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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS PARANGABA

GRADUAÇÃO EM DIREITO

MAYKON WILLAMY DE ALBUQUERQUE MARTINS

O CONCEITO DE NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES

FORTALEZA, CE
2023
1. INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, a família passou por diversas mudanças. Mudou, do ponto de
vista conceitual, comportamental e estrutural. Na estrutura nuclear patriarcal, a família era
caracterizada pela hierarquia, pela rígida divisão de papéis de gênero e pela centralização na
figura masculina. Era o homem quem ditava as regras e detinha o poder absoluto sobre filhos e
esposa. A família era fundada, sobretudo, no matrimônio heterossexual, constituído para
garantir a procriação e a defesa da propriedade privada.
O Estado reforçava tal estrutura como modelo moral e simbólico, ao garantir
legitimidade e proteção jurídica apenas a essa formação familiar. Além disso, limitava a
liberdade dos cônjuges, com normas que impediam a alteração de regime de bens ou mesmo a
dissolução do matrimônio, o que foi permitido apenas a partir de 1977.
Nos anos de 1960, intensificou-se o processo de mudança nos modelos de família,
hoje denominada de moderna. Esse processo foi reflexo de importantes transformações em
outras esferas sociais, como a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho e a
revolução cultural que marcou essa década. A família moderna é centrada na afetividade e na
solidariedade, sendo o locus para a realização pessoal dos sujeitos. Substituiu o pátrio poder
pelo poder familiar, possibilitando uma divisão mais igualitária do trabalho doméstico e do
cuidado com os filhos.
Ressalta-se, nesse sentido, a importância da Constituição Federal, que ampliou o
conceito de família– ao reconhecer a união estável e a monoparentalidade como entidades
familiares –, redimensionou a ideia de filiação, assegurando a mesma designação e o mesmo
direito a todos os filhos, independentemente da origem dessa filiação e garantiu a igualdade de
direitos e deveres entre cônjuges. Inegável, ainda, a importância do reconhecimento jurídico do
afeto como elemento da família moderna, que permitiu maior autonomia aos indivíduos na
escolha do modelo familiar; na mudança do regime de bens e no próprio fim do matrimônio e
demandou do Estado o reconhecimento de novas composições familiares – formadas pela união
estável, por casais homossexuais, ou apenas por um dos pais e filhos – garantindo às pessoas
que compõem as famílias o mesmo direito à proteção.
Esse direito à proteção exige que o Estado ainda regule os conflitos presentes nas
famílias, como, por exemplo, nos processos judiciais que envolvem guarda e alimento; bem
como quanto à proteção de mulheres, crianças, adolescentes e idosos contra diferentes formas
de violência no âmbito doméstico e familiar. Importa destacar, também, que, cada vez mais, o
Direito tem prezado pela resolução consensual e extrajudicial dos conflitos familiares,
reconhecendo tanto a autonomia e liberdade dos sujeitos no planejamento familiar, quanto a
necessidade de uma intervenção mínima do Estado nas relações familiares, legítima apenas
como forma de proteção contra toda violação de direitos fundamentais.
A evolução das configurações familiares tem sido um tema de grande relevância na
sociedade contemporânea. Diante das mudanças culturais, sociais e econômicas, novas formas
de estruturas familiares têm emergido, desafiando as concepções tradicionais. Este trabalho
explora as transformações nas dinâmicas familiares, analisando os impactos e as complexidades
das novas configurações que vêm moldando as relações interpessoais.
Nesse contexto, é fundamental compreender como fatores como diversidade,
igualdade de gênero, avanços tecnológicos e mudanças nos papéis familiares contribuem para
a diversificação das configurações familiares. Ao explorar essas dinâmicas, buscamos não
apenas entender as transformações, mas também refletir sobre as implicações e desafios
enfrentados por indivíduos e pela sociedade como um todo. Este estudo visa lançar luz sobre as
novas formas de organização familiar, promovendo uma abordagem reflexiva e inclusiva diante
dessa realidade em constante evolução.
As formas de família que se apresentam na sociedade, atualmente, sofreram inúmeras
modificações ao longo da história da humanidade. Portanto, para que se chegue ao conceito
eudemonista, adotado pela Constituição Federal 3 de 1988, hoje vigente na sociedade, se faz
necessário um breve comentário a respeito desta evolução. A família matrimonializada do início
do século passado era tutelada pelo código civil de 1916. Este código tinha uma visão
extremamente discriminatória com relação à família.
A dissolução do casamento era vetada, havia distinção entre seus membros, a
discriminação, às pessoas unidas sem os laços matrimoniais e aos filhos nascidos destas uniões,
era positivada. A chefia destas famílias era do marido e a esposa e os filhos possuíam posição
inferior a dele. Desta forma a vontade da família se traduzia na vontade do homem que se
transformava na vontade da entidade familiar. Contudo, estes poderes se restringiam à família
matrimonializada, os filhos, ditos ilegítimos, não possuíam espaço na original família
codificada, somente os legítimos é que faziam parte daquela unidade familiar de produção.
Ainda, a indissolubilidade do casamento era regra, e a única maneira de solucionar um
matrimônio que não havia dado certo era o desquite, que colocava um fim a comunhão de vida,
mas não ao vínculo jurídico.
Felizmente, com a evolução social/familiar, as alterações legislativas foram
inevitáveis, e algumas muito expressivas. A exemplo, apresenta-se o Estatuto da Mulher Casada
(lei 4.121/1962) que devolveu a plena capacidade a mulher, pois garantia a ela a propriedade
dos bens adquiridos com seu trabalho. Outro diploma foi a Lei do Divórcio (EC 9/1977 e lei
6.515/1977) que, como alude Maria Berenice DIAS: “Acabou com a indissolubilidade do
casamento, eliminando a ideia de família como instituição sacralizada.”
Mas a realidade social e o sistema jurídico nem sempre caminham juntos. Nas últimas
décadas, as transformações sociais atingiram diretamente o núcleo familiar e originaram novas
concepções de família, que não são mais equiparadas à tradicional família patriarcal.
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
 Compreender as implicações e desafios das novas configurações familiares na
sociedade contemporânea, investigando como fatores como diversidade,
igualdade de gênero e mudanças nos papéis familiares influenciam as dinâmicas
interpessoais e promovem uma reflexão sobre os impactos dessas transformações.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Analisar os principais fatores socioeconômicos que contribuem para a evolução
das configurações familiares.
 Avaliar os impactos psicossociais nas crianças e adolescentes em novas estruturas
familiares.
 Identificar os desafios legais e sociais enfrentados por famílias não convencionais.
 Proporcionar a promoção de políticas públicas e práticas sociais mais inclusivas
e adaptadas às diversas realidades familiares.

