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Filosofia

Moderna

E P I ST E MO LO G I A E
É TI CA
Característica
Gerais Séculos XVI, XVII, XVIII e XIX

Superação da Escolásticas

Consolidação da Ciência

Buscas por fundamentos epistemológicos

Empirismo e Racionalismo
Descartes (1596-1650)

Principais Locke (1632-1704)

pensadores Spinoza (1632-1677)

Hobbes (1588-1679)

Hume (1711-1776)

Leibniz (1646-1716)

Berkeley (1685-1753)

Kant (1724-1804

Diderot (1713-1784)

Montesquieu (1689-1755)
O período de
transição –
filosofia O Homem se torna o centro do pensamento filosófico

renascentista Retorno ao classicismo grego e romano

Nascimento da noção de ciência

Reformulação do pensamento ético e político

Séculos XIV ao XVI


ENEM 2014

A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o
universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está
escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras
geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro
de um obscuro labirinto.

GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a

a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média.

b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático.

c) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.

d) importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja.

e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.


(Unesp 2013 – Primeira Fase)

A modernidade não pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre CONTRA uma cultura particular, como uma fenda, uma
fissura no tecido desta. Assim, na Europa, a modernidade não surge como um desenvolvimento da cultura cristã, mas como uma
crítica a esta, feita por indivíduos como Copérnico, Montaigne, Bruno, Descartes, indivíduos que, na medida em que a
criticavam, já dela se separavam, já dela se desenraizavam. A crítica faz parte da razão que, não pertencendo a cultura particular
nenhuma, está em princípio disponível a todos os seres humanos e culturas. Entendida desse modo, a modernidade não consiste
numa etapa da história da Europa ou do mundo, mas numa postura crítica ante a cultura, postura que é capaz de surgir em
diferentes momentos e regiões do mundo, como na Atenas de Péricles, na Índia do imperador Ashoka ou no Brasil de hoje.

(Antonio Cícero. Resenha sobre o livro “O Roubo da História”. Folha de S. Paulo, 01.11.2008. Adaptado)

Com a leitura do texto, a modernidade pode ser entendida como

a) uma tendência filosófica especificamente europeia e ocidental de crítica cultural e religiosa.


b) uma tendência oposta a diversas formas de desenvolvimento da autonomia individual.
c) um conjunto de princípios morais absolutos, dotados de fundamentação teológica e cristã.
d) um movimento amplo de propagação da crítica racional a diversas formas de preconceito.
e) um movimento filosófico desconectado dos princípios racionais do iluminismo europeu.
A separação entre política e ética
Maquiavel “É bem mais seguro ser temido do que amado”

1469-1527

Ética e ação
política A virtude do Virtú e
Príncipe Fortuna
ENEM 2013 – Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que
ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando
haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis,
simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os
bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas. Maquiavel define o
homem como um ser

a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.

c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.

d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.


(Enem/2010) – O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é
manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente de outros
que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levam ao assassinato e ao roubo.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu “O Príncipe”, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante.

A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na

a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.

b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.

c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.

d) neutralidade diante da condenação dos servos.

e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe


FRANCIS BACON
1561-1626
FRANCIS BACON

Crítica à escolástica

Desenvolvimento da ciência
experimental

Reforma do conhecimento
O método
FRANCIS BACON
observação da natureza para a coleta de
informações

organização racional dos dados


recolhidos empiricamente

formulação de explicações gerais


(hipóteses) destinadas à compreensão do
fenômeno estudado

comprovação da hipótese formulada


mediante experimentações repetidas.
Os ídolos
FRANCIS BACON
ídolos da caverna: dificuldades da própria
pessoa

