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O TEMPO CRONOLÓGICO E O TEMPO DA HISTÓRIA

Viver e pensar o tempo


Como você percebe a passagem do tempo? Podemos perceber o tempo de várias maneiras. Por
exemplo: pela passagem das horas e dos dias e pelas mudanças físicas de nosso corpo ou pelo
movimento da Terra em torno do Sol. Experimentamos o tempo no dia a dia sem nos darmos conta
disso. Mas pensar, refletir e falar sobre o tempo não é tão fácil como experimentar sua passagem.
A História é o estudo das transformações e das permanências das sociedades humanas no tempo.
Mas, afinal, que tempo é esse da História?
A seguir, conheça diferentes tempos e algumas formas que os seres humanos criaram para medi-los.
TEXTRTO
TUm tempo social
[...] O tempo da história não é o tempo físico, nem o tempo psicológico; tampouco é o dos astros ou
dos relógios de quartzo, divisível ilimitadamente, em unidades rigorosamente idênticas. [...] O tempo
da história não é uma unidade de medida: o historiador não se serve do tempo para medir os
reinados e compará-los entre si – essa operação não teria qualquer sentido.
O tempo da história está incorporado, de alguma forma, às questões, aos documentos e aos fatos; é
a própria substância da história.
O tempo da história também não é a duração psicológica, impossível de medir, dotada de segmentos,
cuja intensidade e espessura são variáveis; em determinados aspectos, é comparável a essa duração
por seu caráter de experiência vivida. [...] O historiador faz a contagem, às vezes, em número de dias,
até mesmo, de horas; e outras vezes, em meses, anos ou períodos mais longos.
No entanto, tais flutuações no desenrolar do tempo da história são coletivas; independentes da
psicologia de cada um, é possível objetivá-las.
Aliás, é lógico que o tempo da história esteja em harmonia com o próprio objeto da disciplina. Ao
estudar os homens que vivem em sociedade [...], a história se serve de um tempo social, ou seja, de
referências temporais que são comuns aos membros da mesma sociedade. No entanto, o tempo não
é o mesmo para todas as sociedades: para os historiadores atuais, é o de nossa sociedade ocidental
contemporânea.
[...]
O tempo de nossa história está ordenado, ou seja, tem uma origem e um sentido. Neste aspecto, ele
desempenha uma primeira função, essencial, de colocar em ordem, permitindo classificar os fatos e
os acontecimentos de maneira coerente e comum. Essa unificação fez-se com a chegada da era
cristã, ou seja, nosso tempo está organizado a partir de um acontecimento fundador que o unifica: o
nascimento de Cristo. [...]
PROST, Antoine. Doze lições sobre a História.
Belo Horizonte: Autêntica, 2012. p. 96-97

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