3. METODOLOGIA
Este estudo adotou como técnica metodológica a revisão bibliográfica e optou-se por
aplicar a revisão narrativa de base qualitativa, no que se refere a um conjunto de vários
métodos interpretativos que propõe retratar e decifrar os componentes de uma abundância
de significados. Tem como objetivo, explicar o sentido dos fenômenos do mundo social,
tratando-se de diminuir o espaço entre teorias e dados, entre cenário e ação.
A coleta de informações dentro do estudo ocorreu na forma de pesquisas, em situações
de bibliografias, documentos diversos, tais como projetos, relatórios, regulamentos e
normas escritas. Para o levantamento dos dados foram utilizados livros e a base de dados
Scielo (Scientific Eletronic Libraly Online) que serviram como instrumentos para coleta
de dados, a partir dos seguintes descritores: psicologia do trânsito, avaliação psicológica,
atenção, condutores de veículos.
O estudo foi composto por pesquisas relacionadas ao tema de estudo. Quanto à
amostra, os artigos foram selecionados com foco nos descritos e nos objetivos da
pesquisa. A seleção foi realizada com base em leituras minuciosas dos artigos, teses e
dissertações, encontradas na literatura e aquelas que possuíam consonância com o
arcabouço teórico do presente estudo foram utilizadas.
A pesquisa bibliográfica busca esclarecer e explicar um tema com suporte em
referências teóricas reproduzidas em livros, artigos, revistas e outros. Nesta jornada de
exploração e reflexão, este trabalho se compromete a lançar luz sobre os desafios e as
oportunidades relacionados ao ensino-aprendizagem da criança autista. Ao fazê-lo,
esperamos contribuir para a construção de um ambiente educacional mais inclusivo, que
valorize e nutra o potencial de todas as crianças, independentemente de suas
características individuais.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo em mente a importância de tais princípios para o direito de família devem-se
voltar os olhares, a outro princípio que provocou imensa transformação na sociedade,
doutrina, jurisprudência e no ordenamento jurídico. Ao longo do tempo, doutrina e
jurisprudência, se encarregam de identificar uma série de posições que integram a noção
de dignidade da pessoa humana, que reclamam a proteção da ordem jurídica.
Neste sentido, o art. 5º, caput, da Constituição da República de 1988, consagra
expressamente o princípio jurídico da igualdade de todos perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza. No direito brasileiro o princípio da igualdade se apresenta adotando
critérios que proíbem a diferenciação. Esse texto constitucional estabelece como um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade nem quaisquer outras formas de
discriminação.
Dentro destes parâmetros, entende-se ainda inclusos o homossexualismo e a união
dos homossexuais, pois, para Waldemar CAPELETTI: “O princípio da dignidade da
pessoa humana abarca todos aqueles direitos fundamentais como os individuais, os de
cunho econômico, social e moral, impondo-se ao Estado assegurar condições para que as
pessoas se tornem dignas, reconhecendo-se a liberdade de orientação sexual”.
A família é um fenômeno social que produz inúmeros efeitos jurídicos, cria
divergências sociais que impelem tanto o mundo jurídico, quanto o sociológico,
caminhando sempre à frente das normas e convenções, e buscando seu próprio espaço,
criando soluções para sua evolução.
A entidade familiar além de se constituir em “célula mater” da sociedade, ainda,
percorre o tempo trazendo evolução para esta, levando, assim, as regras jurídicas a se
adequarem às necessidades humanas das mais diversas, em especial as de caráter afetivo.
