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A GUARDA COMPARTILHADA COMO MEIO PREVENTIVO A

ALIENAÇÃO PARENTAL1

Luan Kenedy Dos Santos2


Laura Borges Ricardo3

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar as medidas adotadas na guarda compartilhada
para efetivo combate a alienação parental, a fim de chegar à conclusão se esta modalidade
contribui ou não com a redução de casos de alienação parental. Foram utilizadas doutrinas,
verificando-as para compreender como a família é conceituada, suas nuances e
particularidades, com o intuito de compreender também as razões do aumento das ações de
divórcios. Por fim, a alienação parental foi estudada de forma critica para que, ao estudar as
modalidades de guarda, fosse possível atestar se a modalidade compartilhada seria mais
adequada para combater os malefícios da alienação parental. Como metodologia foi adotada a
pesquisa bibliográfica, sendo realizada a leitura de obras, artigos e leis sobre o tema.

Palavras-chave: Alienação Parental; Guarda Compartilhada; Família.

ABSTRACT

This article aims to analyze the measures adopted in the shared custody to effectively combat
parental alienation, in order to conclude whether or not this modality contributes to the
reduction of cases of parental alienation. Doctrines were used, verifying them to understand
how the family is conceptualized, its nuances and particularities, in order to understand also
the reasons for the increase of divorce actions. Finally, parental alienation was critically
studied so that, by studying guarding modalities, it was possible to attest whether the shared
modality would be more appropriate to combat the ills of parental alienation. As methodology
was adopted the bibliographic research, being the reading of works, articles and laws on the
subject.

Keywords: Parental alienation; Shared Guard; Family.

INTRODUÇÃO
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário UNA de
Uberlândia, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.
2
Graduando do Curso de Direito do Centro Universitário UNA de Uberlândia. E-mail:
kenedy_kun@hotmail.com
3
Professora do Curso de Direito do Centro Universitário UNA de Uberlândia. E-mail: laura.ricardo@una.br
O presente artigo visa analisar se a lei 11.698, de 13 de junho de 2008, que regula a
guarda compartilhada no nosso ordenamento jurídico pátrio, é um instrumento eficaz no
combate a alienação parental. Para que isso seja realizado parte-se do seguinte problema de
pesquisa: com a entrada em vigor da lei 11.698, de 13 de junho de 2008, ela de fato é uma
solução para o combate a alienação parental?
Deduz-se que na modalidade de guarda compartilhada, onde a criança tem um contato
maior ou uniforme com ambos os pais, acaba por afastar ou diminuir a possibilidade da
incidência da alienação parental em comparação com a guarda unilateral onde a criança passa
a maior parte do tempo com um dos pais.
O objetivo da pesquisa é realizar uma analisar das modalidades de guarda vigentes em
nosso país e sopesa-las para averiguar em qual delas a ocorrência da alienação parental se
torna menos presente na vida do menor. Será abordada a evolução histórica da família, a fim
de identificar a atual conjuntura desta instituição e seus pontos fracos no que tange aos
relacionamentos. Constate-se um grande número de divórcios, que está diretamente ligado a
uma crescente demanda no poder judiciário no tocante a ocorrência da alienação parental,
bem como a falta de estrutura no seio familiar, colaborando com o caos instaurado na vida do
menor.
A metodologia adotada é a pesquisa bibliográfica sendo realizada a leitura de
doutrinas e obras ligadas ao assunto do tema, além da leitura de livros, artigos e leis que
abordam o objeto de pesquisa. O método a ser utilizado é o dedutivo por meio de uma análise
dos aspectos gerais ligados a guarda, para analisar em específico a guarda compartilhada e se
esta é um meio preventivo a alienação parental.