ídolos da tribo: tendência do grupo que


direcionam o indivíduo

ídolos do foro: significado atrelados às


palavras, influenciando como entendemos
o mundo

ídolos do teatro: limitações que fazem com


que defenderemos uma única visão de um
fato.
XLII
Os ídolos da caverna são os dos homens enquanto indivíduos. Pois, cada um
— além das aberrações próprias da natureza humana em geral — tem uma
caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja
devido à natureza própria e singular de cada um; seja devido à educação ou
conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade
daqueles que se respeitam e admiram; seja pela diferença de impressões,
segundo ocorram em ânimo preocupado e predisposto ou em ânimo
equânime e tranquilo; de tal forma que o espírito humano — tal como se
acha disposto em cada um — é coisa vária, sujeita a múltiplas perturbações,
e até certo ponto sujeita ao acaso. Por isso, bem proclamou Heráclito que os
homens buscam em seus pequenos mundos e não no grande ou universal.
O método
FRANCIS BACON
observação da natureza para a coleta de
informações

organização racional dos dados


recolhidos empiricamente

formulação de explicações gerais


(hipóteses) destinadas à compreensão do
fenômeno estudado

comprovação da hipótese formulada


mediante experimentações repetidas.
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início
da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa
anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero
imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que
almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em

a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.


b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
Segundo o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), o ser humano tem o direito de dominar a natureza e as técnicas; as
ciências são os meios para exercer esse poder.
Que processo histórico pode ser diretamente associado a essas ideias?

a) Os ideais de retorno à vida natural.


b) O bloqueio continental imposto à Europa por Napoleão Bonaparte.
c) A Contrarreforma promovida pela Igreja Católica.
d) O surgimento do estilo barroco nas artes.
e) A Revolução Industrial.
São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, assinalamos os nomes: Ídolos da
Tribo, Ídolos da Caverna, Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.”
Fonte: BACON. Novum Organum…, São Paulo: Nova Cultural, 1999, p.33.
É correto afirmar que para Bacon:

a) Os Ídolos da Tribo e da Caverna são os conhecimentos primitivos que herdamos dos nossos antepassados mais notáveis.
b) Os Ídolos do Teatro são todos os grandes atores que nos influenciam na vida cotidiana.
c) Os Ídolos do Foro são as ideias formadas em nós por meio dos nossos sentidos.
d) Através dos Ídolos, mesmo considerando que temos a mente bloqueada, podemos chegar à verdade.
e) Os Ídolos são falsas noções e retratam os principais motivos pelos quais erramos quando buscamos conhecer.
O PENSAMENTO DE DESCARTES
1596 -1650

Considerado o iniciador da Filosofia Moderna

Reformula a noção de metafísica e ciência

Dúvida metódica

Cogito ergo sum (penso, logo existo)

Dualismo mente e corpo

Método Cartesiano

Fundador da corrente racionalista


VIDA E OBRA

Estudo no colégio de La Flèch

Tem uma formação Escolástica

Destaca-se como matemático e filósofo

Propõe a Geometria Analítica (O plano cartesiano e as coordenadas cartesianas)

Gradua-se em direito, em 1616, pela Universidade de Poitiers.

Em 1618 foi para a Holanda, alistando-se no exército do príncipe Maurício de


Nassau.
VIDA E OBRA
Regras para a Direção do Espírito (1628)

"O Mundo ou Tratado da Luz" (1632-1633)

Discurso sobre o Método (1637);

Geometria (1637);

Meditações sobre Filosofia Primeira (1641);

"Princípios de Filosofia" (1644);

"As Paixões da Alma" (1649).


CONCEITOS CENTRAIS

O método A dúvida O dualismo Os critérios


cartesiano metódica corpo e mente para ciência
O MÉTODO CARTESIANO

As etapas do
A necessidade de Influência da método
Mathetesis
reconstrução da lógica, álgebra e (Evidência,
Universalis
ciência escolástica geometria Divisão, Ordem e
Enumeração
ENEM 2014
TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo
que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma
vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um
saber firme e inabalável.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida,
qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas
que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

SILVA, F.L. Descartes. a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se

a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.


b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
A DÚVIDA METÓDICA

Movimento argumentativo central para o pensamento cartesiano.

Busca encontrar o fundamento para a construção da ciência, uma verdade clara e distinta.

Estabelece como resultado o racionalismo e o dualismo corpo e mente.

Propõe a centralidade do sujeito para a filosofia moderna.

Fornece uma prova para a existência de Deus.


A DÚVIDA METÓDICA
2º passo: a dúvida
1º passo: a dúvida
hiperbólica e o 3º passo: o certeza
sobre os objetos
argumento do do pensamento.
sensoriais.
gênio maligno.

