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A origem da propriedade

A propriedade e o consentimento de todos

Visto que a terra está para o usufruto de todos é necessário o


consentimento de todos para a propriedade?

A razão estabelece que aquele que realiza o trabalho possui a propriedade


naquilo que modificou sem a necessidade de consentimento de todos.
◦O Segundo
Tratado sobre
o governo
Civil
A origem da propriedade
Qual o limite da propriedade?
No início da humanidade, frente a amplidão das terras e o tenho diminuto da
população, ninguém poderia ser lesado ou lesar os outros ao requerir a propriedade por
via do trabalho.

Qualquer um poderia, por via do trabalho, tomar um pedaço de terra tão bom ou os
frutos da terra da mesma qualidade que os demais.

◦O Segundo Assim, todos poderiam requerer e usufruir tudo para o seu bem na medida em que seu
trabalho alcança-se.
Tratado sobre
o governo Mas seja o que for, e eu não vou mais insistir nisso, ouso corajosamente afirmar que a mesma regra de
propriedade, ou seja, que cada homem deve ter tanto quanto pode utilizar, ainda permaneceria
Civil válida no mundo sem prejudicar ninguém, visto haver terra bastante para o dobro dos habitantes, se a
invenção do dinheiro e o acordo tácito entre os homens para estabelecer um valor para ele não
tivesse introduzido (por consentimento) posses maiores e um direito a elas; como isso se deu, irei
aos poucos mostrando mais amplamente.
A origem da propriedade
A origem do dinheiro

Trabalho Excedente Troca Representação


◦O Segundo
Tratado sobre
o governo
Civil
A origem da sociedade civil
O argumento biológico e o religioso

A família é a unidade social básica, mas não estabelece


uma sociedade civil.

Homens e mulheres se juntam no consórcio familiar em


◦O Segundo função de uma determinação divina: Deus não fez o
Tratado sobre homem para ficar só.
o governo
A família se mantém em função da preservação da vida
Civil dos filhos e tem sua duração enquanto para realizar essa
necessidade.
A origem da sociedade civil
A manutenção do direito natural e o estado de natureza

◦O Segundo
Em função da lei natural Mas no estado de natureza Para garantir a
Tratado sobre todos tem direito de agir e
julgar para a preservação
o exercício da lei natural
pode gerar várias
universalização do direito
natural, como exigência
o governo da propriedade (Vida,
corpo, bens e liberdade).
dificuldade, pois cada um
é juiz e um executor.
da lei natural, cria-se a
sociedade civil.
Civil
A origem da sociedade civil
A manutenção do direito natural e o estado de natureza

Porém o ato formador da sociedade civil é abandonar o exercício particular


da lei natural e depositá-lo na mão do corpo político.

Por meio da legislação se estabelece os critérios e o papel do corpo político


para a manutenção da propriedade

◦O Segundo
“Por isso, todas as vezes que um número qualquer de homens se unir em uma sociedade, ainda
Tratado sobre que cada um renuncie ao seu poder executivo da lei da natureza e o confie ao público, lá, e
somente lá, existe uma sociedade política ou civil. E isso acontece todas as vezes que
o governo homens que estão no estado de natureza, em qualquer número, entram em sociedade para
fazerem de um mesmo povo um corpo político único, sob um único governo supremo; ou
Civil todas as vezes que um indivíduo se une e se incorpora a qualquer governo já estabelecido.”
A origem da sociedade civil
Crítica ao absolutismo
“Os homens passam assim do estado de natureza para aquele da comunidade
civil, instituindo um juiz na terra com autoridade para dirimir todas as controvérsias e
reparar as injúrias que possam ocorrer a qualquer membro da sociedade civil; este juiz
é o legislativo, ou os magistrados por ele nomeados. E onde houver homens, seja qual
for seu número e sejam quais forem os elos que os unem, que não possam recorrer à
decisão de um tal poder, eles ainda estão no estado de natureza”.

