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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino à Distância

Centro de Recursos de Nampula

A História e a Concepção do Tempo

Salimo Somar

Nampula, Novembro de 2021


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Ensino à Distancia

Centro de Recursos de Nampula

A História e a Concepção do Tempo

Salimo Somar

Trabalho Científico apresentado ao


Departamento do ensino de Historia da
Universidade Católica de Moçambique,
Centro de Ensino a Distância - Nampula,
com o intuito de obtenção da 1ª Avaliação
da cadeira de Introdução aos Estudos
Históricos, 1º Ano.

Tutor: Msc. João Tavares Guerra

Nampula, Novembro de 2021


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Índice
1. Introdução ........................................................................................................................ 3

1.1. Objectivo Geral ............................................................................................................ 3

1.2. Objectivos específicos ................................................................................................. 3

2. Metodologia ..................................................................................................................... 3

3. Tempo .............................................................................................................................. 4

4. Cocepção do tempo em história....................................................................................... 4

5. Calendários para a contagem do tempo histórico ............................................................ 5

5.1. Calendário Cristão ou Gregoriano ............................................................................... 6

5.2. Calendário Judaico ou Hebraico .................................................................................. 6

5.3. Calendário Muçulmano ................................................................................................ 6

6. Formas de contagem do tempo ........................................................................................ 6

6.1. Tempo biológico .......................................................................................................... 6

6.2. Tempo geológico ......................................................................................................... 7

6.3. Tempo psicológico ....................................................................................................... 7

7. Convenções para contagem de tempo ............................................................................. 8

8. Considerações finais ...................................................................................................... 10

Referências bibliográficas..................................................................................................... 11

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1. Introdução

Desde a Antiguidade, quando o homem começou a praticar a agricultura, sentiu a necessidade


de marcar as diferentes épocas do ano e organizá-las em calendários pelo tempo histórico.
Assim, ele se orientava para a época do plantio e da colheita, a época das festas, das
cerimônias religiosas, entre ouras.

Devido à extensão do tempo histórico, as suas unidades de contagem mais comuns usadas
pela História são: ano, década, século e milênio. O século é a medida de tempo mais utilizada
pelos historiadores. Os anos são representados por algarismos indo-arábicos (1, 2, 3, 4…) e
os séculos, por algarismos romanos (I, II, III, IV…).

1.1.Objectivo Geral

− Conhecer a natureza da abordagem temporal em história

1.2.Objectivos específicos
− Identificar a relação entre a abordagem história e a componente temporal
− Apresentar o conceito de tempo e tempo histórico;
− Descrever a forma da contagem do tempo em história;
− Mencionar as formas de contagem do tempo histórico.

2. Metodologia
Para o alcance dos objectivos previamente traçados, o proponente optou por fazer um estudo
descritivo através de uma pesquisa bibliográfica, que se caracteriza pela na busca de
informações já publicados em diversas obras e diversos autores para sustentar o conteúdo a
ser tratado.

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3. Tempo

Tempo é a duração dos factos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as


horas, os dias, as semanas, os séculos, etc. A palavra tempo pode ter vários significados
diferentes, dependendo do contexto em que é empregada.

Santo Agostinho (1987) diz ser muito difícil discorrer sobre o tempo e o desenvolve como
subjetivo, isto é, como a maneira (humana) de se relacionar com as coisas que passaram,
passam e passarão.

Santo Agostinho citado por Carneiro (2004) diz que:

O passado não existe mais, o futuro ainda não chegou e o presente torna-se pretérito a cada
instante. O que seria próprio do tempo é o não ser. O passado existe, por força de minha
memória, no presente. Da mesma forma, o futuro existe, por força da expectativa de que as
coisas ocorrerão, no presente. E o presente seria a percepção imediata do que ocorre. (p.224)

Nesta ordem de ideias, os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas
futuras e presente das coisas presentes. Portanto, o tempo é subjetivo, pois o modo como nos
referimos às coisas depende totalmente de elementos internos.

O estudo do tempo pode e deve ser iniciado partindo do individual para o coletivo, das
vivências pessoais para o grupo social, buscando por meio da história do grupo fazer relações
com outros grupos em tempos e espaços diferentes.

