. 43 do ECA a adoção deve estar fundada em
legítimos motivos e deve também apresentar vantagem para o adotado, vês que, o
objetivo é garantir a ambiente familiar adequado para este.
Nota-se então que não basta apenas a autonomia da vontade dos envolvidos,
mas depende da apreciação do poder jurisdicional do Estado, que após apreciação,
pode, por meio de sentença constituir o vinculo de filiação que se torna irrevogável.

1.2 NATUREZA JURÍDICA DA ADOÇÃO


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Quanto a definição da natureza jurídica da adoção não existe um consenso


universal da doutrina, sendo por grande tempo dominou nara alguns a maioria
doutrinária de a natureza contratual e negocial.
, sSegundo Silva Filho (2009) , por muito tempo durou essa concepção
privatista, pela qual o ato se baseava-se na autonomia da vontade, concepção essa
que foiestava amparada pelo Código Cível de 1916, que instituía a declaração de
vontade do adotante como forma de instituir o parentesco com o adotado, devendo
existir manifestação bilateral das partes, como em ato particular, que deviria ser
posteriormente homologado juridicamente.
Por conta da bilateralidade desta relação surgiu a concepção contratualista, e,
de acordo com tal a intervenção da figura estatal seria apenas para formalidade de
validação do ato. Em alguns países, como a Alemanha por exemplo, nos dias atuais
a adoção ainda se configura na categoria de contato.
Com advento da Constituição Federal de 1988 e a promulgação do Código
Civil de 2002, o conceito jurídico da adoção passou a ser compreendido não apenas
como interesse privado, mas principalmente como interesse do Estado (Barbosa,
2014), sendo ato jurídico em sentido estrito, como validade erga omnes, passando a
ser matéria de ordem publica e não mais com efeitos apenas em relação de
adotados e adotantes.
De acordo com a doutrinadora Maria Berenice Dias (2015) a concepção
tradicional contratual e institucional que favorecia a vontade do adotante foi
ultrapassada na medida em que a Constituição Federal consagrou a proteção
integral da família como a base da sociedade.
Nesse interim, o art. 227, §5º da Constituição Federal estabelece que “a
adoção será assistida pelo poder público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros” (Brasil, 1988). Ademais, a
ação de adoção é exclusiva do Estado, com caráter constitutivo que confere a
posição de filho ao adotado e de pais para os adotantes.
Assim sendo, com o intuito exploratório, parte-se a análise do procedimento
de habilitação, também comumente conhecido como cadastro do adotante.

1.2.1 PROCEDIMENTO DE HABILITAÇÃO


No Brasil, em atentamento ao que determina o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), para que se possa adotar é necessário passar por diversas
15

etapas perante o Poder Judiciário, um segmento de etapas que devem ser passadas
para ao final tornarem-se habilitadas a adoção e serem incluídas no Sistema
Nacional da Adoção e Acolhimento (SNA).
É estabelecido pelo ECA uma lista de requisitos para a habilitação dos
pretendentes, podendo esses serem classificados de ordem objetiva e ordem
subjetiva (Pereira, 2019), todos com intuito objetivo de aferir a capacidade,
motivação e preparação dos pré-candidatos. Os requisitos objetivos estão expressos
no art.197-A, Lei n. 8.069/90:

Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão


petição inicial na qual conste:
I - qualificação completa;
II - dados familiares;
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou
declaração relativa ao período de união estável;
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas;
V - comprovante de renda e domicílio;
VI - atestados de sanidade física e mental;
VII - certidão de antecedentes criminais;
VIII - certidão negativa de distribuição cível (Brasil, 1990).

De acordo com o art. 42 da mesma lei, no ato do pedido, postulante deverá


ter minimante 18 anos completos, obedecendo a regra geral de diferença mínima
que de idade de 16 anos que deverá existir entre adotante e adotado.
Além disso, o postulante deverá apresentar informações sobre sua
constituição familiar, como por exemplo com quem convive, onde estão, o que
costumam fazer, com o que trabalham e por qual motivo buscam se candidatar à
adoção de crianças e adolescentes (Moreira, 2020).
Toda essa documentação tem por objetivo de se fazer uma verificação geral
sobre as pessoas que estão se disponibilizando para a adoção, visto que algumas
situações podem influenciar o contexto de vida das crianças e adolescentes que se
encontram habilitados à adoção (Moreira, 2020), sendo uma espécie de investigação
básica do judiciário.
Após essa etapa, sendo realizado o pedido de habilitação e juntado toda
documentação citada, o requerimento deve ir para o Ministério Público das vistas,
podendo este requerer o que entender necessário para complementar a
documentação, bem como fazer pedidos de esclarecimentos para que a equipe
16

técnica multidisciplinar atuante perante a Vara da Infância e Juventude responda


após a entrevista realizada com os candidatos (Brasil, 1990).
Segundo art. 50 §3º do ECA, estará a cargo da equipe multidisciplinar do
poder judiciário, elaborar um programa de formação e orientação básica, e também
o estudo psicossocial dos candidatos à adoção, para que se possa realizar uma
análise de requisitos subjetivos, como uma medida de proteção a figura do menor.
Insta salientar que o programa de formação e orientação oferecido, deverá
seguir os moldes do que diz o art. 197-C, § 1º do ECA:

§ 1º. É obrigatória a participação dos postulantes em programa oferecido


pela Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do
direito à convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente
habilitados perante a Justiça da Infância e da Juventude, que inclua
preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de
crianças ou de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Brasil, 1990).