1 ASPECTOS GERAIS DA FAMILIA

A família é a base do indivíduo, pois é nela que ele terá convívio, a partir do
nascimento, e formará sua personalidade, onde são herdados os costumes e crenças que o
sujeito levará em sua vida, ainda que se torne adulto e independente do vínculo original, e são
desses valores compostos de cada família é que se forma a sociedade como um todo. Partindo
desta premissa, faz-se necessário a presença do Estado a fim de proteger este instituto, pois,
quanto mais estruturada a família for, melhor será a formação de cada indivíduo e toda
comunidade se beneficiará disso.
Embora não haja um conceito definido sobre família no ordenamento jurídico
brasileiro, Maria Helena Diniz (2008) considera que se exprimem da palavra três sentidos, são
eles amplíssimo, lato e acepção restrita
Para Maria Helena Diniz, família no sentido amplíssimo os componentes da família
estão ligados pelo vínculo consanguíneo ou também pela afinidade. Já o lato envolve não
apenas os cônjuges ou companheiros e seus filhos ou os parentes de linha reta ou colateral,
envolve também os afins, ou seja, os parentes do outro cônjuge ou companheiro. E por último,
porém não menos importante o sentido estrito, formado pelos pais e filiação. (DINIZ, 2008)
Nosso ordenamento jurídico traz em seu bojo os três sentidos da palavra família,
conforme supracitado, e cada qual é direcionado levando em consideração as peculiaridades e
os aspectos das relações familiares.
O renomado doutrinador Paulo Gomes traz em sua obra a seguinte definição de
família “O grupo fechado de pessoas, composto dos genitores e filhos, e para limitados
efeitos, outros parentes, unificados pela convivência e comunhão de afetos, em uma só e
mesma economia, sob a mesma direção.” (GOMES, 1998, p. 33).
Já para Paulo Nader (2016) não há uma definição completa para bem expressar o
sentido de família, pois há constantes mudanças dos costumes tornando complexo o intuito de
defini-la, porém considera que um grupo composto por duas ou mais pessoas, solidárias entre
si que contribuem para seu desenvolvimento pode ser considerada uma família, bem como as
pessoas que descendem uma das outras ou de um tronco comum.
A partir destes conceitos extraímos que o vínculo familiar é dado não só pela
consanguinidade, mas também pela afinidade e adoção, tornando claro que não há apenas um
vínculo existente e sim podendo ocorrer de várias formas.

1.1 BREVE HISTORICO DA EVOLUÇÃO DA FAMILIA

A instituição da família está presente desde os primórdios, mesmo antes do homem se


organizar em uma comunidade ou em um meio social diverso da sua raiz, já havia um grupo
de pessoas relacionadas a partir dos seus ancestrais genitores. Todos os membros desta
“família” assumiam obrigações sendo elas morais ou não, compartilhando uma identidade
tanto cultural quanto patrimonial sob a liderança de uma figura geralmente masculina dando
início então ao patriarcado em forma de clã.
Com o desenvolvimento e o alastramento da consanguinidade dissolvida entre a
população de uma sociedade mais complexa, surge então na Roma e Grécia Antiga em seus
bojos jurídicos a expressão família natural, formada pelos casais/genitores e seus filhos, e esta
família natural era originada com a figura do casamento.
A partir desta formação houve uma grande evolução. Com as mudanças nos costumes
da sociedade, não poderia ser diferente no tocante a família, como podemos perceber, em
relação aos grandes contrapontos entre a família moderna, caso relacionada com a família do
início do século passado.
A respeito da instituição família na Roma antiga, Paulo Nader, traz em sua obra que
“os fundamentos da família não estavam na geração de filhos, nem no afeto; repousavam na
religião do lar e no culto que se praticava. Também desta fonte advinham os poderes paternos
e marital. ” (NADER, 2016, p. 46).
Neste período tanto na Roma quanto na Grécia antiga, o modelo de família era
patriarcal, onde a figura do homem reinava como líder da família, estando no topo da
hierarquia familiar, sendo a esposa submissa ao homem que controlava também todo o
patrimônio.
Outro marco na evolução da família se deu junto a era da Revolução Industrial, antes
deste marco as famílias eram formadas por ascendentes, descendentes e parentes agregados
geralmente em campos. Com a revolução e o surgimento das indústrias, as famílias passaram
a migrar dos campos para as cidades e passaram a residir em casas menores e tornou-se
nuclear, termo utilizado para a nova composição familiar.
Junto com essas mudanças, a convivência e a forma destas famílias se relacionarem
foram modificadas pela adoção de novos hábitos, como, por exemplo, as pessoas começaram
a se preocuparem em desenvolver o intelecto para atender as novas exigências tanto do
mercado quanto da sociedade e também com a saúde e necessidade de socialização, as
mulheres passaram a trabalhar fora de casa.

1.2 A INSTITUIÇÃO FAMILIAR NA LEGISLAÇÃO ATUAL

Assim como no mundo todo, o Brasil evoluiu na matéria família, criando leis mais
sóbrias e coerentes acompanhando a expressiva mudança no comportamento das famílias e
suas mudanças conceituais, o marco desta evolução veio com a Constituição Federal de 1988
que por sua vez promoveu o estado democrático de direito bem como atenção ao princípio da
dignidade da pessoa humana.
Para Dias (2009), a família sempre foi vista de um modo geral como sendo o centro da
sociedade, e vem desenvolvendo suas funções de acordo com a realidade de cada período.
Como já citado, a Constituição Federal de 1988, trouxe as principais mudanças no tocante a
ideia do conceito de família concebido em nosso ordenamento jurídico.
Sobre estas alterações, que são consideradas alicerces da sociedade, Faro diz que:
A obra de Clóvis Beviláqua foi, é importante observar, alterada pelo legislador, nos
seus mais de 80 anos de vigência, atendendo as exigências do tempo, por leis que
deram significativa melhora para a figura e posição da mulher casada (Lei nº
4.121/62), instituiu o divórcio (Emenda nº 09/77 e Lei nº 6.515/77), culminando a
Constituição da República do Brasil, promulgada em 1988 que trouxe inovações
com relação à conceituação e à proteção jurídica da família, imprimindo mudanças
nas relações íntimas, com a evolução dos costumes, mas, ainda assim, era preciso
incluir num só diploma todas as matérias pertinentes a vida privada. (2002, p. 1)