◦O Segundo
Tratado sobre O absolutismo não rompe o estado de natureza e não funda uma
sociedade civil.
o governo
O absolutismo não impede que alguém (o soberano) julgue em causa
Civil própria, o que é o motivo da sociedade civil.
Um dos aspectos mais importantes da filosofia política de John Locke é sua defesa do direito à propriedade,
que ele considerava ser algo inerente à natureza humana, uma vez que o corpo é nossa primeira propriedade.
De acordo com esta perspectiva, o Estado deve

a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou propriedades.


b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção, tenham alguma propriedade.
c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens.
d) fazer com que a propriedade seja comum a todos os cidadãos.
John Locke (1632-1704) é um dos fundadores do empirismo. Atualmente, é pouco lido. Muito ganharíamos,
entretanto, se nos ocupássemos novamente dos tratados sobre o governo civil, com a carta sobre a tolerância e,
particularmente, com o ensaio sobre o entendimento humano.
Assinale a alternativa que apresenta um fragmento do seu pensamento.
a) O direito de propriedade é a base da liberdade humana porque todo homem tem uma propriedade que é sua
própria pessoa. O governo existe para proteger esse direito.
b) Há uma busca de equilíbrio entre a autoridade do poder e a liberdade do cidadão. Para que ninguém possa
abusar da autoridade, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder detenha o poder. Daí a separação entre
poderes legislativo, executivo e judiciário.
c) A organização do mundo e sua finalidade interna só se explicam pela existência de um Criador inteligente: Este
mundo me espanta e não posso imaginar / Que este relógio exista e não tenha relojoeiro.
d) Deve haver exaltação da razão e da dúvida: Existe, porém, uma coisa de que não posso duvidar, mesmo que o
demônio queira sempre me enganar. Mesmo que tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso.
Nenhum objeto de pensamento resiste à dúvida, mas o próprio ato de duvidar é indubitável.
e) O regime democrático deve ser aquele que tem a aptidão de manter vigentes os termos do pacto social, bem
como os dispositivos garantidores da liberdade político-contratual. O povo inglês pensa ser livre, mas engana-
se grandemente; só o é durante a eleição dos membros do parlamento: assim que estes são eleitos, é escravo;
nada é.
Um dos mais importantes teóricos da revolução burguesa ocorrida na Inglaterra durante o século XVII, o
filósofo John Locke, defendeu ideias que serviram de base ao pensamento iluminista e influenciaram
movimentos contra o Antigo Regime na Europa. Na visão do autor, a função básica do Estado deveria ser

a) controlar as ações dos homens, punindo todos aqueles que agissem contrariamente às leis.

b) regulamentar as relações humanas, eliminando os conflitos causados por interesses divergentes.

c) dirigir os seres humanos em suas escolhas, evitando disputas por questões sociais ou econômicas.

d) manter a estabilidade da organização social, definindo as obrigações e privilégios de cada camada.

e) proteger os direitos naturais do indivíduo, garantindo o respeito a eles por toda a sociedade.
Leia atentamente o seguinte excerto:

“A liberdade do homem em sociedade consiste em não estar submetido a nenhum outro poder legislativo senão àquele estabelecido no corpo
político mediante consentimento, nem sob o domínio de qualquer vontade ou sob a restrição de qualquer lei afora as que promulgar o poder
legislativo, segundo o encargo a este confiado”.

LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Martins Fontes, 1998, p. 401-402. Adaptado.

Considerando a definição de liberdade do homem em sociedade, de John Locke, atente para as seguintes afirmações:

I. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke elimina totalmente o direito de cada um de agir conforme a sua vontade.

II. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke consiste em viver sob a restrição das leis promulgadas pelo poder
legislativo.

III. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke consiste em viver segundo uma regra permanente e comum que todos
devem obedecer.

É correto o que se afirma em

a) I e II apenas.
b) I e III apenas.
c) II e III apenas.
d) I, II e III.
Os objetivos da sociedade civil

Primeiro: o objetivo capital e principal da união dos homens em


comunidades sociais e de sua submissão a governos é a
preservação de sua propriedade.

Segundo: falta no estado de natureza um juiz conhecido e


imparcial, com autoridade para dirimir todas as diferenças
◦O Segundo segundo a lei estabelecida.
Tratado sobre
Terceiro: no estado de natureza frequentemente falta poder para
o governo apoiar e manter a sentença quando ela é justa, assim como para
Civil impor sua devida execução.
Os objetivos da sociedade civil: a renúncia dos
poderes
No estado de natureza os humanos tem os poderes de:

Liberdade;

Fazer o que ele acha conveniente para sua própria preservação e para
◦O Segundo aquela dos outros dentro dos limites autorizados pela lei da natureza;
Tratado sobre
o governo
O poder de punir os crimes cometidos contra aquela lei.
Civil
Os objetivos da sociedade civil: a renúncia dos
poderes
Na sociedade civil eles renunciam:

O primeiro poder, ou seja, aquele de fazer o que julga conveniente para a


sua própria preservação e a do resto da humanidade, ele deixa a cargo da
sociedade, para que ela o regulamente através de leis, na medida em que
isto se faça necessário para a sua preservação e a do restante daquela
sociedade; estas leis da sociedade em muitos pontos restringem a
◦O Segundo liberdade que ele possuía pela lei da natureza.
Tratado sobre
o governo
Ao segundo, o poder de punir, ele renuncia inteiramente e empenha sua
Civil força natural (que antes podia empregar como bem entendesse, por sua
própria autoridade, para fazer respeitar a lei da natureza) para ajudar o
poder executivo da sociedade, conforme a lei deste exigir.
As formas da comunidade civil
Locke classifica as distinções entre as formas de sociedade e governos de acordo
com os modos como as sociedades determinam a distribuição do poder de fazer
lei

a maioria detém naturalmente todo o poder comunitário, que ela pode


utilizar para de tempos em tempos fazer leis para a comunidade, e para
providenciar o cumprimento destas leis por funcionários por ela nomeados.

◦O Segundo
Tratado sobre
Democracia perfeita
o governo
Civil
As formas da comunidade civil
Locke classifica as distinções entre as formas de sociedade e governos de acordo
com os modos como as sociedades determinam a distribuição do poder de fazer
lei
Colocar o poder de fazer as leis nas mãos de um grupo selecionado de homens, e de seus
herdeiros ou sucessores.

Oligarquia

◦O Segundo Pode também colocá-lo nas mãos de um só homem; se ela o entrega a este homem e a seus herdeiros

Tratado sobre
Monarquia hereditária
o governo Se o entrega a ele apenas em vida, e após sua morte retorna a ela o poder exclusivo de nomear um
Civil sucessor, é uma monarquia eletiva.

Monarquia eletiva
A divisão dos poderes
É necessário que as pessoas que propõem as leis não sejam aquelas que as
executam.

Poder Legislativo

Poder Executivo

Poder Federativo
◦O Segundo
Tratado sobre
o governo
Civil
A divisão dos poderes
É necessário que as pessoas que propõem as leis não sejam aquelas que as
executam.
O legislativo

nas comunidades civis bem organizadas, onde se atribui ao bem comum a importância que ele merece,
confia-se o poder legislativo a várias pessoas, que se reúnem como se deve e estão habilitadas para
legislar, seja exclusivamente, seja em conjunto com outras, mas em seguida se separam, uma vez
realizada a sua tarefa, ficando elas mesmas sujeitas às leis que fizeram.

◦O Segundo
O executivo
Tratado sobre
Mas como as leis que são feitas num instante e um tempo muito breve permanecem em vigor de
o governo maneira permanente e durável e é indispensável que se assegure sua execução sem
descontinuidade, ou pelo menos que ela esteja pronta para ser executada, é necessário que
Civil haja um poder que tenha uma existência contínua e que garanta a execução das leis à medida
em que são feitas e durante o tempo em que permanecerem em vigor.
A divisão dos poderes
É necessário que as pessoas que propõem as leis não sejam aquelas que as
executam.

O federativo

Este poder tem então a competência para fazer a guerra e a paz, ligas e alianças, e todas as
transações com todas as pessoas e todas as comunidades que estão fora da comunidade civil; se
◦O Segundo quisermos, podemos chamá-lo de federativo. Uma vez que se compreenda do que se trata, pouco
me importa o nome que receba.
Tratado sobre
o governo
Civil
Leia o texto a seguir.
Tendo o homem nascido com um direito à liberdade perfeita e em pleno gozo de todos os direitos e
privilégios da lei da natureza, da mesma forma que qualquer outro homem ou grupo de homens no mundo;
tem ele por natureza o poder não apenas de preservar sua propriedade – ou seja, sua vida, sua liberdade,
seus bens – contra as depredações e intentos de outros homens, como também de julgar e punir as violações
dessa lei por outros. […] Sempre que qualquer número de homens se reúne em uma sociedade de modo que
cada um renuncie ao poder executivo da lei da natureza e o confie ao público, então, e somente então,
haverá uma sociedade política ou civil.
Adaptado de LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo: ensaio referente à verdadeira origem, extensão
e objetivo do governo civil.
§§ 87- 88. In: LOCKE, John. Dois Tratados sobre o Governo. Tradução de Júlio Fischer. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.

Com base na leitura do texto, discorra sobre como Locke fundamenta a formação da sociedade
política.

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