O principal motivo deste estimulo se daocorre pelo fato que esta é a


população que, predominantemente, permanece nas instituições de acolhimento por
falta de famílias que tenham interesse a adotá-los, tema que será aprofundado mais
adiante no presente trabalho.
Os candidatos deveram ainda, passar por um estudo psicossocial, composto
por visitas, entrevistas e reuniões para que possa ser realizada a avaliação social e
psicológica destes.
É nesta fase que que os profissionais da equipe multidisciplinar estudarão
mais profundamente as motivações que levam os pretendentes a buscar pela
adoção, e devem estimar se estes estão preparados para o efetivo exercício da
maternidade ou paternidade responsável à luz dos princípios estabelecidos em lei.
Nessa fase é possível que a equipe perceba que a motivação não é correspondente
com o que é proposto pelo instituto jurídico da adoção, resultando na impossibilidade
temporária ou impedimento do exercício da parentalidade.
Em casos onde isso acontece, é vem sendo indicado pelo judiciário, a
participação em palestras, grupos de apoio a adoção e afins, para que possam
repensar e compreender o verdadeiro sentido da adoção (Moreira, 2020). Os grupos
de apoio têm grande relevância se tratando de conscientização e conhecimento de
qualidade sobre a adoção.
17

Seguindo o procedimento, uma vez finalizado o programa preparatório, sendo


esse com percepções favoráveis, o processo de habilitação retornará concluso ao
Ministério Público que poderá solicitar o for pertinente ao processo. Após isto, será
encaminhado para apreciação e decisão do judiciário, o qual dirá se os postulantes
estão ou não aptos a ingressar no cadastro de adoção.
Sendo considerados aptos, a próximo passo é a seleção de perfil da criança
ou adolescente que se busca adotar, ou seja, será definido as características
aceitas, tais quais são: idade mínima e máxima; a quantidade de crianças que
aceita; o gênero; se aceita deficiência física; se aceita deficiência mental; se aceita
doença detectada; se aceita doença infectocontagiosa; se aceita a irmãos e a
preferência étnica
. Essas informações ficarão registradas no Sistema Nacional de Adoção
(SNA), e serão responsáveis por ensejar a posição no rol dos habilitados,
popularmente conhecido como “lugar na fila” (CNJ, 2023).
O cadastro dos habilitados é de consulta para todas as Varas de Infância e
Juventude do Brasil, e devem conter a qualificação completa, termo inicial e final da
habilitação e a disponibilidade de território, podendo ser regional estadual ou federal.
O candidato habilitado deverá manter sua habilitação atualizada,
condicionando-o ao dever de renová-la trienalmente mediante reavaliação por
equipe interprofissional (Brasil, 1990). A não renovação ocasionará a inativação do
candidato, deixando de constar no rol de busca das crianças e adolescente como
dita o manual no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA).
Devidamente habilitados, os candidatos poderão participar do processo de
adoção, adiante pormenorizado.

1.2.2 O PROCESSO DE ADOÇÃO

O processo de adoção está dotado de gratuidade. Após passada a fase da


habilitação, os pretendentes, na ocasião que surgir menor habilitado que esteja
dentro do perfil escolhido, receberão contato da equipe técnica da Vara da Infância e
da Juventude em que residem, informando o surgimento do infante pretendido.
A partir do momento em que ocorre o acionamento dos pretendentes, e estes
demonstram interesse, dá-se início a fase transitória entre a habilitação e a adoção,
comumente chamada de fase de aproximação, que é o momento onde as equipes
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técnicas da Vara da Infância e Juventude e do acolhimento institucional juntas, farão


de forma tranquila e gradual a apresentação das crianças e adolescentes os
pretendentes em adotá-las, de forma a evitar ao máximo exposições desnecessária
que possam gerar qualquer forma de estresse emocional (CNJ, 2022).
Adiante, havendo sinais positivos nas primeiras aproximações, quando
possível, a equipe técnica observará o interesse que as crianças e adolescentes
manifestaram em continuar a se aproximar dos adultos pretendentes. De qualquer
forma serão enviados relatórios sobre a aproximação para autoridade judiciaria que
dará vistas ao Ministério Público que poderá requerer o que for preciso para a
manutenção da proteção dos menores envolvidos.
Superada essa fase, eEstando todos de acordo, superada essa fase,
gradualmente serão concedidos momentos de convivência entre pretensos
adotantes e adotados. Sendo observado evolução dessa convivência pela a equipe
técnica, deverá ser realizado o pedido judicial de adoção, onde será formalizado o
estágio de convivência e pedida a guarda provisória para fins de adoção (CNJ,
2022).
O estágio de convivência é o período em que a criança ou adolescente passa
a residir com a futura família, momento que serão observados e acompanhados pela
equipe técnica do poder judiciário, que verificará o vínculo formado entre os
indivíduos. O art.46, §2º A, ECA prevê que esse período deve ser de no máximo 90
dias podendo ser prorrogado por igual período mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciaria. O mesmo artigo dispões que, findada a fase do estágio de
convivência, a equipe multidisciplinar deverá redigir um relatório minucioso para
apreciação do Ministério Público e posteriormente à autoridade judiciária para o
deferimento ou não do pedido da adoção.
O vinculo da adoção será constituído como dispõe art. 47° do ECA:

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será
inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá
certidão.
§ 1º. A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o
nome de seus ascendentes (Brasil, 1990).

Como dispões o citado artigo, sendo deferido pedido de adoção pela


autoridade judiciária competente, o registo civil do menor deverá ser alterado,
passando a conter a o nome dos adotantes como pais. A adoção produzirá seus
19

efeitos legais a partir do trânsito em julgado da sentença que lhe instituiu, devendo
seguir totalmente sigiloso e com prazo máximo de 120 dias para conclusão.

1.3 SISTEMA NACIONAL DE ADOÇÃO E ACOLHIMENTO ( – SNA)

O sistema nacional de adoção foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça


em 2019, da junção do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional
de Crianças Acolhidas (CNCA), que tinham como intuito de cumprir o disposto no
artigo 50, parágrafo 5º da Lei nº 12.010 do ano de 2009, e contém o registro de
dados e informações de quem dispõe de interesse em adotar. No site do Conselho
Nacional de Justiça é possível encontrar a descrição do SNA:

O Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) foi criado em 2019 e


nasceu da união do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro
Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA). O Comitê de Apoio ao Sistema
Nacional de Adoção e Acolhimento, instituído pela Portaria SEP n. 10 de 17
de junho de 2021, é o responsável pela gestão do SNA. O sistema é
regulamentado por meio da Resolução n. 289/2019 deste Conselho (CNJ,
2023).