A Constituição Federal de 1988, e em seguida a instauração do Código Civil de 2002,


trouxe a tona o instituto da família monoparental onde apenas um dos genitores se torna
responsável pela criação do filho, também com o advindo de ambas as leis não se faz mais
distinções entre os filhos, ainda que ilegítimos, e trouxe também a igualdade entre os
cônjuges.
Com este renovo positivado por nossas leis não há mais distinção das funções do
homem e da mulher baseada apenas no gênero, as tarefas e os cargos são divididos entre
ambos sem a separação por sexo, levando a um número crescente de homens que cuidam mais
do lar e de mulheres que trabalham fora para garantir o sustendo do lar.
Neste sentido Paulo Nader diz:
Dada a igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, as tarefas e encargos já não
se distribuem exclusivamente em função do sexo. Os homens se aproximaram mais
do lar e as mulheres se vincularam a atividades na indústria, comércio, em serviços
burocráticos ou em profissões liberais. (NADER, 2017, p. 51).

Outro ponto de destaque a ser considerado é o casamento entre pessoas do mesmo


sexo e a adoção por homossexuais. Com o julgamento da ADPF (Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 132/08 e a ADI (Arguição de Declaração de
Inconstitucionalidade) nº 4.277/09, em 05 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal
reconheceu como entidade familiar a união constituída por pessoas do mesmo sexo, a união
homo afetiva passou então a ser considerada como a quarta entidade familiar.
É notória a evolução da família ao longo da história presente neste artigo, partindo do
modelo dito clã, onde uma grande família unida por laços sanguíneos ancestrais liderados
pelo patriarcal “maior”, passando também pelo patriarcalismo onde os homens detiam o poder
familiar, devendo o restante dos membros sejam elas esposa, filhos, se sujeitarem as ordens da
figura masculina geralmente autoritária, até o modelo atual que visa equilibrar as
responsabilidades, direitos e deveres entre as pessoas independentemente do sexo.
1.3 O DIVÓRCIO NAS RELAÇÕES FAMILIARES

Com o vindouro da Emenda Constitucional (E.C) n° 66 de 13 de julho de 2010, que


veio a permitir a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio em detrimento da separação
judicial, o divórcio passou então a estar previsto em nosso ordenamento jurídico, a referida
E.C foi gerada pelos anseios da sociedade em relação a esse tema, pois as famílias estão cada
vez mais fragilizadas devido a forma de relacionamento contemporânea.
Para Bauman (2004) as pessoas se veem sozinhas, abandonadas e descartadas e por
esse motivo procuram desesperadamente se relacionarem com outras pessoas, alguém em que
sentem confiança em se apoiarem emocionalmente, no entanto essas pessoas sentem medo de
se relacionarem de forma permanente com alguém temendo futuramente ter que lidar com
responsabilidades e conflitos gerados de tal relação.
Em sua obra Bauman diz:
O principal herói deste livro é o relacionamento humano. Seus personagens centrais
são homens e mulheres, nossos contemporâneos, desesperados por terem sido
abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facilmente descartáveis,
ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num
momento de aflição, desesperados por “relacionar-se” e, no entanto desconfiados da
condição de “estar ligado” em particular de estar ligado “permanentemente” para
não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões
que eles não se consideram aptos nem dispostos a suportar, e que podem limitar
severamente a liberdade de que necessitam para — sim, seu palpite está certo —
relacionar-se. (BAUMAN, 2004, p. 9).

Ainda para Bauman as pessoas buscam menos cobranças evitando relacionamentos


duradouros, preferem estar conectadas a uma rede de relacionamento de modo que seu
término seja facilitado, pois embora os relacionamentos sérios tenham momentos bons, as
pessoas pensam também nos momentos ruins que possam vir a ter.