Ao se tratar de família, é preciso ter em mente que a mesma é formada por seres humanos,
com suas necessidades, angústias, busca incessante da felicidade, e conquista de regras
jurídicas que a apoiem no atingimento de todas as variáveis que abrangem essa instituição
e a sua afetividade.
Assim, têm-se famílias estruturadas sob as mais diversas organizações, desde o
patriarcalismo, o matrimonialismo, a monoparentalidade, a união estável e também a
união homoafetiva. A Constituição Federal de 1988, trouxe grandes transformações na
regulamentação da entidade familiar, legitimando a união estável, oferecendo maior
consolidação da família, sob suas variadas modalidades e principalmente ampliando o
conceito de entidade familiar. A forma legal de se constituir uma família através do
casamento válido, há tempos já não é mais a única forma de família aceita na sociedade
e no ordenamento jurídico. Assim, considerando-se o conceito de família e sua amplitude,
observa-se que ele aumentou as possibilidades de construção de família sob as mais
diversas formas, perante a sociedade.
As discussões abordarão as possíveis estratégias de apoio e intervenção, visando
fortalecer as relações familiares em meio a essas transformações. Será explorada a
importância da educação e sensibilização para reduzir estigmas associados a novas
configurações familiares, promovendo uma sociedade mais inclusiva e compreensiva.
Os resultados desta pesquisa não apenas contribuirão para a academia, expandindo o
conhecimento sobre as dinâmicas familiares, mas também terão implicações práticas,
influenciando profissionais de diversas áreas, formuladores de políticas e organizações
voltadas para o suporte familiar. Dessa forma, busca-se gerar um impacto positivo e
informado diante das mudanças significativas nas estruturas familiares contemporâneas.
Além das implicações práticas, as discussões aprofundarão a compreensão sobre cmo as
novas configurações familiares refletem e moldam as tendências sociais mais amplas.
Será explorada a interseção entre as mudanças familiares e os conceitos de identidade,
autonomia e redes de apoio social, proporcionando uma visão holística das experiências
familiares contemporâneas.
Ao considerar as perspectivas de diversos atores sociais, como membros da família,
educadores, profissionais de saúde e legisladores, as discussões buscarão identificar áreas
de convergência e divergência, contribuindo para um diálogo mais informado e
colaborativo. O objetivo final é fomentar uma abordagem empática e respeitosa em
relação às diferentes configurações familiares, reconhecendo e valorizando a diversidade
como um elemento central na tessitura do tecido social.
Em conclusão, esta pesquisa oferece uma visão abrangente das novas configurações
familiares na sociedade contemporânea. A análise dos fatores socioeconômicos, culturais
e de gênero evidencia as complexidades dessas transformações, destacando a necessidade
de abordagens mais inclusivas e sensíveis por parte das políticas públicas e práticas
sociais. Os resultados revelam impactos psicossociais nas gerações mais jovens e
apontam para a importância de estratégias de apoio e intervenção. A comparação entre
modelos familiares tradicionais e contemporâneos enfatiza a dinâmica em constante
evolução das relações familiares.
À medida que a sociedade avança, a compreensão e aceitação das diversas formas de
família tornam-se essenciais. Esta pesquisa não apenas enriquece o conhecimento
acadêmico sobre o tema, mas também propõe caminhos para a construção de uma
sociedade mais inclusiva, onde as diversas configurações familiares sejam reconhecidas,
respeitadas e apoiadas em sua complexidade.

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