Trata-se então, de uma ferramenta digital, que auxilia os magistrados das


Varas da Infância e da Juventude de todo o país, pois, por meio dela é possível
cruzar informações automaticamente dos perfis e preferencias dos pretendes e dos
menores disponíveis para adoção, além de facilitar a adoção em todo território
nacional.
Para Eunice Granato (2010) o Cadastro nacional de adoção é uma ferramenta
essencial para a concretização da adoção. Continua a autora:

“A principal finalidade é possibilitar o encontro de pessoas interessadas em


adotar, com crianças e adolescentes que possam ser adotados podendo
assim haver a concretização de adoções que não ocorreriam se não fosse a
oportunidade aberta pelo cadastro nacional de adoção ” (Granato, 2010).

A busca pode ser feita em todo território nacional, por Estado ou por comarca,
e quando é encontrado o perfil que se assemelha entre adotante e adotado, o juiz
responsável é notificado automaticamente pelo sistema sobre a compatibilidade
entre as partes. Insta salientar que cada comarca será responsável por manter o seu
cadastro de crianças e adolescentes, bem como de pretendentes atualizado,
20

enquanto o registro de candidatos estrangeiros será de responsabilidade da


comissão estadual judiciária.
Vale ressaltar que o cadastro nacional de adoção (CNA) foi criado em 2008
como medida de cumprimento de determinação contida no ECA sobre o cadastro de
banco de dados, que já havia sido estabelecida desde 1990. O art. 50 dessa
legislação pontua:

, “Art. 50: A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro


regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem
adotados e outro de pessoas interessadas na adoção (Brasil, 1990.)

O objetivo da criação do cadastro visa, além dar celeridade ao processo,


centralizar e unificar os dados das comarcas a fim de obter a organização da história
das crianças e adolescentes, cumprir o tempo de permanência em espaços
institucionais máximo de 2 anos como determina o ECA e também assegurar os
direitos fundamentais a saúde, educação e crescimento em ambiente protegido.
21
22

2 DISPONIBILIZAÇÃO DO INFANTE PARA A ADOÇÃO


O acolhimento institucional é umas das medidas de proteção trazidas na pelo
ECAca, que devem ser aplicados a crianças e adolescentes quando tiveram seus
direitos ameaçados ou violados.
Via de regra o Estado não deve interferir no relacionamento interpessoal das
famílias, no entanto interferirá quando houver omissão da sociedade ou do Poder
Público; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável e, por último, em
função de sua própria conduta, configurando, portanto, a ameaça ou a violação de
seus direitos (Brasil, 1990).
A adoção a partir da implementação do ECA, passa então a ser considerada
uma medida de proteção aos menores, em casos citados pelo diploma legal
mencionado, no entanto, é necessário destacar que se trata de medida
excepcional dado seu caráter irrevogável. Adiante será explanado sobre as
hipóteses de cabimento.

2.1 DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR


Como já exposto, a adoção assegura todos os direitos vindos da filiação.
Dessa forma imprescindivelmente deve ocorrer a destituição do poder familiar dos
pais biológicos, para que deixe de existir quaisquer tipos de vínculos com estes,
assim possibilitando a colocação em família substituta.
Toda criança e adolescente é detentor do direito a convivência familiar, sendo
preferível que esta ocorra com a família biológica, tanto é, que a destituição só pode
ocorrer após árduas tentativas de manter o filho sob vínculos dos pais biológicos ou
da família extensa. É quando essa convivência se torna impossível, que surge a
possibilidade da destituição do poder familiar, com intuito a resguardar o direito do
menor ao convívio familiar e o seu desenvolvimento pleno, em atento sempre, ao
principio do melhor interesse.
Insta frisar que também incumbe aos genitores o dever de cuidar, educar,
proteger, e capacitar os filhos para que estes venham a ter desenvolvimento pleno
no meio social ao qual está inserido, e cumprir tudo o que conta nos artigos 3º, 4ª
bem como 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
O descumprimento de tais determinações, geram, consequentemente a
extinção ou suspensão do poder familiar, pela sentença judicial. A destituição é a
23

medida mais punitiva que pode ser aplicada buscando o melhor interesse da criança
ou do adolescente.
Sobre o tema Denise Damo Comel leciona:

A perda do poder familiar é a mais grave medida imposta em virtude da falta


aos deveres dos pais para com o filho, ou falha em relação à condição
paterna ou materna, estribando-se em motivos bem mais sérios que a
suspensão. Será ela imposta quando qualquer dos pais agir desviando-se
ostensivamente da finalidade da instituição, pelo que se lhe vai retirar a
autoridade, destituindo-o de toda e qualquer prerrogativa com relação ao
filho. Constitui-se em providências que o Código toma em defesa dos
menores, contra os pais desnaturados. (Comel, 2003, p.283)

Sendo assim, no caso de descumprimento do dever de proteção dos pais aos


seus filhos, estes poderão ser penalizados através da suspensão ou destituição do
poder familiar, sendo ambos os procedimentos judiciais. O Ministério Público é que
detém legitimidade para tal, conforme disposto no art. 201 do ECA. É através da
sentença de destituição que os pais ficam impedidos de exercer o poder familiar
sobre o filho ou filhos. Para Dias:

A destituição é um mero efeito de sentença concessiva da adoção. Durante


a tramitação da demanda de destituição, as crianças e os adolescentes
permanecem acolhidos em instituições ou são colocadas em famílias
substitutas. O conselho Nacional de Justiça estabeleceu guia única de
acolhimento familiar ou institucional e guia de desligamento, além de fixar
regras para o armazenamento permanente dos dados disponíveis em
procedimento de destituição ou suspensão do poder familiar. (DiasIAS,
2015, p.473).

