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ALIENAÇÃO PARENTAL: ASPECTOS PRINCIPAIS, SEUS EFEITOS E

INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO AOS INFANTES

Nomes dos autores1

RESUMO

O presente artigo se propõe a partir da análise da bibliografia mais relevante acerca


do tema a observar, como a alienação parental, definida no país pela Lei 12.318, de
26 de agosto de 2010, está regulado e os diversos aspectos jurídicos acerca desse
instituto, buscando evidencias os pontos principais, o retrospecto histórico desses
conflitos, seus reflexos no direito de família, os reflexos psicológicos e legais desse
instituto. Além disso, propõe-se a observas os institutos trazidos pela legislação, as
formas como estes se relacionam com outras legislações e que instrumentos tal
legislação oferece a proteção das Crianças e adolescentes. A esse respeito, outro
ponto de observação se dá quanto ao caráter dessa legislação, se é punitiva,
paliativa ou educativa e se esta é capas de atender a proteção das crianças e
adolescentes bem como a preservação dos laços familiares, não se pretende aqui a
estipulação de nova tese, mas sim a síntese e investigação com base na literatura
pertinente, coo forma de esclarecer o tema.

Palavras-chave: Alienação parental. Crianças. Direito. Divórcio

ABSTRACT

This article proposes from the analysis of the most relevant bibliography on the
subject to be observed, as parental alienation, defined in the country by Law 12.318,
of August 26, 2010, is regulated and the various legal aspects about this institute,
seeking to highlights the main points, the historical retrospect of these conflicts, their
reflexes on family law, the psychological and legal reflexes of this institute. In
addition, it is proposed to observe the institutes brought by the legislation, the ways
in which they relate to other legislation and which instruments such legislation offers
the protection of children and adolescents. In this regard, another observation point is
made regarding the nature of this legislation, whether it is punitive, palliative or
educational and whether it is capable of meeting the protection of children and
adolescents as well as the preservation of family ties, it is not intended here to
stipulate of a new thesis, but the synthesis and investigation based on the relevant
literature, as a way to clarify the topic.

Keywords: Parental alienation. Children. Right. Divorce.

1 Graduando em Engenharia de Materiais pela UTFPR-LD. E-mail: xxxxxxx@utfpr.edu.br


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1. INTRODUÇÃO

As crianças filhas de pais separados, principalmente em um contexto de


universalização da guarda compartilhada, passam a conviver em múltiplos
ambientes, nesse sentido nem sempre há harmonia e relações dos detentores de
suas guarda. Assim, muitas vezes, as crianças acabam submersas entre esses
conflitos.

Nesse sentido, a alienação parental, surge em um contexto em que há


conflitos entre as pessoas que detém a guarda, e, a criança ou adolescente é
colocando em uma situação em que é manipulada para prejudicando os laços e as
relações entre a criança e o outro responsável.

Essa situação, possui inúmeros reflexos, os mais diretos dizem respeito a


Síndrome de Alienação Parental, causada pela criação de falsas memórias, muitas
vezes falsas denúncias de abuso, violência e outras tipificações penais. Tal prática
consiste na introdução de ideias falsas ou enviesadas, sem consideração ao bem
estar do infante, como modo de projetar a aversão a outrem.

Assim, além de possíveis reflexos em eventuais denúncias ou aspectos


legais, tal interferência afeta toda a formação emocional e psicológica, nesse sentido
gerando uma série de comportamentos negativos e problemáticos em vários campos
das vidas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/1990, já estabelecia


Medidas Protetivas contra maus tratos e abusos por parte dos responsáveis, no
entanto, somente a partir da Lei 12.318 de 2010 que temos um trato específico
acerca do tema.

Sendo legislação ainda muito recente, há acerca do tema, uma evolução


constante, no sentido do aperfeiçoamento, através de medidas educativas,
preventivas e punitivas. Nesse sentido, por meio da análise de trabalhos acerca da
temática, traçar linhas gerais acerca do tema, bem como por meio desta mesma
revisão de literatura, expor os pontos principais e que merecem maior atenção.
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2. ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS REVERBERAÇÕES NA HISTÓRIA

Não raro, a relação entre pais e filhos se torna complicada, principalmente


quando envolvem as relações amorosas entre os pais, e as vária mágoas existentes.
Fato é que tais temáticas estão presentes desde os primórdios da humanidade,
aparecendo até em muitos mitos, que são narrativas utilizadas pelos povos gregos
antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as origens do
mundo e dos seres humanos.