Talvez seja por isso que, em vez de relatar suas experiências e expectativas
utilizando termos como “relacionar-se” e “relacionamentos” as pessoas falem cada
vez mais (auxiliadas e conduzidas pelos doutos especialistas) em conexões, ou
“conectar-se” e “ser conectado”. Em vez de parceiros, preferem falar em “redes”.
Quais são os méritos da linguagem da “conectividade” que estariam ausentes da
linguagem dos “relacionamentos”? (BAUMAN, 2004, p. 12).

Além das pessoas não terem interesse em relacionamentos duradouros, quando um


casal se depara com algum problema ao invés de tentarem resolver uma situação, optam pelo
caminho mais fácil, ou seja, pelo divórcio. Em virtude da evolução no âmbito familiar já vista
em tópicos anteriores, a mulher já não é mais submissa ao homem, ao contrário disso, ela
trabalha, tem sua independência e não se sujeita aos distrato ou não se permite viver de modo
contrário à sua vontade.
Na maioria dos casos as pessoas estão mais individualistas, preferem cada um
cuidando dos seus afazeres e permanecem cuidando de suas ocupações, e ao relaxar procuram
algo ainda individualista como, por exemplo, acessar redes sociais ou outro meio de
entretenimento e acabam por esquecer de relacionar-se com sua própria família.
Essa falta de tempo para a família de certo modo acaba por não despertar interesse em
encarar e resolver os problemas quando eles surgem no seio familiar e ambos acabam optando
pelo caminho mais fácil para resolverem seus problemas, e em meio a tudo, os casais optam
pelo divórcio.
Em janeiro de 2018, a revista Veja publicou uma matéria em seu site onde afirma que
em cada três casamentos pelo menos um termina em divórcio no Brasil, De acordo com dados
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um balanço com
dados do instituto aponta que entre 1984 e 2016 que o número de rompimento de relações
disparou e aumenta mais com o passar dos anos. Os dados indicam que em 1984, as
dissoluções ocorriam em cerca de 10% do universo de casamentos, com 93.300 divórcios.
Este número subiu para 31,4% em 2016 – com 1,1 milhão de casamentos e 344.000
dissoluções.
A revista Veja destaca ainda como causa desse aumento a questão da diminuição de
preconceitos em relação ao divórcio.
Para especialistas em Direito da Família, uma das razões do “boom” de divórcios é o
recuo do preconceito. As pessoas desquitadas, especialmente as mulheres, eram
extremamente estigmatizadas, diz Luiz Kignel, sócio da PLKC Advogados. Houve
uma mudança cultural em que se compreendeu que o divórcio não é um mal. Os
casais que se separam não optaram pela solidão, mas pela felicidade.
O avanço da legislação – que permitiu divórcio em cartório e retirou o prazo de
separação – é outro motivo para a alta, segundo defende Mário Luiz Delgado,
diretor do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp). Isso não significa o
enfraquecimento do casamento como instituição, mas sim o fortalecimento, diz.
Com esse cenário, nenhum casamento vai continuar por conveniência, medo ou
dificuldade de ser dissolvido. (VEJA, 2018).

Ressaltamos que não há críticas sobre os divórcios ou rompimentos oriundos de


relacionamentos abusivos ou que de algum modo houvesse a existência de violência, pois
deste modo o rompimento se faz necessário para proteger vidas.
2 ALIENAÇÃO PARENTAL

O fenômeno da alienação Parental ocorre há muitas décadas, mas somente começou a


ser reconhecido e ter destaque na década de 80, com o professor de psiquiatria dos Estados
Unidos, Richard Gardner, e apresentou a seguinte definição para a síndrome:
a SAP é um transtorno infantil que emerge quase que exclusivamente no contexto de
disputa de guarda. Sua manifestação primária é a campanha da criança direcionada
contra o genitor para denegri-lo, campanha esta sem justificativa. Isso resulta da
combinação da “programação” (lavagem cerebral) realizada pelo outro genitor e da
própria contribuição da criança na desqualificação do pai alienado. Quando o abuso
e/ou negligência parental são presentes, a animosidade da criança pode ser
justificada e então a explicação de síndrome de alienação parental para essa
hostilidade não pode ser aplicada. (GARDNER, 2002, p. 95).

No Brasil, esse problema, que é enfrentado por muitas famílias, era tratado como uma
doença, denominada Síndrome da Alienação Parental, a qual era regulada, inicialmente, pela
Convenção sobre os Direitos das Crianças de 1989 mas não foi reconhecida pelo Poder
Judiciário, devido à incidência desse fenômeno nas lides familiares, como uma patologia.
Assim, para analisar de forma aprofundada esses casos, o Judiciário passou a se utilizar de
profissionais como psicólogos e assistentes sociais, para a possível identificação do transtorno
em crianças.
Porém, somente em 2010 foi criada a Lei nº 12.318/2010 que trata especificamente do
assunto. Maria Berenice Dias relata que:
Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não consegue
elaborar adequadamente o luto da separação, como sentimento da rejeição, ou a
raiva pela traição, surge o desejo da vingança que desencadeia um processo de
destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Sentir-se vencido,
rejeitado, preterido, desqualificado como objeto de amor, pode fazer emergir
impulsos destrutivos que ensejam desejo de vingança, dinâmica que faz com que
muitos pais se utilizem de seus filhos para o acerto de contas do débito conjugal.
(DIAS, 2016, p. 907).