O art. 22 do ECA traz de maneira clara as obrigações dos pais com os filhos,
não sendo cumpridas, as sançsões já citadas deverão ser aplicadas. Não é
incomum na sociedade casos de castigos físicos e psicológicos imoderados, mais
ainda se tratando de famílias que vivem em extrema pobreza, convivendo com falta
de recursos para manter a prole, que instigados por descontroles descontam em
seus filhos as suas frustações.
Deve existir por parte do Juiz que analisa o caso, um grande cuidado, por se
tratar de uma sanção gravíssima, e além de punir os pais pode também multiplicar
os traumas dos menores. Segundo Rodrigues:

Dada à seriedade das consequências, mais rigoroso deve ser o juiz no


exame do pedido de destituição do que no de suspensão [...] devendo agir
com imensa ponderação, porque o interesse do menor é que está em jogo,
e um desacerto no julgar pode ser irremediável. (Rodrigues, 2004, p.369).
24

Quando a destituição do poder familiar for inevitável, o juiz deverá nomear


tutor para zelar pelo menor, conforme art. 36 do ECA, podendo inclusive em casos
mais graves, por meio de liminar, afastar imediatamente o infante dos pais, conforme
art.157, ECA. Cabe frisar que este ato não exonera as obrigações de prestar
alimentos.
O abandono não significa deixar o filho sem assistência material, é a
negligência intencional da sua criação, moralidade e educação (Rodrigues, 2004).
Como exemplo de crime contra a moral pode ser citado a exposição habitual dos
filhos a uso de drogas e prostituição.
O poder familiar tem caráter indivisível e personalíssimo indisponível, sendo o
dever dos pais de cuidar dos filhos. Há, no entanto, previsto no Código Civil,
hipóteses de perda do poder familiar exercido pelos pais:

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho;
II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;
III - pela maioridade;
IV - pela adoção;
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I – castigar imoderadamente o filho;
II – deixar o filho em abandono;
III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente;
V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção (Brasil,
1990).

Como visto, a lei estipula as possibilidades de perda do poder familiar dos


pais sobre os filhos. Ao legislar sobre o tema do dever da família, o Estado expressa
a importância desta para a formação dos menores, tentando de todas as formas
assegurar que estes sejam criados dentro de um seio familiar, visando assim que
sejam resguardados todos os direitos básicos para o ser humano anda em
desenvolvimento, e que vivam com dignidade e afeto.
Ainda sobre as causas de destituição do poder familiar, essa poderá ocorrer
de duas formas, sendo a primeira de forma automática, por fator que independe da
vontade dos envolvidos, ocorrendo por morte dos pais ou maioridade do filho, já a
segunda é dada por sentença judicial, neste caso havendo responsabilização aquele
que praticou atentado contra a dignidade do menor.
25

Dessarte, verifica-se que a destituição do poder familiar é um instituto jurídico


vetor de dois tipos, quais sejam a suspensão e a extinção do poder familiar, com a
intenção de fazer com que os titulares do poder familiar sofram penalizações por
omissão quanto as crianças ou adolescente dos quais são responsáveis e possuem
dever de proteção.

2.2 ENTREGA VOLUNTARIA

Pouco se fala, masA discussão ainda é incipiente quanta a possibilidade da


genitora tem a possibilidade dede entregar o filho para adoção logo nascimento, e
nesse caso tem direito a assistência psicológica, tanto no período de pré-natal
quanto no pós-natal, esse direito encontra resguardo no art. 8º §4º e §5º do
Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 8° É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às


políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes,
nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema
Único de Saúde.
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à
gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de
prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser prestada também
a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para
adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de
privação de liberdade (Brasil, 1990).

Ademais, o consentimento para entrega deverá ser antecedido por


esclarecimento e orientação da equipe multidisciplinar, certificando da
irrevogabilidade da entrega. O consentimento só poderá ocorrer de fato após o
nascimento da criança, assim sendo, a entrega acontecerá em audiência pelo juiz,
com presença do Ministério Público.
Importante esclarecer que a entrega ocorrerá somente depois de tentativas
de manter o menor junto a família natural ou extensa, levando sempre em
prevalência o melhor interesse do menor. A discordância entre os pais biológicos
depois da sentença transitada em julgado não terá efeito de revogação, ou seja, não
é mais retratável, pois trata-se de sentença construtiva de adoção.
26

O ECA estabeleceu a forma como deve ocorrer o procedimento de entrega


voluntaria de recém-nascidos para adoção. Dessa forma, por qualquer razão que
seja a mulher poderá decidir pela entrega do filho.
É papel do O Estado tem o dever de zelar para que essa entrega seja feita de
forma natural, sem qualquer tipo de juízo de valores e julgamentos à mulher, haja
vista que a entrega é um direito assegurado às gestantes ou mulheres em estado
puerperal, conforme traz o ECA Art. 19-A. “A gestante ou mãe que manifeste
interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude”. Nesse sentido para Pereira:

Quando se entrega uma criança para que outra pessoa possa criar e
educar, está-se cumprindo o princípio do melhor interesse da
criança/adolescente. E vem neste sentido a Lei 13.509/2017, que fez
alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e incluiu a
chamada “entrega voluntária”, que consiste na possibilidade de uma
gestante ou mãe entregar seu filho, recém-nascido ou não, para adoção em
um procedimento assistido pela Justiça da Infância e da Juventude. Esse
ato de entregar diverge da situação de desamparo, ou exposição de perigo,
o que nesses casos configurará crime de abandono de incapaz. Para que se
afaste a incidência do crime, necessário seguir o comando do artigo 19-A do
ECA (Pereira, 2023, p. 454).

