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As diferentes percepções do tempo

O tempo é essencial para o estudo da História, e podemos Já as rupturas representam as mudanças bruscas que ocorrem
percebê-lo e medi-lo de várias maneiras. Existe o tempo da no processo histórico. Geralmente, são acontecimentos
natureza, que não depende da vontade humana e pode ser breves, como uma revolução, uma catástrofe natural ou a
percebido, por exemplo, pelo crescimento das árvores ou, assinatura de uma lei, que causam transformações repentinas
então, pelo envelhecimento das pessoas. Há também o tempo em uma sociedade. Os estudos históricos permitem-nos
cronológico, que pode ser contado e também dividido em afirmar que nem tudo sempre foi do jeito que é e também que
diferentes unidades de medida: segundo, minuto, hora, dia, nada fica igual para sempre. Pela análise de imagens, por
mês, ano, entre outras. O tempo cronológico obedece a regras exemplo, podemos observar as transformações que
humanas e, por isso, é um produto cultural, podendo variar de aconteceram ao longo de determinado período de tempo e
uma sociedade para outra. também aquilo que permaneceu semelhante.
O homem constrói e transforma as cidades. Muitas
transformações permanecem para contar a nossa história e de ATIVIDADES
nossos antepassados. Há cidades de diferentes tamanhos, e
elas são transformadas para atender às nossas necessidades. 1- Classifiquem os acontecimentos históricos descritos abaixo
O tempo para os indígenas como: eventos de curta, eventos de média ou eventos de
Entre diversos povos indígenas que vivem no Brasil, a longa duração.
observação e a imersão da natureza são fatores determinantes
para a organização da comunidade, das atividades cotidianas e A) Um discurso político:
também dos momentos especiais, como as celebrações. B) O período de uma guerra:
Leia o relato a seguir, concedido pelo indígena Awasiu Kaiabi. C) Mandato de um presidente:
Antigamente os Kaiabi só usavam marcadores tradicionais, como D) Um determinado sistema monetário:
por exemplo: pássaros, flores, lua, peixes, plantas, libélula e sapo.
E) Um sistema religioso:
A cigarra marca o tempo da chuva, a borboleta marca a época de
verão, a libélula marca o tempo da primeira chuva. Quando o F) Inauguração de uma obra pública:
mutum canta, época de verão, quando o sapo canta, vai fazer G) Uma apresentação artística:
muito frio naquela região. [...] As plantas marcam o tempo da H) Os hábitos alimentares:
seca, época da roçada. Então são esses os marcadores de tempo
I) Uma manifestação:
para o povo Kaiabi, que são utilizados ainda no Parque Indígena
do Xingu. J) O tempo de um regime político:
O tempo histórico
As transformações sociais não ocorrem sempre no mesmo 2- Como pode ser dividido o Tempo cronológico?
ritmo: há mudanças que acontecem depressa, e outras que
demoram mais tempo. O tempo histórico permite que o
historiador analise essas transformações e também as
permanências da vida social, ou seja, aquelas mudanças de
ritmo mais demorado e, por isso, mais difíceis de ser notadas.
Para facilitar o entendimento das transformações e das 3- Quais marcadores do tempo que ainda são utilizados no
permanências sociais, o historiador francês Fernand Braudel Parque Indígena do Xingu?
(1902-1985) propôs três diferentes durações do tempo
histórico. Veja
[...] O estudo dos fenômenos históricos inclui três níveis: o
tempo dos acontecimentos, de breve duração; o tempo das
conjunturas, um período médio de 10, 20 ou 50 anos no qual um
determinado conjunto de acontecimentos se prolonga; e o
4- Você acha que o bairro onde você mora está igual a 15 anos
tempo da longa duração, que abrange séculos e se caracteriza
pela estabilidade. atrás? Por que?

Mudanças, permanências e rupturas


As diferentes durações do tempo histórico, quando
comparadas umas com as outras, permitem ao historiador 5- Se puder, converse com seus pais para descobrir quais
perceber as mudanças, as permanências e as rupturas que foram as mudanças que aconteceram na cidade onde você
ocorrem nos processos históricos. Os fatos que se mora.
transformam lentamente no decorrer de séculos dão a
impressão de não se alterar e, por isso, podem ser
considerados permanência. A escravidão, que durante cerca
de 350 anos foi a principal forma de exploração do trabalho no
Brasil, é um exemplo disso, pois ainda hoje vivenciamos seus
desdobramentos, como o racismo.

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