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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

Faculdade de Administração e Gestão

Curso de Licenciatura em Direito

Curso: Direito

Cadeira: Direitos Fundamentais

Ano de Frequência: 4˚ ano

Tema do Trabalho: Resposta A Nota De Acusação

Docente: Caravela Inácio Caravela

Nome da estudante:

Teresa Calavete Alfaiate

Mocuba, Abril de 2022


INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

Faculdade de Administração e Gestão

Curso de Licenciatura em Direito

Nome de estudantes:

Esmalgo Albano Ambrósio

Isilda Bernardo Muzala

Ofélia Lisete Vasco

Zeca Manteiga Sobrinho

Tema do Trabalho: Filiação

O presente trabalho da cadeira de Direito da


Família é de carácter avaliativo a ser
entregue a Dra Nercia Zefenias Machai

Curso: Direito

Cadeira: Direito da Família

Ano de Frequência: 3˚ ano

Mocuba, Maio, 2022


Índice
1. Introdução..................................................................................................................3

2. Filiação.......................................................................................................................4

2.1. Igualdade de direitos...........................................................................................4

2.2. Direito a ser registado e a usar um nome............................................................4

2.3. Deveres filiais.....................................................................................................5

2.4. Prova da filiação.................................................................................................6

2.5. Efeitos da Filiação..............................................................................................6

2.5.1. Poder parental..............................................................................................6

2.5.2. Responsabilidade Civil................................................................................9

2.5.3. Guarda.........................................................................................................9

3. Conclusão.................................................................................................................11

4. Referências bibliográficas........................................................................................12
1. Introdução
A Lei da Família compreende um conjunto de normas jurídicas que regulam as relações
entre pessoas ligadas entre si por laços de familiaridade que o Estado reconhece efeitos
jurídicos, nomeadamente a procriação, o parentesco, a afinidade, o casamento e a
adopção. A aplicação da Lei da Família, pela sua abrangência, implica várias
instituições, tanto estatais como informais. Sendo uma lei civil, engloba actividades e
serviços relacionados com o registo de pessoas, casamento, divórcio, filiação, gestão
patrimonial e pensão de alimentos, mas também a gestão de conflitos ao nível da
família. O Título IV da Lei da família, trata da filiação. A filiação é definida como a
relação de parentesco que se estabelece entre pais e filhos, sendo designada, do ponto de
vista dos pais, como relação de paternidade e maternidade. A relação de filiação
estabelecida entre pais e filhos está pautada no parentesco de maternidade e paternidade.
Estes laços familiares podem ser de origem biológica, portanto, que alguns factores são
com relação à filiação vem mudando com o tempo. Como factores primordiais dentro
deste assunto podem ser destacados a dignidade da pessoa humana, a afectividade e o
melhor interesse do menor.

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2. Filiação
A palavra filiação, de acordo com o dicionário Aurélio, pode ser entendida como a
relação de parentesco que é estabelecida pessoas que concederam vida a um humano e
esta pessoa.

Em termos sociológicos, pode-se compreender a filiação como o resultado das vontades


interpessoais na perpetuação da espécie humana. Conforme BRAUNER (2000), o
acontecimento da reprodução significa algo mais do que a mera comprovação de
maturidade sexual e de fertilidade, ele estabelece uma nova etapa na vida adulta quando
a responsabilidade pelo destino deste novo ser torna-se um dever, frente à família e a
sociedade.

Desta forma, compreende-se que a filiação é baseada na procriação, destacando o factor


natural ou consanguíneo existente entre genitor e gerado. Assim se estabelecia a relação
de parentesco entre pais e filhos.

A Lei da Família, no seu Título I e nas Disposições Gerais, estabelece a noção de


família (art. 1), seu âmbito (art. 2) e seus direitos e deveres (artigos 3 e 4). O Título IV
da Lei trata da filiação, sendo que a secção I trata da igualdade de direitos (art. 214), o
direito a ser registado e a usar um nome (art. 215).

2.1. Igualdade de direitos


Embora os direitos dos menores já estão garantidos pela Constituição da República, o
artigo 214 da Lei da Família (2004), ao estabelece que “os filhos têm os mesmos
direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da origem do seu
nascimento”.

Aqui igualdade de direitos e deveres para os filhos “independentemente da origem do


seu nascimento”, alarga a sua protecção com a obrigação do estabelecimento do
“vínculo de paternidade” e cria uma maior inclusão que abrange particularmente os
filhos nascidos fora do casamento ou de uma relação não estável. Além do mais, os
menores ainda tem o direito a ser registado e a usar um nome, conforme o artigo 215 da
lei da família.