Nesse trecho, Pereira expõe também outra face da entrega voluntaria, o


afastamento do crime de abandono de incapaz. A previsão legal prioriza a genitora,
com intuito de minorar os riscos de abandono de recém-nascidos em vias públicas,
lixões, em situação de abandono ou da “adoção a brasileira”, que consiste na
entrega de irregular para pessoas não habilitados pelo processo da adoção. Para
tanto, Ramos e Cavalli vinculam a entrega voluntária à roda da exposição:

A Lei nº 12.010, que traz importantes alterações no ECA[...] E, após quase


dois séculos da implantação da roda dos expostos, a entrega voluntária
passa a figurar em meio à normatização vigente no país, agora, em uma
perspectiva de direito e vinculada às instituições oficiais do Estado como
forma de proteger a criança, evitando-se sua exposição ao abandono, e à
genitora, garantindo-lhe o direito de abrir mão do filho com todo o amparo
das políticas sociais. (Ramos e Cavalli. 2019, p. 6-7).

Há de se frisar que a entrega voluntaria não possibilita o poder de escolha


dos pais acerca de quem receberá o menor, por essa razão não se atrela a adoção
consensual, devendo ser observada a ordem do cadastro de pretendentes à adoção.
No entanto, a genitora poderá indicar membros da família extensa para guarda ou
adoção do menor, a fim de possibilitar a permanência deste em sua família
27

biológica. O art. 19-A, § 3.º estabelece o prazo de 90 dias prorrogáveis por igual
período para que se busque a família extensa.
A Resolução n. 485 de 18 de janeiro de 2023 do CNJ, nomeada “Manual da
entrega voluntaria “, foi feita com objetivo de regular o instituto da entrega voluntaria,
buscando fortalecer e instrumentalizar Judiciário no atendimento desses casos, no
acompanhamento e suporte às mulheres que tenham desejo de entregar
voluntariamente o recém-nascido. Esse manual, traz muitos esclarecimentos a cerca
da entrega:

O ECA previu infração administrativa, estabelecida no art. 258-B, que fixa


multa ao médico, enfermeiro ou dirigente do estabelecimento de saúde que
não comunicar a existência de mulher, gestante ou parturiente interessada
em entregar seu(sua) filho(a) para adoção. Desse modo, no momento do
comparecimento da gestante ou parturiente, deverá a equipe
interprofissional avaliar se, no caso concreto, houve infração, para que
conste no relatório, a fim de que sejam tomadas as providências judiciais
cabíveis contra os infratores. [...] No caso de comparecimento espontâneo
da mulher, o(a) magistrado(a) deve oficiar à maternidade de referência onde
se dará o parto, comunicando a intenção da gestante em realizar a entrega
voluntária. Igualmente, deverá informar sobre o direito ao sigilo, para que
ela receba atendimento humanizado e acolhedor, cabendo à unidade de
saúde avisar o juízo sobre o nascimento da criança de forma imediata, a fim
de que seja renovada a entrevista pela mesma equipe técnica que escutou
a mulher quando gestante e designada à audiência (CNJ, 2023).

AA legislação não prevê qual tempo a parturiente tem para manifestação da


vontade de entrega após o nascimento, no entanto majoritariamente é utilizado o
conceito de puerpério tardio que compreende até 45º dia após o nascimento. Assim
a entrega pode ocorrer havendo manifestação da mulher até 45 dias após o parto.
O ECA garante a genitora o direito ao sigilo do nascimento do bebê, para que
assim, nem mesmo sua família ou genitor sejam comunicados. Importa dizer o
nenhum órgão da rede de proteção poderá violar os dados sigilosos do processo.
A lei determina que, a partir do momento que a mulher informa o desejo de
realizara a entrega, obrigatoriamente deverá ser encaminhada ao Poder Judiciário,
para que se dê início ao procedimento da entrega de forma legal. A genitora também
tem direito a assistência jurídica durante todo o processo:

A pretensão da entrega voluntária para adoção poderá ser deduzida


diretamente em juízo sob o patrocínio da Defensoria Pública ou do(a)
advogado(a). Nas hipóteses em que a gestante ou parturiente compareça
ou seja encaminhada à Vara de Infância e da Juventude, desacompanhada
28

de advogado(a) constituído(a), ser-lhe-á imediatamente nomeado um(uma)


defensor(a) público(a) ou, na impossibilidade, advogado(a) dativo(a), para
acompanhamento durante o processo. A entrevista prévia com o(a)
defensor(a) público(a) ou advogado(a) dativo(a) em ambiente no qual tenha
privacidade é direito da gestante ou parturiente, a fim de que receba todas
as orientações jurídicas necessárias. Além disso, conforme o artigo 19-A, §
5.º e o artigo 166, ambos do ECA, a mulher tem o direito de ser
acompanhada por defensor(a) público(a) durante a audiência designada
para sua oitiva e de manifestar sua vontade de entregar o(a) filho(a) para
adoção, cabendo ao(à) magistrado(a) zelar para que receba orientação
jurídica qualificada. (CNJ, 2023).

Desde o momento do conhecimento dos fatos, o Poder Judiciário tem o dever


de garantir o acompanhamento da genitora pela equipe multidisciplinar da justiça e
pela rede pública de saúde conforme preconiza o art.19-A do ECA. Isso se dá para
garantir que a mesma receba orientação sobre como funciona o passo a passo dos
procedimentos judiciais, seus direitos e os da criança, sobre a irrevogabilidade da
adoção, a fim de que a decisão seja tomada de forma madura e consciente.
Após orientação, ainda disposta a continuar com a entrega, o art. 19-A, § 3º e
4º do ECA estabelece que deve se verificar a existência de pai conhecido ou
registral ou família extensa. Nesse ponto, porém, o Manual da entrega voluntaria é
claro ao dizer só se poderá verificar se não houver solicitação de sigilo:

Quando a parturiente pedir ou reiterar o pedido de sigilo sobre a gestação, o


nascimento da criança e a entrega do(a) filho(a), inclusive em relação à
família extensa e ao suposto genitor, o(a) magistrado(a) e a equipe
interprofissional garantirão esse direito, deixando de realizar buscas,
notificações ou estudo técnicos com quaisquer pessoas que possam
comprometer o sigilo. Tratando-se de gestantes ou parturientes crianças ou
adolescentes, o direito ao sigilo é igualmente garantido, inclusive em relação
aos seus próprios genitores. Nesse caso, a gestante ou parturiente criança
ou adolescente deverá ser representada pelo(a) defensor(a) público(a) ou
advogado(a) dativo(a), que deverá ser para ela nomeado, na qualidade de
Curador Especial. (CNJ, 2023).