Outra forma de identificação da patologia é a ausência de ambivalência no ódio


dirigido a progenitor, pois é inerente ao ser humano a noção de que ninguém é absolutamente
bom que não tenha uma parte má, pois todas as situações têm dois lados. Mas para o infante,
nessa situação, só há maldade. Nesse sentido, Madaleno explica que:
O ódio demonstrado pelo filho em relação ao pai alienado é equiparado ao fanatismo
terrorista, não existem brechas, não há espaço para diálogo ou concessões. De outro
modo, o genitor alienador é visto como um indivíduo totalmente bom, imaculado e
sem falhas, onde qualquer reprovação à sua conduta é prontamente refutada, em
defesa visceral, como se fosse um ataque à sua própria pessoa, sendo o conflito entre
os pais vivido pelos filhos, que, ao se aliarem a um dos genitores, se transformam
em guerreiros fiéis e cruéis. (MADALENO, 2018, p. 44).
A alienação parental causa uma confusão mental à criança, pois esta se sente
desencantada pelo genitor alienado (vítima) ou acredita que odeia, mas, no seu íntimo, ama-o.
Esse turbilhão de sentimentos reflete de forma incisiva na sua personalidade, vez que a
mesma passa a definir que seus atos e decisões são de sua vontade e que não há interferência
do outro genitor. Ainda sobre o assunto, destaca Maria Berenice:
Os resultados são perversos. Pessoas submetidas à alienação mostram-se propensas
a atitudes antissociais, violentas ou criminosas; depressão, suicídio e, na maturidade
– quando atingida - revela-se remorso de ter alienado e desprezado um genitor ou
parente, assim padecendo de forma crônica de desvio comportamental ou moléstia
mental, por ambivalência de afeto (DIAS, 2016, p. 909).

A alienação ocorre, na maioria das vezes, quando o casal rompe com o


relacionamento, deste modo magoado com algo que o outro fez, ou por não aceitar o fim do
relacionamento, passa a tentar afastar o filho do seu ex-cônjuge, denegrindo a imagem deste
inclusive podendo afastar a criança de sua convivência.
O art. 2º da Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, foi expresso com o intuito de
conceituar a sindrome da alienação parental.
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. (BRASIL, 2010).

O objetivo da referida lei é fazer uma alerta, criando uma conscientização aos pais a
fim de coibir a prática da alienação parental, o objetivo maior é a proteção do menor e
garantir-lhe que o mesmo possa exercer o direito basilar que é a convivência familiar
harmoniosa.
Identificado a ocorrência de alienação parental, o magistrado poderá tomar algumas
medidas, elas estão previstas nos incisos do artigo 6º da Lei de Alienação Parental.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. (BRASIL, 2010).

Salvo Venosa (2017) afirma que o artigo 2º, é exemplificativo e que o juiz poderá
verificar qual a medida mais adequada a ser aplicada no caso, além de a possibilidade de tais
medidas serem aplicadas de maneira cumulativa, podendo até mesmo aplicar uma simples
advertência já seria o suficiente e, em outros casos, se faz necessário medidas mais severas.

3 DA GUARDA

A Constituição Federal de 1988 passou a assegurar a igualdade de direitos e deveres


entre homens e mulheres na sociedade conjugal, conforme consta no artigo 5º, inciso I, da CF.
Miguel Reale destaca ainda a substituição do termo “pátrio poder” para “poder
familiar” a fim de torná-lo adequado à igualdade entre homens e mulheres determinada pela
Constituição, adotada pelo Código Civil e, posteriormente, seguido pelo Código de Processo
Civil de 2015,
Também no que se refere à guarda, manutenção e educação da prole, são
estabelecidas normas bem diferentes das vigentes na legislação anterior. Em
primeiro lugar, desaparece a figura do “pátrio poder”, o qual, por proposta por mim
formulada, passa a denominar-se “poder familiar”, que cabe igualmente a ambos os
cônjuges. Havendo divergência, qualquer deles poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideração tanto os interesses do casal como dos filhos. (REALE, 2003,
p. 1).