2.2. Direito a ser registado e a usar um nome


O nome é um elemento identificador das pessoas na sociedade mais antigo e mais
eficaz. Os indivíduos de todas as civilizações conhecidas por nós nos dias de hoje, desde

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os tempos mais primórdios sentiam a necessidade de individualizar e diferenciar uns dos
outros, utilizando-se de início um prenome e um “sobrenome” que fazia referência ao
local onde vivia, a família, ao nome do pai e até à profissão da pessoa. Ao decorrer dos
anos, com o aumento das populações, as sociedades vêem a necessidade de especificar
cada vez mais as pessoas, chegando à formação do nome como é visto até hoje:
prenome e sobrenome (nome de família ou patronímico) (SOUZA, 2012)

O direito ao nome é uma ramificação dos direitos da personalidade, subjectivo e


intrínseco à pessoa humana. A pessoa adquire personalidade a partir do momento em
que nasce com vida, e caracteriza-se por sem inalienável, irrenunciável, intransmissível,
indisponível, impenhorável, imprescritível, extrapatrimonial e vitalício.

O direito a ser registado e a usar um nome, é um direito irrenegavel de todo ser humano,
pois esse é um direito que o ser humano possui logo que nasce. O registo do nome civil
é obrigatório e o nome rege o princípio da imutabilidade, o qual não pode ser alterado,
salvo em algumas situações específicas, como por exemplo: prenome ridículo, equívoco
no registo, erro de grafia, homonímia, nome estrangeiro, protecção à vítimas e
testemunhas, transexual e socioafetivo.

Actualmente o direito ao nome, que é uma ramificação do direito da personalidade,


encontra lastro na lei da família com o princípio da dignidade humana. Segundo a lei no
seu artigo 215, os filhos têm o direito a ser imediatamente registados depois do seu
nascimento. Têm direito a ter um nome próprio e a usar o apelido da família dos pais. O
registo a que se refere no presente artigo deve ser efectuado até seis meses após o
nascimento da criança

2.3. Deveres filiais


De acordo com CONCEITOS (2014), o termo deveres se refere às actividades, actos e
circunstâncias que envolvem uma determinada obrigação moral ou ética. Geralmente, os
deveres se relacionam com determinadas atitudes que todos os seres humanos,
independentemente de sua origem, etnia, idade ou condições de vida estão obrigados a
cumprir de modo a assegurar ao resto da humanidade a possibilidade de viver em paz,
com dignidade e com certas comodidades. Então, os deveres são um dos pontos mais
importantes de todos os sistemas de leis e de constituições nacionais porque tem a ver
com conseguir formas comunitárias e sociedades mais equilibradas por onde todos
possam ter acesso a seus direitos.

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Conforme a lei da família (2004) no seu artigo 216, os filhos têm o especial dever de
respeitar, estimar, obedecer e ajudar os pais e os demais familiares. Os filhos maiores
têm o dever de assistir os pais, avós, irmãos, tios e primos, sempre que estes careçam de
ajuda, apoio e solidariedade.

2.4. Prova da filiação


De acordo com o artigo 222 da lei da família, em Moçambique, salvo nos casos
especificados na lei, a prova da filiação só pode fazer-se pelos meios estabelecidos nas
leis do registo civil.

2.5. Efeitos da Filiação


Os efeitos da filiação são divididos em:

(i) Poder parental;


(ii) Responsabilidade civil;
(iii) Guarda.

2.5.1. Poder parental


O poder parental é um poder-dever atribuído aos pais visando à protecção, boa criação,
educação e gerência patrimonial dos filhos, enquanto incapazes. O foco actual do poder
parental não se encontra mais no poder atribuído aos pais, mas sim no melhor interesse
do filho.

Conforme a lei da família (2004) no seu artigo 293, o poder parental consiste no
especial dever que incumbe aos pais de, no superior interesse dos filhos, garantir a sua
protecção, saúde, segurança e sustento, orientando a sua educação e promovendo o seu
desenvolvimento harmonioso. O poder parental inclui igualmente a representação dos
filhos menores, ainda que nascituros, bem como a administração dos seus bens.

Os pais, de acordo com a maturidade dos filhos, devem ter em conta a sua opinião nas
questões da vida familiar e reconhecer-lhes autonomia na organização da própria vida.

No que se refere à pessoa dos filhos, o artigo 299 da lei da família enumera os deveres
que os pais devem observar quanto a educação. Dentre eles, destacam-se: cabe a ambos
os pais, de acordo com as suas possibilidades e com o superior interesse dos seus filhos,
promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral daqueles. Os pais devem

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proporcionar aos filhos, em especial aos portadores de deficiência física ou mental,
instrução geral e profissional adequada às aptidões e inclinações de cada um.