Isso é garantido com o intuído de evitar que genitora se sinta pressionada e


estimulada e realizar a entrega de forma irregular a outra pessoa ou ao abandono.
O ordenamento jurídico não traz a possibilidade de “parto anônimo”, sendo
necessário o registro de nascimento, até mesmo para assegurar o direito a conhecer
a origem biológica como previsto no art. 48 do ECA. O registro de nascimento então
deverá ser lavrado com os dados da Declaração de Nascido Vivo. A genitora poderá
escolher ou indicar sugestão de prenome para constar no registro, não tendo ela
indicado nome à criança, o registro será feito com o prenome de algum de seus avós
29

ou de outro familiar da genitora, conforme dados constantes do relatório da equipe


técnica (CNJ, 2023).
Superado esse momento, a genitora ou os genitores comparecerão a uma
audiência assistidos por advogado ou defensor publico com a presença do Ministério
Público onde devem reafirmar o desejo pela entrega conforme art. 166, § 1, do ECA:

Art. 166. [...]. § 1º Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:


I – na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devidamente
assistidas por advogado ou por defensor público, para verificar sua
concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da
data do protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo, tomando
por termo as declarações;
II – declarará a extinção do poder familiar (Brasil, 1990).

A manifestação de concordância em audiência acarreta na perda do poder


familiar. Para Fonseca (2012), nos casos em que há concordância dos pais com a
entrega, haveria procedimento de jurisdição voluntária, não se caracterizando litígio
e, por isso, não seria necessário procedimento de destituição do poder familiar.
No entanto, como preceitua o art. 19-A, § 4º do ECA, estaremos diante da
hipótese de extinção do poder familiar:

Art. 19-A. [...] § 4º – Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de


não existir outro representante da família extensa apto a receber a guarda, a
autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder
familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda provisória de
quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva programa
de acolhimento familiar ou institucional (Brasil, 1990).

Insta salientarDestaca-se, que o consentimento voluntario de entrega deve


ser feito obrigatoriamente na audiência, não valendo apenas consentimento escrito,
e só terá efeito se dado após o nascimento da criança. É passível de retratação a
qualquer momento antes da audiência e possui 10 dias de prazo para
arrependimento a partir da sentença, art.166, § 5º, ECA.
Na hipótese de ocorrer arrependimento por parte de um ou dos dois
genitores, o § 8º do art. 19-A do ECA diz que deverá acorrer um acompanhamento
desta família pela equipe multidisciplinar da Vara da Infância e da Juventude por um
período de 180 dias. O prazo de 10 dias para o arrependimento é o mesmo para a
interposição de recurso conforme art. 180 do ECA (Brasil, 1990).
As partes serão considerados intimadas caso a sentença seja proferida em
audiência, no caso de a sentença ser proferida em gabinete é necessário a
30

intimação dos genitores para garantir os princípios da segurança jurídica e da ampla


defesa e contraditório. No decorrer do processo de entrega, a criança deve
permanecer acolhida ou entregue em guarda para os pretendentes a adoção que
estejam na vez pela ordem cronológica de classificação do art. 197-A do ECA.
A adoção que sucede a entrega voluntaria é a materialização do direito a
dignidade do menor, manifestada no direito a se desenvolver em seio familiar, de ser
cuidada e educada em ambiente que lhe proporcione desenvolvimento pleno, a
segurança de convívio familiar e comunitário, resguardando assim a doutrina da
proteção integral.
31

3 FATORES RESPONSAVEIS PELAS FILAS DE ADOÇÃO NO BRASIL


O processo de habilitação para a adoção se divide em várias fazes como visto
anteriormente. Isso acontece para garantir que os candidatos passem pelo crivo da
estabilidade familiar, idoneidade, dignidade e capacidade emocional, financeira,
social e legal para assumir uma responsabilidade tão grande (Nunes, 2019).
Neste último capítulo, será tratado sobre as burocracias deste processo, a
institucionalização dos menores, bem como as restrições no perfil de escolhas dos
adotante influenciam na morosidade do processo e como tudo isso acarreta em
quebra de expectativas, frustações e desgaste psicológicos de ambas as partes,
transformando o sonho de constituição de uma família em anos de espera..

3.1 MOROSIDADE DO PROCESSO


Como já mencionado, a adoção é um ato efetivo e legal pelo qual uma criança
passa a ter vinculo de filiação de um ou mais adultos, tornando-se então filho pela
lei. Entretanto sabe-se também que, não exclusivo ao processo de adoção, mas de
todo Poder Judiciário que a demora é uma grande questão, pois impossibilita o
andamento regular dos feitos.
A morosidade no processo de adoção pode ser responsável por
consequências incuráveis na vida de um menor institucionalizado, nesse sentido
explana Dias:

Tais ações se arrastam, em face da demora no deslinde do processo, o


menor deixa de ser menor, tornando-se “inadotável”, feia expressão que
identifica que ninguém o quer. O interesse dos candidatos a adoção é
sempre pelos pequenos, assim a omissão do Estado e a morosidade da
Justiça transformaram as instituições em verdadeiros depósitos de
enjeitados, único lar para milhares de jovens até completarem dezoito anos
e depois são colocados na rua (Dias, 2016, p.474.)