Miguel Reale (2003), defende que o Estado é responsável por estabelecer limites ao
poder de atuação dos titulares do poder familiar, situação esta que até então não era prevista
no Código Civil de 1916.  A ideia predominante é de que o poder deixou de ser somente dos
pais e passou a ser também do Estado, como uma fixação jurídica do interesse dos filhos.
Este entendimento também é reconhecido por Maria Berenice Dias para a renomada
autora o Estado tem o dever de agir de forma subsidiária na autonomia familiar:
A autonomia da família não é absoluta, sendo cabível, e vez por outra salutar, a
intervenção subsidiária do Estado. O grande desafio é encontrar o ponto de
equilíbrio entre as duas situações opostas; a supremacia do Estado nos domínios da
família e a onipotência daqueles que assume o poder de direção da família. (DIAS,
2016, p. 783).

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, com base no Princípio da


Proteção Integral, em seu artigo 249, anuncia que o descumprimento dos deveres do poder
familiar configura infração sujeita à pena de multa:
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder
familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade
judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009).
(BRASIL, 1990).

Quanto à guarda, ela advém do poder familiar onde há direitos e deveres a serem
cumpridos pelos pais em relação às crianças e adolescentes, sendo dever prestar-lhes
assistência. Com isso a separação dos pais não configura a extinção do poder familiar, não
extingue os deveres e direitos em relação aos filhos menores, permanecendo ainda o direito de
convivência e de exercer a guarda dos menores.
Neste sentido podemos afirmar que a guarda dos filhos na constância da relação é
conjunta, a guarda passa a ser individualizada no momento da ruptura do relacionamento dos
genitores seja pela separação de fato ou de direito.
Com a separação, os pais vivendo em tetos diferentes, havendo conflito quanto a quem
irá deter a guarda, e se posteriormente esse conflito se tornar um litigio no âmbito jurídico, o
juiz decidirá sempre com base no melhor interesse do menor. Decidido isso, no
estabelecimento e na regularização da visitação pelo genitor que não detém a guarda,
prevalecerá a princípio o que for acordado entre os pais.

3.1 GUARDA UNILATERAL

A guarda unilateral é a modalidade de guarda atribuída a apenas um dos genitores ou


outra pessoa que o substitua e está previsto no artigo 1.583, parágrafo primeiro do Código
Civil:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1º Compreende-se por
guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art.
1.584, § 5 º) (BRASIL, 2002).

Para Carlos Roberto Gonçalves a guarda unilateral é a mais comum, porém não é a
mais adequada para uma relação harmoniosa no âmbito familiar, dentre os tipos de guarda.
Essa tem sido a forma mais comum: um dos cônjuges, ou alguém que o substitua,
tem a guarda, enquanto o outro tem, a seu favor, a regulamentação de visitas. Tal
modalidade apresenta o inconveniente de privar o menor da convivência diária e
contínua de um dos genitores. (GONÇALVES, 2017, p. 367).

Ainda que a criança ou adolescente esteja sob a guarda de apenas um dos genitores,
não desobriga o outro genitor a manter os cuidados que deve dispensar aos filhos, sendo a ele
obrigado a exercer seu papel e prover a educação e a saúde e física ou psicológica destes,
conforme previsão do § 5° do artigo 1.583 do Código Civil.
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os
interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores
sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas,
objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem
a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (BRASIL, 2002)

Sílvio de Salvo Venosa também traz uma ressalva a qualquer sentimento de


livramento que um dos genitores possa sentir por não ser o guardião do menor, “pois o fato de
alguém estar com a guarda unilateral não libera o outro genitor dos deveres básicos da
paternidade, devendo estar sempre atento à proteção dos interesses dos filhos.” (VENOSA,
2017).
A guarda unilateral é uma modalidade bastante utilizada, não retira a responsabilidade
do genitor que não está de posse da guarda, porém atribui uma responsabilidade maior para
aquele que a detém devendo este estar sempre atento com os acontecimentos na vida do
menor, zelando por sua educação, saúde, desenvolvimento pessoal e profissional dentre outras
várias particularidades que merecem atenção.