5º passo: o
6ª passo: a 4º passo: o “penso,
dualismo
existência de Deus. logo existo”.
cartesiano.
1º PASSO: A DÚVIDA SOBRE OS OBJETOS SENSORIAIS

Se posso por em dúvida


Os objetos sensoriais são Portanto, não podem
não pode servir como
passíveis de serem postos figurar como critério para
fundamento para o
em dúvida. o conhecimento.
conhecimento.
3. Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos
sentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos eram enganosos, e é de prudência
nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

5. Todavia, devo aqui considerar que sou homem e, por conseguinte, que tenho o costume de dormir e de
representar, em meus sonhos, as mesmas coisas, ou algumas vezes menos verossímeis, que esses insensatos
em vigília. Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido,
que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? Parece-me agora que não é
com olhos adormecidos que contemplo este papel; que esta cabeça que eu mexo não está dormente; que é
com desígnio e propósito deliberado que estendo esta mão e que a sinto: o que ocorre no sono não parece
ser tão claro nem tão distinto quanto tudo isso. Mas, pensando cuidadosamente nisso, lembro-me de ter sido
muitas vezes enganado, quando dormia, por semelhantes ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão
manifestamente que não há quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa
distin-guir nitidamente a vigília do sono, que me sinto inteiramente pasmado: e meu pasmo é tal que é quase
capaz de me persuadir de que estou dormindo.

DESCARTES. Meditações metafísicas.


2º PASSO: A DÚVIDA HIPERBÓLICA

O momento mais A dúvida se O preenchimento


fundamental da estende para todos de tudo pela dúvida
Argumento do
dúvida, no qual os objetos, abre o espaço para
Deus Enganador
tudo é posto em universalização da encontrar o
suspenso dúvida indubitável.
9. Todavia, há muito que tenho no meu espírito certa opinião de que há um Deus que tudo pode e
por quem fui criado e produzido tal como sou. Ora, quem me poderá assegurar que esse Deus não
tenha feito com que não haja nenhuma terra, nenhum céu, nenhum corpo extenso,
nenhuma figura, nenhuma grandeza, nenhum lugar e que, não obstante, eu tenha os
sentimentos de todas essas coisas e que tudo isso não me pareça existir de maneira
diferente daquela que eu vejo? E, mesmo, como julgo que algumas vezes os outros se
enganam até nas coisas que eles acreditam saber com maior certeza, pode ocorrer que Deus
tenha desejado que eu me engane todas as vezes em que faço a adição de dois mais três, ou em
que enumero os lados de um quadrado, ou em que julgo alguma coisa ainda mais fácil, se é que se
pode imaginar algo mais fácil do que isso. Mas pode ser que Deus não tenha querido que eu
seja decepcionado desta maneira, pois ele é considerado soberanamente bom. Todavia, se
repugnasse à sua bondade fazer-me de tal modo que eu me enganasse sempre, pareceria
também ser-lhe contrário permitir que eu me engane algumas vezes e, no entanto, não posso
duvidar de que ele mo permita
Mas não lhes resistamos no momento e suponhamos, em favor delas, que tudo quanto aqui é dito de um
Deus seja uma fábula. Todavia, de qualquer maneira que suponham ter eu chegado ao estado e ao ser que
possuo, quer o atribuam a algum destino ou fatalidade, quer o refiram ao acaso, quer queiram que
isto ocorra por uma contínua série e conexão das coisas, é certo que, já que falhar e enganar-se é
uma espécie de imperfeição, quanto menos poderoso for o autor a que atribuírem minha origem
tanto mais será provável que eu seja de tal modo imperfeito que me engane sempre. Razões às quais nada
tenho a responder, mas sou obrigado a confessar que, de todas as opiniões que recebi outrora em minha
crença como verdadeiras, não há nenhuma da qual não possa duvidar atualmente, não por alguma
inconsideração ou leviandade, mas por razões muito fortes e maduramente consideradas: de sorte
que é necessário que interrompa e suspenda doravante meu juízo sobre tais pensamentos, e que não mais
lhes dê crédito, como faria com as coisas que me parecem evidentemente falsas, se desejo encontrar algo de
constante e de seguro nas ciências

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