4. Cocepção do tempo em história

Segundo Ferdinand Braudel citado por Meno (s.d), “a história processa-se no tempo. Porém,
o tempo social pode não coincidir com o tempo cronológico” (p.31); a sua duração, sequência
ou mudanças são verificadas a partir de outros fenómenos da mesma espécie, isto é,
históricos; “o tempo dura enquanto se mantiverem certas regenciais e significações que lhes
dão sentido; o tempo histórico esta ligada as acções humana e a sua característica fundamental
é não ocorrer simultaneamente no mesmo grupo em diferentes sociedades”(Meno, s.d. p.32)

Segundo Padilha et all (2019), “o tempo histórico são as referências históricas utilizadas para
organizar os acontecimentos mais importantes e as grandes mudanças das sociedades e
civilizações. É uma forma de contar o tempo a partir da ação dos seres humanos na Terra,
pelas experiências que um povo, nação ou toda humanidade passaram”
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Meno (s.d) refere que mediante as multiplicidades dos tempos sociais e culturais, Braudel
apresentou a história um modelo triplo de duração histórica conotando com o tempo utilizado
na previsão económica:

 Um tempo de acontecimento de superfície habitualmente acontecimentos politico que


é um tempo de relato, no qual não se aprofunda investigação e se mede apenas o
tempo de acontecimento – tempo curto, micro historia do acontecimento, um pouco
mais lento “ curta duração”;
 Tempo das conjunturas mais estudado no campo de economia surge como recitativo
de variação e mudanças- Média duração;
 O tempo longo, a “longa Duração. A longa duração é o tempo de estrutura,
nomeadamente da estrutura de mentalidades, o tempo que parece invariável em
relação às outras histórias, que se escoam e realizam mais rapidamente e que em suma
gravitam em torno dela. (Meno, s.d. P.32)

Segundo Padilha et all (2019):

Os tempos históricos marcam diferentes formas de organização política, econômica, social e


cultural das civilizações e podem variar entre grupos sociais. O tempo histórico não respeita a
previsibilidade e o rigor dos calendários ou relógios, ele é impreciso e imprevisível e sua
contagem considera a sequência de eventos de curta e longa duração. O tempo histórico é o tempo
marcado por grandes acontecimentos, como por exemplo:

 Desenvolvimento e declínio de grandes civilizações;


 Surgimento da escrita;
 Descobrimento do continente americano;
 Primeira e Segunda Guerra Mundial;
 Guerra Fria;
 Revolução Francesa e Revolução Industrial.

Portanto, percebe-se que o tempo histórico é marcado por grandes acontecimentos, como
guerras, quedas de impérios, grandes construções, grandes epidemias e mudanças de regimes.

5. Calendários para a contagem do tempo histórico

O tempo é uma criação cultural e cada civilização desenvolve diferentes formas de


compreendê-lo e contá-lo, o que pode ser observado nos diferentes calendários existentes.

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Considerando as três maiores religiões monoteístas existentes, Padilha et all (2019) refere que
existem diferentes formas de fazer a contagem do tempo histórico e 3 diferentes calendários:

5.1.Calendário Cristão ou Gregoriano

O calendário da Igreja Católica se inicia com o nascimento de Jesus Cristo durante a Idade
Antiga. Esse é um dos principais marcos para a contagem do tempo em nossa civilização. O
ano do nascimento de Cristo é considerado o ano 0. Todos os anos que antecedem seu
nascimento são contados de maneira decrescente e trazem junto as letras a.C (antes de Cristo).

5.2.Calendário Judaico ou Hebraico

O calendário judaico se iniciou no ano 3761 a.C, que segundo a tradição judaica foi o ano
da criação de Adão. Isso significa que em 2020, estaríamos no ano 5780 ou 5781 (conforme o
mês) do calendário hebraico. Esse calendário também está dividido em 12 meses, mas esses
meses não correspondem à mesma divisão de meses do calendário cristão.

5.3.Calendário Muçulmano

O calendário muçulmano é utilizado pela religião islâmica e se inicia no ano de 622 do


calendário cristão, isto é, 622 anos depois do nascimento de Cristo. Esse é o ano que marca a
data em que Maomé fugiu de Meca para Medina, evento conhecido como Hégira. Esse
calendário se baseia nas fases da lua e também possui 12 meses.

6. Formas de contagem do tempo

Padilha et all (2019) refere que podemos nos deparar também, com outras formas de contar o
tempo, como o tempo biológico, o tempo geológico e o tempo psicológico.

6.1.Tempo biológico

O tempo biológico refere-se às fases da vida, como o nascimento, o desenvolvimento a


reprodução e a morte. Esse tempo é diferente para a espécie humana e para outros animais.
Enquanto o ser humano pode chegar a viver cerca de 100 anos, algumas espécies, como as
moscas, vivem entre 15 e 30 dias. Isso significa que o ciclo de vida e morte de uma mosca
respeita um tempo muito diferente do tempo de um ser humano.

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6.2.Tempo geológico

O tempo geológico é utilizado para descrever a cronologia da formação geológica da Terra e


as suas mudanças desde que o planeta se formou. Acredita-se que a Terra exista há cerca de
4,6 bilhões de anos. Isso significa que toda a formação rochosa do planeta é resultado de
milhões ou bilhões de anos de atividades na crosta terrestre.

Assim, os limites de tempo utilizados como referência para a geologia são enormemente
maiores que os dos homens, que surgiram na Terra há apenas cerca de 130 mil anos.