3.2 GUARDA COMPARTILHADA COMO FORMA DE PREVENÇÃO À


ALIENAÇÃO PARENTAL

A guarda compartilhada está presente em nosso ordenamento jurídico por meio da lei
n° 11.698, de 13 de julho de 2008 e está entre as modalidades mais completas de guarda dos
filhos, por este motivo acabou por se tornar a modalidade de guarda predominante em relação
às outras, posteriormente dando sentido a ela foi elaborada a Lei n. 13.058/2014.
Para Paulo Lôbo,

A Lei n. 11.698/2008 promoveu alteração radical no modelo de guarda dos filhos,


até então dominante no direito brasileiro, ou seja, da guarda unilateral conjugada
com o direito de visita. A lei, com nosso aplauso, instituiu a preferência pela guarda
compartilhada, que somente deve ser afastada quando o melhor interesse dos filhos
recomendar a guarda unilateral. A guarda compartilhada era cercada pelo ceticismo
dos profissionais do direito e pela resistência da doutrina, que apenas a concebia
como faculdade dos pais, em razão da dificuldade destes em superarem os conflitos
e a exaltação de ânimos emergentes da separação. Havia difundido convencimento
de que a guarda compartilhada dependia do amadurecimento sentimental do casal,
da superação das divergências e do firme propósito de pôr os filhos em primeiro
plano, o que só ocorria em situações raras. A lei ignorou esses obstáculos e
determinou sua preferência obrigatória, impondo-se ao juiz sua observância. A
guarda compartilhada não é mais subordinada ao acordo dos genitores quando se
separaram. Ao contrário, quando não houver acordo “será aplicada” pelo juiz,
sempre que possível na expressa previsão do parágrafo 2º do art. 1.584 do Código
Civil, com a redação dada pela Lei. n. 11.698, de 2008. (LÔBO, 2011, p. 199).

Mesmo antes da criação da lei da guarda compartilhada, esta possibilidade de guarda


entre os genitores separados, já se fazia presente no bojo da doutrina e da jurisprudência, neste
mesmo sentido o artigo 4° do Estatuto da Criança e do Adolescente já ampliava a proteção
devida ao menor trazendo a seguinte redação:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
(BRASIL, 1990).
É notório, portanto a preocupação do legislador em manter o menor no convívio
familiar antes mesmo da criação da Guarda Compartilhada, dando preferência a esta pois o
menor passa a ter um convívio alternado entre os genitores.
Por entender ser a melhor opção de guarda, começaram a surgir jurisprudência
adotando este modelo de guarda após a separação ou divórcio, visando um comprometimento
de ambas as partes no desenvolvimento e criação dos filhos, como leciona Carlos Roberto
Gonçalves que diz ainda esta ser uma modalidade comum nos Estados Unidos,
Um novo modelo passou, assim, aos poucos, a ser utilizado nas Varas de Família,
com base na ideologia da cooperação mútua entre os separandos e divorciandos,
com vistas a um acordo pragmático e realístico, na busca do comprometimento de
ambos os pais no cuidado aos filhos havidos em comum, para encontrar, juntos, uma
solução boa para ambos e, consequentemente, para seus filhos. Tal sistema é muito
utilizado nos Estados Unidos da América do Norte com o nome de joint custody.
(GONÇALVES, 2017, p. 369).
 
A guarda compartilhada pode ser requerida por ambos os pais, independentemente de
ser por vontade mutua entre os genitores ou de forma litigiosa, o juiz deverá julgar sempre
visando o melhor para o menor, nesse sentido, Paulo Lôbo diz:

A guarda compartilhada pode ser requerida ao juiz por ambos os pais, em comum
acordo, ou por um deles nas ações litigiosas de divórcio, dissolução de união estável,
ou, ainda, em medida cautelar de separação de corpos preparatória de uma dessas
ações. Durante o curso de uma dessas ações, ao juiz foi atribuída a faculdade de
decretar a guarda compartilhada, ainda que não tenha sido requerida por qualquer
um dos pais, quando constatar que ela se impõe para atender às necessidades
específicas do filho, por não ser conveniente que aguarde o desenlace da ação. A
formação e o desenvolvimento do filho não podem esperar  o tempo do processo,
pois o seu tempo é vida que flui.
Também pode ser requerida a guarda compartilhada, conforme decisão do STJ,
pelos parentes com os quais viva a criança ou o adolescente. No caso, tratava-se de
adolescente que vivia com a avó e um tio, há doze anos, desde os quatros meses de
vida. Os parentes pediram a guarda compartilhada para regularizar uma situação de
fato, para o bem-estar e o benefício da menor e para poder incluí-la como
dependente de ambos. O TJSP (tribunal de origem), ainda que reconhecesse a
possibilidade da guarda compartilhada, julgou por sua inconveniência porque a
família substituta deveria ser formada a partir do referencial “casal” – marido ou
mulher que se assemelhe.
A guarda compartilhada é exercida em conjunto pelos pais separados, de modo a
assegurar aos filhos a convivência e o aceso livres a ambos. Nessa modalidade, a
guarda é substituída pelo direito à convivência dos filhos em relação aos pais. Ainda
que separados, os pais exercem em plenitude o poder familiar. Consequentemente
tornam-se desnecessários a guarda exclusiva e o direito de visita, geradores de “pais-
de-fins-de-semana” ou de “mães-de-feriados”, que privam os filhos de suas
presenças cotidianas. (LÔBO, 2011, p. 199).
 
