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RESUMO
No presente artigo é apresentado o conceito legal e doutrinário da Alienação Parental,
atualmente previsto na Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010, bem como as possíveis práticas e
condutas que podem caracterizá-la, as implicações jurídicas, os meios de provas, a dificuldade
das partes em lidar com o conflito familiar que a desencadeia e do poder judiciário para
reconhecer a sua existência e aplicar as sanções previstas na lei. Toda criança e adolescente
tem o direito de ter uma família saudável que lhe dê condições de ser bem formado em todos
os aspectos. É dever dos pais preservar a imagem um do outro nos casos de ruptura do
casamento, união estável ou guarda. Os pais não podem se transformarem em carrascos dos
próprios filhos. Os filhos menores não são troféus, para serem disputados pelos genitores, mas
pessoas que se encontram em uma fase de desenvolvimento, que necessitam de amor, afeto,
respeito, atenção; logo, devem ser preservados do desgaste natural da disputa judicial. Não
pode qualquer dos genitores alienar a prole quanto a pessoa do outro genitor.
1. Introdução
2. Família
Mesmo admitindo que a família não seja meramente um fato natural, mas cultural,
pois o elemento que funda uma família é o elo psíquico estruturante, dando a cada membro
um lugar definido, uma função, há de se ter em conta que esta estrutura familiar existe antes e
acima do Direito. Não se admite mais atrelar o conceito de família ao de casamento, já que
este é uma das possíveis maneiras de constituição daquela. Hodiernamente, em razão das
mudanças dos costumes, tanto o direito quanto a realidade social mudaram. As relações
sexuais ocorrem não só no casamento, logo há reconhecimento jurídico e social da união
estável como entidade familiar na qual as relações sexuais ocorrem sem repressão. Desta
forma, a família moderna, atual, possui outra concepção, diferente, e já não pode ficar restrita
à noção originária que a vinculava ao casamento.
Podemos afirmar que há uma mudança significativa no conceito e na própria família
moderna/contemporânea, ou seja, no perfil da família brasileira já não se percebe, embora
ainda existente, a hierarquização rígida, intransponível onde os papéis são definidos pelo
sexo. Historicamente, a família está buscando uma relação igualitária e há a percepção de que
homem e mulher são diferentes enquanto pessoas, mas iguais como indivíduos.
Por fim, entendemos que o modelo de família nuclear, na atualidade, sofreu
modificações em decorrência dos métodos contraceptivos. A sexualidade feminina deixou de
estar atrelada à maternidade. A possibilidade de planejamento familiar, a possibilidade do
divórcio, o afastamento da influência religiosa permitindo uma leitura laica (certa
dessacralização da família) e a força do trabalho feminino estão exigindo que os membros da
família busquem uma relação de igualdade, já que o movimento feminista despertou o
sentimento de igualdade, de valorização, de respeito, de autoestima, até então sufocados pelo
patriarcalismo.
Com as alterações sociais e históricas da família, os processos de separação judicial,
divórcio, dissolução de sociedade de fato, passaram a ter mais um complicador quando há
necessidade de fixar a guarda dos filhos menores, pois, em alguns casos, os filhos, que
deveriam ser preservados de todos os desgastes naturais do processo judicial, passam a ser
utilizado pelos genitores como troféus ou armas em prol da suas próprias pretensões. É nesse
momento que surge a Alienação Parental, ou seja, a destruição da figura de um dos pais com o
propósito deliberado de obter a guarda dos filhos, conduta essa que viola o atual ordenamento
jurídico constitucional brasileiro, o qual adota como princípio o da dignidade da pessoa
humana. Nesse diapasão, também o Estatuto da Criança e do Adolescente garante a integral
proteção à criança e ao adolescente com a conseqüência de viver e ser feliz no ambiente
familiar.
A Alienação Parental é utilizada por um dos pais (alienador) como forma de obter a
guarda dos filhos através de condutas destrutivas da figura do outro pai (alienado). Essa
destruição pode chegar ao ponto do filho “não desejar” estar na companhia do pai alienado,
pois, acredita “nas verdades” do pai alienador.
3. Da alienação parental
Apelação Cível. Mãe falecida. Guarda disputada pelo pai e avós maternos.
Síndrome de Alienação Parental desencadeada pelos avós. Deferimento da
guarda ao pai.1. Não merece reparos a sentença que, após o falecimento da
mãe, deferiu a guarda da criança ao pai, que demonstra reunir todas as
condições necessárias para proporcionar a filha um ambiente familiar com
amor e limites, necessários ao seu saudável crescimento. 2. A tentativa de
invalidar a figura paterna, geradora da síndrome de alienação parental, só
milita em desfavor da criança e pode ensejar, caso persista, suspensão das
visitas aos avós, a ser postulada em processo próprio. Negaram provimento.
Unânime. Apelação Cível Sétima Câmara Cível n.º 70017390972 Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul Des. Luiz Felipe Brasil Santos.
5. Considerações finais
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Civil comentando. 7. ed. ver., ampl. e atual. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009
______. Lei n.º 12.318 de 26 de agosto de 2010.Dispõe sobre a Alienação Parental. D.O.U
27.08.2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v. 5: direito de família. 18. ed. aum.
e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10.01.2002): São Paulo:
Saraiva, 2002.
GOMES, Luiz Flávio, CERVINI, Raúl. Interceptação telefônica, São Paulo:Revista dos
Tribunais, 1997.
LEMOS, Ada Pellegrini. Sempre a mesma família... Nunca a mesma família. In: A família,
pai, mãe e filhos ainda existe? O resultado de uma pesquisa. Núcleo de Pesquisa e Estudos de
Família – NUFEP – PUC.SP. Julho 1996.