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CURSO DE DIREITO
CAMPO GRANDE - MS
2023
THAIS SANTOS VIEIRA DA ROCHA
CAMPO GRANDE - MS
2023
THAIS SANTOS VIEIRA DA ROCHA
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
ABSTRACT
The research aims to demonstrate the rights and duties of multiparenthood in the civil
registry. In recent years there have been changes regarding the concept of family, with
the mere patriarchal family no longer existing. Within this, the advent of the Citizen
Constitution of 1988, which recognized the family institution as one provided with
emotional coexistence, meaning that filiation, even if it does not contain blood ties, has
the same rights and duties as those who have them. In this way, multiparenthood or
double paternity is guaranteed by jurisprudence, supervening, however, on rights and
duties, ensuring that families that do not have consanguinity, but have emotional ties,
can be formally created, with inclusion in the child's Civil Registry (the). To carry out
the study, qualitative bibliographical research was used.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 EVOLUÇÃO LEGAL DAS ENTIDADES FAMILIARES..........................................12
2.1 O NOVO CONCEITO DO DIREITO FAMILIAR.....................................................14
2.2 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA.................................................16
2.2.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.......................................................17
2.2.2 Princípio da Igualdade Entre os Cônjuges..........................................................18
2.2.3 Princípio da Igualdade Entre os Filhos...............................................................19
2.2.4 Princípio da Solidariedade.................................................................................20
2.2.5 Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente............................21
2.2.6 Princípio da Afetividade .....................................................................................22
2.3 A FILIAÇÃO LEGITIMA E A PARIDADE NA FILIAÇÃO........................................23
3 MULTIPARENTALIDADE OU DUPLA PATERNIDADE.........................................25
3.1 A IMPORTÂNCIA DO AFETO PARA A MULTIPARENTALIDADE........................28
3.2 OS PRINCÍPIOS RELATIVOS A MULTIPARENTALIDADE.................................29
3.3 OS DIREITOS E DEVERES DECORRENTES DA DUPLA PATERNIDADE.........32
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................34
REFERÊNCIAS..........................................................................................................36
10
1 INTRODUÇÃO
que concede ao filho o direito de reconhecer além dos genitores biológicos, um genitor
afetivo, pelo qual ele entenda como pai/mãe por afetividade. Adquirindo estes, depois
do reconhecimento, capacidade para responderem por direitos e deveres referentes
a relação familiar.
Deste modo, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar a evolução
familiar, as entidades familiares e seus princípios, bem como, os direitos e deveres
relativos a multiparentalidade no registro civil, o que foi feito por meio de uma pesquisa
bibliográfica do tipo qualitativa.
12
Nunca as coisas haviam mudado tão rapidamente para uma parte tão grande
da humanidade. Tudo é afetado: arte, ciência, religião, moralidade, educação,
política, economia, vida familiar, até mesmo os aspectos mais íntimos da vida,
nada escapa (ZAMBERLAM, 2007, p.46).
Dessa forma, o autor faz referência ao artigo 226 da Constituição Federal, que
preceituou o novo conceito familiar, bem como ao artigo 227 da carta magna que
preceituou acerca dos direitos das crianças no núcleo familiar e deveres de seus
genitores, assim torna-se evidente que o princípio da afetividade foi essencial para a
evolução social da família.
E ainda, sob a mesmo olhar de importância da criação dos filhos, que se fazem
pela afetividade, outro ordenamento jurídico, o ECA, faz uma menção sobre a família
natural em seu artigo 25, que diz: “entende-se por família natural comunidade formada
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes”, (BRASIL, 1990).
Assim o artigo traz o significado de que a família natural não é somente aquela
que tem em sua formação o pai e a mãe juntos, mas também aquela que tem somente
um dos genitores com os filho, ela é conhecida também como família monoparental.
16
Deste modo, é notório que todos os seres humanos devem ser tratados com
dignidade e respeito, e ainda, que todos devem ter o direito de disfrutar de uma vida
justa.
18
Por isso, a Carta Magna de 1988, veda qualquer forma discriminatória de tratar
as famílias, como também aceita e institui os modelos mais modernos que ela se
funde, como por exemplo a multiparentalidade, mesmo que ela seja ainda
normatizada apenas pela jurisprudência, isso só aconteceu porque a CF/88 abriu
caminhos para que o judiciário pudesse interpretar os casos concretos de maneira
mais humana e sem discriminação.