Assim sendo, a guarda unilateral passará a ser exceção, em vez de ser a principal
opção de guarda em resolução de conflitos, que tendem a existir em relação à guarda, com
relação a principal modalidade preleciona César Fiuza,
 
Cabe ressaltar ainda que, segundo o parágrafo primeiro do artigo 1.583 do Código
Civil, a responsabilidade dos pais pelos filhos será conjunta na guarda
“compartilhada”, seja ela conjunta, alternada ou uniparental. A se entender
literalmente o dispositivo, isso equivale a dizer que, causando o filho um dano a
terceiro, este deverá acionar ambos os genitores em conjunto. Não se trata, pois, de
responsabilidade solidária, e nem subsidiária; é conjunta mesmo. Na guarda
unilateral pura, só o genitor que a detém é responsável pelos danos causados pelo
filho menor, a não ser que o eventus damni tenha ocorrido, estando o menor na
companhia do outro genitor. (FIUZA, 2012, p.1088)

A guarda compartilhada é uma medida eficiente, pois os filhos terão o conforto de ser
protegido por ambos os genitores e ambos os pais exercerão plenamente o poder familiar.
A Lei nº 13.058/14, que trata especificamente da guarda compartilhada foi
amplamente difundida tanto pela doutrina quanto pela legislação brasileira, como o principal
tipo de guarda conquistando o seu lugar de destaque. No que consta a guarda dos filhos
menores, ocorreram as seguintes alterações do artigo 1.634 do Código Civil, agora
modificado pela Lei 13.058 de 2014:
 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o
pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: 
I - dirigir-lhes a criação e a educação; 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art.
1.584;                                          
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;  
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;    
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência
permanente para outro Município; 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais
não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;  
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento; 
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;  
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição (BRASIL, 2002).

Embora a guarda compartilhada seja um meio preventivo e até mesmo corretivo à


alienação parental, é importante que seja estabelecida do modo a resguardar tanto os direitos a
personalidade dos filhos, quanto seus direitos fundamentais preestabelecidas tanto na
constituição brasileira bem como no Estatuto da Criança e do Adolescente. A guarda da
criança e do adolescente deve sempre ser balizada no principio do melhor interesse do menor,
qual seja, aquilo que trará mais benefícios para um desenvolvimento saudável, feliz, seguro e
harmonioso para ela, não se confundindo, portanto com as razões que levaram a separação de
seus genitores e tão pouco causar desconforme com declarações de quem foi a culpa da
dissolução da relação entre os pais.
Neste contexto é possível refletir sobre a importância da guarda compartilhada e que
seja implementada e acordada entre as partes desde o início até o termino da relação conjugal
como medida de combate a alienação parental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente artigo é estudar as modalidades de guarda com a intenção de


verificar se a modalidade compartilhada contribui ou não para a diminuição de casos de
alienação parental.
No decorrer da pesquisa, verificamos os principais pontos da evolução da família no
decorrer da história e sua modernização com o passar do tempo até a atualidade, abordando os
seus elementos de um modo geral.
Estudamos ainda sobre a alienação parental, trazendo a tona seu conceito e qual o
papel do estado quando constatado a ocorrência da alienação e de qual forma ele poderá
intervir, analisamos também todas as modalidades de guarda presentes em nosso ordenamento
jurídico, sua aplicação, efetividade e de que modo elas influenciam no desenvolvimento do
menor.
Concluímos que a guarda compartilhada é a melhor opção para se evitar a ocorrência
de alienação parental, pois diferentemente da guarda unilateral que oferece apenas uma das
partes a guarda da criança, ela possibilita que o menor possa ter contato direto com ambos os
pais, portanto sendo uma ferramenta eficiente no combate a falsas atribuições maliciosas que
um dos genitores possa estabelecer ao outro diante da criança ou adolescente.
Este trabalho é importante para a sociedade, já que os efeitos da alienação parental são
extremamente prejudiciais para a formação de um individuo este que viverá em sociedade que
por sua vez é o reflexo de seu povo, uma criança que sofre alienação certamente se tornará um
adulto infeliz e toda a bagagem acumulada durante a sujeição às más praticas se refletirá no
futuro, podendo até mesmo se repetir e perdurar durante gerações.
Por fim, através da pesquisa verificamos a hipótese de que a guarda compartilhada
contribuiria de forma efetiva para a diminuição dos casos de alienação parental.
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(-5,1%) em relação a 2015.
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significado da expressão “guarda compartilhada” e dispor sobre sua aplicação. Brasília, DF:
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