Nesse sentido podemos lembrar do mito de medeia, mortal filha do rei da


Cólquida, e neta do deus do Sol Hélio, personagem paralela do mito de Jasão e os
Argonautas.

Em dado momento da trama, Medéia que era amante de Jasão, se vê tocada


pela filha do rei de Corinto. Cega de dor e de ódio, Medéia mata seus filhos com o
intuito de causar dor ao seu parceiro. Jasão então persegue-a em busca de
vingança vingar-se, Medeia foge em uma carruagem dourada enviada por seu avô,
Hélio, deus do Sol, e, antes de desaparecer profere as seguintes palavras: "Eu nem
mesmo deixo-te os corpos dos nossos filhos; eu os levo comigo para enterrar. E
para vós, que me fizeste todo o mal, eu profetizo uma maldição final."

A esse respeito, muito embora Marsden (2010) não veja uma relação clara
entre o mito e os vários tipos de violência cometida pelos genitores (neste trabalho,
também se aplica a quaisquer responsáveis legais das crianças), pode-se considerar
uma alegoria muito exemplificativa de como as rusgas nas relações entre adultos
podem transpor-se em condutas nocivas a crianças e adolescentes.

Muito embora, tais relatos não possam ser usados como definidores para
categorias conceituais, eles possuem imenso valor histórico, pois demonstram que
desde tempos imemoriais tais conflitos existem e que tiveram importância suficiente
para serem eternizados em mitos, estabelecendo-se assim como dilema importante
na história humana.
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Outro fator interessante, são as dinâmicas familiares ao longo da história, na


Roma antiga, como exemplo de toda a história antiga ocidental, a sociedade e a
tinha como base o seu chefe, assim, eram formadas por grupos de pessoas sob
autoridade de um chefe e cuja identidade possuía intrínseca relação com este grupo.

Nesse sentido, relata JORGE e ALMEIDA (2013), que a família romana,


mesmo aquelas que não estavam unidos em matrimônio pertenciam a família do
algum chefe:

Os membros da família romana, submetidos à pátria potestas


do pater famílias na domus eram: a materfamilias, a mulher
casada colocada sob o poder do marido (manus), em contraposição
à mulher casada, ainda sob o poder de seu pater de origem: o
filiusfamilias e a filiasfamilias, nascidos do casamento do pater ou
por ele adotados; os descendentes do filiusfamilias e a mulher
destes, (casamento cum manu); os escravos e as pessoas in
mancípium, assimiladas aos escravos.

Nesse contexto, a sociedade focada na figura patriarcal dependia desde para


sua subsistência, bem como a questão do cuidado da prole se limitava somente as
mulheres, havendo distinção entre estes papeis.

Com a evolução da sociedade, tais aspectos foram superados para a posição


onde entende-se ambos os genitores como fundamentais ao desenvolvimento,
passando a o homem a ter papel principal e a mulher com colaboradora. A esse
respeito, JORGE e ALMEIDA (2013), estabelecem:

o Feminismo, a partir de 1848, e a revolução industrial, quando a


mulher se insere no mercado de trabalho. Esses fatos
colaboraram para dirimir as desigualdades existentes ao longo
dos tempos na relação entre o homem e a mulher. Outro fato que
ganha notoriedade na busca da igualdade entre homens e mulheres
aparece com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, que estabelece que todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos, e que toda pessoa possui todos os
direitos e liberdades.
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Aqui evidencia-se todo um processo histórico de transformação dos papeis


sociais, bem como a caminhada gradativa e de maior intensificação a partir do séc.
XX.

A família contemporânea passa a não mais ser definida por um pater família,
como no modelo clássico de relacionamentos eram lentos e duradouros, nos chefes
da família, ou seja, ao pai era dirigido as decisões finais e relevantes. A partir da
modernidade a afetividade passa a grande definidora sendo o amor ligação entre as
pessoas, o qual é formado de maneira rápida e dinâmica e que também é dissolvido
de mesmo modo, através do nos modelos pertinente (IBIAS, 2017).