E para além dos deveres dos pais, a lei ainda preconiza os deveres dos pais e filhos. No
artigo 289, a lei estabelece que os pais e filhos devem-se mutuamente respeito,
cooperação, auxílio e assistência. O dever de assistência compreende a obrigação de
prestar alimentos e a de contribuir, durante a vida em comum, para os encargos da vida
familiar, de acordo com os recursos próprios. Os filhos devem assistir os pais sempre
que estes careçam de alimentos nos termos do disposto nos artigos 417 e seguintes da
presente Lei.

No que tange ao dever de solidariedade familiar, a lei no artigo 290 estabelece que os
filhos têm o especial dever de estimar, obedecer, respeitar e ajudar os pais e demais
parentes na linha recta. Os filhos maiores têm o dever de concorrer para a manutenção
dos pais, sempre que estes se encontrem em situação de necessidade. O dever
estabelecido anteriormente é extensivo aos avós, irmãos e tios. Os avós, os irmãos, os
tios e os primos têm o dever de cuidarem e sustentarem os familiares menores, quando
estejam em situação de orfandade ou abandono.

Quanto aos bens dos filhos, a lei determina quais são as atribuições dos pais. Além do
poder de administração geral sobre os bens dos filhos menores, os pais detêm o usufruto
legal sobre bens dos filhos e podem adquirir bens em nome deles, muito embora não
possam alienar ou gravar de ónus real os bens imóveis do menor sem autorização
judicial, nem ultrapassar os limites da simples administração.

A lei no seu artigo 313 estabelece que quanto ao rendimentos dos bens dos filhos os pais
podem utilizar os rendimentos dos bens do filho para satisfazerem as despesas com o
sustento, segurança, saúde e educação deste, bem como, dentro de limites justos e
razoáveis, com outras necessidades da vida familiar.

No caso de só um dos pais exercer o poder parental, a ele pertence a utilização dos
rendimentos do filho, nos termos estabelecidos no número 1 do presente artigo.

A utilização de rendimentos de bens que caibam ao filho a título de legítima não pode
ser excluída pelo doador ou pelo testador.

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Os pais têm a autoridade de administrar os bens dos filhos até uma certa idade, a lei
estabelece no seu artigo 317, no que tange ao fim da administração, que os pais devem
entregar ao filho, logo que este atinja a maioridade ou seja emancipado, todos os bens
que lhe pertençam. Quando por outro motivo cesse o poder parental ou a administração,
devem os bens ser entregues ao representante legal do filho.

Os móveis devem ser restituídos no estado em que se encontrarem, e não existindo, os


pais pagam o respectivo valor, excepto se tiverem sido consumidos em uso comum com
o filho ou tiverem perecido por causa não imputável aos progenitores.

Conforme o artigo 304 da lei da família, no que se refere a exclusão de administração, a


lei determina que Os pais não têm a administração de: a) bens do filho provenientes de
sucessão da qual os pais tenham sido excluídos por indignidade ou deserdação; b) bens
que o filho haja recebido por doação ou sucessão contra a vontade dos pais; c) bens
deixados ou doados ao filho com exclusão de administração dos pais; d) bens adquiridos
pelo filho maior de dezasseis anos em resultado do seu trabalho.

No que concerne a exclusão de administração referida na alínea c) do presente artigo


abrange os bens que tenham cabido ao filho a título de legítima.

Assim, apesar de atribuído aos pais o dever de administração dos bens dos filhos, a
alienação depende de autorização judicial para evitar que haja dilapidação dos bens dos
menores. A aquisição, por outro lado, sendo acto benéfico, não depende de autorização
judicial, salvo se for onerosa, como seria no caso da existência de pagamento de
prestações periódicas.

O que tem-se admitido é a possibilidade de os pais doarem numerário aos filhos e, na


mesma escritura pública, adquirirem onerosamente bens já em nome dos filhos sem
depender de alvará judicial. Em outras palavras, caso os pais venham a adquirir imóveis
em nome dos filhos, com o dinheiro dos filhos, será imprescindível alvará judicial.

No que diz respeito a aceitação e rejeição de liberalidades a lei da família no seu artigo
306 estabelece que se ao filho for deixada herança ou legado, ou for feita proposta de
doação que necessite de ser aceite, devem os pais aceitar a liberalidade, se o puderem
legalmente fazer, ou requerer ao tribunal, no prazo de 30 dias, autorização para a aceitar
ou rejeitar.