6.3.Tempo psicológico

O tempo psicológico é outro tipo de marcação de tempo e está relacionado com a percepção
da passagem do tempo pelos indivíduos. Quando uma pessoa passa por uma experiência com
forte intensidade emocional, por exemplo, ela pode ter a sensação de que a experiência durou
muito mais ou muito menos do que o tempo cronológico marcaria.

O tempo histórico da nossa civilização é dividido em grandes fases, conforme descrito na


linha do tempo:

Fonte: https://www.significados.com.br/tempo-historico/

Segundo Meno (s.d) Algumas medidas de tempo muito utilizadas são:

− Milénio: período de 1.000 anos;


− Século: período de 100 anos;
− Década: período de 10 anos;
− Quinquénio: período de 5 anos;´
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− Triénio: período de 3 anos;
− Biénio: período de 2 anos (por isso, falamos em bienal).

7. Convenções para contagem de tempo

Segundo Moutinho (2018), a contagem do tempo que nós utilizamos no mundo cristão
ocidental começou a ser usada no final da Idade Média, e considera o ano 1 como sendo o ano
do nascimento de Jesus Cristo. Os períodos anteriores ao nascimento de Cristo são contados
em ordem decrescente, sempre acompanhados pelas iniciais a.C. – “antes de Cristo”. Nos
anos posteriores ao ano 1, coloca-se apenas a data, pois já se pressupõe que seja “depois de
Cristo” – d.C.

Ano Século Ano Século

1 até 100 I 801 até 900 IX

101 até 200 II 1001 até 1100 XI

201 até 300 III 1401 até 1500 XV

301 até 400 IV 1901 até 2000 XX

401 até 500 V 2001 até 2100 XXI

Fonte: Adaptado pelo autor

Temos o século I (em algarismo romano) correspondendo ao intervalo de tempo que vai do
ano 1 ao 100; o século II vai do ano 101 ao 200 e, assim, sucessivamente. “Importa realçar
que essa contagem do tempo prevalece nas sociedades cristãs ocidentais e que, portanto, é
apenas uma das maneiras de fazê-la. Isso implica o fato de que em outras sociedades existem
diferentes contagens do tempo, que podem se basear em fatos religiosos ou não” (Moutinho,
2018).

Segundo Meno (s.d), para identificar um século a partir de uma data qualquer, podemos
utilizar operações matemáticas simples:

− Se o ano terminar em dois zeros, o século corresponderá ao (s) primeiro (s) algarismo
(s) à esquerda desses zeros, isto é, basta repetir o número que sobrou.

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− Se o ano não terminar em dois zeros, desconsidere a unidade e a dezena, se houver, e
adicione 1 ao restante do número, ou seja, desprezar a dezena final e acrescentar 1
(um) ao número que sobrou.
Exemplos:
 2000 = Século 20
 200 = Século 2
 241= 2+1 = 3 (Século 3)
 1995 = 19+1 = 20 (Século 20)
 2021 = 20+1 =21 (Século 21)
 2132 =21+1=22 (Século 22)

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8. Considerações finais

Diante do exposto no trabalho, percebe-se que, o tempo histórico é o tempo marcado


por grandes acontecimentos, que difere bastante com o tempo cronológico, que é o tempo dos
relógios e dos calendários, esse tempo é medido em frações exatas e constantes de tempo: um
dia tem sempre 24 horas, uma hora tem sempre sessenta minutos e um ano tem sempre 12
meses. Já o tempo histórico é aquele que é percebido e absorvido pelos seres humanos, que
faz parte do desenvolvimento humano e suas esferas de organização, isto é, a economia, a
política, a sociedade e a cultura.

Os tempos históricos marcam diferentes formas de organização política, económica, social e


cultural das civilizações e podem variar entre grupos sociais. Não respeita a previsibilidade e
o rigor dos calendários ou relógios, ele é impreciso e imprevisível e sua contagem considera a
sequência de eventos de curta e longa duração.

Cada civilização desenvolve diferentes formas de compreendê-lo e contá-lo, o que pode ser
observado nos diferentes calendários existentes, mas, existe um calendário que é
universalmente mais aceite, que é o Cristão ou Gregoriano.

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Referências bibliográficas

Carneiro, M. C. (2004). Considerações sobre a ideia de tempo em Sto. Agostinho, Hume e


Kant, Interface - Comunic., Saúde, Educ.

Meno, L. (s.d). Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de História. HO210 –


Introdução aos estudos Históricos. UCM - CED. Beira, Moçambique.

Moutinho (2018) Tempo Histórico. Disponível em


https://www.coladaweb.com/historia/tempo-historico Consultado no dia 30 de Outubro de
2021.

Padilha, A. Menezes, P. Imaginario, A. Aidar, L. Zita, A. Batista, C. Muniz, C. Neves, F.


(2019). Tempo Histórico. Disponível em https://www.significados.com.br/tempo-historico/
Acessado no dia 30 de Outubro de 2021.

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