A demora que se tem durante todo o processo pode acarretar na perda da


possibilidade de ser aceito em uma nova família, essa omissão do Estado, como
explica a autora acaba levando muitos menores a ficarem institucionalizados está
completarem a maioridade.
Além disso, há uma rigidez muito grande quanto ao processo de adoção no
Brasil, uma extrema burocratização para disponibilizar a criança ou adolescente ao
cadastro nacional de adoção, proveniente do procedimento de destituição do poder
familiar. Nesse contexto ainda Dias diz:
32

É chegada a hora de acabar com a visão romanticamente idealizada da


família. O filho não é uma “coisa”, um objeto de propriedade da família
biológica. Quando a convivência com a família natural se revela impossível
ou desaconselhável, melhor atende ao seu interesse- quando a família não
o deseja, ou não pode tê-lo consigo ser entregue aos cuidados de quem
sonha em ter filho. (Dias, 2016, p. 476).

O processo de adoção se inicia pela fase preliminar de inscrição das partes


interessadas em adotar, e da inscrição do menor no Cadastro Nacional de Adoção.
Em meio ao processo é necessária a intervenção do Estado a todo momento, vez
que de sua responsabilidade regular todo procedimento. Mesmo após a
concretização da adoção ainda é necessário que haja acompanhamento da nova
família.
A lentidão que cerca todos esses acontecimentos é uma dificuldade que que
evidentemente está intrínseca no judiciário brasileiro, quase que algo já natural. Na
tentativa de minimizar esse problema foi proposta a Emenda Constitucional n°
45/2004, que firmou o princípio da razoável duração do processo, na prerrogativa de
eliminar a lentidão nos processos jurídicos.
Sobre o tema Filho destaca:

A norma garante mais que o direito de ação ou de acesso ao judiciário, mas


a sua eficiência, celeridade e tempestividade. Poder-se-ia dizer que a norma
declara o direito fundamental de todos à eficiente realização do processo
pelo qual se leva o pedido à cognição judicial ou administrativa: é assim,
direito ao processo eficiente, muito além do simples direito ao processo .
(Filho, 2005, p. 19)

Há que se destacar a nobre tentativa do Conselho Nacional de Justiça em


propor meios mais céleres, por meio do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento
que interliga todas as Varas de Infância e Juventude do Brasil, no entanto mesmo a
existência deste e ainda que exista norma especifica sobre a celeridade processual,
estes são vencidos quando se trata do processo de adoção, prejudicando ainda
mais os menores que já se encontram prejudicados com a ausência da convivência
familiar a quem tem direito.
É Mmuito comum, durante essa longa espera, que postulantes a adoção
desanimem e desistam do processo, desperdiçando assim a chance de transformar
a vida de muitos menores.
33

A Lei n° 12.010/2009 traz que o período de acolhimento não pode exceder o


prazo de 18 meses, exceto em casos quando houver autorização judicial para tal. Já
o prazo de duração do estágio de convivência é fixado em 90 dias prorrogáveis por
igual período. Estes são os prazos estabelecidos por lei para o tramite deste
processo. Porem cotidianamente esses prazos são descumpridos.
Os processos de adoção são só um dos tipos de processos que caminham
por anos na justiça brasileira, arrastando-se por tempos, no entanto quando se fala
do instituto da adoção há de se ter o entendimento que não trata-se apenas de um
processo jurídico, mas sim de um ato revestido da vontade de formar uma família,
assim inserindo novamente o menor em um seio familiar, que de forma voluntaria lhe
garanta carinho, educação amor e segurança.

3.2 PERFIL ESCOLHIDO PELOS PRETENSOS ADOTANTES


Para além das questões técnicas trazidas anteriormente existem também
questões sociais que dificultam o processo de adoção, a que se falar especialmente
da discrepância entre o perfil pelo qual buscam os adotantes em razão da realidade
dos menores que se encontram nos abrigos.
A discriminação em razão de raça, idade e problemas de saúde é ponto
bastante critico em razão do cenário atual nas intuições de acolhimento, isso por que
nelas, existem crianças e adolescentes que aguardam por anos a chegada de uma
família enquanto muitas famílias passam anos nas filas aguardando por um perfil de
criança que não corresponde a realidade.
Adiante, os dados provenientes do painel de acompanhamento de adoção do
CNJ serão destrinchados, afim de demostrar como as preferências dos adotantes
influenciam diretamente na demora do processo e consequentemente nas causas
das filas de adoção.

3.2.1 ESTATÍSTICAS SOBRE AS PREFERÊNCIAS DOS ADOTANTES


CONFORME O SNA
Ha no cadastro do SNA 35.845 candidatos a adoção, em contrapartida
existem 4.488 menores institucionalizados disponíveis para a adoção. Os dados
obtidos no relatório estatístico nacional refletem de maneira clara a preferência dos
adotantes. Neste sentido veja-se o que explica Valdemar Da Luz (2009):
34

Conforme dados estatísticos, embora pareça, paradoxal, o número de


adotantes supera o de adotandos. A justificativa é a de que nem sempre as
características dos adotandos coincidem com a preferência dos adotantes:
criança de pele clara, com no máximo três anos de idade e que seja filho
único. Esse é o perfil desejado pela maioria dos casais brasileiros que
pretendem adotar. Ocorre que a maior parte dessas crianças é formada de
grupos de irmãos, que não podem ser separados, com idade superior a três
anos e portadores de algum tipo de necessidade especial. (Luz, 2009, p.
238).

Assim, poderá ser observado adiante as características dos perfis escolhidos


pelos pretendentes que aguardam na fila. Em relação a etnia, verifica-se que 61,1%
não fazem distinção, 32,6% preferem crianças brancas, 28,1% pardas e 6,0%
preferem crianças pretas.
Em relação a proporção de menores, destes 52,3% são pardas 28,9% são
pardas, 17,0% pretas e 0,7% amarelas/indígenas.