Contudo, mesmo que o afeto termine, caso essa relação tenha gerado finos, o
rompimento desse vínculo de afeto, por vezes, acabe gerando conflitos emocionais
entre os casais. Nesse sentido DIAS (2010), afirma:

Assim, quando da separação dos genitores, passou a haver entre


eles uma disputa pela guarda dos filhos, algo impensável até algum
tempo atrás. Antes, a naturalização da função materna levava a que
os filhos ficassem sob a guarda da mãe. Ao pai restava somente o
direito de visitas em dias predeterminados, normalmente em fins de
semana alternados.

Nesse ponto, ao passo que antes tínhamos a rigidez do chefe de família ou


do casamento indissolúvel, adotou-se a ética do afeto, transformando o dever de
convívio em obrigação de cuidado. A esse respeito DIAS (2017), leciona:

A interdisciplinaridade chegou com tal vigor que ensejou o


reconhecimento do afeto como princípio norteador também das
relações parentais e fraternais.
A guarda compartilhada foi um dos primeiros frutos desta reviravolta.
Deixou de ser uma forma de convívio estabelecida amigavelmente
pelos pais, para se transformar em uma imposição, mesmo quando
existe um estado de beligerância entre eles.

Assim, muito embora haja um grande avanço, nas questões de relações


familiares e na organização social, surgem novas problemáticas, tais como a
mediação e coibição destes conflitos e a perpetração destas violências.
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3. ALIENAÇÃO PARENTAL: ASPECTOS GERAIS E DISCUSSÕES

Podemos preliminarmente conceituar a alienação parental como o assédio


psicológico perpetrado contra criança ou adolescente por um dos seus genitores,
familiares, ou responsável legal.

Sendo sua finalidade, corroer laços afetivos ou criar sentimentos negativos,


seja por rancor ou desavenças ou como manipulação direta para atingir o outro
responsável.

Segundo Matoski e Nascimento Neto (2021) o termo foi cunhado


primeiramente pelo professor Richard Gardner, professor do Departamento de
Psiquiatria Infantil da Faculdade de Columbia no ano de 1985. Como um distúrbio
incidente em disputas de custódia de crianças, causando sérios danos psicossociais
a estas.

No brasil, a lei que estabelece os conceitos de alienação parental é “A Lei da


Alienação Parental” (Lei nº 12.318/2010) onde há as hipóteses de cabimento; o
procedimento apuratório e as sanções sendo ela, instrumento de proteção contra
violências cometidas na da relação responsável-criança.

Esta lei (Lei 12.318/2.010), em seu artigo 2º, nos dá a seguinte definição legal
do que se configura como alienação parental:

Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na


formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento
ou à manutenção de vínculos com este.

Aqui no caput, encontramos a definição geral a ser balizada mediante a


conduta dos genitores. Em prosseguimento, no parágrafo único do mesmo artigo
encontramos um rol exemplificativo, in verbis:
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Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental,


além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia,
praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no
exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência
familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes
sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e
alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste
ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a
criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro
genitor, com familiares deste ou com avós.

Observando tal previsão, infere-se que tais práticas de maneira geram, ferem
uma série de outros direitos da criança e do adolescente, tais como o direito
fundamental da criança e adolescente à convivência familiar saudável, previsto na
mesma lei, agora em seu artigo 3º, e na Lei 13.431, artigo 4, II, “b”, in verbis:

Art. 3º: A prática de ato de alienação parental fere direito


fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar
saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e
com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o
adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
parental ou decorrentes de tutela ou guarda (grifo meu).

Para além da lei de Alienação parental, tal situação ainda reverbera no


Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), que em seu artigo 4º,
estabelece tais condutas como abuso e violência, abaixo transcrição literal:

Art. 4º: Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas
criminosas, são formas de violência:
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II - violência psicológica:
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência
na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou
induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob
sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor
ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de
vínculo com este genitor.

Nesse sentido há que se visualizar, a importância dada a esta ocorrência em


face dos danos possíveis de serem causado ao desenvolvimento de jovens e
crianças, frente a sua vulnerabilidade ante seus responsáveis.

Para DIAS e SANCHES (2016), são necessários um ambiente saudável, onde


haja respeito, afeto, segurança, para que se crie um ambiente saudável. Não
cabendo mais nas sociedades modernas que o relacionamento conjugal seja o único
norteado do conceito de família, devendo os genitores ou responsáveis, por meio do
afeto, e do elemento de ligação “criança”, compartilhar os deveres e as
responsabilidades por educar e propiciar o pleno desenvolvimento, sem serem a
violência oriunda dos laços afetivos de seus genitores.