Deste modo, é fato que nos dias atuais não são aceitas mais diferenciações
entre os cônjuges e companheiros. Além disso, é evidente que o ordenamento jurídico
atual trabalhou para que esse direito fosse assegurado para ambos os consortes.
Além disso, vale salientar que esse dever é de todos os tipos de pais, adotivo,
natural, legitimo, afetivo, assim como é dever também de todos os tipos filhos em suas
diversas formas de serem filhos.
Assim, é notória a importância do referido princípio tanto para as relações
humanas, quanto para as relações familiares, este é um princípio que se encontra
intimamente ligado com os direitos humanos, não foi por acaso que a carta magna o
adicionou como um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil.
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, fixou tese
nos seguintes termos: "A paternidade socioafetiva, declarada ou não em
registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios",
vencidos, em parte, os Ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio. Ausente,
justificadamente, o Ministro Roberto Barroso, participando do encontro de
juízes de Supremas Cortes, denominado Global Constitucionalismo
Seminário, na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Presidiu o
julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 22.09.2016 (BRASIL, 2016).
Com base no caso supracitado é possível compreender que o registro civil com
reconhecimento de genitor afetivo, não acarretará no impedimento do filho de buscar
o reconhecimento do seu genitor biológico, e que também comprovada a biológica o
fato não acarretará o perdimento da paternidade afetiva, ambos figurarão no polo de
genitores, devendo ambos serem responsabilizados por direitos e deveres em relação
ao filho, sejam esses morais, materiais, sucessórios, assim como o filho também
deverá auxiliar ambos os pais na velhice.
28
A família moderna trouxe com ela a valorização do afeto no meio familiar. Esse
elemento é a base para a maior parte das relações familiares atuais, assim ele passa
também a constituir um valor jurídico, no qual diversos casos são solucionados com
base nele, o afeto. Isto aconteceu, pois, a convivência, a atenção, o carinho, a
reciprocidade, passaram a ter uma relevância maior no seio familiar, com isso o
aspecto biológico passa a não ser mais o único meio de formação de um núcleo
familiar. Outras formas de família foram criadas, e provaram com base no afeto e nos
princípios do direito de família a eficácia de seu funcionamento.
Com fundamento nessa nova forma de constituir um núcleo familiar, a filiação
socioafetiva foi ganhando reconhecimento, visto que, seu princípio básico era o da
afetividade. Dessa forma, com essas evoluções no meio familiar o judiciário brasileiro
passou a interpretar sob um panorama mais extenso, levando em consideração
alguns princípios, entre eles, o da afetividade, o da dignidade da pessoa humana, o
do melhor interesse do menor e da paternidade responsável.
Acerca do tema Fachin, (1999) diz:
Nos dias de hoje, outra é a família, outros são os valores, outra é a finalidade
de se estar junto, num mesmo núcleo familiar. Não é mais o indivíduo que
existe para a família e para o casamento, mas a família e o casamento
existem para o seu desenvolvimento pessoal, em busca de sua aspiração à
felicidade (FACHIN, 1999).
Ou seja, o atual modelo familiar que busca pela felicidade dos seus membros,
concede mais espaço para os laços afetivos, não se enquadra mais nos moldes
anteriores a carta magna de 1988, da família culturalmente hierarquizada e patriarcal.
Dentro disso, o reconhecimento da multiparentalidade é um grande avanço no
que diz respeito ao afeto em relações familiares. Pois, este modelo familiar é num
primeiro momento constituído pela convivência, pela vontade de um genitor afetivo,
que com carinho, cuidado, atenção, desempenha o papel de pai ou mãe, para num
segundo momento, requerer seu reconhecimento formal, a ordem das ações que se
forma a multiparentalidade é uma prova da presença do princípio da paternidade
responsável na relação, pois é uma pessoa que se fez genitor com ações e obrigações
e posteriormente requereu o seu direito de se intitular como tal.
29
[...]A afetividade enquanto critério, por sua vez, gozava de aplicação por
doutrina e jurisprudência desde o Código Civil de 1916 para evitar situações
de extrema injustiça, reconhecendo-se a posse do estado de filho, e
consequentemente o vínculo parental, em favor daquele utilizasse o nome da
família (nominatio), fosse tratado como filho pelo pai (tractatio) e gozasse do
reconhecimento da sua condição de descendente pela comunidade
(reputatio). 13. A paternidade responsável, enunciada expressamente no art.