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Se, decorrido aquele prazo sobre a abertura da sucessão ou sobre a proposta de doação,
os pais nada tiverem providenciado, pode o filho ou qualquer dos seus parentes, o
Ministério Público, o doador ou algum interessado nos bens deixados, requerer ao
tribunal a notificação dos pais para darem cumprimento ao disposto no número 1 do
presente artigo, dentro do prazo que lhes for cominado.

Se os pais nada declararem dentro do prazo fixado, a liberalidade tem-se por aceite,
salvo se o tribunal julgar mais conveniente para o menor a sua rejeição.

2.5.2. Responsabilidade Civil


Decorre da filiação a responsabilidade dos pais pelos actos danosos ou reprováveis dos
filhos que estiverem em seu poder e companhia. O fundamento básico dessa
responsabilidade é o inerente poder dever dos pais de direcção e vigilância sobre os
filhos menores, aliado ao dever de formação, de educação dos filhos. Essa
responsabilidade é principaliter e normativa.

2.5.3. Guarda
A guarda é o vínculo jurídico que decorre do poder familiar e visa a protecção dos filhos
e a responsabilização dos pais pelo harmónico desenvolvimento dos menores e
incapazes.

Apesar de historicamente ínsita ao poder familiar, a guarda se manifesta de forma mais


clara no contexto da dissolução do casamento, da união estável ou de outra entidade
familiar.

A lei da família no seu artigo 328, retrata sobre a inibição e limitações ao exercício do
poder parental. Neste artigo, consideram-se inibidos de pleno direito do exercício do
poder parental: a) os condenados definitivamente por crime a que a lei atribua esse
efeito; b) as reincidentes por crime de lenocínio e de corrupção de menores; c) os
interditos e os inabilitados por anomalia psíquica; d) as pessoas sujeitas, nos termos do
número 1 do artigo 89.º do Código Civil, ao instituto de curadoria, desde a nomeação de
curador. Também, Consideram-se inibidos de representar de pleno direito o filho e
administrar os seus bens os menores de dezoito anos não emancipados e os inabilitados
por prodigalidade.

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As decisões judiciais que importem inibição do poder parental são comunicadas, logo
que transitadas em julgado, ao tribunal competente, a fim de serem tomadas as
providências que no caso couberem.

Quando a inibição é decretada pelo tribunal, a lei no seu artigo 330, estabelece que o
tribunal pode decretar a inibição do exercício do poder parental, a requerimento do
Ministério Público, de qualquer parente do menor ou de pessoa cuja guarda a ele estiver
confiado, de facto ou de direito, quando qualquer dos pais infrinja culposamente os
deveres para com os filhos, com grave prejuízo destes, ou quando, por enfermidade,
ausência ou outras razões, não se mostre em condições de cumprir aqueles deveres.

A inibição pode ser total ou limitar-se à representação e administração dos bens dos
filhos e pode abranger ambos os progenitores ou apenas um deles, e referir-se a todos os
filhos ou apenas a algum ou alguns deles. Salvo decisão em contrário, os efeitos da
inibição quem abranja todos os filhos estendem-se aos que nascerem depois de
decretada.

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3. Conclusão
Concluindo, a lei da família (2004), ela fez com que as crianças e adolescentes
passassem a ser tratadas como sujeitos de direitos fundamentais, com a garantia de que
o princípio da dignidade da pessoa humana será observado em qualquer situação, indo
ao encontro com a constitucionalização de todos os ramos do direito. Foi observável que
a Lei da Família trouxe mudanças importantes não só a nível das relações de família
mas também do Direito de Família, que possibilitam dar os primeiros passos para a
alteração do modelo social. Estas alterações vieram trazer fortes vínculos no que diz
respeito a filiação, ou seja, na relação entre pais e filhos, esclarecendo seus direitos e
deveres possibilitando assim uma compreensão de posicionamento de cada um na
relação familiar.

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4. Referências bibliográficas

BRAUNER, M. C. C. Novos Contornos do Direito da Filiação: a dimensão afetiva das


relações parentais. In Anuário do Programa de Pós Graduação em Direito. São
Leopoldo: UNISINOS, 2000.

CONCEITOS. Deveres. São Paulo: Editorial de Conceitos, 2014. Disponível em:


https://conceitos.com/deveres/. Acesso em: 02 de Maio de 2022.

MOÇAMBIQUE, Lei nº 10/2004, de 25 de Agosto, (Lei de Família), BR nº 24, Iª Série.

SOUZA, J. Direitos da Personalidade: Direito ao Nome. 2012. Disponível em:


https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/direitos-da-personalidade-direito-ao-
nome.htm. Acesso em: 02 de Maio de 2022.

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