Fato é, que tais ocorrências sempre existiram, o que denota a problemática


da SAP – síndrome de alienação parental, que diz respeito aos efeitos de tais
condutas, nas relações modernas e seus reflexos sociais.

Nesse sentido, DIAS (2017), afirma que uma criança, sensibilizada pela
situação do divórcio, muitas vezes possui um sentimento de abandonado, confiando
mais naquele com que passa maior tempo. Assim, passa a ser susceptível a
manipulações e induções de conceitos, memórias e laços afetivos. Isso leva a um
prejuízo nos vínculos afetivos destruição do vínculo afetivos gera problemas
emocionais durante toda a vida.

Além disso, segundo a autora:

Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo


manipulada e acredita naquilo que lhe foi dito de forma insistente e
repetida. Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença
entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o
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filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência.


Implantam-se, assim, falsas memórias. (DIAS, 2016).

O que no contexto judicial acabam criando diversas denúncias falsas, muitas


vezes há imensa dificuldade na avaliação de realidade dos fatos. Deste modo, só é
possível o esclarecimento completo, depois de uma institucionalização.

A exemplo, temos a notícia crime de abuso sexual, comunicada a qualquer


profissional liberal, incidirá em afastamento completo deste genitor, sendo possível
seu esclarecimento somente após estudos sociais e psicológicos, bem como
investigações. O que durante toda essa institucionalização, gerará traumas e
prejuízos a criança, sendo que mutas vezes tais investigações nem sempre são
conclusivas. Sendo estratégia atroz e muito efetiva no intuito de prejudicar os laços
entre crianças e genitor, (DIAS, 2017).

Glicia Brazil, Psicóloga que trabalha com tais casos no contexto do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, esclarece sobre a implantação de falsas memórias nos
seguintes termos.

As falsas memórias podem ser espontâneas ou sugeridas, e estão


interligadas com outros fenômenos: diferenças individuais, variáveis
emocionais, questões neurológicas, questões psicopatológicas,
processos cognitivos mesmo de modo não consciente. O termo
“falsas lembranças” foi utilizado por Theodule Ribot (1881) em Paris,
e é importante que se esclareça que os esquecimentos e os lapsos
fazem parte do funcionamento de uma memória saudável. Há falhas
no processo de recordação das lembranças, comuns a crianças e
adultos, descritas na doutrina como “pecados”: Transitoriedade
(perda da memória ao longo do tempo), distração, bloqueio (por
razões físicas, ex. cansaço, ou emocionais, ex. medo), atribuição
equivocada (se lembra mas erra a fonte), sugestionabilidade
(conversa no pé do ouvido), distorção (interferência no modo como a
criança enxerga pessoas e coisas) e persistência (repetir e insistir
numa ideia, aumentado a crença na ideia). Os três últimos erros de
memória citados são comissivos, são praticados por um terceiro.
(BRAZIL, 2018).
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Evidencia-se aqui, certa facilidade na implantação de narrativas falsas com o


intuito de prejudicar o infante, através de insinuações e narrativas frequentes,
mediante assédio constante, justificam o caráter coercitivo da lei.

Após o advento da Lei da Alienação Parental passou-se a discutir a


possibilidade de em casos de família, ante a ocorrência de atos de alienação a
possibilidade de requerer a inversão da guarda e/ou a fixação da guarda
compartilhada, como forma de ampliar a convivência entre pai e filho.

Sem prejuízo das responsabilizações penais, tais como o crime contra a


administração pública (Art. 339 do Código Penal) e a Calúnia (Art. 138 do Código
Penal), também há a previsão da Lei 12.318/2010, que possui caráter educativo e
preventivo e para os casos extremos a aplicação de sansões de mudança de guarda
e multas:

Art. 6º da Lei 12.318/10 - Caracterizados atos típicos de alienação


parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança
ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz
poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos,
segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o
alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor
alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V- determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada
ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou
adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.