226, § 7º, da Constituição, na perspectiva da dignidade humana e da busca
pela felicidade, impõe o acolhimento, no espectro legal, tanto dos vínculos de
filiação construídos pela relação afetiva entre os envolvidos, quanto daqueles
originados da ascendência biológica, sem que seja necessário decidir entre
um ou outro vínculo quando o melhor interesse do descendente for o
reconhecimento jurídico de ambos. 14. A pluriparentalidade, no Direito
Comparado, pode ser exemplificada pelo conceito de “dupla paternidade”
(dual paternity), construído pela Suprema Corte do Estado da Louisiana,
EUA, desde a década de 1980 para atender, ao mesmo tempo, ao melhor
interesse da criança e ao direito do genitor à declaração da paternidade.
Doutrina. 15. Os arranjos familiares alheios à regulação estatal, por omissão,
não podem restar ao desabrigo da proteção a situações de pluriparentalidade,
por isso que merecem tutela jurídica concomitante, para todos os fins de
direito, os vínculos parentais de origem afetiva e biológica, a fim de prover a
mais completa e adequada tutela aos sujeitos envolvidos, ante os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e da paternidade
responsável (art. 226, § 7º) [...] (BRASI, 2016).
afinal, não existe distinção entre eles. Além disso, é importante destacar que, se por
ventura o filho venha a falecer antes dos seus ascendentes, sem deixar descendentes,
ou cônjuge, os genitores herdarão de maneira igual, sem diferenciação ou reserva
entre eles, herdarão por cabeça.
Portanto, é perceptível que a existência de dois genitores ocupando o mesmo
lugar não os exclui de suas obrigações para com o filho, assim como um filho quando
tiver dois genitores em mesma posição não será poupado de cuidar de um pai ou mãe
por estar cuidado do outro.
34
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, teve como objetivo tratar sobre como a dupla paternidade
no registro civil teve seu reconhecimento, por meio de uma análise histórica das
mudanças nos núcleos familiares. Mudanças as quais, somente ganharam espaço
após a Constituição Federal de 1988, que reconheceu novos modelos familiares, e
também colocou todos os membros de uma família em grau de igualdade, fato que
não era possível no modelo familiar anterior que era patriarcal, hierarquizado, baseado
no Código Civil de 1916.
Além disso, também foi discutido sobre a forma como os princípios do ramo do
direito de família são importantes para a resolução de situações familiares, que se
encontra em constante mudança. Outrossim, os princípios também foram
fundamentais para o reconhecimento de direitos entre os casais, entre os filhos, e
ainda essencial para o reconhecimento da dupla paternidade, uma vez que ela se
encontra intimamente vinculada ao princípio da afetividade, pois é por meio do afeto
que a mesma é reconhecida.
Conjuntamente, por meio de uma análise jurisprudencial, tornou-se perceptível
que o poder judiciário, com relação a resolução de conflitos relativos ao direito de
família, vem caminhando em harmonia com carta magna de 1988, com os princípios
do direito de família, bem como com a doutrina. O mesmo, reconheceu a dupla
paternidade no registro civil com base em princípios e na constituição, por meio do
julgamento da Suprema Corte, do tema nº 622, do ano de 2016.
Ademais, foi objeto de estudo os direito e deveres relativos a dupla paternidade
no registro civil, tratando as obrigações e deveres dos pais para com o filho, e do filho
para com os pais, em uma relação de dupla paternidade, a qual também é
fundamentada pela constituição Federal de 1988, e pelos princípios.
Enfim, é evidente que a família contemporânea se modificou, flexibilizou e se
transformou no reconhecimento de diversos arranjos familiares. Assim, o
reconhecimento da multiparentalidade e de outros modelos familiares, faz com que a
família constituída por meio do matrimonio não seja mais o único modelo familiar
legítimo.
Com isso, é possível concluir que o Direito de Família, tem por objetivo
acompanhar as novas concepções familiares, e evoluir com base no respeito a
35
REFERÊNCIAS
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Tema n. 622. Relator: Min. Luiz Fux. Brasília:
2016. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incid
ente=4803092&numeroProcesso=898060&classeProcesso=RE&numeroTema=622
Acesso em: 16 nov. 2023.
CARVALHO, Dimas Messias de. Direito das Famílias. 4ª ed. Minas Gerais: Saraiva;
2015.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 7. ed. Barueri, SP:
Atlas, 2022.