Grafico 1: Etnia das crianças/adolecentes disponiveis para adoção x Etnia aceita


pelos candidatos a adoção.

Fonte: Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, CNJ.

Já com relação ao gênero, conforme domonstrado a baixo, 68,8% dos


pretendentes não fazem distinção, 24,3% optam pelo sexo masculino e 6,9% pelo
sexo masculino. Com relação aos menores 55,1% são do sexo masculino enquanto
44,9% são do sexo feminino.
35

Grafico 2: Gênero das crianças/adolecentes disponiveis para adoção x Gênero


aceito pelos candidatos a adoção.

Fonte: Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, CNJ.

É quando analiza-se a idade e as retriçoes problemas de saúde e numero de


irmão que as mazelas começam a surgir, isso por que 19,4% dos menores possuem
algum tipo de problema de saude, porém 62,5% dos pretendentes não aceitam esse
tipo de condição:

Grafico 3: Número de crianças/adolecentes com problemas de saúde disponiveis


para adoção x Número de candidatos a adoção que aceitam problemas de saúde.

Fonte: Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, CNJ.


36

Entre os diversos preconceitos, o relacionado a condição de saude é muito


relavante, outrossim, a necessidade de cuidado e mostra mais acentuada, por esse
motivo a legislação prevê prioridade na tramitação dos processos de adoção onde o
adotado possua algum problema de saude.
Outra caracteristica importante é em relação ao numero de irmãos a que se
está disposto a adotar, vês que o ECA preconiza que grupo de irmão devem
permanecer juntos, para que se manham os vinculos fraternos (Brasil, 1990). No
entanto a adoção de grupos de irmão é desprevilegiada, isso por que 61,8% dos
candidatos não aceita adotar grupo de irmãos, enquanto 57,7% dos menores
pertencem a grupos de 2 ou mais irmãos.

Grafico 4: Número de crianças/adolecentes que possuem irmãos x Número de


irmãos aceitos pelos candidatos a adoção.

Fonte: Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, CNJ.

A adoção conjunta é o ideal na busca de se manter ao menos o vinculo


sanguineo com os irmãos, no entanto a realidade mostra a maioria dos
pretendentes opta por crianças sem irmãos. Mesmo os dispositivos legais buscando
o bem estar social dos menores, nesse casos, acaba por contribuir com a
morosidade do processo na medida que impede a adoção por impor condições
insustentaveis e imcompativeis com a realidade.
Ultimo criterio de perfil a ser analisado é a idade. Silveira (2021) diz que “a
grande questão, para a adoção, está na idade das crianças e dos adolescentes
37

aptos à adoção”, isso por que os dados estatístico evidenciam que, do universo de.
4.488 menores disponíveis no SNA 3.505 possuem mais de 6 anos, ou seja, 78.9%
já passaram da idade “preferida” dos candidatos, já que apenas 19,7% deles
aceitam essa idade no perfil enquanto a grande maioria, 80,2 só aceitam crianças
até 6 anos de idade como veja-se a baixo:

Grafico 5: Faixa etária das crianças/adolecentes disponiveis para adoção x Faixa


etária aceito pelos candidatos a adoção.

Fonte: Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, CNJ.

Significa dizer que, entre os candidatos a adoção e os menores os dados são


alarmantes, pois mostram que grande parte dos infantoadolescentes permaneceram
fora do perfil dos adotantes e consecutivamente excluídos da possibilidade de
reinserção em um núcleo familiar. Se analisados os dados referentes a idade e
grupo de irmãos juntos, a possibilidade de adoção diminui, e acrescentado o fator
doença o índice cairá ainda mais. Nesse cenário a maioria das crianças e
adolescentes continuaram em situação de acolhimento. Segundo Silveira:

Todos esses dados e números revelam que a adoção, no Brasil, ainda está
sendo trabalhada pela máxima de dar um filho a alguém, e não sob o olhar
necessário – e exigido pela Doutrina da Proteção Integral – de se garantir
uma família às crianças e aos adolescentes, para que elas possam ser
amadas e se desenvolver na plenitude de suas possibilidades. (Silveira,
2021, p. 27).
38

Ou seja, segundo Silveira a objetificação dos menores é um dos relevantes


fatores que agravam a situação, não se abstendo o dever do Estado, já que é a
única via pela qual a adoção pode acontecer, tendo este, o dever de se aprofundar
nessas questões pra garantir o princípio do Melhor interesse do menor.
Alguns autores fundamentam que a causa está diretamente vinculada ao
perfil pretendido na adoção, como a exemplo Almeida:

A avaliação de resultados obtidos é conclusiva quanto ao fato de que a


conjectura testada se confirma: ao lançar mão de análise comparativa dos
dados disponibilizados no Cadastro Nacional da Adoção pelo Conselho
Nacional de Justiça, foi possível aferir que as escolhas empreendidas no
processo de adoção, no Brasil, seguem – de forma mais ou menos direta –
padrões que refletem predileções e preterições, por parte dos pretendentes,
nas características fenotípicas das crianças e adolescentes em condições
de serem adotados. É justamente essa seleção – fundada em critérios de
idade, sexo, saúde e presença ou não de irmão adotandos – que contribui
decisivamente para o agravamento do tempo necessário para conclusão do
processo de adoção – o qual, em virtude das exigências legais, já é, como
já comentado, per si, burocrático e demorado (Almeida, 2019, p.63).

Como traz Almeida, as predileções e as preterições dos habilitados,


influenciam no tempo de espera, e essas escolhas baseadas em sexo, idade, cor,
doenças e números de irmãos acabam por contribuir para um processo ainda mais
moroso.

[Criar uma lista de figuras]


39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

[faça uma síntese em dois parágrafos de cada capítulo, depois teça breves
comentários respondendo o título do seu trabalho]
40

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