Assim, visualiza-se há possibilidades múltiplas possibilidades de sansões e


um rol exemplificativo que permitem certo grau de manejo no caso concreto. Outro
fato interessante é que como nos casos de denúncia de violência sexual a Lei
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12.318/10, estabelece que Art. 5º que “Havendo indício da prática de ato de


alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário,
determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.”, embora possa haver certa
dificuldade, são procedimentos muito bem organizados dentro da sistemática.

Outrossim, após a vigência da LEI 12.318/10, como relata IBIAS (2017), o


Poder Judiciário teve muita dificuldade e mora em começar a aplicar esta lei, e agir
no sentido de coibir a alienação parental. Talvez em decorrência da necessidade de
perícia que muitas vezes não é conclusiva ou porque inversões de guarda
costumam ser severas e podem ter efeitos prejudiciais para a formação das
crianças.

A partir dessa realidade, surgiu o conflito sobre eventual injustiça da aplicação


dessa lei, principalmente em relação a perda de guarda, segundo IBIAS (2017), “a
inversão da guarda, fazendo com que muitas mães que realizaram atos de alienação
parental se sentissem injustiçadas pela aplicação dos preceitos da Lei da Alienação
Parental”.

Surge também nessa discussão, a indagação a respeito da possibilidade de a


alienação permitir que abusadores conseguissem certos tipos de impunidade. Muito
embora não seja o que se aplica na maioria dos processos judiciais, sendo que a
inversão da guarda não é realizada de forma liminar e sem qualquer prova da
alienação.

Mesmo assim, tais discussões geraram a apresentação no Congresso


Nacional de proposta de extinção do instituto da alienação parental mediante o
Projeto de Lei nº 10.639/2018, o qual tinha por objeto a revogação da Lei nº
12.318/2010, utilizando como fundamento os argumentos apresentados acima. Após
o não prosseguimento da proposta, tempos depois nova proposta foi apresentada
com o mesmo intuito, a PL 498 pela CPI contra Maus-Tratos.

Nesse sentido, tal legislação, apesar das críticas os instrumentos trazidos Lei
nº 12.318/201, são ferramentas a serrem institucionalizadas com foco na efetivação
da proteção à criança e ao adolescente.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término do presente trabalho, como narrado no decorrer do trabalho, as


relações sociais e principalmente familiares deixaram de ser pautadas em estruturas
rígidas como o casamento. A nova concepção de família se pauta na ética do afeto,
onde afetividade é o elemento agregador da família.

No entanto, após a dissolução da sociedade conjugal, principalmente quando


essas acontecem contra a vontade de um dos parceiros, nesse sentido a dissolução
pode ocorrer com desgaste sentimental, mágoas e ressentimentos.

Nesse sentido a alienação parental é um ato repulsivo onde um dos


responsáveis pelo infante se utiliza de uma posição privilegiada na separação para
buscar afastar este do outro ao qual se possui mágoas, utilizando-se de violências
sutis, mas não menos gravosas para realizar verdadeira “lavagem cerebral” no
intuito de destruir laços afetivos, afastar do convívio ou mesmo imputar aquele que
se tem mágoas fatos criminoso.

Nesse sentido, a Lei nº 12.318/201, seja pela conscientização, seja pela


conscientização, seja pela punição cria mecanismos para que se evite que crianças
e adolescentes sejam sujeitados a situações que prejuízo nos vínculos afetivos
destruição do vínculo afetivos gera problemas emocionais durante toda a vida.
prejuízo nos vínculos afetivos destruição do vínculo afetivos gera problemas
emocionais durante toda a vida. Cumpre lembrar que crianças e adolescentes são o
foco principal desta legislação, que acertadamente prevê punição à prática de atos
de alienação parental.

Tal legislação, acerta muito ao não tipificar penalmente a conduta como


crime, pois caso contrário se permitirá que em muitos casos a penalidade ao genitor
alienador, passasse da sua pessoa e atingisse aqueles a quem o texto deveria
proteger encarceramento não produz o resultado a que se propõe a lei. Cumprindo
assim sua missão de assegurar a manutenção da família parental e a o melhor
interesse da criança.
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Tudo isto em consonância a Constituição Federal e o ECA, dando ênfase ao


caráter educativo, preventivo à proteção das relações entre pais e filhos. Pois,
geralmente, a legislação do direito de família objetiva a proteção constitucional da
família e da convivência familiar, direito esse dos pais e principalmente dos filhos.

Referências

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